O Chelsea Brasil está fazendo uma série de textos especiais que antecedem o início da nova temporada. A segunda parte do Guia da Temporada 2020/21 é sobre a defesa. A cada dia um texto sobre o time londrino, jogadores do elenco e considerações sobre as melhores possibilidades para deixar o elenco dos Blues mais forte.
Abaixo, você irá conferir uma análise sobre o desempenho desse setor e razões pelo qual a defesa foi tão vazada na temporada, como também as variações táticas empregadas por Frank Lampard ao longo do último ano, o impacto dos novos reforços e potenciais saídas.
Uma defesa que não passou confiança
![Falhas defensivas](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/08/UCL.png?resize=550%2C336&ssl=1)
Desde a chegada de Roman Abramovich, o Chelsea se consolidou por ter um sólido sistema defensivo. O recorde de melhor defesa da história da Premier League, com apenas 15 gols sofridos na campanha do título em 2004/05, persiste até hoje.
No entanto, o mesmo sistema que foi motivo de orgulho no passado está passando por uma crise. Na última temporada, a equipe sofreu 79 gols, sendo essa a pior marca desde 1990/91. Para piorar, a equipe sofreu 15 gols na Champions League, a pior marca do clube na competição europeia.
![Média de gols sofridos](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/09/Média-Defensiva_Lampard.jpg?resize=550%2C550&ssl=1)
Os números assustam, e o pensamento instantâneo da torcida e imprensa é “tentar achar um culpado”. Porém, é importante entender que um sistema defensivo não são apenas os jogadores de defesa. Não só o time precisa estar entrosado, como também os onze jogadores em campo precisam desempenhar seus papéis para que nenhum área do campo fique sobrecarregada.
Tentativa e erro
Por mais que Lampard tentasse algo diferente, a defesa continuava sendo o ponto fraco do time. O treinador variava esquemas táticos, ora em um formação “tradicional” com dois zagueiros e laterais, ora com três zagueiros e dois alas.
Independente do esquema, a equipe era vulnerável na parte defensiva, e não era necessário muito para furar a defesa londrina. De acordo com o site de estatísticas “Whoscored”, o Chelsea foi a equipe na Premier League que concedeu a segunda menor média de chutes ao gol por jogo, com 8,5 por jogo.
Essa fragilidade defensiva foi o diferencial em jogos cruciais da temporada. Ao todo, os Blues enfrentaram 15 vezes equipes do chamado “Big Six”. Dessas ocasiões, venceu seis e perdeu oito, incluindo derrotas nos dois turnos para United e Liverpool. Quando se deparou com o Arsenal na final da FA Cup, as peças defensivas não conseguiram dar conta de Aubameyang, que decidiu o jogo para os Gunners.
Os pontos fracos
De todas as possíveis situações de gol, as jogadas de bola parada foram as mais efetivas contra a equipe londrina. Foram 10 gols sofridos em escanteios, segunda pior marca no Campeonato Inglês junto com o Aston Villa. Essa situação fica ainda pior ao saber que o time azul concedeu o menor número de escanteios no torneio.
Outro problema recorrente foram os gols de contra-ataque. Sob o comando de Lampard, o Chelsea se tornou uma equipe mais agressiva e intensa, pressionando a defesa adversária com linhas altas para roubar a bola no campo de ataque. No entanto, quando os jogadores avançados não conseguem recuperar a bola, a defesa fica exposta. Isso acontece por dois motivos: a transição defensiva do time é lenta e as linhas ficam muita espaçadas.
Assim, o adversário que consegue sair rápido da defesa se encontra em uma situação favorável. E esse cenário resultou em oito gols sofridos de contra-ataque, maior número da Premier League.
Consequência dos erros
A derrota para o West Ham ilustra bem essas fragilidades defensivas.
No primeiro gol dos mandantes, a defesa dos Blues adota uma marcação homem-a-homem no escanteio. O West Ham entende que pode tirar vantagem disso e alinha seus três jogadores mais altos na marca do pênalti.
Quando a bola é lançada no segundo pau, Soucek (1,92m) está sendo marcado por Azpilicueta (1,78m). A diferença entre os atleta dá total vantagem para Soucek realizar o movimento preciso e balançar a rede de Kepa, que fica preso na pequena área pelo congestionamento de jogadores e não consegue socar a bola.
