Ciao, Antonio Conte, como stai? Vou deixar o italiano para depois, mas meu caro treinador do Chelsea, precisamos conversar sobre algo que está me incomodando e muito nas últimas partidas. Tenho que ser sincero, não esperava um início de trabalho tão forte como este. Estou muito contente com a virada de chave que vários jogadores vem apresentando este ano em comparação ao anterior. Com isso, já posso garantir: 2015/16 foi a exceção da regra. Esta temporada vamos brigar nas cabeças do campeonato.
Porém, existem assuntos que precisamos conversar. Apesar de um trabalho positivo em modo geral, dois aspectos em especial estão começando a tirar minha paciência: substituições tardias e Cesc Fàbregas. Vou tentar explicar meu lado para o signore.
No último jogo, contra o Liverpool, chegou a dar nervoso. O time foi dominado no primeiro tempo e saiu perdendo de 2 a 0. Você PRECISAVA mudar o time e, na minha opinião, colocar o Fàbregas (falaremos dele depois) logo no intervalo. Sou daqueles que acredita que a conversa no vestiário pode mudar as coisas. E naquele jogou mudou. Mas mesmo assim, após o gol, poucos minutos de pressão e aquietou-se tudo novamente. Era o momento de usar o toque do treinador. Mas esperar até os 83 minutos para fazer três substituições de uma vez, abandonar um estilo de jogo e apelar pra bola da área foi uma atitude muito pequena.
As peças estavam lá e poderiam ter sido usadas 15, 20 minutos antes e surtir um efeito maior na equipe. A crítica não fica apenas na partida contra o Liverpool. Em Swansea o mesmo erro foi cometido. Tudo bem, os gols do time da casa saíram após um pênalti e erro de arbitragem e o Chelsea dominava o jogo até então. Mas após os gols quase em sequência, o time parecia abalado e alguns jogadores demonstravam cansaço na reta final, algo normal na primeira partida após a Data Fifa. Nesse caso menos gritante até, mas vamos começar a fazer as mudanças mais cedo do que só apostar no abafa dos minutos finais. Essa temporada o time está gostando de fazer gols no fim das partidas, mas não é sempre que isso acontecerá…
Agora venho ao ponto que mais me incomoda nesses pouco mais de dois meses de trabalho: Cesc Fàbregas no banco. Essa é uma temporada atípica, com boa parte dos jogadores participando da fase final e de mata-mata da Euro 2016, isso afeta o planejamentos dos times. Kantè, por exemplo, estava na final em Paris. No dia seguinte, você iniciava sua pré-temporada no Chelsea. Pode ser que Fàbregas, que já não é mais um menino, sentiu um pouco mais e tenha dificuldades pra entrar em forma no inicio de temporada. Normal. Mas já estamos quase em Outubro. Essa desculpa não cola mais.
Vou tentar trazer alguns fatos: o espanhol é o maior criador de chances do time do Chelsea. Em 2014/15, ele foi o jogador que mais encostou na bola durante a Premier League. Toda jogada ofensiva passava por seus pés, tanto que terminou com 18 assistências na competição. No ano passado, ele mereceu todas críticas, assim como praticamente todo o elenco dos Blues pela má campanha e terminou a temporada com apenas cinco gols e sete assistências. Porém, agora, Fàbregas não aparenta ser o mesmo do ano passado e nos poucos minutos, lembrou aquele jogador que encantou o mundo na campanha do título.
Em apenas 32 minutos em campo nesta Premier League, Fàbregas criou seis chances de gols. A melhor média chance/minuto jogado do time com pouco mais de seis minutos. O segundo da lista é Willian, com 19 minutos pra cada chance criada. Em pouco mais de meia hora de futebol, o espanhol tem o mesmo numero de chances criadas em campo aberto que Oscar, que jogou em 420 minutos. Isso sem contar sua atuação contra o Watford. O time perdia por 1 a 0 quando o espanhol entrou na partida. A assistência do gol da vitória de Diego Costa saiu de seus pés após grande lançamento que cruzou meio campo até os pés do atacante.
Alguns outros números podem comprovar ainda o quanto Fàbregas é essencial para o time, como contra o Swansea em que o jogador criou mais chances de gol – três – em 14 minutos do que todo o time do Swansea no jogo todo – duas. É um grande armador. Um jogador que se reinventou após anos sendo o “Falso 9” do Barcelona pra jogar de volante, longe dos zagueiros e servir o time com sua melhor arma: o passe. Hoje em dia, o time do Chelsea está carente desse passe a mais.
Quando a dupla de volantes passa por Matic e Kantè, o Chelsea perde muito em saída de bola. Que o francês é um grande jogador, está em todas as partes do campo isso já deu pra perceber, mas também percebemos em poucas partidas que o passe não é uma de suas melhores qualidades. O mesmo para Matic, que quando voltou ao time se mostrou um grande volante defensivo desarmando os adversários, mas um pouco desengonçado na hora da criação. Isso sobrecarrega muito Hazard, Willian e Oscar, que se não tiverem uma boa partida, comprometem todo o sistema ofensivo da equipe.
Na partida de amanhã (20), contra o Leicester pela Capital One Cup, Fàbregas deverá ser o titular. Independente de sua atuação, o espanhol pede passagem pelo time titular e não teria jogo melhor para o jogador voltar a começar uma partida do que contra o Arsenal, no Emirates Stadium. Então, Conte, leia isso com carinho e resolva tudo que ai eu terei a certeza que a taça será nossa. Arrivederci.
As palavras neste texto condizem com a opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.