Expectativas altas em meio a grandes desafios: a temporada 2021/22 do Chelsea

No último domingo (22) chegou ao fim, oficialmente, a temporada 2021/22 para o Chelsea Football Clube. Desta vez, o clube encerrou a temporada com os títulos da Supercopa Europeia e do Mundial de Clubes da FIFA e duas derrotas em finais de copas. Na Premier League apenas um 3º lugar, sem grandes sustos, e na Champions League queda nas quartas-de-final. O Chelsea Women levou, mais uma vez, a FA Women’s Super League e a Women’s FA Cup. Enquanto a equipe sub-23 lutou – com sucesso – para escapar do rebaixamento e o youth team conquistou a U18 Premier League Cup.

Apesar das performances dentro de campo, sem dúvidas, o fator que mais marcou a temporada dos Blues foram às sanções à Roman Abramovich, que afetaram o funcionamento das atividades do clube a partir de março. Para além do fim da Era Abramovich, as lesões e inconsistências também deram o que falar. Enfim, não podendo deixar passar batido, também, a contratação de Romelu Lukaku – que dividiu a opinião da torcida.

A chegada da “peça que faltava”

O Chelsea chegou para a temporada tendo conquistado a Liga dos Campeões em maio de 2021 e também a Supercopa da Europa em agosto de 2021. Mais ainda, teve a chegada de Romelu Lukaku para ser a “cereja do bolo” do esquema de Thomas Tuchel. Nesse sentido, as expectativas em relação aos Blues eram as melhores possíveis. Inclusive, havia um certo otimismo, sobretudo por parte do treinador, de que o clube conseguisse, enfim, reduzir a distância para Manchester City e Liverpool na disputa pela Premier League.

Lukaku comemora seu primeiro gol com a camisa do Chelsea. Créditos: Chelsea FC

O time, portanto, fez um ótimo início de campeonato inglês que culminou na liderança da competição entre a 8ª e a 14ª rodadas. Da mesma forma, fez boas apresentações nas copas nacionais e na fase de grupo da Liga dos Campeões.

Por parte do Chelsea Women, o time de Emma Hayes abriu a temporada como detentor de todos os títulos nacionais e na expectativa de retornar à final da Women’s Champions League. Porém, em um esquema diferente do habitual, o início das Blues não foi tão bom quanto esperado.

Por fim, os times da Academia começaram a temporada em extremos. Enquanto a equipe sub-18 conseguiu bons resultados e se manteve próxima à liderança da Premier League sub-18, a equipe de desenvolvimento (sub-23) teve dificuldades para engatar bons resultados e começou a campanha com apresentações inconstantes.

Desfalques e mudanças de rendimento

Contudo, em especial em relação aos comandados de Tuchel e às comandadas de Hayes, o rendimento foi bastante afetado a partir de dezembro pelo excesso de desfalques.

No time principal masculino, primeiramente, Ben Chillwel rompeu o ligamento do joelho, na goleada por 4-0 sobre a Juventus, em 23 de novembro. Pouco depois, o alemão também perdeu Kai Havertz, Timo Werner e Romelu Lukaku, que são três peças ofensivas centrais na equipe. Naquela altura do campeonato, a ausência do principais atacantes do elenco resultou em empates frustrantes contra Everton, Wolverhampton e Brighton, que começaram a reduzir ainda mais a diferença de pontos entre os Blues e os times que vinham na sequência (City e Liverpool).

Momento exato em que o Chillwel sentiu a lesão no joelho.

Desse modo, a equipe só conseguiu retomar o bom futebol em fevereiro aproveitando uma pequena pausa da Premier League para ter um respiro no calendário. Além disso, os jogos do Mundial de Clubes foram centrais para recuperar a confiança do elenco. A partir de então, também, o treinador pôde contar com o retorno de Reece James e com as boas atuações de Havertz e Lukaku.

Desfalques fortalecem o espírito

Por outro lado, os desfalques no Chelsea Women pareceram dar um gás a mais para mudar a maré na temporada. Depois da eliminação ainda na fase de grupos na Liga dos Campeões, o time passou por um surto de covid e, durante o inverno europeu, algumas jogadoras sofreram lesões. Dentre elas: Fran Kirby, Pernille Harder e a capitã Magdalena Eriksson. Além de Melanie Leupolz que, grávida, só retorna aos gramados na próxima temporada.

