Uma temporada inesquecível para o Chelsea Women chega ao fim. Em parte por culpa da pandemia, que deixou os portões do Kingsmeadow fechados durante toda jornada. Entretanto, 2020-2021 vai ficar para sempre na mente dos torcedores como uma temporada de conquistas e de feitos históricos.
Depois de nove anos no comando das Blues, Emma Hayes ainda faz seu time surpreender e impressionar a todos, quebrando recordes e chegando pela primeira vez na final da UEFA Women’s Champions League. Ainda que a taça não tenha sido conquistada, o Chelsea se estabeleceu de vez como um dos times mais fortes da Europa. Além disso, os dois títulos em solo inglês reforçaram o domínio do time londrino na Inglaterra.
Contratações e título
Para o começo da temporada, as Blues não brincaram quando o assunto é contratações. Mesmo com dois títulos na época anterior, Melanie Leupolz, Niamh Charles, Jessie Fleming e Pernille Harder chegaram para reforçar o elenco.
Antes mesmo do mercado fechar, a primeira conquista veio. O Chelsea se sagrou campeão da Community Shield, uma taça inédita para o clube, em vitória por 2 a 0 em cima do Manchester City. Seria o primeiro de três títulos para Emma Hayes.
Um início de adaptação
A palavra que pode resumir o início das Blues na liga é: adaptação. A reta final da temporada 2019-2020 cancelada, algumas novas jogadoras, além do retorno de Fran Kirby após um tempo afastada foram fatores que contribuíram para um começo de temporada devagar.
Com algumas pessoas contestando Harder, que teve que se adaptar a um novo país e nova forma de jogar, além de Sam Kerr, que era muito criticada pela quantidade de gols perdidos.
Todavia, não demorou para o time engrenar e, apesar de empates para Manchester United e Arsenal, uma goleada histórica de 9 a 0 em cima do Bristol City e uma grande vitória de 3 a 1 contra o Manchester City marcaram o começo de 2020-2021.
Mostrando sua força
Após encaixar a equipe, a sequência de jogos a partir de novembro foi avassaladora. O Chelsea ganhou dez partidas seguidas, incluindo a estreia na Champions League e um jogão contra o City que acabou 4 a 2 para as londrinas.
Recordes coletivos e pessoais
Nesse meio tempo, marcas foram superadas tanto pelo time, quanto por jogadoras. Primeiramente, Kirby superou Eniola Aluko e se tornou a maior artilheira do clube em vitória por 5 a 0 contra o Benfica em dezembro. Logo depois, na partida de volta contra as portuguesas, Drew Spence atingiu a marca de 200 partidas pelas Blues.
No mês seguinte, o Chelsea se tornou o time com maior sequência invicta na Women’s Super League. O recorde de 32 partidas sem derrota foi alcançada na vitória por 4 a 0 contra o Aston Villa e superou a marca anterior de 31 do Manchester City.
Zebra, título e pedreiras
Entretanto, o time de Emma Hayes deu adeus à sequência invicta e conheceu a primeira derrota da temporada. O revés de 2 a 1 para o Brighton em casa foi inesperado e impediu a equipe de abrir maior vantagem na liderança da liga. Porém, a derrota não abalou o elenco, que encararia jogos importantes no mês seguinte
Para começar, as inglesas tiveram dois jogos emocionantes contra o Atlético de Madrid pelas oitavas de final da Champions, com direto a cinco pênaltis, expulsão precoce na primeira partida e atuação de gala da goleira Ann-Katrin Berger.
Em seguida, apenas quatro dias após classificação na competição europeia, o Chelsea conquistou sua segunda taça em 2020-2021. Uma goleada por 6 a 0 contra o Bristol City garantiu o bicampeonato da Conti Cup para as londrinas. Contudo, uma lesão de Maren Mjelde que a tiraria do restante da temporada gerou preocupação, ainda mais quando o sorteio da Champions colocou as Blues diante do carrasco Wolfsburg.
Apesar do retrospecto estar contra a equipe de Emma Hayes, duas vitórias classificaram as inglesas para a semifinal. Além disso, Charles foi a reposição de Mjelde escolhida pela treinadora e a jovem encantou com as performances na posição.
Um final de temporada agridoce
Se adaptação foi a palavra que começou 2020-2021, emoção foi a que fechou. Primeiramente, uma lesão da capitã Magdalena Eriksson a tirou de dois jogos decisivos.
No primeiro, contra o Manchester City, as Blues seguraram o empate e se mantiveram na liderança. Já no segundo, em contrapartida, a sorte não foi a mesma e acabou com uma derrota para o Bayern de Munique por 2 a 1.
Contudo, na partida de volta e com Eriksson recuperada, um sonoro 4 a 1 classificou o Chelsea pela primeira vez em sua história para uma final de Champions League.
Logo em seguida, pelo segundo ano consecutivo, a taça da Women’s Super League foi para Londres. O feito só havia sido realizado anteriormente em 2011 e 2012.
O clima, entretanto, foi interrompido com uma derrota por 4 a 0 na final da Champions League contra o Barcelona.
A temporada em números
Durante a jornada, o Chelsea teve números impressionantes, tanto individuais quanto coletivos. Em 39 jogos, as Blues marcaram 123 gols e sofreram apenas 22.
Kerr foi a artilheira da equipe, com 28 gols. A australiana também acabou com a Chuteira de Ouro da Women’s Super League. Kirby, por sua vez, foi a maior assistente, com 18 passes para gol. Além disso, a camisa 14 foi a artilheira da Champions League empatada com Jenni Hermoso, do Barcelona. Por fim, Berger foi a Luva de Ouro da liga inglesa.
O saldo da temporada e expectativas
Dessa forma, assim como em 2019-2020, o Chelsea encerrou a época com os títulos da copa e da liga. Porém, o diferencial de 2020-2021 foi o fato da equipe ter chegado mais longe do que nunca na principal competição europeia. Ainda que a partida tenha sido uma decepção, não se pode resumir a temporada do Chelsea na goleada sofrida.
O projeto do clube se mostra cada vez mais ambicioso e bem-sucedido, com inúmeras jogadoras de alto nível, mas também com apostas para o futuro. Atletas como Jess Carter, Erin Cuthbert, Charles e Fleming, além de jogadoras da base, são a prova que as Blues estarão no topo por muito tempo.