Eden Hazard: o ídolo azul forjado em Lille

Nesta semana, o Chelsea volta a focar na Champions League. Cercada por especulações de venda e interesses políticos, a equipe precisará superar também estes fatores para defender o título europeu. Neste sentido, os Blues encaram o Lille nesta quarta-feira (16) às 17 horas. A partida na França é o jogo de volta das oitavas-de-final, após a vitória em casa por 2-0.

Embora só tenham se encontrado no Stade Pierre-Mauroy em uma única partida oficial até hoje, o caminho do Chelsea já cruzou com a cidade francesa. Há 10 anos, os Blues foram até Lille buscar um jovem belga que se tornaria seu camisa 10 e ídolo: Eden Hazard. Assim, na expectativa por uma vitória que sele a classificação, o Chelsea Brasil relembra essa transferência no “Na História“. No mais, vem com a gente fazer um aquecimento para o duelo, relembrando o passado.

Um jovem promissor

Nascido em La Louvière na Bélgica em 1991, Eden Hazard cresceu num ambiente que o impulsionava ao futebol. Visto que tanto seu pai quanto sua mãe foram jogadores profissionais de futebol, é fácil compreender a decisão pelo esporte. Assim, Eden começou a dar seus passos no futebol no modesto Stade Brainois e posteriormente no Tubize, ambos clubes belgas com vocação formadora.

Dessa forma, o jovem atacante começou a se destacar nas categorias de base. Por esse motivo, ainda com 14 anos, trocou a formação na própria Bélgica pela base do Lille. Apesar da proximidade geográfica entre as regiões, a mudança já era um sinal do futuro promissor do jovem ao ser recrutado por um dos maiores clubes da França.

Eden Hazard pelo Lille (Reprodução)

Rápida ascensão na França

Em resumo, Hazard progrediu conforme o esperado na base, passando por todas as categorias inclusive na seleção da Bélgica. Apesar de muito novo, o talento do jogador já se fazia presente ao estrear nos profissionais. Em novembro de 2007, aos 16 anos, o belga estreava contra o Nancy em partida válida pela Ligue 1. Após a estreia, o jogador atuaria por mais quatro temporadas pelos Dogues.

Nos dois anos seguintes, a promessa começava a se tornar realidade. Em 2007/08, ainda com 17 anos, atuaria em 30 partidas da Ligue 1 e acabaria conquistando o prêmio de melhor jogador jovem da competição, superando Hatem Ben Arfa. Na sequência, mais uma temporada de sucesso e a repetição do prêmio individual. Nessa época, o nome de Hazard já era sondado em gigantes europeus, inclusive o Chelsea. Mas, nas palavras do próprio jogador, ele ainda não estava pronto.

“Quando clubes como esses vêm atrás de você, não há como pensar duas vezes. Porém, eu penso que ainda não estou pronto para um clube grande com tanta presssão”, afirmava ainda com 18 anos.

A conquista da Ligue 1

Após duas temporadas de conquistas individuais, o objetivo do belga passava a ser escrever de vez seu nome na história do Lille. Para isso, nada melhor do que adicionar troféus à galeria do clube francês. Para sorte de ambos, os objetivos estavam alinhados e o trabalho do treinador Rudi Garcia enfim parecia encontrar uma espinha dorsal competitiva. Além de Hazard, se destacavam na equipe francesa da temporada 2010/11 nomes como Gervinho, Yohan Cabaye e Adil Rami.

Naquele ano, Hazard disputou todas as 38 partidas do campeonato francês, apenas três vindo do banco. O excesso de partidas não se transformou em desgaste e o atacante entregou sete gols e onze assistências ao longo da competição. Dentre eles, alguns fundamentais para a conquista do título com oito pontos de vantagem para o Olympique de Marseille. Para completar uma temporada perfeita, o Lille ainda completaria a dobradinha nacional ao vencer o Paris Saint-Germain na final da Copa da França.

Por fim, o belga foi nomeado também o Melhor Jogador da Ligue 1 naquela temporada, preenchendo ainda mais a sua prateleira individual. Na temporada seguinte, o prêmio voltaria para as mãos de Hazard, mas sem títulos pelo Lille. Após as conquistas, parte do time de desfez e a equipe não conseguiu manter a competitividade. Em suma, eternizado na história dos Dogues, era hora de Hazard alçar voos maiores.