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Sendo assim, com as lesões, o plantel se viu reduzido e as jogadoras disponíveis estavam jogando mais minutos do que esperado. Mesmo com o número elevado de jogos, a adaptação ao novo esquema de Hayes para a temporada pareceu encaixar e favoreceu a retomada do time nas campanhas nacionais.

Desfalques no principal afetam a base

Com resultados inconstantes e com alguns jogadores tendo que treinar e completar o plantel de Tuchel, Andy Myers e Ed Brand tiveram trabalho. O time sub-19 foi goleado nos play-offs da UEFA Youth League pelo Genk e acabou eliminado. Enquanto isso, a equipe sub-23 despencou na tabela da Premier League 2 – além de cair nas copas nacionais. Por outro lado, o time de Brand conseguiu se manter na parte de cima do campeonato inglês sub-18 e se manter vivo na copa da liga.

Ainda assim, a necessidade de suprir os desfalques no time principal foram sentidos. Até porque, com jogadores do development squad indo para o principal, os jovens do youth team tinham que completar no sub-23. Logo, uma cadeia se formava para completar os planteis. Dessa forma, a constância foi difícil de ser mantida e as performances, por vezes, deixavam a desejar.

O surpreendente fim da “Era Abramovich”

Como todos sabem, o Chelsea é uma eterna montanha-russa. Dentro de campo isso já estava nítido. Porém, no mês de março, as emoções se estenderam para além das quatro linhas.

Com os imbróglios causados pela invasão da Rússia à Ucrânia, Roman Abramovich foi sancionado e seus bens em território britânico foram congelados – dentre eles, o Chelsea Football Club. Desse modo, o clube se viu impossibilitado de funcionar totalmente. Em outras palavras, ficou impedido de movimentar suas contas, de vender ingressos e mercadorias e até mesmo de contratar jogadores.

Logo, as equipes dos Blues se viram imersas em meio à incertezas. Acima de tudo aqueles jogadores cujos contratos expiram no verão europeu. Sendo assim, as especulações passaram a fazer parte da rotina enquanto os candidatos à compra do Chelsea passavam pelos trâmites demandados pelo governo do Reino Unido, pelo banco responsável pela venda, por Abramovich e pela Premier League.

Com isso, o russo se viu obrigado a vender o clube. E, com isso, se despediu dos Blues após quase 20 anos no comando.

Abramovich se despediu do Chelsea após ver o clube conquistar todos os títulos possíveis no futebol masculino. Além de promover uma mudança no patamar do Chelsea no futebol mundial (Reprodução: Michael Regan/Getty Images)

Superação pelos meios possíveis

 

Diante disso tudo, as equipes Blues seguiram disputando as competições em que estavam e a única forma que poderiam responder a tudo era dentro de campo.

Nesse sentido, Tuchel conseguiu de forma sublime manter a equipe com um rendimento aceitável ao longo do mês de março e no início de abril. Contudo, após eliminação na Champions League para o Real Madrid, o elenco sentiu o baque. Em especial com a intensificação dos rumores, e eventuais confirmações, de saídas de alguns jogadores pela mídia.

Mais ainda o alemão teve que lidar com um elenco desgastado física e mentalmente. Desse modo, o Chelsea perdeu as duas decisões de copa nacional para o Liverpool e empilhou tropeços na reta final da Premier League. Apesar disso, o clube conseguiu a vaga na próxima edição da Champions League e se manteve na terceira colocação, já que os rivais não aproveitaram os tropeços dos Blues.

A equipe de Emma Hayes, por outro lado, se fortaleceram após as sanções. Por mais que os questionamentos sobre a situação do clube fossem mais direcionados a Tuchel, a inglesa também foi questionada – e manteve a mesma postura do alemão. Enfim, mesmo com o cenário extracampo, as Blues conseguiram tomar a ponta do campeonato, onde se mantiveram até o fim do campeonato. Além disso, disputaram as duas finais de copa nacional contra o City – sendo derrotadas na copa da liga, mas levando o título na FA Cup.

Por fim, com atuações ruins, os comandados de Andy Myers não foram muito longe nas copas nacionais e brigaram na parte de baixo da tabela. Inclusive, a equipe só confirmou a permanência na primeira divisão na última rodada da PL2. Por outro lado, o time sub-18 acabou caindo de desempenho no campeonato inglês da categoria, porém, conquistou o título da Premier League U18 Cup.

