A base é realmente importante?

Assim como no time principal, desde o sub-16 ao time de desenvolvimento a desejo por vitória e a gana por títulos são grandes. Acima de tudo, a Academia do Chelsea forma grandes talentos. Alguns deles se tornaram lendas como Peter Bonetti, Peter Osgood, Ray Wilkins e, mais recentemente, John Terry. Outros estão escrevendo sua história no nome do clube como Mason Mount, Reece James, Tammy Abraham e Callum Hudson-Odoi.

Do mesmo modo, existem aqueles que vêm demonstrando seu potencial ao longo dos anos e que, agora, estão buscando seu espaço no time principal. Como é o caso de Lewis Bate, Myles Peart-Harris e Tino Livramento, que foi eleito o jogador da Academia na última temporada. No entanto, alguns acontecimentos recentes no clube estão criando certo receio nos jovens.

Primeiramente, o empréstimo e eventual venda de Fikayo Tomori à AC Milan. O zagueiro era uma das principais promessas defensivas do Chelsea, bem como vinha tendo boas exibições. Porém, com um elenco cheio e com peças mais experientes, seu tempo em campo era bastante limitado. Depois das boas atuações, os Rossoneros exerceram a cláusula de compra.

Além de Billy Gilmour que saiu por empréstimo no início do mês. O meia escocês irá defender o Norwich City, recém promovido para a Premier League, até o fim da temporada. Ao contrário do caso de Tomori, o acordo entre os Blues e os Canários não envolve uma possível compra.

Outro jogador da base que também deixou o clube foi Marc Guehi. Durante a semana, tornou-se público o interesse e a oferta do Crystal Palace pelo zagueiro, que esteve em empréstimo no Swansea durante a última temporada. Mais uma movimentação que indica a busca por oportunidades e regularidade por parte dos jovens jogadores dos Blues.

A incerteza dos jogadores da Academia quanto às possibilidades no Chelsea

Após o retorno das atividades de pré-temporada em Cobham, Livramento, Bate e Peart-Harris treinaram com o time sub-16 ao invés de participarem das atividades junto ao elenco principal. Ao passo que os três jogadores buscam fechar novos acordos de contrato com o Chelsea, eles não viajaram junto ao time de desenvolvimento para o torneio de pré-temporada na Escócia.

Segundo o football.london, os Blues ofereceram novos termos. No entanto, nenhum dos três assinou um novo contrato. O trio representa algumas das grandes promessas da base para o futuro e seus vínculos são válidos apenas até o final da temporada 2021/2022. Nesse sentido, há interesse nas renovações contratuais.

Em contrapartida, os jogadores estão interessados em ter maiores possibilidades de integrar o elenco principal e, acima de tudo, ter tempo de jogo. Por isso, ainda existe um impasse quanto aos contratos.

É inevitável que muitas promessas formadas na Academia do clube se desenvolvam e que, eventualmente, sejam vendidas. É algo que faz parte da cultura do Chelsea e de muitos outros clubes na Europa. Em suma, esse movimento é parte dos negócios

Livramento participou de alguns treinos junto do elenco principal durante a temporada (Créditos: Tino Livramento/Twitter)

Preocupações internas com o futuro

A grande diferença do cenário atual para o que vinha acontecendo anteriormente é que, agora, os jogadores estão escolhendo deixar o Chelsea. O que gera receio por parte de pessoas dentro do clube.

A impossibilidade realizar transferências por conta da punição da FIFA demandou que os Blues olhassem para as opções caseiras para preencher as vagas no time. Além disso, a comissão liderada por Frank Lampard tinha assistentes que conheciam bem as categorias de base. Assim como as características individuais de muitos dos jogadores.

Contudo, o que aconteceu na temporada 2019/2020 deve ser entendido em perspectiva. Foi algo bastante atípico em relação ao que tende a acontecer no Chelsea. Nesse sentido, ao mesmo tempo que permitiu um maior reconhecimento da base, não pode ser visto como algo que permanecerá. Até porque, na primeira oportunidade de realizar transferências, os Blues gastaram £200 milhões em reforços.

A chegada de Tuchel alterou o panorama?

Pouco tempo depois de assumir os Blues, o técnico Thomas Tuchel reforçou seu reconhecimento à Academia, bem como ao talento dos jovens jogadores que já atuam pelo time principal:

Acredito que as categorias de base são os pilares de qualquer clube. Esses meninos se importam com o Chelsea porque eles vivem o clube durante anos. Eles vivem o espírito. As oportunidades podem não vir de cara. Às vezes demora um pouco. Alguns saem em empréstimo, mas eu gosto que eles aceitam os desafios para chegar ao time principal“.

O técnico alemão não rompeu com o que seu antecessor promovia. No entanto, a utilização de jovens não seguiu da mesma forma: a experiência foi preferida na hora do aperto. Por outro lado, jogadores como Mount e James não perderam a titularidade.

Ao mesmo tempo que existe o desejo em investir em peças chaves para fortalecer ainda mais o elenco campeão da Europa, existe a expectativa de utilizar nomes promissores da base nesse processo. Definitivamente é possível conciliar esses dois desejos, porém não haverá chances para todos os jogadores formados pelo Chelsea no elenco principal. Acima de tudo, a vontade e o respeito dos jovens pela camisa dos Blues são importantes fatores para seguir atraindo olhares para Cobham.

TIno Anjorin, Callum Hudson-Odoi, Tammy Abraham, Reece James, Billy Gilmour, Mason Mount e Andreas Christensen comemoram o título da UEFA Champions League em Porto. Todos passaram pelas categorias de base dos Blues (Reprodução: Chelsea FC/Twitter)

Pré-temporada e a chance final de impressionar antes da temporada

A janela de transferências segue aberta e também existe a situação contratual de alguns jogadores base do time principal. Dessa forma, os movimentos que o Chelsea fizer, sem dúvidas, levarão em conta um futuro não tão imediato. Logo, os amistosos e treinos antes do início da temporada serão importantes para as decisões finais serem tomadas.

Além de Tomori, Guehi e Gilmour, que já tem seu destino definido para temporada, outra certeza é a saída de Olivier Giroud. Nesse sentido, a venda do camisa 18 para a AC Milan abre uma vaga no ataque dos Blues. Ainda mais com as chances cada vez menores de contratar Erling Haaland.

Ao passo que a primeira semana da pré-temporada chega ao fim, os Blues realizaram uma última negociação. O atacante Armando Broja estendeu seu contrato com o clube londrino. Seu vínculo será válido até 2026.

Aos 19 anos, o albanês atuou pelo Vitesse na última temporada por empréstimo. Pelo clube holandês marcou 11 gols e está de volta ao Chelsea para a pré-temporada. Apesar da renovação de contrato, não há certeza de que Broja seguirá com o elenco. Porém, ele está fazendo parte do time principal durante período de preparação.

Armando Broja assina novo contrato com os Blues válido até 2026 (Reprodução: Chelsea FC)

Assim como as peças da Academia buscarão mostrar seu valor, os veteranos terão que trabalhar para garantir suas vagas no time principal. Ainda mais levando em conta os contratos de alguns desses jogadores. Em síntese, muitas negociações devem acontecer até o final da pré-temporada. Novos nomes podem chegar enquanto nomes conhecidos podem estar de saída.

De qualquer forma, o objetivo principal seguirá o mesmo: montar um elenco competitivo e vencedor com os melhores talentos possíveis. E, infelizmente, isso pode custar alguns talentos da base preferindo defender outros clubes.

Category: Chelsea Football Club

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Article by: Nathalia Tavares