O ídolo em Londres

Ainda que muito especulado, o destino do belga era incerto. Além do Chelsea, Manchester United e Real Madrid eram vinculados ao jogador. Enfim, no dia 28 de maio de 2012, coube ao próprio Hazard anunciar seu destino. Em uma única linha no Twitter, ele avisou ao mundo que se juntaria aos campeões da Champions League. Naquele momento, assim como agora, o Chelsea Football Club.

Ao chegar nos Blues, Hazard foi comandado por Roberto Di Matteo. O então camisa 17 chegou junto de César Azpilicueta, Oscar, Kevin de Bruyne e Victor Moses. Dessa forma, um pacote de contratações que visava reforçar e renovar o elenco do Chelsea após concluir o ciclo vitorioso anterior. No entanto, a instabilidade nos resultados obtidos custaria o emprego de Di Matteo.

Para seu lugar, o espanhol Rafa Benitez foi o escolhido. Sempre questionado durante a passagem por Stamford Bridge, o treinador montou um time pragmático, mas que foi capaz de vencer a Liga Europa ao final daquela temporada. O título foi comemorado mais como uma consolação após a eliminação precoce na fase de grupos da Champions League e a derrota para o Corinthians na decisão do Mundial de Clubes.

Protagonista em diferentes ciclos e conquistas

Daquela temporada em diante, Hazard assumiria de vez o papel de protagonista da equipe. Treinado por José Mourinho, viveu sua afirmação. Em suma, a temporada 2014/15 mostrou um jovem que chegava ao seu auge. Campeão da Premier League e da Copa da Liga Inglesa, o belga ainda foi nomeado o melhor jogador da Premier League. A partir daquela temporada, o belga assumia também a camisa 10 dos Blues.

Após uma temporada errática em 2015/16, Antonio Conte assumiu o comando dos Blues e, com ele, Hazard adicionou mais uma Premier League e uma FA Cup ao seu currículo. Ao fim de mais esse ciclo, Maurizio Sarri assumiria os Blues por uma única temporada, conquistando novamente a Liga Europa, esta com Hazard como protagonista absoluto. Na decisão, a vitória por 4-1 sobre o Arsenal marcou a despedida do belga. Com dois gols e uma assistência na partida, o então camisa 10 foi decisivo para a conquista.

hazard e giroud na final
Dois gols e um título continental sobre os Gunners: a despedida perfeita de Hazard no Chelsea (Foto: Reprodução)

Em resumo, além dos troféus mencionados, Hazard se despediu com marcas individuais impressionantes. Além do prêmio de melhor jogador da Premier League em 2015, o belga foi premiado quatro vezes como melhor jogador do ano no Chelsea. Por fim, com 352 partidas, 110 gols marcados e 92 assistências, Eden Hazard deixava Londres como ídolo. A promessa belga se tornou realidade em Stamford Bridge.

O adeus (ou até logo?)

Após sete anos como um blue, Eden Hazard foi vendido ao Real Madrid. Nesse sentido, as especulações entre o jogador e o clube eram antigas. Em Hazard, o Real Madrid procurava a estrela para substituir Cristiano Ronaldo. Para o Chelsea, a venda representava 160 milhões de euros em uma janela em que o clube sofria com o bloqueio de transferências. No entanto, esse dinheiro seria usado para as transferências de Kai Havertz e Timo Werner e na montagem do elenco atual.

Todavia, o desempenho do belga na capital espanhola segue aquém do desejado. Sofrendo para se manter nas condições físicas ideais, Hazard até hoje não é propriamente uma estrela dos merengues. Dessa forma, especulações por sua saída são constantes. Nesse sentido, um retorno à Premier League e possivelmente ao Chelsea são sempre ventilados. Caso esse retorno ocorra, o belga viria como o ídolo que é, mas num papel de veterano coadjuvante e não mais como o protagonista do elenco.

Assim como na ocasião da contratação de Hazard, o Chelsea é o campeão europeu vigente. Neste momento em que a história azul cruza novamente com o clube francês, há a expectativa de mais uma mudança significativa no clube. Ao invés de um grande jogador, infelizmente o cenário dessa vez promove a expectativa por mudanças de posse e gestão do clube. Apesar disso, espera-se que dentro das quatro linhas o encontro signifique “apenas” uma vaga na próxima fase.

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Article by: Igor Estolano