Fim de temporada marcado por despedidas

Com a situação contratual de muitos jogadores e jogadoras por ser resolvida, mas sem que o clube pudesse agir, alguns nomes importantes deixarão o Chelsea neste verão. O nome que mais chama atenção é o de Antonio Rüdiger, que se consolidou como um dos pilares defensivos sob o comando de Tuchel. O zagueiro irá para o Real Madrid. Além dele, espera-se que César Azpilicueta, Andreas Christensen e Marcos Alonso deixem a equipe. E com certeza outros nomes deixarão o oeste de Londres, uma vez que existem clubes interessados em nomes Blues.

Até mesmo, já na reta final da temporada 2021/22, o comandante alemão falou sobre reconstruir o time e não somente fortalecê-lo.

No Chelsea Women, até agora, três saídas estão confirmadas: Ji So-Yun, Jonna Andersson e Drew Spence. Sobretudo Ji e Spence, mas todas foram pilares na consolidação da equipe no topo da categoria no futebol nacional e internacional. Dessa forma, além do protagonismo dentro de campo, as Blues perderão três grandes lideranças no elenco. De qualquer forma, se antes o time já precisava de reforços, agora então… A expectativa é que Hayes siga mesclando experiência e juventude visando não apenas o hoje. Mas também o futuro.

Em relação à Academia, sem dúvidas, o clube deve buscar reforços. A última contratação da Era Abramovich foi Mason Burstow, que fortalecerá o ataque da equipe de desenvolvimento em 2022/23. Porém, as com possíveis saídas e integrações ao time principal, outras áreas deverão ser fortalecidas.

O que o futuro reserva

Ao fim da temporada, o consórcio de Todd Boehly acabou sendo escolhido para assumir o Chelsea. A venda do clube, agora, depende de pormenores para ser concretizada, mas, já está muito bem encaminhada. O americano montou um consórcio forte, tanto na questão financeira como técnica e sua experiência gerindo o Los Angeles Dodgers é um fator animador para o futuro dos londrinos.

Apesar de uma renovação não ser necessária, ao que tudo indica, ela acontecerá e será essencial dar apoio às figuras centrais que cuidam disso. Sobretudo, a Thomas Tuchel, Emma Hayes e Neil Bath (responsável pela Academia). Dessa forma, não é sobre gastar muito. Mas sim gastar bem e de acordo com as necessidades do plantel identificadas pelos treinadores.

Todos no clube se mostram de acordo com a postura do novo proprietário. Enquanto Boehly parece muito disposto a investir e apoiar o projeto e os valores do clube. Portanto, o futuro do Chelsea tem tudo para ser marcado por novos títulos, conquistas e marcos. O que foi consolidado nas últimas décadas é o grande trampolim para essa nova fase levar a voos ainda mais altos.

Estatísticas e prêmios individuais

Men

Competições:

  • Premier League – 3º colocado, 74 pontos
  • FA Cup – Vice-campeão
  • EFL Cup – Vice-campeão
  • Champions League – Quartas de final
  • Mundial de Clubes – Campeão
  • Supercopa da Europa – Campeão

Números:

  • 62 jogos
  • 122 gols marcados, 50 gols sofridos
  • 40 vitórias, 15 empates, 8 derrotas

Women

Competições:

  • FA Women’s Super League – Campeão, 56 pontos
  • Women’s FA Cup – Campeão
  • Continental Cup – Vice-campeão
  • Women’s Champions League – Fase de grupos

Números:

  • 36 jogos
  • 103 gols marcados, 28 gols sofridos
  • 27 vitórias, 5 empates, 4 derrotas

Dev. Squad

Competições:

  • Premier League 2 – 12º colocado, 28 pontos
  • EFL Trophy – Oitavas de final
  • UEFA Youth League – Play-offs

Números:

  • 38 jogos
  • 60 gols marcados, 69 gols sofridos
  • 11 vitórias, 11 empates, 16 derrotas

U-18

Competições:

  • U-18 Premier League – 7º colocado, 46 pontos
  • Youth Cup – Semifinal
  • EFL Cup – Campeão

Números:

  • 37 jogos
  • 83 gols marcados, 39 gols sofridos
  • 23 vitórias, 5 empates, 9 derrotas

Artilheiros da temporada

  • Romelu Lukaku – 15 gols
  • Sam Kerr – 29 gols
  • Jayden Wareham (sub-23) – 7 gols
  • Malik Mothersille (sub-18) – 16 gols

Prêmios individuais

Category: Conteúdos Especiais

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Article by: Rodolfo Simões