Nesta semana, o Chelsea acertou a venda de Ramires para o futebol chinês e concretizou as negociações por Alexandre Pato, que chega por empréstimo até o final da temporada, e do jovem zagueiro norte-americano Matt Miazga, de 20 anos. O que os recém-chegados têm em comum? São apostas.
Diante disso, é impossível não questionar os rumos e a política da direção dos Blues. O clube vem se recuperando na temporada, mas ainda está mal. Além disso, tem mais de três dezenas de jogadores emprestados. Para apostar, não seria melhor utilizar quem já tem vínculo com o clube? Neste momento, não questiono, de forma alguma, a qualidade técnica de Pato e Miazga, pois ainda não há base para tecer comentários e seria injusto e leviano fazê-los, mas volto-me para a proposta do clube, em si.
O que deve passar pela cabeça de defensores como Nathan Aké, Andreas Christensen, Tomas Kalas, Michael Héctor, Papy Djilobodji ou Nathaniel Chalobah ao presenciarem a contratação de um novo e jovem concorrente de posição? Se já não vêm conseguindo oportunidades, certamente a contratação de mais um jogador para a função as limitará ainda mais. Alguma hora os garotos se cansarão de esperar.
De forma semelhante, no ataque o mesmo tipo de pensamento deve permear o íntimo de Patrick Bamford, Bertand Traoré, Christian Atsu, Dominic Solanke, dentre outros, ao ver Alexandre Pato chegar. Tudo bem que neste caso a contratação se deu por empréstimo, mas a possibilidade de uma negociação definitiva é real.
Por mais êxitos que já tenham alcançado em suas carreiras, tanto Pato quanto Miazga são apostas que não chegam para assumir a titularidade, ao menos não imediatamente. Se o Chelsea tivesse buscado soluções, jogadores que pudessem ser referências desde o primeiro minuto em campo, a situação seria diferente, mas não é o que acontece. Pato e Miazga podem vir a ser importantíssimos para o Chelsea – quem pode dizer? –, mas outros jogadores que pertencem ao clube também poderiam, caso recebessem oportunidades.
Bater nessa tecla já está ficando exaustivo, mas é impressionante a falta de capacidade do clube de valorizar seu próprio patrimônio. Em várias ligas, Europa a fora, jovens blues vêm sendo destaques, rodada após rodada. Aliás, nem mesmo os garotos que integram o time atualmente têm recebido verdadeiras oportunidades, o que, no ataque, tende a piorar. Alguém duvida que a chegada de Pato limitará as chances de Kenedy e praticamente extinguirá as de Traoré?
Assim, o Chelsea vai deixando seus garotos ávidos por mudanças e, em alguns turnos, já ficou comprovado que alguns dos que deixaram Stamford Bridge poderiam ter permanecido. Algum torcedor do Chelsea não gostaria de contar hoje com Romelu Lukaku ou Kevin De Bruyne? Aliás, o mesmo aconteceu com Nemanja Matic, que somente retornou mediante o pagamento de altas cifras.
Dentre estas dezenas de emprestados, se não há ninguém que sirva para o clube, a porta de saída é a opção óbvia. O que não é tolerável é o Chelsea seguir desperdiçando talento – que, aliás, sabemos existir. Novamente, não se trata de questionar as contratações de Pato e Miazga, e sim os rumos do clube. Apostas por apostas, certamente é mais racional olhar para aquelas que já são patrimônio azul.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil