Não começamos bem a temporada. Tudo parecida dar errado — e estava dando —, com exceção do fácil grupo em que fomos sorteados na Champions League. Nove derrotas em 17 jogos, apenas cinco vitórias e três empates na Premier League: esse é o Chelsea de 2015/16. Injusto? Nem tanto. O time não fez nada até agora para provar o contrário, os jogadores atuando muito abaixo do possível e a divisão de elenco por conta do afastamento e demissão da fisioterapeuta-chefe Eva Carneiro são alguns dos motivos que levaram a tal inconsistência por parte do time londrino.
Sem falar também dos erros táticos, da arrogância, do elenco enxuto demais com que trabalhava José Mourinho — sim, apesar de Mou ser um dos melhores da história, ele cometeu erros. Mas agora passou, Abramovich demitiu Mourinho e Guus Hiddink assumiu a bomba com certo otimismo. Agora vai?
Para analisar o caso, temos que voltar à primeira passagem de Hiddink pelo Chelsea, em 2009. O holandês assumiu o comando do clube como interino até o fim da temporada após a demissão precoce de Luiz Felipe Scolari e fez o que pode. Se classificou até as semifinais da Champions League, terminou num respeitoso terceiro lugar no Inglês, de acordo com a situação com que assumiu o time, além de ter vencido a FA Cup contra o Everton por 2 a 1 em Wembley. Hiddink foi um bom treinador interino, muito útil e uma solução a curto termo.
Agora a cena se repete. Novamente contratado como interino, Hiddink tem a missão de levantar o até então abatido time do Chelsea, que teve desempenho muito além do esperado contra o Sunderland, ainda que com Steve Holland controlando a equipe londrina. Será que agora vai? O Chelsea voltará a ser Chelsea?
O primeiro jogo de Hiddink na sua volta a Stamford Bridge é contra o Watford, no Boxing Day, sábado (26). Deve ser uma vitória do Chelsea, que jogará contra o time de Nathan Aké, um dos jogadores mais promissores emprestados pelo time da casa.
Dois dias depois, o time viaja até Old Trafford para enfrentar o Manchester United de seu compatriota Louis Van Gaal, que também não impressiona nem um pouco e perdeu para o Norwich, em casa, por 2 a 1, na última rodada.
Após o retorno de Manchester, faremos uma viagem de meia-hora do estádio do Chelsea até o Selhurst Park para enfrentar o Crystal Palace, que nos venceu em Stamford Bridge por 2 a 1 no primeiro turno. É um jogo complicado, apesar do bom resultado da última vez que visitamos o estádio do Palace: 2 a 1 com gols de Oscar e Fàbregas, ainda em 2014, na temporada passada.
Depois desses três jogos, a Premier League pausa para a terceira rodada da FA Cup, em que o Chelsea recebe o Scunthorpe United, da terceira divisão, em casa, no domingo (10 de Janeiro). É um jogo fácil? Em tese, mas devemos nos lembrar do que aconteceu da última vez em que um time de divisões inferiores visitou Stamford Bridge. “Aconteceu futebol”, né, Mourinho? O Chelsea perdeu, em seus domínios, para o Bradford City por 4 a 2 — para completar, de virada, o que só piorou a situação. Tá bom, tem uma desculpa: foi praticamente com o time C, mas mesmo assim foi vergonhoso.
West Bromwich e Everton, ambos em casa, mais o jogo contra o Arsenal no Emirates Stadium fecham a conta dos jogos de janeiro. Em fevereiro, é a nossa vez de visitar o Watford, também de receber o Manchester United e o Newcastle em Stamford Bridge, mas vamos viajar até Southampton e Norwich perto do fim do mês.
No intervalo entre os confrontos da Premier League, o Chelsea viajará até o Parc des Princes para jogar contra o Paris Saint-Germain na partida de ida das oitavas de final da Champions League. É o tudo ou nada da temporada, o jogo mais importante, sem dúvida alguma.
Conseguirá Hiddink novamente virar as coisas? Temos que esperar para ver. Precisamos, no momento, de 11 pontos para chegar à zona de classificação para Champions League via Premier League. Não é impossível, pelo contrário, a reviravolta parece certa. Mas o que intriga os torcedores é a questão da renovação de elenco na próxima janela de transferências, em janeiro.
É provável e são necessárias novas contratações, assim como também há a possibilidade do retorno de alguns jovens que vem se destacando ultimamente, como Nathan Aké, Tomáš Kalas, Andreas Christensen, Dominic Solanke e outros atualmente emprestados. Roman Abramovich já deixou claro à Hiddink que pretende que o holandês aproveite os jovens ligados ao clube, juntamente com Ruben Loftus-Cheek, Ola Aina e Kenedy. Cabe ao técnico adequá-los ao frágil, repetitivo e consequentemente cansado time do Chelsea. As coisas vão mudar, e é esperado que para melhor. In Hiddink we trust?
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.