Loan Army: jogadores emprestados podem ser chaves para o Chelsea

O Chelsea é bastante conhecido por promover o empréstimos de muitas de suas peças. Até recentemente, um movimento muito comum no clube era a compra de jovens talentos de outros países para integrar o elenco. Além disso, sobretudo a partir de 2015, a base do clube tem sido alvo de investimentos e tem formado grandes talentos. Sendo assim, são muitos jogadores disputando as poucas vagas disponíveis para integrar o elenco.

Por um lado, o empréstimo desses jogadores se mostra como a melhor opção. Isso porque além de dar oportunidade para que eles possam manter o nível, acaba conseguindo reduzir a folha salarial. Por outro,, essa famosa política dos Blues é por vezes criticada pois, em algumas negociações de empréstimo, o clube acaba perdendo nomes de qualidade que poderiam integrar o elenco.

Nas últimas temporadas, jogadores que fizeram parte do Loan Army – exército de emprestados, em tradução literal – conquistaram vagas no time principal. Como por exemplo Mason Mount, Reece James e Trevoh Chalobah. Dessa forma, a disputa por vagas no elenco se torna ainda mais competitiva e abre espaço para que esses jogadores que saíram em empréstimo consigam conquistar seu espaço. Em suma, alguns nomes Blues que saíram em empréstimo tem chamado a atenção e podem se tornar opções para o treinador Thomas Tuchel integrar ao seu plantel na próxima temporada.

Tino Anjorin

Formado pelo Chelsea, o meia atacante inglês fez parte do elenco principal na segunda metade da temporada passada. Antes disso, jogou pelas equipes sub-18, sub-19 e de desenvolvimento no clube. Anjorin atua, principalmente, como meio campista ofensivo, mas também apareceu de forma regular como meia central e até mesmo como ponta nas categorias de base.

Sob o comando de Tuchel, o jovem inglês teve cinco aparições, somando 153 minutos de atuação pelo time principal masculino. Mesmo assim, chamou a atenção do alemão – tanto é que Tino iria participar da pré-temporada, porém contraiu covid e suas chances de conquistar uma vaga no elenco acabaram diminuindo. Eventualmente, ele foi emprestado ao Lokomotiv Moscow.

No clube russo não teve muita oportunidade. Ou seja, foram apenas nove aparições e um gol marcado. Só que, por outro lado, marcou a estreia do jogador como titular em uma competição europeia – Anjorin foi titular pela ponta esquerda na derrota do Lokomotiv para a Lazio na fase de grupos da Europa League. Mais ainda, na estreia dos russos na competição, o inglês marcou um golaço para empatar a partida e fechar o placar.

Apesar do início um pouco mais lento no empréstimo, poderia ser possível que o meia conseguisse mais espaço no time russo. Porém, acabou sofrendo uma fratura no osso do metatarso. Assim, Chelsea e Lokomotiv chegaram a um acordo mútuo para reincidir o empréstimo.

Nova chance na Inglaterra

Mesmo ainda se recuperando de sua lesão, Anjorin seguiu para um novo empréstimo para o resto desta temporada. Agora, ele será o camisa 7 do Huddersfield Town, que disputa a Championship – segunda divisão do campeonato inglês.

Sem dúvidas, a versatilidade de Tino nas posições de ataque é um fator que chama atenção dos Terriers. De modo que sua chegada traz mais profundidade ao elenco do time do noroeste da Inglaterra. Isso porque o jovem inglês pode jogar em basicamente todas as posições do ataque. Ou seja, ele traz impactos diretos nas jogadas ofensivas desde a construção à finalização. Anjorin é um jogador bastante físico e veloz de forma que ele consegue conduzir e disputar a bola. Além disso, possui boa visão de jogo, auxiliando na distribuição de posse, e qualidade de finalização.

Mais ainda, o empréstimo pode favorecer a construção de uma sequência de jogos e o acúmulo de minutos para o jogador. Em outras palavras, o jovem terá mais chances para participar das partidas – eventualmente podendo conquistar a titularidade. Em suma, o retorno de Anjorin para a Inglaterra pode ser uma ótima oportunidade para ele seguir se desenvolvendo em uma liga que, mesmo estando abaixo da Premier League, é bastante competitiva e intensa.

