Em confronto válido pela 2ª rodada da fase de grupos da UEFA Women’s Champions League, o Chelsea Women conquistou a vitória sobre a Juventus fora de casa pelo placar de 2-1. O resultado foi importante tanto para levantar a moral como para deixar a equipe em uma boa situação no grupo.
Nesse sentido, as equipes voltarão a se enfrentar na próxima quarta-feira (8). Dessa vez, pela penúltima rodada da fase de grupos e com as Blues tendo o mando do campo. Novamente, a partida terá transmissão da DAZN no Youtube a partir das 17h (horário de Brasília).
Por causa dessa proximidade entre os confrontos, o Chelsea Brasil deixará aqui o “Como joga” feito para o último encontro entre as equipes. Assim, neste “Análise Tática” aspectos chave do jogo entre Chelsea e Juventus do dia 13 de outubro serão apontados para ajudar ainda mais na leitura do jogo das adversárias. Bem como serão destacadas as expectativas e as possíveis escalações para o jogo deste fim de semana.
Ficha técnica
As donas da casa, treinadas por Joe Montemurro, entraram em campo na formação de 4-3-3. O grande destaque da escalação foram as voltas de Barbara Bonansea e Cristina Girelli, que se juntaram a Lina Hurtig e garantiram a força máxima ofensiva das italianas.
Emma Hayes, por sua vez, seguiu com o 3-4-3. Assim, a treinadora preferiu por priorizar a ofensividade do time, escalando Guro Reiten e Erin Cuthbert nas alas. Além disso, Jess Carter foi escalada no centro da defesa. Como resultado, Millie Bright e Magda Eriksson nas posições mais abertas da defesa conseguiram fazer importantes descidas para apoiar o meio campo durante jogadas ofensivas.
Enfim, o placar final da partida foi de 2-1 em favor das Blues. A primeira etapa terminou empatada em 1-1 após os gols de Cuthbert para o Chelsea (31′) e Bonansea para a Juventus (37′). Já no segundo tempo, Pernille Harder decidiu e fechou o placar aos 24 minutos.
Estatísticas
As Blues tiveram superioridade no quesito posse de bola e se aproveitaram disso. Assim como aproveitaram a posse e criaram mais ofensivamente. Por outro lado, os aspectos defensivos do Chelsea chamam atenção: o time não conseguiu desarmar e teve apenas uma interceptação ao longo da partida.
Ajustes importantes na formação
Desde o início da temporada, Emma Hayes vêm escalando a equipe na formação do 3-4-3. No entanto, a nova formação foi bastante exposta nos primeiros jogos da temporada. Sobretudo pelo espaço deixados nas laterais do campo quando as alas não retornavam para recompor a marcação. Ainda mais levando em conta a característica do Chelsea Women de marcar em linhas altas, de modo a sufocar suas adversárias em seu campo de defesa.
Além disso, esse posicionamento mais alto das defensoras permite que elas ajudem na construção das jogadas e no controle da posse de bola. Porém, também favorecem os contra-ataques, que foram bem explorados pela Juventus. Em especial aqueles que surgiam de erros das Blues:
Ao contrário do que aconteceu nos primeiros jogos da temporada, na partida contra as Bianconeras as alas do Chelsea cumpriram com sua função tática. Ou seja, tanto Erin Cuthbert como Guro Reiten auxiliavam nas descidas ao ataque, ao mesmo tempo que retornavam para recompor as linhas defensivas. Com isso, as zagueiras também podiam descer ao ataque:
Em um lance anterior, ocorreu uma situação parecida. O que reforça um encaixe maior do sistema do time de Emma Hayes:
Mesmo funcionando melhor, erro fez com que a defesa fosse vazada
Ainda no primeiro tempo, a defesa das Blues acabou cometendo um erro que levou ao gol da equipe italiana. Apesar de, mais uma vez, as alas exercerem sua função defensiva, Bárbara Bonansea se aproveitou do espaço que se formou atrás de Eriksson:
Mesmo com os acertos ao longo de quase toda a partida, o erro acima custou o clean sheet para o Chelsea. No entanto, foi um grande mérito do ataque da Juventus que leu bem o posicionamento da defesa das adversárias e capitalizou em cima disso.
Reiten é uma jogadora com características mais ofensivas e ainda está se acostumando com a nova função tática que o esquema da temporada está exigindo dela. Mas no lance do gol, especificamente, a camisa 11 do Chelsea acompanhou Bonansea até o fim da jogada. Só que a italiana entrou livre na área e teve espaço para finalizar de frente para o gol e não desperdiçou a grande chance.
De qualquer forma, até aquele momento, a partida foi uma das melhores do time de Emma Hayes. Demonstrando que o 3-4-3 estava se encaixando e que pode servir muito bem ao time. Ainda mais com o retorno de Maren Mjelde e Lauren James.
Busca por controle de posse e de ofensividade
Mais uma vez o Chelsea entrou em campo com o trio Kirby, Kerr e Harder no comando do ataque. Bem como tinha como apoio no meio Cuthbert e Reiten pelas laterais e Melanie Leupolz e Ji So-Yun pela faixa central. Portanto, o time tinha uma boa combinação para garantir a boa construção e finalização das jogadas.