![Gol Soucek](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/09/Chelsea_WestHam-1.png?resize=550%2C289&ssl=1)
Nos minutos finais, foram todos ao ataque buscar os três pontos, mas o desespero pela vitória custou caro. Após confusão na área, Rice afastou o perigo e encontrou Antonio. O atacante usou sua força física no pivô e conseguiu tabelar com Fornals. Dessa forma, os Hammers criaram superioridade no ataque. Yarmolenko dominou, passou por Rüdiger e acertou um belo chute para sacramentar o placar de 3 a 2.
Reforços sólidos para elevar o patamar
O caos defensivo escancarou algo óbvio: o Chelsea precisava se mexer no mercado e contratar defensores de qualidade para competir em nível nacional e internacional.
Novo dono na lateral esquerda
Desde a chegada de Frank Lampard, Ben Chilwell era especulado para ocupar a lateral esquerda. Marcos Alonso caiu de rendimento após a saída de Conte e Emerson jamais conseguiu dar conta do recado. Por serem jogadores com características ofensivas e pelo fato da defesa sofrer muitos gols, era necessário contratar um novo lateral esquerdo.
Como apontado no Lupa Tática, Chilwell irá trazer equilíbrio e regularidade para um setor tão criticado nas últimas temporadas. Vale destacar positivamente o trabalho de Marina Granovskaia, responsável por conduzir as negociações com o Leicester, conhecido por dificultar na venda de seus atletas.
![Ben Chilwell posando com a camisa do Chelsea](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/08/EgW-FpkWAAI_6F6.jpg?resize=550%2C307&ssl=1)
O líder chegou!
A diretora do clube não parou por aí. Outra necessidade para o elenco era um zagueiro com experiência e recursos técnicos capaz de liderar o miolo de zaga. Aproveitando uma excelente oportunidade de mercado, contratou Thiago Silva, multicampeão pelo PSG, Milan e Seleção Brasileira. Suas credencias dispensam comentários. O brasileiro já figurou inúmeras vezes nos “Times do Ano” da UEFA e FIFA.
Mesmo com 35 anos e chegando perto do final da carreira, Thiago é um jogador de elite e chega como o melhor defensor da equipe. Suas atuações na reta final da última Champions League exemplificam o perfil de zagueiro que o Chelsea precisava: seguro com a bola nos pés, timing acima da média para dar carrinhos e recuperar bolas e um posicionamento defensivo dos melhores.
A dúvida que resta é quanto tempo será necessário para ele se adaptar ao estilo da Premier League.
![Thiago Silva é Blue](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/08/Thiago-Silva.jpg?resize=550%2C687&ssl=1)
Qual a melhor opção?
Chilwell e Thiago Silva chegam para serem titulares absolutos e só devem sair do time por lesão ou condicionamento físico. Dessa forma há duas vagas em jogo para completar a defesa.
Pelo lado direito, Azpilicueta será o titular após terminar a temporada em alta. O capitão da equipe liderou o time em interceptações e bloqueios, além de terminar em segundo nas assistências e chances criadas. Não obstante, exerceu com maestria o papel de líder, ajudando os mais jovens na adaptação e dando respostas quando o time passava por momentos ruins.
A briga para fazer parceira com o brasileiro deve ficar entre Rudiger e Zouma, tendo em vista que Christensen vem cometendo muitos erros individuais e não possuí a velocidade necessária para complementar o jogo de Thiago Silva. Ao que parece, Lampard irá confiar no alemão neste início de temporada, mas não será nenhuma surpresa se o francês ou o dinamarquês figurarem entre os titulares, até porque Lampard mostrou que pode atuar com três zagueiros em determinadas ocasiões.
![Defesa titular](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/09/Formação_Defesa.jpg?resize=550%2C274&ssl=1)
Saídas e empréstimos
No momento, o Chelsea conta com mais de 15 defensores no elenco principal. Esse número deverá ser reduzido até o dia 5 de outubro, quando a janela de transferências na Inglaterra se encerra, tal como o período de inscrição de atletas nas competições europeias.
