Foi com emoção, mas o Chelsea derrotou o Watford e voltou a vencer pela Premier League. A vitória por 2 a 1, fora de casa, mantém os Blues na liderança, com um ponto a mais do que o Manchester City.
Com um meio-campo bastante descaracterizado por conta das ausências, o Chelsea sofreu e conquistou o resultado na base da luta.
Enfim, para entender como se desenvolveu o jogo no Vicarage Road, é hora de ler o jogo.

Desfalques e mais desfalques
Os donos da casa vieram para o confronto com duas baixas importantes: o goleiro Ben Forster e o atacante Smaïlla Sarr ficaram fora por lesão. Assim, Daniel Bachmann e João Pedro entraram em suas respectivas vagas.
O 4-1-4-1 do técnico Cláudio Ranieri teve Imrân Louza como o homem entre as duas linhas, com Tom Cleverly e Moussa Sissoko por dentro na segunda linha. Emmanuel Dennis, Joshua King e João Pedro trocavam bastante de posição no ataque.

No Chelsea, por sua vez, os desfalques já fazem parte do cotidiano e não param de aumentar. A lista, que já contava com Kovacic, Kanté e Chilwell teve o acréscimo de Reece James. Além disso, Jorginho e Werner não reuniram condições para iniciar a partida e, por isso, ficaram somente no banco, assim como Thiago Silva.
Dessa forma, o Chelsea veio com Trevoh Chalobah e Andreas Christensen formando trio de zaga com Antonio Rüdiger. No meio, César Azpilicueta, Ruben Loftus-Cheek, Saúl Ñiguez e Marcos Alonso compuseram uma linha bem diferente da habitual. Já no ataque, Mason Mount voltou ao time titular ao lado de Kai Havertz e Christan Pulisic.

Encurralado
O Watford começou em cima e impôs muitas dificuldades ao Chelsea. Com uma marcação alta, os donos da casa se aproveitavam da instabilidade no setor de meio-campo dos Blues para pressionar.
A vulnerabilidade no setor esquerdo defensivo do Chelsea, com Alonso mal e Saúl perdido, foi o ponto mais explorado pelo adversário. Assim, com menos de cinco minutos, os Hornets já haviam criado duas grandes chances de abrir o placar. Primeiro com João Pedro completando cruzamento rasteiro de Tom Cleverly, mas Chalobah salvou com o pé. Depois com desvio contra de Azpilicueta, após cruzamento de Kiko Femenía, com Edouard Mendy fazendo grande defesa.
Pouco depois, Adam Masina sentiu e, enquanto era atendido, a tensão tomou conta do Vicarage Road. Isso porque um torcedor na arquibancada sofreu uma parada cardíaca e, enquanto este era reanimado por paramédicos, os jogadores se retiraram do gramado. A partida ficou paralisada por mais de 30 minutos, até o torcedor ser estabilizado e levado de ambulância a um hospital da região.

Então, com a partida retomada, o que se viu foi a manutenção do mesmo cenário inicial. O Chelsea seguia sem conseguir sair e era pressionado pelo Watford. Nesse sentido, os Blues se ressentiam muito da falta de Thiago Silva no centro da defesa. Muito além da segurança defensiva transmitida, o papel com bola do brasileiro é fundamental na construção, qualificando a saída em cenários como o que o Watford impunha. Christensen não tem a mesma qualidade no passe, o que ia minando as ações dos visitantes.
Isso, somado às ausências de Jorginho, Kovacic, Reece James e Chilwell, figuras-chave na construção da saída de bola azul, ia fazendo com que o Chelsea não conseguisse se articular e ficasse encaixotado.
Mount aparecendo, Cheek falhando
Aos 18, porém, quando o Chelsea pela primeira vez conseguiu manter a bola no campo de ataque, já surgiu uma grande chance. Loftus-Cheek ganhou no alto e cabeceou para Mount que, livre dentro da área, carimbou a trave.
Mas foi dez minutos depois que veio a grande aparição de Mount na primeira etapa. Em uma bela jogada coletiva, que mostra vários preceitos da equipe de Thomas Tuchel, o Chelsea chegou ao gol. Pulisic recuou e abriu o corredor para Alonso, na típica inversão entre ponta e ala, e Rüdiger usou sua qualidade no passe para explorar a profundidade de Alonso. Então, o ala dos Blues dominou bonito, tocou para Havertz na área e o alemão serviu Mount, que bateu para o fundo do gol.

