Lendo o Jogo: Aston Villa 1×3 Chelsea – no espírito do Boxing Day, o retorno de Lukaku foi o melhor presente que o Chelsea poderia ganhar

Após dois empates consecutivos na Premier League, o Chelsea voltou a vencer. Com o resultado, os Blues chegam aos 41 pontos e se igualam ao Liverpool, que tem um jogo a menos.

A vitória por 3 a 1 sobre o Aston Villa veio de virada e teve participação essencial de Romelu Lukaku. O belga, que entrou no intervalo, mudou o panorâma da partida e foi decisivo no bom desempenho azul no segundo tempo.

Enfim, para entender como se desenhou o jogo no Villa Park, é hora de ler o jogo.

(Reprodução: Sky Sports)

Boas novas

Thomas Tuchel finalmente recebeu bons reforços para escalar a equipe. Após os inúmeros desfalques por lesões e covid nos últimos tempos, o treinador alemão, agora, pôde contar novamente com Romelu Lukaku e Callum Hudson-Odoi, recuperados do vírus. Somados a N’Golo Kanté e Mateo Kovacic, que já haviam retornado recentemente de seus problemas físicos, Tuchel teve um elenco bem mais farto à disposição.

Lukaku, entretanto, começou no banco de reservas e somente Odoi foi titular. Assim, Christian Pulisic mais uma vez atuou como referência no ataque, com Mason Mount completando o trio de frente.

(Reprodução: Chelsea FC)

Já o Aston Villa teve seu maior desfalque vindo do banco do reservas. E não foi nenhum jogador mas sim seu treinador, Steven Gerrard, que também contraiu covid.

Mas, em campo, os Villans vieram para a partida com Marvelous Nakamba sendo a ausência mais sentida. Em um 4-3-1-2, os donos da casa tinham Emiliano Buendía como articulador e Danny Ings e Ollie Watkins formando a dupla de ataque.

(Reprodução: Aston Villa FC)

Azar e má-atuação no primeiro tempo

O jogo começou brigado e sem nenhuma chance real de gol. O Chelsea tinha mais a bola, mas tinha dificuldades de agredir e sofria quando perdia a bola. Isso porque, quando roubava, o Villa rapidamente acionava a velocidade de Watkins, que caía pelo lado esquerdo e infernizava o setor de Chalobah.

Com a trinca de meio-campistas formada por Morgan Sanson, Douglas Luiz e Jacob Ramsey, o Villa impedia as ações por dentro e o Chelsea não tinha espaços. A alternativa, então, era buscar o jogo pelos lados, principalmente pela esquerda, com as boas associações entre Marcos Alonso e Odoi. Mas ainda era pouco e o Chelsea pouco agredia a defesa dos mandantes.

Nesse sentido, aos 15 minutos, o Chelsea já registrava 66% de posse de bola, mas nenhuma finalização. Foi somente aos 23, e ainda sem querer, que os Blues levaram o primeiro perigo ao gol de Emiliano Martínez. Mount dominou do lado esquerdo, tentou fazer o cruzamento, mas acabou acertando o travessão do goleiro argentino.

Porém, aos 28, outro lance fortuito, dessa vez contra o Chelsea, teve desfecho diferente. Matt Targett fez cruzamento rasante para a área, a bola desviou em Reece James, enganou Edouard Mendy e entrou.

(Reprodução: IMAGO)

Pouco depois, aos 32, Alonso e Odoi, combinaram mais uma vez e o camisa 20 foi derrubado por Matty Cash na área. Então, pênalti para o Chelsea, cobrado e convertido por Jorginho, igualando o placar.

(Reprodução: Chelsea FC)

Ainda assim, a partida seguiu com a mesma configuração e o primeiro tempo se encerrou sem mais nenhuma jogada de perigo.

Tuchel cirúrgico e o efeito Lukaku

O Chelsea voltou do intervalo com a esperada entrada de Lukaku, mas a nem tão esperada saída de Chalobah. A substituição surpreendeu muitos, que não esperavam uma substituição tão agressiva já no reinício do jogo.

Assim, James foi para a zaga e Pulisic passou a fazer a ala-direita, com Lukaku naturalmente fazendo a referência no ataque. Imediatamente, o Chelsea apresentou uma grande evolução, passou a dominar as ações e controlar totalmente o jogo.

