Antes do fim da temporada passada, dada a situação iminente do plantel e as necessidades evidentes, Todd Boehly prometeu uma boa quantia para Thomas Tuchel usar nesta janela de transferências. Em outras palavras, serão alguns bons milhões que o treinador alemão terá para recompor seu elenco, depois de saídas importantes, e dar mais profundidade à equipe.
Sobretudo por conta do ineditismo que essa janela representa, o Chelsea aparece ligado a muitos nomes. No entanto, nem sempre os jogadores citados como possíveis alvos e interesses do clube e do treinador realmente o são. Da mesma forma, por vezes há contra-tempos em negociações que podem atrasar ou impedir que negócios sejam concluídos.
Por trás do que é noticiado para o público e para os torcedores muitas coisas acontecem. Ainda mais sob um novo modelo de negociações e gestão que está sendo implementado no clube em meio a tudo isso. Portanto, a paciência será vital até o fim do mercado no mês de dezembro – tanto em relação ao andamento das transferências como no que diz respeito aos nomes que Tuchel busca para o time.
Novo comandante das ações no mercado
Como anunciado no último dia 22 de junho, Marina Granovskaia deixou seu cargo de diretora no Oeste de Londres. A russa foi um dos pilares de Abramovich dentro do clube, em especial quando o então proprietário se viu impedido de entrar no Reino Unido por conta de questões de visto.
Nesse sentido, ela também se tornou o principal nome nas movimentações do Chelsea nas janelas de transferências – fazendo um bom trabalho em grande parte das vezes. Porém, ao mesmo tempo, levantando críticas pela forma como conduzia os negócios e, por vezes, pela falta de encaixe do jogador trazido no time.
Enfim, com a saída de Marina do clube, Boehly assumiu as responsabilidades de diretor esportivo até que um nome definitivo seja concordado para o cargo. Logo, o americano assumiu o comando das conversas e negociações dos Blues com outros clubes nesta janela de transferências.
Modelo diferente nos negócios
Então, pode parecer, a princípio, que a janela está parada ou que os Blues não estão agindo. Mas, de fato, é o contrário. A forma de negociação do clube mudou. E esse é um aspecto que já está bastante evidente. Ou seja, muito diferente da postura usual dos anos passados, o foco do milionário americano é em uma abordagem prática, que dê possibilidade de concluir as transferências rapidamente.
Vale ressaltar sobre a questão da possibilidade. Em primeiro lugar porque somente o interesse do Chelsea não é suficiente. O clube ao qual pertence o jogador, caso ele não esteja livre no mercado, deve aceitar os valores de transferência. Além disso, após o acordo entre os clubes, o jogador deve concordar com os termos pessoais como a duração do contrato, o valor do salário e das luvas, entre outros muitos aspectos que se fazem presentes nas questões contratuais.
Dito isso, parece provável que ao invés de insistir em nomes, agora, alternativas sejam buscadas. Mais ainda, alternativas que sirvam ao esquema e aos interesses de Thomas Tuchel para um trabalho que gere impacto imediato, lógico. Mas também que garanta frutos no futuro, de forma que o Chelsea consiga se consolidar no topo temporada sim, temporada também.
Inovação pode facilitar saídas
O desejo por investimentos de Boehly é real. Por isso, gastar não será um problema. Contudo, ao mesmo tempo, parece que as trocas de jogador serão um aspecto que se fará presente (quando possível) no novo modelo dos Blues de ação no mercado de transferências.
Trocas de peças entre times ou franquias são muito comuns no mundo esportivo dos Estados Unidos. E isso pode ser um bom aspecto que o dono dos Dodgers pode trazer para Londres, trazendo duas grandes vantagens.
A primeira delas, e mais óbvia, é o barateamento dos valores da transferência. Nesse sentido, o valor de mercado do jogador pertencente ao Chelsea é deduzido do valor total do jogador de interesse. Com isso, o valor final da negociação reduz.
Além disso, a troca de jogadores é uma boa opção para solucionar um dos grandes problemas do elenco de Tuchel: o inchaço. O plantel atual dos Blues foi majoritariamente formado por outros treinadores. Ou seja, ao assumir o time em janeiro de 2021, o alemão não tinha qualquer contratação a seu mando no elenco.
Sendo assim, um número considerável de jogadores no clube não serve ao esquema atual ou jamais rendeu (ou não rende mais) aquilo que era esperado. Mas, o que não encaixa mais no Chelsea pode vir a ser uma necessidade em outro lugar. E nesse outro lugar pode estar uma necessidade para os londrinos. Por isso, se mostra como uma solução favorável para os dois lados.
Mesmo que ainda não seja tão comum na elite do futebol inglês e europeu. Com o tempo, a troca de peças pode se tornar uma tendência importante nas janelas de transferência.
A janela até aqui
Apesar das inúmeras especulações ao fim de junho nenhuma chegada aos Blues se concretizou.
Depois de meses de expectativa juntamente com o desejo de Tuchel pelo jogador e a possibilidade financeira de trazê-lo, Chelsea e Leeds acordaram valores para a transferência de Raphinha. Entretanto, o brasileiro parece ter como prioridade o Barcelona e, portanto, segue na espera do clube catalão. Sendo assim, os termos pessoas ainda não foram acordados com o jogador e nem com seu empresário, Deco, ex-Chelsea.