Mesmo com o placar aberto, o Chelsea seguiu com os mesmos problemas. Aos 34, Cleverly cruzou, a bola atravessou a área e sobrou para Danny Rose. O lateral-esquerdo, que havia entrado no lugar de Massina machucado, recebeu sozinho, encheu o pé, e Mendy fez mais uma defesa.
Já aos 42, Loftus-Cheek falhou e perdeu a bola para Moussa Sissoko, que arrancou e serviu Emmanuel Dennis. Assim, o camisa 25 dos Hornets invadiu a área e bateu por entre as pernas de Rüdiger para empatar o jogo. A bola ainda desviou no zagueiro alemão e tirou qualquer possibilidade de Mendy fazer a defesa.

Ajustes e sofrimento
Com a péssima atuação de Saúl no primeiro tempo, Tuchel se viu obrigado a abrir mão do descanso que havia dado a Thiago Silva. Dessa forma, o Chelsea voltou para o segundo tempo com o brasileiro no lugar do espanhol e Chalobah foi para o meio-campo.
Com o camisa 14 sendo realocado para a faixa central, a nova configuração de meio-campo tinha Loftus-Cheek e Mount lado a lado, a frente de Chalobah. E assim o Chelsea ganhou mais sustentação no meio-campo, se tornando mais seguro defensivamente. Mas as lesões seguem atormentando o Chelsea e fizeram essa configuração durar pouco. Isso porque, aos 11 minutos da etapa complementar, Chalobah sentiu a posterior da coxa direita e precisou ser substituído.

Dessa forma, Tuchel foi obrigado a desproteger mais uma vez seu meio-campo, colocando Hakim Ziyech e novamente recuando Cheek para ser primeiro-volante. A frente dele, Mount e Ziyech ficavam como meio-campistas em um 3-1-4-2. Logo depois, Tuchel ainda fez mais uma troca ofensiva: tirou Azpilicueta e colocou Romelu Lukaku. Assim, Pulisic foi para a ala-direita e Lukaku jogou ao lado de Havertz.
Três minutos após a terceira mudança, mais uma bela jogada coletiva recolocou os Blues em vantagem. Novamente iniciada a partir de um passe longo de Rüdiger, a jogada passou por Alonso até chegar em Mount, que cruzou na medida para Ziyech completar para a rede.

Após o gol, o Chelsea seguiu sofrendo defensivamente e correu riscos até o fim. Os visitantes tinham dificuldade para manter a posse e forçavam ligações com Lukaku a todo momento. Ainda, Ziyech teve boa oportunidade para matar o jogo de cabeça, se infiltrando no espaço por dentro, mas acabou cabeceando em cima de Bachmann. De toda forma, os Blues se seguraram como puderam e garantiram os três pontos.
Destaques individuais
Apesar do jogo coletivamente ruim, vários jogadores se destacaram individualmente. Rüdiger, em mais uma grande atuação teve participação ofensiva essencial, iniciando a jogada dos dois gols. Thiago Silva e Ziyech, que entraram no decorrer da partida, tiveram influência direta na melhora do time. O brasileiro, na organização defensiva e na evolução da saída de bola; o marroquino, cumprindo uma função a qual não é habitado e fazendo o gol da vitória.
Mas o nome do jogo foi Mason Mount. Voltando a ganhar sequência após um período de inatividade, o camisa 19 dos Blues demonstrou mais uma vez sua capacidade de subir o Chelsea de patamar quando está em sua plenitude física. Decisivo no ataque, com um gol e uma assistência, foi fundamental também na defesa, cumprindo um importante papel de marcação muitas vezes ao lado de Loftus-Cheek.

Em suma, o Chelsea saiu do Vicarage Road com a sensação de que saiu no lucro com a vitória. A atuação foi uma das piores da Era Tuchel, com um time espaçado e com pouca intensidade. Ainda sim, é preciso pesar os desfalques, que tiveram influência direta nesse cenário. Por isso, o resultado ganha ainda mais valor e mantém o Chelsea na ponta da Premier League.