Ethan Ampadu

O galês chegou ao Chelsea na janela de verão de 2017 para jogar, sobretudo, no time de desenvolvimento do clube. Sua versatilidade é um fator que chama muita atenção – podendo atuar tanto no meio de campo como na defesa. Além disso, possui características defensivas fortes. Ao mesmo tempo que auxilia na construção de jogadas desde a metade defensiva.

Na sua temporada de estreia como Blue, jogou nas categorias e base e participou de alguns jogos junto ao elenco principal. No entanto, uma fratura no tornozelo acabou cedo com sua temporada de estreia como Blue – foram apenas 26 jogos e dois gols marcados. Em 2018/19, seguiu no clube londrino. Porém, seguiu sem muitas oportunidades – apesar de participar de alguns jogos durante a campanha vencedora na UEFA Europa League sob o comando de Maurizio Sarri.

No Chelsea, Ampadu atuou como volante e zagueiro, tendo os aspectos defensivos de seu jogo como foco. Junto ao time de desenvolvimento, sobretudo, ficou evidente sua leitura de jogo e sua antecipação às jogadas. Da mesma forma, o galês joga de forma bastante física, pressionando os adversários buscando forçar erros e recuperar a bola. Mais ainda, suas eventuais escapadas em velocidade em direção ao ataque ressaltam sua capacidade de condução e controle de bola.

Assim, por conta da falta de espaço em Londres, saiu em empréstimo para o RB Leipzig na temporada 2019/20. Enquanto esteve com na Alemanha, atuou como zagueiro e foi pouco utilizado. Mais ainda, acabou se lesionando e ficando indisponível na reta final da temporada – foram apenas sete partidas, totalizando 277 minutos jogados. Mesmo com poucas oportunidades, junto ao time alemão, Ampadu fez sua estreia na Liga dos Campeões.

Melhor aproveitamento e destaque

Na última temporada saiu novamente em empréstimo, dessa vez para o Sheffield United – que disputava a Premier League. Finalmente, conseguindo ter sequência e se destacar, sem sofrer com lesões.

Apesar da campanha desastrosa dos Blades, que terminou com o rebaixamento, o galês foi uma das peças mais importantes para a equipe. O Sheffield jogou grande parte da temporada com uma linha de três zagueiros. Portanto, Ampadu atuou tanto na linha de zaga (nas três posições) como volante. Sem dúvidas, suas características defensivas foram o grande destaque. Acima de tudo levando em conta a qualidade dos times que disputam a primeira divisão do campeonato inglês.

Mapa de calor de Ampadu atuando pelo Sheffield (Créditos: Sofá Score)

Como consequência, passou a ser convocado com mais frequência para a seleção do País de Galês, onde também atua tanto na defesa como no meio de campo. Pela seleção, por sua vez, Ampadu tem maior liberdade para auxiliar na construção de jogadas desde o campo de defesa – seja com passes ou com escapadas em velocidade.

Depois da Euro 2020, fez a pré-temporada com o Chelsea mas foi emprestado ao Venezia até o final da temporada. Pelo clube italiano, as atuações do galês, mais uma vez, chamam atenção para sua versatilidade. Além disso, diferente do que aconteceu nos empréstimos anteriores, ele tem atuado mais no meio de campo. De forma mais específica, pelo lado direito. Logo, próximo do que acontece na seleção, Ampadu tem mais liberdade para descer ao ataque e acompanhar o desenvolvimento das jogadas – tanto é que já tem três assistências na temporada.

Mapa de calor de Ampadu pelo Venezia (Créditos: Sofá Score)

Levi Colwill

Assim como Anjorin, o zagueiro também saiu em empréstimo para o Huddersfield Town nesta temporada. Igualmente, também, é formado pelo Chelsea. Colwill está com os Terriers desde agosto – sendo o primeiro empréstimo do jovem e a primeira oportunidade para ele jogar fora das categorias de base.

E ele vem aproveitando bem a oportunidade, não apenas para ganhar experiência e ritmo de jogo em uma liga mais intensa. Mas também para impressionar a comissão técnica dos Blues, demonstrando que ele pode ser um nome a reforçar a defesa no futuro próximo. Tanto é que, de acordo com o The Athletic, Tuchel quer observar o zagueiro na pré-temporada de 2022/23.

