Se o sentimento antes da data FIFA era de frustração, agora é de satisfação. A equipe foi consistente e fez um placar elástico contra o sólido time do Wolverhampton: 5 a 2.
Os Blues são o primeiro time na história da Premier League a ter os primeiros 11 gols marcados por jogadores abaixo de 22 anos (excluindo gols contra). O Terceiro Tempo desta semana vai explicar este fenômeno e mostrar como se deu esta vitória.
Primeiro Tempo: Tammy Abraham cala os críticos
Após desperdiçar um pênalti na final da Supercopa da UEFA contra o Liverpool, Abraham foi duramente criticado por torcedores e imprensa, além de sofrer insultos racistas por uma minoria da torcida.
O atacante era visto por alguns como imaturo e sem a qualidade necessária para atuar em um grande time. Além disso, ele teria que lidar com a “maldição do camisa 9” que impera sob Stamford Bridge
Entretanto, com o início da Premier League, o jovem deu indícios de não se abalar com esses fantasmas, marcando em jogos consecutivos. A performance neste final de semana foi o ponto de exclamação na carreira dele: o jogador mais novo na história do clube a fazer um hat-trick.
Cada gol do atacante exaltou uma de suas qualidades, mas o último merece destaque.
Após lançamento de Jorginho, o camisa 9 conseguiu dominar, ganhar no corpo do zagueiro e realizar um drible impressionante, concluindo a jogada em um chute cruzado indefensável.
Além de proporcionar a Jorginho sua primeira assistência pelo Chelsea, fica evidente como o garoto está confiante. Inegavelmente ele está perto de ser um excelente atacante, e Lampard merece os créditos por ter acreditado nele.
Segundo Tempo: Variação tática
Se por um lado o ataque é só elogios, o sistema defensivo não está na mesma sintonia.
Embora novamente a equipe tenha concedida dois gols em uma partida e esteja entre as piores da liga, a sensação foi de que o time dominou o jogo durante os 90 minutos e foi pouco ameaçado.
Lampard aproveitou a volta de Rudiger e a lesão de Emerson para introduzir um sistema 3-4-3. O torcedor tem boas lembranças deste esquema com três zagueiros, sendo esta a tática utilizada por Conte na conquista do Campeonato Inglês da temporada 2016-2017.
Quem aproveitou a mudança foi Marcos Alonso, recebendo a oportunidade para voltar a ala-esquerda, posição a qual ele se sente muito confortável, sendo eleito melhor lateral na campanha do título.
O espanhol jogou bem aberto e ofereceu perigo quando estava no ataque, além de ajudar na recomposição defensiva. A premiação pela boa atuação veio no bom cruzamento do espanhol para o segundo gol de Abraham.
Além dele, Fikayo Tomori foi outro destaque individual. O zagueiro vem ganhando espaço com a saída de David Luiz e mostrou-se confiável. Ele teve sete interceptações e recuperou a posse onze vezes, além de completar 87% dos 89 passes distribuídos ao longo da partida.
Este último dado ilustra a liberdade que ele, assim como o restante dos defensores, tiveram na criação das jogadas. O resultado da coragem que Lampard quer ver em seus zagueiros é o golaço de Tomori, o primeiro dele com o time principal.
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Prorrogação: Idade não é o problema
Com o protagonismo dos jovens, a conexão entre time e torcida fortaleceu. Se a relação e o astral estão crescendo, o prognóstico para as próximas semanas é ainda melhor. Callum Hudson-Odoi e Reece James jogaram seus primeiros minutos na Premier League sub-23.
Ambos estão relacionados para o duelo contra o Valência, mas não devem entrar em campo pois não estão em condições ideias para disputar um jogo deste nível.
Devido às lesões no elenco, é provável que eles figurem entre os titulares no duelo da Copa da Liga Inglesa, na próxima semana, contra o modesto Grimsby Town.
Além desses jogadores, Loftus-Cheek ainda não estreou na temporada. O polivalente meio-campista mostrou ótimo futebol durante a Liga Europa e se recupera de uma lesão no tendão de aquiles.
Ross Barkley e Christian Pulisic ainda não encontraram espaço após excepcional pré-temporada. Billy Gilmour, eleito jogador do mês na Premier League, estreiou no profissional no duelo contra o Sheffield.
Todos estes jogadores, com pouca experiência e muito potencial, irão complementar este ambiente que antes era tóxico e pouco produtivo aos jovens.
Uma das principais virtudes da versão treinador de Lamps foi mudar o clima no plantel. Os jogadores mostram felicidade espontânea e embarcaram de cabeça na filosofia do técnico. Mesmo com a inconstância inicial, é possível sentir uma identificação maior e latente dos torcedores com os jogadores que vestem a camisa.