Por isso, a diretoria trabalha até o próximo mês para tentar vender ou emprestar jogadores que não deverão fazer parte do elenco. Emerson Palmieri e Zappacosta encabeçam a lista, e o destino de ambos pode ser a Itália. O ítalo-brasileiro deve receber menos oportunidades em Londres com a chegada de Chilwell. Com isso, pode ser peça da Inter de Milão, que demonstrou interesse nele.
![](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2018/02/Emerson-Palmieri-678479.jpg?resize=550%2C365&ssl=1)
Zappacosta atuou na Roma na última temporada, no entanto, não foi tão aproveitado pois se lesionou na etapa final do ano. Mesmo assim, a Atalanta se mostrou interessada no italiano, e pode acabar levando o jogador.
Outro que pode sair é Victor Moses. O nigeriano passou um tempo no Fenerbahçe e atuou sob Antonio Conte em Milão na temporada passada. Mas seu aproveitamento foi abaixo das expectativas e ele voltou. Com apenas um ano de contrato restante, será emprestado ou ficará encostado, tendo em vista a concorrência não apenas na lateral como na ponta direita.
Para ficar de olho
Há ainda três jogadores para o torcedor prestar atenção. O primeiro é Ethan Ampadu. O gâles de 19 anos estava empresado ao RB Leipzig. Na Alemanha, não recebeu muitas oportunidades e agora será emprestado ao Sheffield United. Sob o comando de Chris Wilder, que moldou um sólido sistema defensivo nos Blades, o versátil zagueiro, que pode jogar com volante, deverá ter um temporada decisiva na carreira.
Quem também merece atenção é Xavier Mbuyamba. Com apenas 18 anos, o holandês despertou interesse quando atuou no Maastricht. O Barcelona convenceu o atleta e o levou a La Masia, onde atuou no Barcelona B. O zagueiro gostaria de tempo de jogo no time principal, mas a diretoria jogou duro e ambas partes chegaram a uma rescisão contratual.
Sendo assim, o Chelsea bateu a concorrência de outros grandes europeus e contratou o garoto. Ainda não se sabe se ele jogará na equipe sub-23 ou será emprestado, mas pela nacionalidade, altura e qualidade com a bola nos pés, seu potencial é comparado ao de Virgil Van Dijk.
![Mbuyamba é Blue](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/08/Xavier-Mbuyamba.jpg?resize=550%2C308&ssl=1)
Outro atleta que rescindiu seu vínculo contratual e chegou à custo zero para o Chelsea foi Malang Sarr. O francês foi figura importante no Nice e com 22 anos, deverá ser emprestado para ter tempo de jogo e poder alcançar seu potencial. Como assinou por cinco temporadas, a equipe pensa em utilizá-lo futuro.
Jovens promissores
Uma das tentativas ná ultima temporada foi encontrar soluções dentro do elenco, haja visto que o clube estava impossibilitado de contratar jogadores. Por isso, jogadores da base como Fikayo Tomori e Reece James ganharam oportunidades.
O primeiro chegou a empolgar a torcida no início, mas ainda precisa amadurecer, e seu desenvolvimento sofreu um baque com uma lesão no final da temporada. O clube deve emprestá-lo para que ele recebe mais oportunidades na própria Premier League.
Já o lateral inglês mostrou que pode ser peça importante na construção de jogadas ofensivas, pois tem muita qualidade nos passes e cruzamentos. Contudo, precisa evoluir no posicionamento defensivo, sendo esse um dos motivos de não ter deslanchado como titular absoluto.
![](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2019/11/Reece-James-Chelsea.jpg?resize=550%2C364&ssl=1)
Futuro promissor
A chegada de dois jogadores de alta qualidade técnica certamente deixará a defesa mais segura. Desta maneira, é possível prever que o Chelsea sofrerá menos gols ao longo da temporada e tenha uma postura mais firme na parte de trás.
Mesmo assim, a responsabilidade maior será de Frank Lampard. O treinador adquiriu mais experiência no cargo e conseguiu trazer atletas que estavam em sua lista. Portanto, será cobrado caso os Blues não mostrem uma melhora significativa nos números defensivos.
Agora, ele precisa encontrar o melhor esquema tático para os jogadores à disposição e aplicar treinamentos que diminuam as fraquezas da equipe.
![](https://i0.wp.com/chelseabrasil.com/wp-content/uploads/2020/08/Frank-Lampard-Chelsea.png?resize=550%2C309&ssl=1)
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