Sobretudo, o destaque e os elogios que Colwill vem recebendo ao longo da temporada são reflexo das boas atuações que tem em campo. É verdade que a Championship não tem a intensidade da Premier League. Porém, traz consigo uma grande competitividade e um nível alto de futebol. E mesmo tendo sua primeira temporada completa no futebol profissional, o defensor de 18 anos conseguiu se consolidar tanto no clube em que está jogando como na Championship.

Lista dos melhores zagueiros sub-20 fora das top-5 ligas europeias de acordo com algoritmo da CIES Football. Colwill aparece em segundo lugar (Créditos: CIES Football)

 

Técnica e fisicalidade

Um grande fator que diferencia muito Levi Colwill é o fato de ele ser canhoto. Nesse sentido, apesar de atuar com mais frequência como zagueiro central em um sistema de quatro defensores, também pode atuar como zagueiro pela faixa esquerda em esquemas de três na última linha. Mesmo atuando pela faixa central da defesa, o inglês também aparece bastante pelo lado esquerdo da defesa dos Terriers.

Mapa de calor de Colwill pelo Huddersfield (Créditos: Sofá Score)

Mais ainda, o inglês apresenta grandes capacidades técnicas e uma imposição física. Com 1,87m de altura, leva vantagem nas jogadas aéreas. Por outro lado, também é veloz e possui boa leitura de jogo, o que favorece ainda mais suas características defensivas – sobretudo a antecipação à lances e as disputas de corpo. Assim como ressalta sua postura quando a bola está no chão.

Colwill também contribui para a construção e distribuição de jogadas. Pela lateral esquerda, ele por vezes dá boas escapadas em direção ao ataque. Além de aparecer com bons lançamentos buscando os jogadores de frente e com passes que quebram as linhas de marcação. Enfim, até o momento são 21 aparições pelo Huddersfield, tendo um gol marcado e uma assistência. O jogador teve uma lesão neste início de ano, mas deve voltar em breve – e ao que tudo indica, voltará performando em alto nível.

Armando Broja

Sem dúvidas, o atacante é um dos nomes, se não o mais, comentados dentre os jogadores que saíram em empréstimo da temporada. Broja chegou ao Chelsea na temporada 2017/18 e passou pelos times de desenvolvimento do clube. Assim, na temporada 2019/20, sob o comando de Frank Lampard, fez sua estreia pelo time principal na vitória por 4-0 sobre o Everton no dia 8 de março de 2020. Além disso, esteve no banco de reservas na partida de volta das oitavas da Liga dos Campeões contra o Bayern naquela mesma temporada.

Com as chegadas de nomes como Kai Havertz, Hakim Ziyech e Timo Werner para fortalecer o ataque Blue, o albanês teria pouco espaço no plantel. Como resultado, saiu em seu primeiro empréstimo para o Vitesse, da Holanda – mesmo time ao qual Mount foi em seu primeiro empréstimo. Pelo clube holandês, conseguiu jogar com regularidade e impactar o time. Em 34 partidas, marcou 11 gols e deu 3 assistências e foi o segundo maior goleador do time na última temporada (2020/21).

Depois de voltar da Holanda, Broja participou da primeira pré-temporada de Tuchel no clube e participou dos treinos e dos amistosos, inclusive, marcando um belo gol para empatar o amistoso contra o Bournemouth. Porém, com a chegada de Romelu Lukaku, o jovem atacante seguiria sem muito espaço. Por isso, saiu em empréstimo novamente.

Brilhando na Premier League

Para a temporada atual, Broja foi emprestado ao Southampton e seguirá por lá até o fim da temporada. Mesmo com algumas rodadas pela frente, ele já vem impressionando tanto o treinador dos Saints, Ralph Hasenhüttl, como Tuchel. Mais ainda, há rumores de que o albanês está sendo alvo de interesses de alguns clubes da Premier League. Apesar do interesse de outras equipes, vale lembrar que antes de sair em empréstimo, ele assinou uma renovação de contrato de cinco anos com o Chelsea. Portanto, os Blues não terão muito com o que se preocupar quanto à venda do jogador.

Enfim, no time do sul da Inglaterra, até aqui, são 24 jogos disputados (sendo 15 como titular), tendo marcado oito gols e distribuído uma assistência. Mais ainda, seis desses gols foram marcados no campeonato inglês, o que demonstra o fato de que ele tem qualidade e intensidade para disputar na liga – algo que era dúvida para muitos dentro do clube na pré-temporada.

