Atualmente, os campeões europeus possuem um elenco completo, dos goleiros aos atacantes. Naturalmente, algumas pessoas podem achar que falte uma peça de reposição aqui e ali. Mas é fato que o Chelsea tem bons jogadores em todas as posições do campo.
Com a chegada de Romelu Lukaku, o setor ofensivo ganhou uma nome de muito peso, que promete resolver o problema que existiu na última temporada: a dificuldade de matar os jogos, aproveitando as chances de gol.
Entretanto, a grande dúvida que fica para muitos torcedores é: com tantas opções, como Thomas Tuchel vai definir o time titular para a temporada?
Esquema tático
Em time que está ganhando não se mexe? Esta é uma das grandes frases do futebol, que transcendeu o esporte, inclusive. Mas ela não é totalmente válida. Grandes equipes evoluíram em tática e repertório para se manter competitivas durante um período maior.
Um exemplo recente é o Real Madrid tri-campeão da Champions League com Zinedine Zidane, que jogou a final de 2018 em um 4-4-2 diamante e a de 2017 com um 4-3-3.
Porém, voltando ao Chelsea, ainda não há indícios de que Thomas Tuchel mudará o esquema tático, uma vez que só trouxe uma nova contratação, e que se encaixa perfeitamente no sistema atual.
Portanto, o 3-4-2-1 com os três zagueiros, dois alas, dois meias centrais, dois segundo-atacantes e um atacante de mobilidade devem continuar sendo a chave para se defender com extrema competência sem perder a criatividade ofensiva.
Setor defensivo
É importante começar dizendo que o Chelsea começa a se defender no campo de ataque, exercendo a pressão na saída de bola com os atacantes. Entretanto, para não misturar as peças, vamos analisar primeiro os homens de defesa que Tuchel tem à disposição.
Goleiro
No gol, Édouard Mendy é a primeira opção. Depois de um impacto inicial impecável, sendo coroado como o goleiro com mais clean-sheets em uma edição de Champions League, o senegalês já voltou inspirado para a nova temporada, fazendo defesas importantes na Supercopa da UEFA.
Porém, uma grande surpresa que Thomas Tuchel promoveu foi a opção por Kepa Arrizabalaga em disputas de pênaltis. O espanhol foi fundamental no título da Supercopa, entrando antes das cobranças decisivas e defendendo duas. Depois da partida, Tuchel admitiu que essa tática existia desde a temporada passada.
Portanto, é bom ver que o alemão conseguiu agradar a todos no setor, Kepa se vê útil na equipe, jogando copas e sendo a segunda opção, enquanto Édouard Mendy é o titular na maioria dos jogos.
Zagueiros
O trio defensivo voltará. O grande ponto aqui é perceber que, muitas vezes, os zagueiros ajudam a equipe a construir jogadas no campo de ataque, portanto, precisam entender muito bem o sistema.
Inicialmente, Thomas Tuchel se aproveitou da memória tática de jogadores chave para isso, principalmente, César Azpilicueta, que cumpre com maestria a função de zagueiro pelo lado direito. Por ser lateral de origem, sabe exatamente quando deve subir e fazer número, somando-se ao ala e ao atacante por aquele lado, para gerar espaços.
Durante a janela, falou-se muito na contratação de Jules Koundé (de 22 anos), que provavelmente conseguiria cumprir muito bem essa função e ser uma opção mais jovem que Azpilicueta, que completará 32 anos ainda este mês.
Porém, o Chelsea possui opções no próprio elenco. Depois de grande pré-temporada, Trevoh Chalobah (22) ganhou chances na Supercopa e Premier League, e foi um dos grandes destaques do time nos dois jogos. Portanto, pode fazer com que seu provável empréstimo seja cancelado, e ele ganhe espaço no elenco ainda nessa temporada, a ver.
O zagueiro central é Thiago Silva, que, quando necessário, foi bem substituído por Andreas Christensen durante a ‘era Tuchel’. O importante aqui é saber se posicionar bem e fazer passes seguros na saída de bola. Ainda que, por ser um dos melhores da geração, o zagueiro brasileiro consiga entregar muito mais que isso.
Pelo lado esquerdo, Antônio Rüdiger assumiu com muitos méritos o setor. Sabe girar bem o corpo para se livrar de pressões na saída de bola, e tem boa condução para o campo de ataque, quando necessário. Atualmente, Kurt Zouma é o reserva, e vai bem, ainda que com mais dificuldades, quando necessário.
Alas
Neste setor, Tuchel também se aproveitou muito da memória tática, principalmente com Marcos Alonso pela esquerda. O espanhol foi titular nas primeiras partidas do treinador, enquanto, o atual dono da posição Ben Chilwell, aprendia a cumprir a função.
Em muito pouco tempo, o camisa 21 passou a executar perfeitamente tudo o que era exigido, e Tuchel ganhou duas ótimas peças para o setor: Chilwell como titular e Marcos Alonso como opção no banco. Emerson Palmieri corre por fora, e pode, inclusive, sair por empréstimo ou ser vendido.
Já pelo lado direito, a alternância foi maior. Inicialmente, Reece James e Callum Hudson-Odoi revezaram no setor. Reece oferece um equilíbrio maior à equipe, uma vez que defende melhor e sabe chegar com muito perigo ao ataque. Já Odoi, é mais útil contra equipes extremamente fechadas, já que possui mais drible e capacidade de criar espaços.
