A expectativa da maioria dos torcedores por mais uma boa campanha do Chelsea era alta. A temporada vitoriosa em 2016/17 marcava o renascimento de um time após um fracasso, nadando de braçadas no campeonato inglês. O retorno à Champions League e alguns reforços que se destacaram no último ano, além da manutenção do treinador com seu esquema de jogo inovador, davam os contornos de que o trabalho evoluiria e seria mais um ano de bons desempenhos para os Blues. Mas não foi o que aconteceu.
Antes de cada temporada, é importante observar a janela de transferências do Chelsea. Um clube que se movimenta bastante desde a chegada de Roman Abramovich. Porém, ao contrário do que muitos esperavam – inclusive o treinador – esse período foi marcado por saídas importantes, e pela contratação de poucos jogadores. Alguns deles para repor os atletas que deixaram Stamford Bridge. Os titulares Diego Costa e Nemanja Matic foram as principais baixas da equipe, enquanto Álvaro Morata e Tiemoué Bakayoko, as contratações de maior destaque.
Segue abaixo um resumo das chegadas e saídas do Chelsea no início da temporada [valor em Euros, segundo dados do transfermarkt.com].
Chegaram ao Chelsea:
- Álvaro Morata (Atacante, 24 anos – € 66 milhões)
- Tiemoué Bakayoko (Meio-Campo, 22 anos – € 40 milhões)
- Danny Drinkwater (Meio-Campo, 27 anos – € 37,9 milhões)
- Antonio Rüdiger (Zagueiro, 24 anos – € 35 milhões)
- Davide Zappacosta (Lateral direito, 25 anos – € 25 milhões)
- Willy Caballero (Goleiro, 35 anos – transferência gratuita)
- Andreas Christensen (Zagueiro, 21 anos – retorno de empréstimo)
Deixaram o Chelsea:
- Diego Costa (Atacante, 29 anos – € 66 milhões)
- Nemanja Matic (Meio-Campo, 28 anos – € 44,7 milhões)
- Nathan Aké (Zagueiro, 22 anos – € 22,8 milhões)
- Juan Cuadrado (Ponta, 29 anos – € 20 milhões)
- Asmir Begovic (Goleiro, 30 anos – € 11,5 milhões)
- Bertrand Traoré (Ponta, 21 anos – € 10 milhões)
- Saíram por empréstimo: Kurt Zouma, Musonda Jr., Jeremie Boga, Tammy Abraham, Ruben Loftus-Cheek.
A primeira impressão não agradou
O primeiro jogo oficial da temporada valia pela Community Shield, tradicional troféu disputado pelos campeões da Premier League e FA Cup. O adversário era o Arsenal. A grande ausência pelo lado do Chelsea foi Eden Hazard, contundido.
É importante destacar que Antonio Conte usou força máxima, considerando os jogadores disponíveis. O esquema usado foi o 3-4-3, sucesso na temporada anterior. Com Pedro no lugar de Hazard e Batshuayi no comando do ataque, o Chelsea foi a campo com:
- Courtois; David Luiz, Azpilicueta e Gary Cahill; Moses, Fàbregas, Kanté e Alonso; Pedro, Willian e Batshuayi.
Um empate por 1-1 no tempo normal e uma derrota nos pênaltis foi uma amostra da difícil temporada que estava por vir, e isso já ficaria mais evidente no primeiro jogo da Premier League.
Estrear em casa contra o Burnley parecia um bom cenário para os atuais campeões. Não desmerecendo o visitante, que havia feito uma Premier League segura no ano anterior, mas somente sendo muito pessimista para imaginar o que aconteceu. Os visitantes abriram uma vantagem de 3 a 0 logo no primeiro tempo do jogo. Os Blues reagiram na segunda etapa e anotaram dois gols, mas a derrota em casa por 3 a 2 na estreia deixou um gosto amargo na boca dos torcedores.
A reação
Depois dos primeiros resultados negativos, a equipe se reergueu na temporada. Foram três vitórias seguidas na Premier League, incluindo uma memorável contra o Tottenham em Wembley – com direito a dois gols de Marcos Alonso. A estreia na fase de grupos da Champions League também foi positiva, uma goleada por 6 a 0 contra a frágil equipe do Qarabag. A boa sequência continuou por mais quatro jogos, com direito a uma vitória por 2 a 1 fora de casa, dessa vez contra o Atlético de Madrid pela competição europeia.
Durante essa sequência de oito partidas, com sete vitórias e um empate por 0 a 0 com o Arsenal, o espanhol Álvaro Morata ganhou destaque, anotando seis gols em seis jogos. A arrancada lembrava um pouco aquela de 13 vitórias da temporada passada, ainda que o estilo de jogo não fosse o ideal. O momento era positivo, e o time recompensava atuações não muito convincentes com bons resultados, e isso era o suficiente naquelas circunstâncias.
O fim da boa sequência e a tônica da temporada
Enfrentar o líder do campeonato Manchester City em Stamford Bridge pela 7ª rodada da Premier League, ainda em Setembro de 2017, parecia a prova de fogo. Depois de emplacar uma boa sequência, uma vitória àquela altura contra o time de Pep Guardiola seria um marco significativo para as pretensões do Chelsea na temporada.
Entretanto, uma derrota por 1 a 0, gol de De Bruyne, significava uma coisa que ficaria evidente com o passar do tempo: o time não iria engrenar no ano.
A tônica da temporada foi essa, emplacava duas ou três vitórias, e quando mais precisava vencer, acabava perdendo de uma forma desanimadora, mostrando apatia em alguns momentos.
Depois do revés contra os azuis de Manchester, mais uma derrota duríssima. Dessa vez para o Crystal Palace, que naquele momento era o lanterna da Premier League. A primeira vitória da equipe ocorreu naquela ocasião. Ou seja, em dois jogos, o Chelsea foi derrotado pelo time que não perdia para ninguém (Man. City), e pela equipe que era derrotada por todos até ali (Crystal Palace). Um momento significativo da temporada.
O terceiro resultado frustrante seguido aconteceu na Champions League, contra a Roma. O Chelsea vencia em casa por 2 a 0 até os 40 minutos do primeiro tempo, quando Kolarov diminuiu para os italianos. No segundo tempo, houve um apagão – característico dos Blues na temporada – e a Roma virou a partida para 3 a 2. Um gol de Hazard, assegurou pelo menos um empate, mas com sabor de derrota. Considerando o contexto daquela partida, foi a terceira vez consecutiva que o torcedor saia com um sentimento ruim após um jogo do Chelsea.
Nesse momento da temporada, os Blues brigavam na parte de cima da tabela. O Manchester City já se distanciava dos demais, porém entre a 10ª e a 22ª rodada, o Chelsea brigava para ficar entre a segunda e a quarta colocação. Foram 12 jogos com nove vitórias, dois empates e apenas uma derrota. O último jogo dessa sequência, foi um empate por 2 a 2 com o Arsenal, em uma partida excelente, que rendia ao Chelsea a segunda colocação de momento na Premier League.
O grande problema eram as oscilações e o ambiente ruim que cercavam a equipe. Durante esse período positivo no campeonato inglês, o torcedor viu o Chelsea perder por 3 a 0 para a Roma na Itália, pela Champions League. Uma derrota que vai além do resultado. Quem assistiu àquela partida entendeu que os jogadores não estavam demonstrando a vontade que deveriam, não havia brio nos olhos de nenhum atleta, salvo Azpilicueta e Kanté, que sempre foram guerreiros dentro de campo. A derrota para a Roma evidenciava que uma crise interna afetava o rendimento do time em algumas partidas.
O desastroso início de 2018
A virada de ano trazia uma bagagem carregada de dúvidas e incertezas aos Blues. Porém, ainda havia a chance de ser uma temporada positiva. O sorteio da Champions League havia reservado um duelo contra o Barcelona nas oitavas de final. Um time temido, mas que historicamente fazia duelos equilibrados contra o Chelsea. No campeonato inglês, a disputa pelo título praticamente já não existia, mas o time era um dos favoritos para a conquista de uma vaga na próxima edição do torneio continental mais importante do planeta. Ainda haviam as duas ligas inglesas que eram a maior chance real de um troféu.
O elenco apresentava fragilidades. O treinador Antonio Conte precisava de algumas opções na hora de montar a equipe, considerando o calendário apertado. Peças de reforço até chegaram: Ross Barkley, Emerson Palmieri e Olivier Giroud. Em contrapartida, Kenedy e Batshuayi saíram por empréstimo.
Porém, a eliminação para o Arsenal na Copa da Liga, ainda em janeiro, já parecia alertar e preparar o torcedor do Chelsea para o pior. Os dois confrontos seguintes pela Premier League contra o Bournemouth em casa e Watford fora, e os resultados não podiam ser piores. As derrotas por 3 a 0 e 4 a 1, respectivamente, desanimaram muito os torcedores, que enxergavam uma sequência com Barcelona, Manchester United e Manchester City pela frente.