Com altura e velocidade, o atacante de 20 anos consegue se impor fisicamente sobre os defensores – seja na Premier League ou na seleção albanesa. Sua posição de origem é centroavante, ou seja, assumindo o comando do ataque. Porém, não se isola. Pelo contrário, se movimenta bastante pelo campo de ataque em busca de jogo, atitude bastante favorecida por conta de seu físico. Sendo assim, ele tem qualidades de drible e, sobretudo, posicionamento e finalização.

Dessa forma, com muitos atacantes do Chelsea oscilando durante a temporada, Broja pode ser uma grata adição ao elenco de Tuchel. Enfim, ao que tudo indica o albanês seguirá se destacando pelos Saints e poderá ser mais uma adição ao plantel podendo ser uma peça importante no elenco ao ser um reserva que pode assumir a responsabilidade quando for preciso.

Conor Gallagher

Por tudo que vem demonstrando nesta temporada, Gallagher, do mesmo modo que Broja, é um dos nomes da Loan Army que mais atraem a atenção da torcida. E não somente dos torcedores, na verdade, como também de Tuchel e do próprio clube. Ainda em dezembro, o treinador dos Blues, em entrevista, comentou sobre a importância da saída do meia em empréstimo:

Estamos felizes com o fato de ele ser nosso jogador e estamos felizes que ele está jogando assim. Seria assim se ele tivesse ficado [no Chelsea]? Ninguém sabe. Mas foi uma boa decisão porque ele claramente se desenvolveu. Então nós tomaremos as decisões sobre ele mais tarde porque não tem necessidade de falar sobre isso agora“.

Depois de ganhar o prêmio de Jogador da Academia do Ano na temporada 2018/19, seguiu em empréstimo para o Charlton Athletic. Pelos Addicks, foram 26 partidas, com seis gols e quatro assistências jogando na maioria dos jogos como volante. Mais ainda, atuando como um “box-to-box”, sendo um dos principais nomes do meio de campo. Dessa forma, se explica o número grande de participações diretas do jovem em gols.

Contudo, por conta do momento que enfrentava o time do sudeste de Londres levou ao fim do empréstimo de Gallagher. Logo, para a segunda metade de 2019/20, ele seguiu para o Swansea, onde jogou ao lado de Marc Guehi – que ainda era jogador dos Blues e está emprestado ao clube galês. Pelos Swans, foram 21 partidas com sete assistências distribuídas jogando em uma posição diferente: como meia ofensivo. Ou seja, distribuindo mais a bola e sendo um dos comandantes das descidas ofensivas.

Estreia e consolidação na Premier League

Depois de boa sequência na Championship, Conor seguiu para o West Brom – recém promovido para a primeira divisão. Dessa forma, foi a estreia do meia na Premier League. Pelo WBA, suas qualidades de meia “box-to-box” ficaram ainda mais evidentes devido ao papel tático que exerceu na equipe. Apesar de ter apenas quatro participações diretas em gol (duas assistências e dois gols) em 32 partidas, foi central no funcionamento do esquema da equipe auxiliando no controle do meio de campo.

O West Brom acabou não conseguindo se manter na primeira divisão, mas as atuações de Gallagher foram um dos destaques da equipe na temporada. Principalmente pela qualidade que demonstrou em todas as funções táticas às quais foi designado. Nesse sentido, foi reconhecido pelo clube como o jovem jogador da temporada.

https://twitter.com/WBA/status/1397478922665791489

Na última pré-temporada, o meia impressionou e chegou perto de ficar no Chelsea. No entanto, surgiu a oportunidade de ir ao Crystal Palace e com um meio que tem como peças Jorginho, Kanté e Kovacic, comissão e jogador decidiram que seria melhor seguir para o rival londrino. Até o momento são 24 jogos pelo Palace, sendo sete gols e três assistências na Premier League e mais duas assistências na FA Cup.

Em um time que disputa mais no campeonato, Gallagher deu um salto ainda maior em seu desenvolvimento. E não apenas em questão de jogo, mas também de outros atributos que formam o jogador. O inglês vem chamando a responsabilidade em momentos cruciais e tem sido o maestro do meio de campo dos Eagles na temporada, atuando como meia central e caindo mais pelo lado direito. Apesar da liberdade para se movimentar por todo o campo – como seu estilo de jogo demanda e permite.