Nesse sentido, a movimentação entre as atacantes e as recuperações de bola e passes das meio campistas foram essenciais no decorrer da partida. Antes de mais nada por conta do posicionamento da defesa das adversárias:
Contudo, o Chelsea conseguiu explorar bem duas situações que permitiram ataques pelo centro do campo. Ou seja, de formas que a Juventus estava buscando evitar com o seu posicionamento defensivo. À princípio, as Blues se aproveitaram da grande mobilidade e da leitura de jogo das suas jogadoras de ataque. Assim, explorando as linhas defensivas das adversárias com bolas em profundidade:
Igualmente, as jogadoras do Chelsea, por vezes, se aproveitaram de jogadas individuais. Em muitos momentos da partida, a compactação da defesa do time italiano se perdia. Dessa forma, os espaços que apareciam eram bem explorados. Ainda mais em jogadas que se iniciavam nas laterais e conseguiam se utilizar dos espaços para se movimentar em direção à faixa central. Como, por exemplo, no lance no qual o Chelsea abriu o placar:
Destaque da partida
Não somente porque foi eleita a melhor em campo, mas também por conta de sua importância tática, Pernille Harder foi o grande nome do jogo entre as equipes em Turim. Mais ainda, a dinamarquesa fez o gol que garantiu a importante vitória para o Chelsea.
Desde o início da partida Harder atuou com grande intensidade, contribuindo diretamente para as jogadas de ataque. Seja na construção, na distribuição ou na finalização. Nesta temporada, parece que, enfim, Hayes está conseguindo achar o melhor posicionamento para a camisa 23. Sem dúvidas, esse posicionamento não será o mesmo que ela tinha no Wolfsburg, atuando como a grande responsável pelo ataque do time.
Isso porque o Chelsea conta com outros dois nomes de peso no ataque. Sendo assim, Harder não precisa assumir essa função sozinha. Porém, cada vez mais a dinamarquesa tem liberdade para atuar no ataque, tanto pelos lados como pelo centro. Como resultado, contribuindo para que espaços surjam no campo e para que as jogadas sejam bem distribuídas conforme a necessidade.
Nesse sentido, a camisa 23 tem uma leitura de jogo ofensiva acima da média. Mas não só isso. Ela também tem um importante papel defensivo, por conta de sua velocidade e intensidade. Em muitas situações em que a Juventus desceu para o ataque – assim como em outras partidas – Harder retornou para apoiar as linhas de marcação no meio campo. Até mesmo promovendo uma marcação mais incisiva sobre as jogadoras que buscam atuar nas entrelinhas.
Situação do grupo
O Chelsea é o atual líder do grupo com 10 pontos. Em seguida aparece a Juventus com sete pontos. Por sua vez, o Wolfsburg está em 3º com cinco pontos conquistados e na lanterna está o Servette que não conquistou pontos na competição até aqui. Além disso, as Blues apresentam o melhor saldo de gols dentre as quatro equipes.
A 5ª rodada terá o confronto entre Chelsea e Juventus, da mesma forma que terá o encontro entre Wolfsburg e Servette. Nesse sentido, a vitória das Blues selaria a classificação para as oitavas de final. Caso contrário, precisará de um empate na última rodada, contra o Wolfsburg, para garantir a classificação – com riscos de ser na segunda colocação. Dessa maneira, Emma Hayes deve ir com força máxima para o confronto e buscar tranquilidade para seu time na competição europeia.
Expectativas para a partida
A Juve chega para enfrentar o Chelsea depois de um fim de semana em que a equipe italiana conseguiu sua 34ª vitória seguida no campeonato nacional. Além disso, as Biancorenas venceram na última rodada em um jogo que muitos acreditavam que o Wolfsburg era amplo favorito. Dessa forma, a Juventus vem embalada e com muita gana para a partida. Acima de tudo levando em conta que uma vitória sobre o Chelsea poderia aumentar muito a chance da equipe avanças para as oitavas de final.
As Blues, por sua vez, conquistaram o título da Women’s FA Cup no fim de semana e chegam nesta quarta-feira precisando de uma vitória para garantir a classificação à fase de mata-mata da UWCL. Com isso, Emma Hayes deve escalar o time para que a vaga nas oitavas de final seja confirmada, o que permitiria um foco maior, também, na FA WSL. Visto que o Chelsea está apenas um ponto atrás do líder do campeonato inglês, o Arsenal.
Logo, a partida vale muito para ambas as equipes que chegam em bons momentos para o confronto. Uma eventual derrota do Chelsea pode embolar o grupo para a última rodada, uma vez que tanto o time inglês como a Juve e o Wolfsburg poderiam alcançar 11 pontos. Assim, fazendo com que a classificação seja definida pelos critérios de desempate. Por outro lado, em caso de vitória das Blues a situação fica boa para as inglesas. Ao passo que a pressão pela disputa da segunda vaga do grupo fica entre italianas e alemãs – ambas tendo que vencer na última rodada para ter chances de se classificar.
