O Chelsea Brasil dá sequência a série de textos especiais que antecedem o início da nova temporada. Hoje, o Guia da Temporada 2021/22 aborda os defensores. Até o final da semana, diariamente nossos colaboradores apresentarão elenco e considerações sobre as melhores possibilidades para deixar o elenco dos Blues mais forte nessa nova jornada.
O Chelsea conquistou o bicampeonato da Liga dos Campeões com a melhor defesa do torneio. Em 13 partidas, os Blues sofreram quatro gols, sendo dois na fase de grupos e dois na fase final do certame. Em síntese, a consistência defensiva foi responsável por fazer com que o time em nenhum momento estivesse em desvantagem nos confrontos.
Contudo, na última temporada existiu dois Chelsea’s: um antes e um depois de Thomas Tuchel. Na primeira metade da temporada a equipe sofreu 27 gols em 29 jogos. Pouco depois, os Blues sofreram 19 gols em 30 jogos sob o comando de Tuchel. Além disso, o time londrino terminou a temporada com 32 clean sheet em 59 jogos, desses 19 foram com o alemão.
Falando especificamente da defesa trouxemos Edouard Mendy, Thiago Silva e Chilwell para reforçar um setor que havia batido um recordes negativos. Assim sendo, os Blues sofreram 79 gols na temporada 2019/2020, a pior marca desde a temporada 1990/1991. Além disso, também foi a campanha com mais gols sofridos em uma única edição de Liga dos Campeões (15). Como resultado, uma média de 1,44 gols/sofridos por jogo.
As laterais se tornaram um ponto de desequilíbrio
O Chelsea ao longo da última década sofreu muito com a lateral-esquerda e no setor passaram vários nomes. Entre as tentativas realizadas pelo clube estão Filipe Luís, César Azpilicueta (improvisado), Baba Rahman e Marcos Alonso. Este último foi o único que apresentou um rendimento aceitável para os padrões do clube. Mas havia um porém. O espanhol só correspondia quando escalado junto a uma linha de três.
Dessa forma, Lampard pediu e recebeu de um lateral que pudesse atuar numa linha de quatro sem comprometer a equipe. A escolha foi por Chilwell, que se destacou no Leicester e até iniciou bem a temporada. Apesar disso, sofreu uma queda de desempenho como toda equipe e no período onde houve a troca no comando precisou de um certo tempo para assimilar as ações que são características para um ala.
Ainda assim, o lateral inglês foi o segundo jogador da posição com mais contribuições somando gols e assistências na Premier League. Chilwell fez três gols e deu cinco assistências, ficando atrás apenas do compatriota Arnold, do Liverpool, que fez dois gols e contribuiu com sete passes para gol.
Alas surgem como diferencial da equipe
Do outro lado, Reece James foi titularíssimo enquanto Lampard comandou a equipe e manteve uma certa regularidade, apesar da oscilação da equipe . Contudo, sob o comando de Tuchel e com uma mudança na formação inicial as coisas mudaram um pouco. Dessa maneira, houve um revezamento entre James e Azpilicueta no setor, além disso, Hudson Odoi também surgiu como opção pelo flanco direito.
Nesse sentido, os alas passaram ter um papel importante na marcação da equipe. Quando o time subia as linhas buscavam pressionar os laterais adversários. Bem como, sem a bola se juntavam aos zagueiros para formar uma linha de cinco. Além disso, a escolha de quem faz o lado direito varia conforme as características do adversário.
A liderança de Thiago Silva e o ressurgimento de Rudiger e Christensen
Thiago Silva chegou ao Chelsea, com 35 anos, após passar a maior parte da carreira no PSG e no Milan. Apesar da idade avançada, ele foi um dos melhores defensores do futebol europeu na última década e provou que consegue atuar em alto nível. Com exceção, daquelas duas partidas contra o West Bromich o “Monstro” não decepcionou. Pelo contrário, foi importante para dar mais segurança aos seus companheiros e demonstrou muita personalidade em campo.
Sob o comando de Lampard, a dupla de zaga titular foi Thiago Silva e Kurt Zouma. Entretanto, Tuchel chegou em Londres decidido a recuperar alguns atletas do elenco. Entre eles estavam Antonio Rudiger e Andreas Christensen.
O alemão sofreu muitas críticas na “Era Lampard” e acabou se tornando peça fundamental do lado esquerdo da defesa. Já o dinamarquês não se firmou entre os titulares. Mas sempre que entrou correspondeu bem. Inclusive na final da Liga dos Campeões. Apesar disso, vale dizer que os dois estão no último ano de contrato e ainda não existe uma definição do futuro de ambos.