Mapa de calor de Gallagher na temporada (Créditos: Sofá Score)

Ian Maatsen

Com a lesão de Ben Chilwell, o Chelsea perdeu uma das peças fundamentais para o funcionamento do seu sistema de jogo. Mais ainda, com as atuações inconstantes de Marcos Alonso, a posição acabou se tornando uma pequena dor de cabeça não só para o treinador como para a torcida. Por isso, muitas especulações aconteceram na última janela de transferência – mesmo que ao final nenhuma delas tenha se concretizado. Dentre essas especulações, o nome de Ian Maatsen apareceu com frequência.

O jovem de 19 anos chegou ao clube em 2018 e nas suas duas primeiras temporadas como Blue jogou pelo time de desenvolvimento. Sua posição de origem é a lateral esquerda, mas também atua em posições mais ofensivas por esse mesmo lado. Sobretudo como meia-esquerda ou ala-meio campista, que é um dos setores chave no 3-4-3 de Thomas Tuchel.

Antes mesmo da chegada do alemão, no início da temporada 2020/21 saiu em seu primeiro empréstimo, indo para o Charlton Athletic – clube da League One. Pelos Addicks, fez 41 aparições – majoritariamente pela lateral esquerda, com liberdade para descer ao ataque. Nesse ínterim, marcou dois gols e distribuiu duas assistências. Ainda na pré-temporada de 2021/22, Maatsen saiu em empréstimo novamente para seguir seu desenvolvimento.

Ainda em julho de 2021, foi anunciado o empréstimo do holandês ao Coventry City que disputa a segunda divisão do futebol inglês. Mais uma vez, a ida do jogador para a Championship é um passo lógico no seu desenvolvimento, uma vez que demanda mais intensidade. Assim como é um campeonato mais disputado e que tem uma duração bastante próxima a da Premier League.

Impressionando na Championship

Diferente do seu primeiro empréstimo, pelos Sky Blue Maatsen joga como ala-meio campista pelo lado esquerdo. Dessa forma, jogando de forma bem parecida e dentro de um esquema tático muito similar ao que Tuchel propõe no Chelsea. Por isso a volta dele para os Blues em janeiro foi especulada, uma vez que ele poderia ser uma opção para compor o elenco diante da lesão de Chilwell. Porém, o treinador achou melhor para o desenvolvimento de Maatsen deixá-lo no empréstimo. Principalmente pelas oportunidades que vem recebendo e, sobretudo, pelo desenvolvimento que vem demonstrando.

Jogando dentro do 3-4-3, na posição em que joga, ficam muito evidentes suas capacidades ofensivas e defensivas. Acima de tudo porque para jogar na ala é importante haver um equilíbrio entre esses dois lados, e Maatsen tem demonstrado isso muito bem. Defensivamente, quando os Sky Blues estão sem a bola, ele recompõe para formar uma linha de cinco e faz muito bem a cobertura pela esquerda – em especial fazendo boas leituras das jogadas, o que permitem com que ele consiga parar os ataques adversários com eficiência.

Por sua vez, ofensivamente o jogador contribui no apoio às descidas não apenas pela esquerda, mas também fechando pela faixa central do campo. Além de boas qualidades de drible, que permitem escapadas rápidas de forma que ele consiga, até mesmo, entrar na pequena área para finalizar. Mais ainda, distribui bem a bola aos companheiros e demonstra ótima visão de jogo. Seja com cruzamentos ou passes em profundidade. Enfim, pelo Coventry, até aqui, ele participou de 27 jogos, tendo dois gols marcados além de uma assistência.

Billy Gilmour

Ao contrário de grande parte dos nomes desta lista, Gilmour participou com regularidade de jogos pelo time principal do Chelsea. Na temporada 2019/20, o escocês ainda jogava nas categorias de base, mas participou de alguns jogos junto ao time principal – tanto das duas copas nacionais (FA Cup e EFL Cup) como da Premier League. Nesse sentido, foram 11 aparições pelo time que à época era comandado por Frank Lampard.