O primeiro duelo contra o Barcelona mostrou que o Chelsea tinha time para brigar no cenário europeu. A equipe fez uma partida quase perfeita, mas um erro individual fez o 1 a 0 virar 1 a 1 e as chances de classificação diminuírem. Naquela oportunidade, Antonio Conte montou um 3-4-3 com o Hazard atuando como falso 9, esquema criticado por boa parte da torcida, mas que funcionou muito bem, pois deu velocidade ao ataque.
Depois desse empate, foram duas derrotas para os times de Manchester na Premier League. A primeira foi uma derrota por 2 a 1 para o United, que foi superior o jogo inteiro. E por fim, um 1 a 0 para o City em que o Chelsea praticamente não jogou futebol, causando irritação até nos próprios jogadores, e envergonhando parte da torcida, que parecia não entender o que estava acontecendo. A equipe nesse momento, caia para a 5ª colocação no campeonato, e estava fora da zona de classificação para a próxima Champions League.
Falando em Champions League, o jogo de volta contra o Barcelona foi frustrante. Mais uma frustração na temporada. Uma derrota por 3 a 0 construída com facilidade pelos espanhóis, que saíram na frente logo no início do jogo. O Chelsea ali se despedia de um sonho distante e voltava suas atenções para as duas metas que restaram na temporada: vencer a FA Cup e conseguir a classificação para a próxima edição da UCL.
Os capítulos finais da Premier League
Em 5º lugar e com oito jogos restantes, o Chelsea precisava vencer o Tottenham para seguir vivo na briga pela classificação para a Champions League. A partida aconteceria duas semanas depois da eliminação para o Barcelona, e era um período no qual o time deveria criar forças e mudar o foco para atingir os objetivos que restavam.
Os Blues até saíram na frente com gol de Morata, mas os Spurs viraram a partida para 3 a 1 em pleno Stamford Bridge e praticamente acabaram com as chances do Chelsea de se classificar. Uma derrota que parecia selar uma temporada frustrante, de estipular objetivos e fracassar durante o percurso.
Mais uma vez, a tônica do time na temporada voltou a aparecer. Depois da derrota para o Tottenham e um empate contra o West Ham, dez pontos separavam o Chelsea da zona de classificação para a Champions. Porém, uma sequência de quatro vitórias na Premier League, somadas a uma sequência de tropeços dos Spurs e do Liverpool, deixaram a decisão para as duas últimas rodadas, onde era fundamental que os Blues fizessem sua parte para poder sonhar com um 4º lugar improvável.
Com uma expectativa alta, o time decepcionou novamente seus torcedores nos dois últimos jogos do campeonato. Um empate em casa contra o Huddersfield e uma derrota por 3 a 0 para o Newcastle, colocavam ponto final na trajetória do Chelsea na Premier League. De uma forma cruel, como aconteceu muitas vezes durante a temporada.
Foram 70 pontos, 62 gols marcados e 38 sofridos. Quinta colocação. Vaga para a segunda competição europeia. O Chelsea disputará a Europa League na próxima temporada.
Um título importante para fechar uma temporada decepcionante
O último jogo da temporada foi a decisão da FA Cup contra o Manchester United, em Wembley. Em uma campanha consistente, o Chelsea alcançou a final e conseguiu uma chance de fazer seu torcedor sorrir depois de uma dura temporada.
Os Blues deixaram pelo caminho cinco equipes: Norwich, Newcastle, Hull City, Leicester e Southampton, antes de vencer o United por 1 a 0, com gol de Eden Hazard.
Um título bastante comemorado pelos jogadores e pelo treinador Antonio Conte. Foi o 8º da Copa da Inglaterra conquistado pelo Chelsea.
Estatísticas e prêmios individuais
- Premier League – 5º colocado, 70 pontos
- FA Cup – Campeão
- EFL Cup – Eliminado para o Arsenal na Semifinal
- Champions League – Eliminado para o Barcelona nas Oitavas de Final
- FA Community Shield – Vice-Campeão
Artilheiros da temporada:
- Eden Hazard – 17 gols
- Álvaro Morata – 15 gols
- Willian – 13 gols
Prêmios individuais:
- Melhor jogador da temporada: N’Golo Kanté
- Melhor Jogador da temporada eleito pelos jogadores: Willian
- Jogador jovem da temporada: Andreas Christensen
- Gol da temporada: Willian vs Brighton
- Time do ano PFA: Marcos Alonso
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