Na reta final da temporada, Azpilicueta jogou algumas partidas pela ala direita também, principalmente para marcar o ataque do Real Madrid, na semifinal da Champions League. Uma opção ainda mais segura defensivamente para a posição.
Acredito que, as principais escolhas de Tuchel para a temporada serão Reece James e Ben Chilwell, titulares do setor na final da Champions League (e que partida fizeram).
Setor ofensivo
Importante pontuar que os alas também fazem parte deste setor, mas, como foi dito que até os zagueiros precisam subir para criar vantagem numérica em algumas oportunidades, acredito que já ficou claro que esse sistema funciona como um todo. Os setores de defesa e ataque funcionam mais no papel do que na prática.
Meio-campistas
Talvez este seja o setor com o menor número de jogadores competindo pela vaga. Contando com Kanté, Jorginho e Mateo Kovacic, Tuchel consegue rodar bem os titulares por ali, ainda que a preferência seja pelo francês e o italiano jogando juntos.
Vale lembrar que Kanté e Jorginho fizeram uma reta final de temporada tão boa, que seus nomes sempre são lembrados na lista de possíveis melhores do mundo na temporada. Mesmo que não vençam, devem ocupar um top-10, o que mostra que, atualmente, o Chelsea conta com a melhor dupla do mundo, e ainda tem Kovacic, o melhor jogador do time na penúltima temporada, como opção.
Aqui cabe uma pequena reflexão. Muito se fala em Declan Rice ou Aurélien Tchouaméni sendo contratados para ser mais uma opção para Thomas Tuchel neste setor. Além disso, as saídas de Billy Gilmour e Conor Gallagher por empréstimo, deixaram o treinador com menos opções.
Na teoria, o time realmente precisaria de mais um bom nome no setor, uma vez que Kanté costuma se lesionar com frequência. Ruben Loftus-Cheek e Ethan Ampadu são nomes que não passam muita segurança e podem fazer com que o nível do time caia quando precisarem jogar.
Entretanto, uma nova grande contratação para o setor deve ser muito bem pensada. O treinador já tem uma dupla titular e Billy Gilmour deve voltar pronto na próxima temporada. Tudo deve ser bem amarrado para que o Chelsea não perca uma grande peça com a contratação de outro nome, que dificilmente aceitará uma proposta para ficar no banco de reservas.
Atacantes
Chegamos ao setor que todos estavam esperando. Como montar o ataque com tantas opções para três vagas? A maneira mais simples de sair deste problema é falar que Thomas Tuchel varia as peças de acordo com cada adversário.
Vimos na temporada passada como o treinador montou ataques de diversas maneiras diferentes, mantendo apenas Mason Mount como peça indiscutível no setor. Além dele, Timo Werner aparecia com grande frequência e fazia com que o ataque tivesse uma dinâmica de ataque muito interessante. O terceiro nome que mais aparecia era Kai Havertz. Os três conseguiam ocupar todas as posições do ataque, e este foi o trio titular na final da Champions League.
Entretanto, Christian Pulisic e Hakim Ziyech também jogavam bastante. O americano foi titular no primeiro jogo de semifinal contra o Real Madrid, por exemplo.
Essa é uma boa deixa para mostrar como o treinador (e o elenco) é competente. Na primeira partida contra o Real Madrid, Pulisic começou e marcou um gol fundamental nos primeiros minutos. Já no segundo jogo, Tuchel optou por Havertz, que foi quem apareceu para finalizar por cima de Courtois, um lance que acabou no gol de Timo Werner. Naquele jogo ainda, o camisa 10 entrou descansado na segunda etapa, e ajudou o time a matar o jogo com uma assistência para Mason Mount.
Chegou o 9
Com a chegada de Romelu Lukaku, um dos principais jogadores do mundo na atualidade, o treinador ganhou mais uma grande opção ofensiva. O belga cumpre todos os requisitos que o atacante precisa nesse sistema. Consegue pressionar a saída dos adversários, iniciar jogadas de contra-ataque no meio campo, cair pelos lados do campo para puxar a marcação, gerar espaços, dar passes para dentro da área, e, principalmente, converter as chances de gol.
Portanto, para definir uma formação ideal, que deve jogar com maior frequência os principais jogos, Lukaku e Mount são os que vejo como titulares absolutos. Para fechar, pela capacidade de criar e atacar espaços, Werner seria a peça que mais se encaixaria no sistema, visando potencializar o camisa 9.
O time titular não existe, mas está aí!
Antes de ser crucificado, volto a dizer, Havertz, Ziyech e Pulisic jogarão muitas partidas, e serão escolhidos de forma estratégica para cada uma delas. Além disso, este é o time que acredito que deva jogar mais.
Vale lembrar também que a janela de transferências ainda não fechou, e já lanço aqui meu anti-zika para possíveis lesões.
Portanto, apresento-lhes o que deve ser o time titular do Chelsea para a temporada 2021/22:
Édouard Mendy
Azpilicueta, Thiago Silva, Rudiger
James, Kanté, Jorginho, Chilwell
Mount, Lukaku, Werner
Thomas Tuchel (3-4-2-1)
As palavras neste texto condizem com a opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil