No Chelsea da “Era Abramovich”, algumas práticas têm se consagrado. Em particular, uma delas é bem curiosa: o empréstimo, ano após ano, de jovens ao Vitesse. É evidente que quando nos vêm à mente a ideia de emprestar um jovem valor a uma equipe de menor expressão, o que se quer garantir é a titularidade e a sequência ao garoto, que, em clubes grandes, tem dificuldade de ascender. Isso é óbvio e deveria trazer como reflexo futuro o retorno dos jovens com maior capital de experiência e preparação para os desafios de um gigante. Não obstante, é isso o que temos visto?
A relação de amizade entre o georgiano Merab Jordania, que foi dono do Vitesse entre 2010 e 2013, e Roman Abramovich é algo explícito e gerou uma parceria entre os Blues e o clube holandês. Desde a temporada 2010-2011, o Chelsea tem emprestado jovens valores ao clube aurinegro.
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No primeiro ano, um grupo de garotos do leste europeu partiu: Nemanja Matic, Matej Delac e Slobodan Rajkovic; no segundo foi a vez de Ulises Dávila, Tomás Kalas e Patrick van Aanholt; em 2012-2013 Gael Kakuta foi cedido; no ano seguinte, cinco foram os nomes: Sam Hutchinson, Christian Atsu, Lucas Piazón, Cristian Cuevas e Bertrand Traoré; por último, em 2014-2015, Wallace e Josh McEachran partiram para a Holanda. Na presente temporada, novamente cinco nomes alinham na esquadra aurinegra: Danilo Pantic, Izzy Brown, Nathan, Lewis Baker e Dominic Solanke.
Nesse momento, uma pergunta tem vital importância: quantos desses nomes retornaram ao Chelsea amadurecidos, com experiência suficiente, e foram aproveitados no time principal dos Blues? Um. Dentre todos os nomes, apenas Traoré retornou ao clube para integrar a primeira equipe de Stamford Bridge – Matic não entra para a estatística, uma vez que foi vendido e, posteriormente, recomprado.
Lá se vão seis anos de uma parceria absolutamente infrutífera para o Chelsea. Enquanto o clube holandês evoluiu, passando a figurar nas primeiras posições do Campeonato Holandês e lutar por vagas em competições europeias, os Blues seguiram na mesma toada, ignorando a maior parte de seus jovens talentos.
Não bastasse a falta de resultados para o clube que tantos jovens vem cedendo, há ainda um outro fato que perturba mais: a incoerência nas negociações. Qual é o sentido de emprestar tantos jogadores que disputam as mesmas vagas no time para o mesmo clube?
Em 2015-2016, Nathan, Pantic e Izzy Brown, todos meio-campistas ofensivos, foram três dos nomes repassados ao parceiro holandês. Será mesmo que os responsáveis londrinos pelo negócio acreditam que todos serão titulares juntos?
Como é claro, o Vitesse também conta com outros nomes, não sendo uma mera “filial” dos Blues. Assim sendo, é evidente que os três não atuarão juntos durante a maior parte do ano, como ficou, inclusive, evidenciado na partida de estreia do clube na presente edição da Eredivisie. Na ocasião, Brown e Baker foram aproveitados entre os titulares e no segundo tempo o primeiro deu lugar para Nathan, que posteriormente teve a companhia de Pantic.
Não seria melhor espalhar os talentos por outras equipes inglesas – ainda que de divisões inferiores –, onde os atletas teriam maior regularidade e ainda passariam por um processo de adaptação ao futebol do próprio país?
A ideia de repassar jovens a uma equipe de primeira divisão de outra nação não é ruim, mas precisa ser bem executada. De nada adianta enviar os garotos para enfrentarem concorrência e não conseguirem os minutos em campo tão desejados. Além disso, a falta de resultado prático, com apenas uma singular reintegração ao elenco principal do Chelsea, aumenta a incógnita quanto à eficácia dos empréstimos. A ideia em si é boa, mas a execução não vem sendo útil para os Blues. Dessa forma, o que era para ser uma grande alternativa aparece como um “auxílio” ao clube holandês, o mero fruto de uma amizade pessoal.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil
—– Avisos:
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