O meia impressionou e seguiu com o time principal em 2020/21. Mais que participar de treinos e jogos específicos, ele passou a temporada treinando com a equipe comandada por Lampard e, depois, por Tuchel. Sem dúvidas, o jogador se desenvolveu bastante no último ano, não apenas com suas performances no futebol nacional, mas também na Liga dos Campeões. Tanto é que na sua estreia como titular na competição europeia, foi eleito o homem da partida.

https://www.youtube.com/watch?v=H1J_3JDerkg

Sendo assim, Gilmour foi convocado para fazer parte da seleção da Escócia na Euro 2020. Pela sua seleção, no torneio, participou apenas de apenas dois jogos, sendo titular em uma oportunidade – contra a Inglaterra na segunda rodada da fase de grupos. Assim como na sua estreia como titular na UCL, o escocês foi eleito o homem da partida na sua estreia na Euro.

https://www.youtube.com/watch?v=nUZGiWisiH0

Apesar da grande atenção e da notável evolução após apenas uma temporada completa no time principal do Chelsea, o meia não aparecia com regularidade. Por isso, o clube e o jogador optaram por um empréstimo para esta temporada. Sendo assim, desde julho de 2021, o jogador está emprestado ao Norwich – e segue se destacando.

Sequência na primeira prateleira

Por conta de tudo que demonstrou sob o comando de Tuchel, o empréstimo para outro time da Premier League seria o movimento óbvio. Nesse sentido, a escolha do Norwich como destino se deveu ao trabalho de Daniel Farke, à época treinador da equipe, que já foi parte da comissão técnica do técnico dos Blues em trabalhos passados. Mais ainda, o estilo de jogo dos Canários é essencial para o desenvolvimento do aspecto defensivo do jogo de Gilmour – de modo a torná-lo um jogador ainda mais completo.

Billy estreou pelo Norwich como titular, mas após cinco jogos foi posto no banco e parou de receber chances. Enquanto isso, os Canários emplacaram uma sequência negativa que terminou com a demissão de Farke. Sob o comando do alemão, Gilmour atuou em apenas quatro jogos. Nas outras oportunidades ficou não foi utilizado e contra o Chelsea, obviamente, ele não estava elegível, portanto, nem foi relacionado.

No fim de novembro, Dean Smith assumiu como treinador da equipe do leste da Inglaterra e desde que chegou tem buscado reverter a situação do empréstimo do jogador dos Blues. O jovem escocês é o famoso jogador “box-to-box”. Ou seja, que atua em todo o campo, desde a pequena área de defesa à área de ataque. Desde as categorias de base, demonstra elevada capacidade de leitura de jogo contribuindo para o desenvolvimento das jogadas de ataque. Ao mesmo tempo que ajuda na pressão defensiva para retomar a posse.

Mapa de calor de Gilmour na temporada 21/22 (Créditos: Sofá Score)

Até o momento, são 12 jogos de Billy sob o comando de Smith, sendo titular em 11 deles. Mais ainda, atuando quase que os 90 minutos em todas as oportunidades e assumindo a responsabilidade das bolas paradas da equipe.

Dujon Sterling

Mais um nome formado pelo Chelsea, Sterling é um lateral direito que possui grandes capacidades ofensivas. O inglês é mais um dos nomes da mesma classe de Mason Mount, Tammy Abraham, Trevoh Chalobah e Fikayo Tomori, que foram campeões da UEFA Youth League na temporada 2015/16. Logo, seguiu com o Chelsea após o título europeu da base, fazendo sua estreia no time principal em setembro de 2017 em confronto contra o Nottingham Forest válido pela copa da liga.

Assim, em 2018/19, saiu em seu primeiro empréstimo para o Coventry City. O defensor fez 40 partidas pelo Sky Blue, dando cinco assistências. Mais ainda, foi peça essencial para que o time conseguisse a oitava colocação na League One. Na temporada seguinte, foi emprestado novamente. Dessa vez, jogaria na Championship pelo Wigan Athletic.

No entanto, uma grave lesão no meio da temporada fez com que o jogador não conseguisse jogar por grande parte do ano de 2020. Tanto é que somadas às últimas duas temporadas o jogador tem apenas 22 aparições – pelo Wigan e pela equipe sub-23 Blue. Sobretudo nos últimos 18 meses, então, Sterling teve pouca participação em jogos competitivos, tendo foco em se recuperar de sua lesão. Portanto, nesta temporada, um novo empréstimo se mostrou a melhor opção.

Retomando o ritmo com regularidade

Antes da decisão de emprestar o defensor, ele esteve presente na pré-temporada 2021/22 comandada por Tuchel. O treinador alemão ficou impressionado com Sterling, mas a falta de ritmo de jogo foi um fator importante na tomada de decisão. Por isso, o defensor seguiu para o Blackpool, que está na Championship.