Com Pulisic de ala, Watkins, principal válvula de escape do Villa na primeira etapa, precisaria se preocupar mais em marcar o norte-americano e teria menos liberdade ofensiva.

Aos 10 minutos da etapa complementar, a posse de bola já era de 81% a favor do Chelsea, que chegava com cada vez mais perigo. Tanto que, ainda no minuto 10, Odoi cruzou na cabeça de Lukaku, que se antecipou à marcação, testou para o gol e virou o jogo.

(Reprodução: Chelsea FC)

Como resultado, o Aston Villa passou a se arriscar mais, porém o Chelsea se mantinha seguro defensivamente e era pouco incomodado. Mais ainda, ofensivamente os Blues seguiam bem e criavam as melhores chances. Aos 20, por exemplo, Mount saiu cara a cara, driblou Martínez mas bateu pra fora, desperdiçando chance inacreditável.

Prejuízo nas lesões e o atropelo final de Lukaku

A essa altura, no entanto, as lesões já haviam voltado a atormentar os Blues. Primeiro com Thiago Silva, que sentiu e deu lugar a Andreas Christensen. Depois, com Kanté, que voltou a sentir a lesão que o havia tirado de combate nas últimas semanas e saiu para a entrada de Kovacic. Com isso, o Chelsea alterou sua estrutura tática, com Mount recuando e passando a formar um trio de meio-campo em um 3-5-2.

Assim, o tempo foi passando, com o Aston Villa tomando mais a iniciativa, mas esbarrando em um Chelsea consistente defensivamente, sem ser ameaçado.

Por outro lado, nos contragolpes o Chelsea ia chegando com cada vez mais perigo. Aos 40, Mount acionou Lukaku e o belga fez o pivô, devolvendo para o camisa 19, que limpou a jogada, mas Alonso chutou em cima da marcação. Dois minutos mais tarde, Kovacic puxou novo contra-ataque e lançou Lukaku, que devolveu para o croata. Então, o meio-campista dos Blues serviu Odoi, que cara a cara com Martínez bateu no canto, mas o goleiro argentino foi buscar.

Contudo, nos acréscimos, não teve jeito. Odoi acionou Lukaku ainda do campo de defesa e o camisa 9 dos Blues protagonizou um lance sensacional. Primeiro, Lukaku disputou e ganhou no corpo contra Targett, conduziu até a grande área e levou a melhor também sobre Ezri Konsa, que só o parou com pênalti.

(Reprodução: Chelsea FC)

Jorginho mais uma vez bateu e converteu, selando o importante triunfo dos Blues.

(Reprodução: BBC)

Destaques individuais

N’Golo Kanté mais uma vez teve papel fundamental defensiva e ofensivamente para o Chelsea. Dando ritmo, sustentando a linha defensiva e acelerando quando tinha a bola, Kanté mais uma vez mostrou como fez falta enquanto esteve ausente. A saída por lesão é um indício de como o francês vem sendo forçado fisicamente desde que voltou, por conta das constantes baixas no setor em partidas recentes.

(Reprodução: Chelsea FC)

Outros dois jogadores que merecem destaque são Pulisic e Hudson-Odoi. O primeiro, que fez etapa inicial apagada por jogar sacrificado como 9, foi fundamental em uma função diferente na etapa complementar. Ainda que tenha seguido improvisado, dessa vez como ala, Pulisic foi bem no ataque e na defesa e costituiu um papel importante na reação azul. Já Odoi foi bem o jogo todo, sendo bastante influente pelo lado esquerdo e participamdo diretamente dos dois gols no segundo tempo.

Mas o grande nome da partida foi, evidentemente, Romelu Lukaku. O belga, recém recuperado de covid, saiu do banco para mudar completamente os rumos do jogo. O gol marcado e a jogada construída por ele no terceiro gol são evidencias mais do que suficientes para evidenciar a importância de ser ter alguém como ele no ataque.

(Reprodução: Chelsea FC)

Em suma, o Chelsea viveu dois momentos opostos na partida e teve em Lukaku sua grande transformação. Mas cabem também os méritos para Tuchel, que saiu do óbvio ao sacar Chalobah para colocar o belga. Nesse sentido, a postura dominante no segundo tempo se deve muito à mudança do técnico alemão. E o Chelsea, que parecia fadado a mais um tropeço, se reergueu e conquistou uma grande e vitória, contra um adversário complicado.

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Article by: Marcelo Vilela