De acordo com Fabrizio Romano, Deco esteve em contato com representantes do Barcelona e os espanhóis estão buscando melhorar sua oferta ao Leeds. Porém, mesmo com uma oferta melhorada, os Whites não estão satisfeitos e ainda estão respeitando o acordo que firmaram com os Blues. Desse modo, o grande empecilho para a concretização da transferência é o desejo do jogador em se tornar um Culé – até pelo fato de os termos pessoais entre Raphinha e os catalães já está acordado há meses.
Enfim, outro grande nome que aparece como alvo do treinador do Chelsea para reforçar seu setor ofensivo é Raheem Sterling. Simon Phillips, setorista do clube londrino, confirmou que está tudo acordado entre os Blues e o Manchester City bem como entre os londrinos e o atacante.
Nesse sentido, há grandes de o inglês ser o primeiro reforço anunciado da nova Era do clube. Porém, nada é certo até que seja confirmado pelo próprio clube. Sendo assim, a paciência dos torcedores deve permanecer.
Mudança de percurso
No início da janela, a ida de Jules Koundé para o Chelsea parecia estar a um passo de ser concretizada. Dessa forma, parecia apenas um ajuste de valores entre os clubes, uma vez que o Sevilla esperava uma oferta maior por parte dos ingleses. Contudo, os Blues parecem ter seguido em frente, de certa forma.
Ainda em janeiro deste ano, Koundé era um grande alvo do clube e Marina quase fechou o negócio durante o inverno europeu. Só que o clube espanhol desistiu de fechar nos valores oferecidos na época, basicamente, adiando a transferência do francês para o verão.
Ainda fazendo jogo com valores, uma vez que a venda do zagueiro dependerá capital para muitas outras movimentações, o Sevilla parece preocupado com a falta de interesse dos Blues em retomar as negociações. Nesse ínterim, Boehly e Tuchel não deixaram de agir. Pelo contrário, procuraram por outras opções que também servem aos planos do treinador e que podem levar a processos de negociação mais rápidos – o que vai de encontro com a postura prática do americano em conduzir seus acordos.
Logo, os nomes que aparecem como alternativas são Matthijs de Ligt e Nathan Aké, ambos zagueiros da seleção holandesa. Em especial em relação à compra do atual zagueiro da Juventus, é possível que um jogador do Chelsea seja parte do acordo entre os clubes. Quanto a Aké, o City está pedindo cerca de £40 milhões.
Alívio para todas as partes
Na última quinta-feira (29), a Inter anunciou o retorno de Romelu Lukaku por empréstimo. O que sem dúvidas é uma situação favorável para as três partes envolvidas.
O Chelsea “se livra” de um grande peso no elenco, que não rendeu o esperado e na folha salarial. Os Nerazzurri conseguem trazer de volta um dos grandes nomes da história recente do clube – fora o dinheiro que receberam com a venda dele. Por fim, o atacante belga consegue seu grande desejo de deixar os Blues menos de um ano depois de sua contratação.
Em síntese, dentre os jogadores que ainda tem vínculo com os londrinos, Lukaku foi o único que deixou o clube até aqui. Ainda assim, existe a expectativa de que Cesar Azpilicueta e Marcos Alonso sejam os próximos a deixar os Blues.
Segundo rumores, o Barcelona seria o principal interessado nos veteranos espanhóis, porém, a situação financeira está limitando bastante as movimentações do clube catalão na janela. E o clube tem prioridades maiores que fechar as contratações de Azpilicueta e Alonso, mesmo que sejam interesses e que os valores sejam atrativos.
Olhar para dentro também é essencial
Muito mais que trabalhar no mercado de transferências, é necessário neste novo momento da história do Chelsea que Boehly e Tuchel olhem para os talentos internos. Ou seja, os jovens nas categorias de base e os jogadores que estão voltando de empréstimo. Nesse sentido, a chave para isso será a pré-temporada que começará no próximo dia 2 de julho. Enquanto a pré-temporada das categorias de base começou na semana do dia 22 de junho.
Lógico que nem todos os nomes que fazem parte da Loan Army ou que estão nas equipes sub-23 ou sub-18 terão chances imediatas junto ao time masculino principal de primeira. Porém, pode ser que alguns possam aparecer e até mesmo suprir gastos no mercado.
Sendo assim, com tempo e ainda mais possibilidades, o treinador alemão não pode deixar essa observação passar e, se possível, deve dar chance àqueles que performaram bem em seus empréstimos na última temporada e que apresentarem bom desempenho nos jogos da pré-temporada.
Por fim, o futuro é animador. Pela primeira vez em muito tempo os nomes de interesse do técnico, já estejam eles no Chelsea ou não, estão recebendo apoio da diretoria. Mais ainda, aqueles jogadores que não são mais do interesse de Tuchel, ou que querem simplesmente sair do clube, não estão sendo impedidos de fazê-lo. Ainda tem muito tempo até o fechamento da janela de transferências e muito se concretizará até seu fim: saídas, chegadas e, claro, novos empréstimos. Resta-nos esperar.