Pelos Seasiders fez 19 jogos até o momento na temporada, sendo escalado pela lateral direita em grande parte das partidas pelo treinador Neil Critchley. Contudo, é um jogador bastante versátil, podendo jogar também pela esquerda ou mesmo como defensor central. Por ser um jogador físico, defensivamente consegue disputar bem a bola – o que é favorecido por sua boa leitura da movimentação dos atacantes pela faixa lateral do campo. Logo, desde a base, ele se mostra central em situações defensivas que visam impedir a entrada dos jogadores ofensivos rivais na pequena área.

Tendo liberdade para descer em direção ao ataque, sua dimensão defensiva também é central para roubar a bola no meio-campo e iniciar jogadas de ataque. Mais ainda, Dujon distribui bem a posse aos seus companheiros em todos os terços do campo com bastante consistência. Enfim, focando mais em seu jogo ofensivo, além de passes – e assistências – o defensor é veloz e forte. Assim como possui qualidade para conduzir a bola, favorecendo dribles e arrancadas rápidas. Sendo essas algumas das qualidades que os alas do Chelsea demonstram no esquema atual da equipe.

Longe dos holofotes

O famoso Loan Army do Chelsea ainda tem muitos outros nomes , que estão atuando nas mais diversas ligas ao redor do mundo. Alguns deles são conhecidos pela torcida, uma vez fizeram do elenco em temporadas passadas – até mesmo conquistando títulos. Enfim, outros jogadores Blues que estão emprestados, pelo menos, até o fim desta temporada são:

Goleiros

  • Nathan Baxter – Hull City (Championship)
  • Jammie Cumming – MK Dons (League One)
  • Sami Tlemcani – Merstham (Isthmian League)
  • Ethan Wady – Hendon (Southern League Premier Division South)
  • Karlo Zieger – NK Rudar Velenje (2ª divisão da Eslovênia)

Defensores

  • Juan Castillo – Charlton Athletic (League One)
  • Jake Clarke-Salter – Coventry City (Championship)
  • Henry Lawrence – AFC Wimbledon (League One)
  • Emerson Palmieri – Lyon (Ligue 1)
  • Matt Miazga – Alavés (La Liga)
  • Baba Rahman – Reading (Championship)

Meias

  • Tiemoue Bakayoko – AC Milan (Serie A)
  • Danny Drinkwater – Reading (Championship)

Atacantes

  • Michy Batshuayi – Besikitas (Süper Lig)
  • Mason Burstow – Charlton Athletic (League One)*

*O atacante jogará nas categorias de base

Realmente terão chance?

A academia do Chelsea sempre foi uma das referências na Inglaterra e à nível mundial, tanto que muitos jogadores que estão fazendo sucesso tanto no clube como em outros times, ligas e países passaram por Cobham. Da mesma forma, os Blues tendem a trazer jogadores importantes para garantir um impacto imediato no time, muitos a pedido de treinadores ou por necessidade. No entanto, em alguns casos, esses jogadores acabam perdendo espaço – seja pela troca de treinador ou por perda de espaço – e seguem seus caminhos vinculados ao clube, mas saindo em empréstimo com frequência.

Dentre todas as posições, até porque não é a grande prioridade, os goleiros que seguem em empréstimo devem ser aqueles com menos chance de retorno. Do mesmo modo, no caso de nenhuma saída na posição, o ataque do Chelsea não precisará de muitos outros nomes. Mesmo assim, por tudo que vem demonstrando e pela necessidade de ter peças de reposição de qualidade, dentre os cenários possíveis, o retorno e aproveitamento de Broja parece ser o mais provável. E Tuchel já deu indícios dessa possibilidade ao reconhecer as boas performances do atacante pelos Saints. Nesse sentido, é o albanês é um dos nomes a se observar na próxima pré-temporada.

Por outro lado, os setores de meio campo e defensivos são aqueles que mais chamam atenção por dois fatores. Em primeiro lugar, pela iminência de uma renovação. Além da necessidade por peças de qualidade, que possam manter o nível do elenco na ausência dos titulares.

Setor chave no esquema sofre sem boas alternativas

No esquema utilizado por Tuchel, os quatro meio campistas são a chave do bom funcionamento. Acima de tudo os alas, que são essenciais nas ações ofensivas e defensivas.