Força máxima no ataque italiano
Precisando da vitória, a equipe italiana viaja para Londres com muitas opções ofensivas. Além disso, Joe Montemurro contará com todo seu elenco completo para a partida. Então, a expectativa é que as visitantes busquem ao máximo levar perigo à meta das Blues. Sobretudo por meio da construção de jogadas pelas laterais do campo e explorando as linhas altas do Chelsea.
Da mesma forma, o meio-campo Bianconero tem muita qualidade e deve aparecer como um apoio importante para a construção das jogadas. Assim como, por outro lado, oferecer resistência às descidas do Chelsea. Em outras palavras, as meias da Juve serão um importante apoio à última linha de marcação ao reduzir os espaços para a atuação das meias e atacantes das adversárias.
Por fim, a defesa da Juventus é formada por jogadoras experientes e se organiza de forma bastante eficiente. No entanto, por vezes, as linhas defensivas se desorganizam e abrem espaço para a chegada das adversárias. Como aconteceu na partida anterior contra as Blues.
Chegando em boa fase e precisando do resultado, sem dúvidas a Juventus vai impor resistência ao Chelsea. Mesmo jogando fora de casa. Assim como no jogo de outubro, a equipe italiana deve se aproveitar do contra-ataque para levar perigo – se aproveitando da velocidade e da qualidade das suas atacantes. Por outro lado, defensivamente, as Bianconeras devem ocupar os espaços para reduzir as trocas de passe e movimentação entre as jogadoras de frente do Chelsea.
Chaves para o Chelsea
Dado que a Juventus deve se aproveitar da velocidade em jogadas de contra-ataque, mais uma vez, a principal chave para as Blues será a defesa. Ainda mais pelo esquema utilizado pelo time. Assim, da mesma forma como aconteceu no jogo em Turim, Reiten e Cuthbert terão um duplo papel essencial para o decorrer do jogo em favor do Chelsea. Ou seja, as alas meio-campistas terão tanto que recompor na defesa como auxiliar as descidas no ataque.
A atuação das meias centrais também será central, uma vez que com quatro no meio e com a linha de três defensoras estando mais adiantada, as Blues terão uma superioridade no meio de campo. Sendo assim, o controle da posse de bola nesse setor pode representar o grande divisor para o confronto. Dessa forma, como Emma Hayes já disse em outras oportunidades, o Chelsea deverá buscar e manter o ritmo da partida a seu favor. Principalmente jogando em casa e diante da torcida.
Por sua vez, as atacantes das Blues devem seguir explorando as movimentações e as trocas entre si. Bem como devem se aproveitar do espaço entre linhas deixado pela equipe italiana. Mesmo que esses espaços, em grande parte das vezes, sejam reduzidos. Diante de casos assim, mais ainda, é importante que haja triangulações entre as jogadoras de frente, rodando a bola para, em primeiro lugar, desorganizar a defesa. E em seguida abrir espaços que permitam a aproximação à meta adversária.
Leitura do jogo por parte da defesa
O esquema com três defensoras parece estar se ajustando, mas ainda assim tem sido exposto em algumas situações. Nesse sentido, um ponto chave especial para o time de Emma Hayes será a defesa. Principalmente pelo fato de que o saldo de gols conta bastante para a classificação na fase de grupos.
Portanto, a defesa blue deverá se manter atenta e ler bem o jogo. Além disso, deverá se comunicar para organizar as ações defensivas, o posicionamento e os passes realizados no último terço do campo. A troca de bola entre as defensoras é uma característica do time do Chelsea e ajuda na manutenção da posse. Do mesmo modo que permite a organização e a distribuição das meias e das atacantes no campo. Sendo assim, a atuação da linha de defesa, por vezes, acaba sendo a primeira fase de construção das jogadas do time.
Logo, as zagueiras também têm sua importância tática na ofensividade do time. O que ressalta ainda mais a relevância de Bright, Carter e Eriksson para o esquema de Hayes. Porém, em muitas tentativas de descida da defesa, erros foram cometidos e deixaram o time muito exposto. Muitas vezes, a sorte esteve ao lado do Chelsea, só que nem sempre é assim. Ainda mais diante da Juventus, que buscará a todo o custo marcar – e se possível abrir o placar e segurar a vitória fora de casa.
Enfim, todo o time do Chelsea deve estar em constante atenção e buscar controlar a partida. Sem dúvidas esse controle não durará os 90 minutos, uma vez que as adversárias têm qualidade para desafiar as Blues. Contudo, o time londrino não pode cair no ritmo das italianas, uma vez que isso pode custar a vitória.
Prováveis escalações
Chelsea (3-4-3): Berger; Bright, Carter e Eriksson; Cuthbert, Leupolz, Ji e Reiten; Fleming (Harder), Kerr e Kirby.
Juventus (4-3-3): Peyraud-Magnin; Boattin, Salvai, Gama e Lenzini; Rosucci, Junge-Pedersen e Cernoia; Hurtig, Girelli e Bonansea.