A possível chegada de Koundé
Jules Koundé fez sua estreia no profissional na temporada 17/18 pelo Bordeaux. E rapidamente se firmou na equipe principal. Após 20 jogos na sua primeira temporada, o jogador virou titular na Ligue 2018/2019 e foi um dos destaques do Bordeaux. Por conta das boas atuações chamou a atenção do Sevilla que desembolsou 25 milhões de euros pelo defensor.
Na Espanha também não encontrou problemas para se adaptar e foi fundamental na conquista da Europa League. Junto com o brasileiro Diego Carlos formaram uma das melhores duplas de zaga do campeonato espanhol.
De acordo com o aplicativo SofaScore, o defensor terminou a temporada 2020/2021 de La Liga com:
- 34 jogos
- 2,9 cortes por jogo
- 1,2 interceptações por jogo
- 0,8 desarmes por jogo
- 0,4 dribles sofridos por jogo
- 0 erros defensivos
A expectativa é de que Koundé jogue lado direito da defesa. Ainda assim, existe a possibilidade dele fazer outras funções na defesa. No Sevilla, por exemplo, o francês chegou a ser testado inclusive nas laterais. Dessa forma, Tuchel terá um jogador bem versátil em mãos. Entre as suas principais qualidades estão a leitura de jogo, a qualidade técnica e a explosão.
Em contrapartida, o fato de Koundé ter 1,78 pode se tornar um problema, pois permite aos adversários explorar o jogo direito em zonas do campo mais distantes do gol e também em lances por cima dentro da área seja com “chuveirinho” ou na bola parada. Aliás, já vimos isso ocorrer algumas vezes quando temos o Apzilicueta no lado direito seja como zagueiro ou lateral.
Futuros incerto
A chegada de Koundé é quase sempre associada a uma saída de Zouma. O atual camisa 5 dos Blues como já dito neste texto viveu dois momentos na última temporada, onde saiu da titularidade absoluta para uma perda de espaço considerável no elenco.
As poucas participações de Zouma tem relação com as suas limitações na saída de bola. Pois, o atleta demonstra dificuldade em acertar passes mais verticais e também não possui grande capacidade para fazer inversões e lançamentos o que acaba sendo primordial dentro do modelo do Tuchel. Por outro lado, a sua saída representa uma perda no jogo aérea. Dos cinco gols marcados na última edição da Premier League quatro foram pelo alto.
Agora para que sua saída seja concretizada precisam surgir ofertas, o que aparentemente ainda não ocorreu. Apesar, Zouma já foi especulado no Everton, no Tottenham, e no próprio Sevilla, em uma possível troca com pelo Koundé.
Podem surpreender
Ethan Ampadu e Trevoh Chalobah são dois jogadores com chances de aparecer e porque não se firmar no elenco principal. Ainda assim, seguindo caminhos distintos. Ampadu chegou ao Chelsea, com 16 anos e já tem mais rodagem. Em síntese, na última temporada esteve emprestado ao Sheffield United. Agora com 20 anos, talvez já esteja pronto para receber a sua primeira oportunidade e ser pelo menos uma das opções para rodar o elenco.
Já Chalobah foi uma das boas surpresas do Chelsea ao longo dessa pré-temporada. Com boas atuações nos três amistosos e fazendo funções distintas na linha de zaga. O jogador de 22 anos, e 1,90m, demonstrou virtudes para atuar na equipe principal em futuro próximo.
Na segunda-feira (09), o Chalobah foi especulado no Valência, apesar disso, o setorista do Chelsea no ‘Goal’,Nizar Kinsella, informou que Tuchel pediu ao clube que não o vendesse porque pretende utilizá-lo na próxima temporada.
A equipe conseguirá manter o nível da temporada passada com essas peças?
O rendimento defensivo de uma equipe não depende apenas dos defensores e do goleiro evidentemente que todo o coletivo precisa funcionar bem. Este é um desafio no qual o time tem condições de cumprir pela qualidade do elenco atual, ainda assim, a consistência do nível de atuação de alguns atletas pode vir a ser um problema ao longo da temporada.
Particularmente não tenho tanta confiança, por exemplo, de que Rudiger e Christensen seguirão sendo peças confiáveis. Além disso, se existe uma posição onde não temos peças de reposição a altura é na lateral-esquerda. Desse modo, é vital que Chilwell não tenha nenhuma lesão que o tire de campo por um longo período.
Existe ainda a possibilidade de mudanças no esquema para encaixar peças do ataque, apesar disso, considero tal alteração improvável. Todavia, podem surgir problemas que até então não foram vistos e/ou explorados pelos nossos adversários com Tuchel à frente da equipe. Aliás, na condição de atual campeão da Liga dos Campeões a tendência é de que nossos adversários estudem cada vez mais o modelo de jogo dos Blues.