Desde as lesões de Reece James e Ben Chilwell, é nítida a queda de rendimento do time. O que se deve à ausência de boas recomposições para as alas. Em outras palavras, de peças que possam realizar funções similares as de James e Chilwell, garantindo um equilíbrio entre ataque e defesa. Levando em conta jogadores que tem como posição de origem a lateral/ala no elenco, hoje, o Chelsea tem apenas Marcos Alonso e Cesar Azpilicueta. O capitão dos Blues, no entanto, sob o esquema do alemão, atua muito mais como zagueiro, aparecendo muito pouco pela ala.

Alonso, por outro lado, vem atuando quando necessário. Porém, deixa muito a desejar – e isso há algum tempo. Enquanto brilha nas jogadas ofensivas, parece que não está em campo quando demandado na defesa. Dessa forma,  lado esquerdo da defesa dos Blues tem se tornado muito exposto. E, por isso, vem sendo explorado, muitas vezes com sucesso, pelos adversários. Portanto, Maatsen e Sterling podem vir a aparecer no time de Tuchel, uma vez que conseguem equilibrar melhor defesa e ataque quando necessário – além da versatilidade dos jovens.

Faixa central do meio também chama atenção

Os meio campistas centrais são os grandes responsáveis por ditar o ritmo de jogo e distribuir a bola, seja para os atacantes ou para os alas. Mais ainda, também tem importância vital quando o time está sem a bola, coordenando a distribuição da equipe na marcação e organizando a recomposição defensiva. Nesse sentido, Jorginho, Kovacic e Kanté são as chaves nessa posição. Não apenas por conta da qualidade, mas também pela experiência que os três jogadores possuem.

Fora esses três nomes, o Chelsea tem uma grande carência na posição. Saúl deve retornar ao Atlético de Madrid ao final da temporada. Mason Mount pode fazer essa função de meio campista centra, mas é inegável seu rendimento maior na linha de meias-atacantes – mesmo que também seja um dos pilares da organização do time quando demandado. Além disso, Ross Barkley não impressiona e grande parte das vezes que está em campo não entrega o que se espera da posição. Por fim, mais um dos produtos de Cobham, Ruben Loftus-Cheek, ainda falha em alguns momentos de tomada de decisão. Assim como sofre com lesões recorrentes.

Dessa maneira, está nítido para a torcida e certamente para Tuchel a necessidade de fortalecer o meio campo. Do mesmo modo que nas alas, com jogadores que possam garantir o equilíbrio entre ataque e defesa e que tenham capacidade de liderança para ligar as diversas engrenagens do esquema. Com isso, Gallagher, Gilmour e Ampadu são opções óbvias que, além de poderem ter impacto imediato, podem vir a ser peças ao redor das quais o time pode funcionar no futuro.

Ciclos no fim podem levar à reformulação defensiva

Com contratos no fim e sem a certeza de renovação, pode ser que o setor que mais demande olhares e investimentos na próxima janela seja a defesa. Ampadu também pode vir a ser uma boa opção defensiva, estando acostumado a jogar como zagueiro. Sobretudo em esquemas com três defensores. Dessa forma, o galês poderia vir a ser um grande coringa para Tuchel, que poderia usá-lo tanto na linha de defesa como no meio, dependendo do que a partida demandar.

Porém, se tratando de zagueiros de origem, Levi Colwill é o nome que sai na frente para integrar o elenco na próxima temporada. Inclusive, podendo vir a ser uma das lideranças do clube no futuro. Assim como foi nas categorias de base. Dentre os outros nomes que fazem parte da Loan Army é muito improvável que algum deles consiga espaço. Mas, nada é impossível. Afinal, o caso Trevoh Chalobah demonstrou que nem sempre somente quem está no radar tem chances.

Enfim, sem dúvidas um dos grandes legados da passagem de Frank Lampard – muito forçado pelo banimento das contratações – é a utilização da academia do Chelsea para fortalecer o elenco. Tuchel demonstra ter uma grande fé e admiração pelo trabalho das categorias de base dos Blues, inclusive, dando chances a alguns jovens no time principal. Sendo assim, existem muitas outras possibilidades dentro do clube. Bem como nomes que estarão disponíveis no mercado. Uma coisa é certa, por mais que seja criticada, a Loan Army tem seus méritos e é uma das grandes razões para o sucesso do clube.

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Article by: Nathalia Tavares