Um jogo espetacular, digno de duas das principais equipes do futebol na atualidade. Esse é o resumo do que Chelsea e Liverpool protagonizaram no último domingo, em Stamford Bridge.
O Chelsea saiu perdendo por 2-0, mas foi buscar o empate, em uma reação que poucos imaginavam. Mais do que isso, os Blues demonstraram bom futebol, mesmo com a ausência de Lukaku.
Enfim, para entender como foi o espetacular clássico inglês, é hora de ler o jogo.
Lukaku fora e covid no Liverpool
Pivô de uma grande polêmica ao longo da semana, após a divulgação de uma série de falas contestáveis, Romelu Lukaku foi afastado por Thomas Tuchel e ficou de fora da partida. Reece James e Andreas Christensen, que se machucaram diante do Brighton, também não estiveram à disposição.
Em contrapartida, Thiago Silva esteve de volta e formou trio de zaga ao lado de Trevoh Chalobah e Antonio Rudiger. Cesar Azpilicueta foi o titular na ala-direita, com Marcos Alonso do lado oposto e Mateo Kovacic e N’Golo Kanté no meio-campo.
Por fim, Mason Mount, Christian Pulisic e Kai Havertz formaram o trio ofensivo.
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Já o Liverpool teve, além da ausência de Jurgen Klopp, outros três desfalques em decorrência da covid: Alisson, Joël Matip e Roberto Firmino. Assim, Caoimhin Kelleher foi o goleiro, Ibrahima Konaté entrou na zaga e Diogo Jota naturalmente formou o trio de ataque ao lado de Sadio Mané e Mohamed Salah.
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Chelsea em cima, mas castigado
Desde o começo do jogo foi o Chelsea quem tomou a iniciativa de subir a marcação e pressionar. O Liverpool, por sua vez, tinha dificuldades de sair e errava muitos passes. Como resultado, os primeiros cinco minutos indicavam 75% de posse de bola dos donos da casa.
Mas a ideia dos Reds era clara: recuar para impedir o ataque à profundidade do Chelsea, principal carcterística da equipe de Tuchel. A estrategia fazia sentido porque o Chelsea costumeiramente espeta seus dois alas ao mesmo tempo, criando uma linha de cinco no ataque, sendo que o Liverpool atua com uma linha de quatro defensores e seus homens de frente não recompõem o setor defensivo. Nesse contexto, partir para cima do Chelsea fatalmente geraria espaços para os Blues agrediram à sua maneira.
Contudo, mesmo com a postura retraída, o Liverpool não evitava a inferioridade numérica nos momentos em que o Chelsea de fato agredia com cinco homens.
Aos 7 minutos, a pressão alta forçou erro de Alexander-Arnold e a bola sobrou limpa para Pulisic. Mas o norte-americano tentou, sem sucesso, driblar Kelleher e perdeu a oportunidade.
O choque de realidade veio já no minuto seguinte, quando, em cenário bem parecido, Mané se aproveitou de falha de Chalobah, driblou Mendy e abriu o placar.
O Chelsea não se abateu com o gol e continuou melhor no jogo, mas pecava na definição e seguia sofrendo com erros na defesa. Assim, aos 26, Alexander-Arnold lançou Salah, que, livre pela direita, avançou, fintou Alonso e tocou para o gol.
Reação relâmpago
O segundo gol parecia um prelúdio de que algo muito pior estaria por vir. Na sequência do gol, inclusive, Salah teve grande oportunidade de fazer o terceiro, mas Chalobah impediu.
Entretanto, aos poucos o Chelsea foi se reequilibrando e voltando a jogar bem. Nesse sentido, Kovacic ia se destacando pela influência no jogo, acertando grandes lançamentos e ditando o ritmo da equipe.
O Chelsea chegava com mais força principalmente pelo lado esquerdo, aproveitando os espaços deixados por Arnold. Então, ora Pulisic, ora Havertz caíam pelo setor se associavam a Alonso.
Já aos 42, Alonso bateu falta direta, Kelleher espalmou e a bola sobrou para Kovacic na entrada da área. O croata pegou de primeira, em chute espetacular, colocou no canto e marcou um gol de placa.
O gol incediou o Stamford Bridge e deu ainda mais gás e motivação para o Chelsea seguir em cima. Assim, o gol de empate não tardou e saiu precisamente quatro minutos depois. Rüdiger ganhou a segunda bola, ela chegou em Kanté pela esquerda, que de primeira achou grande bola para Pulisic. Livre, o norte-americano conduziu até a área e dessa vez venceu Kelleher, empatando o jogo. Êxtase em Londres.
Só que o ímpeto azul não parou por aí e o Chelsea quase chegou à virada ainda na primeira etapa. Alonso lançou Havertz pela direita e o alemão partiu em velocidade até ser interceptado pela marcação. Na sequência, a bola sobrou para Mount, que de primeira bateu e a bola passou vagarosamente à direita do gol de Kelleher. Assim, a alucinante primeira parte do jogo em Stamford Bridge terminou mesmo em 2 a 2.
Menos emoção, mas ainda intenso
O segundo tempo recomeçou com as equipes mantendo a mesma intensidade e, assim, o jogo seguiu lá e cá. Já aos cinco minutos, o Chelsea mais uma vez se aproveitou dos espaços pela esquerda e Kanté enfiou ótima bola para Alonso. O espanhol invadiu a área, cortou para o pé direito, mas bateu para fora.
Aos 11, foi a vez do Liverpool chegar com perigo no contra-ataque. Salah recebeu próximo do meio-campo, viu Mendy adiantado e tentou surpreender o senegalês com chute de cobertura. O goleiro do Chelsea, entretanto, se recuperou e fez linda ponte para evitar o gol.
O show dos goleiros continuou e, dois minutos mais tarde, Mendy trabalhou novamente, dessa vez em chute do compatriota Mané.
Aos 16, foi Kelleher quem foi exigido, após cruzamento de Alonso e conclusão de primeira de Pulisic.
Mas aos poucos, como era de se esperar por conta do ritmo intenso desde o início, as equipes diminuíram a exposição. No Liverpool, James Milner e Diogo Jota saíram para as entradas de Oxlade-Chamberlain e Naby Keitá. No Chelsea, Jorginho entrou na vaga de Chalobah.
As trocas povoaram um pouco mais o meio-campo de ambas as equipes. Nesse sentido, no Chelsea, Azpilicueta foi para a zaga, Pulisic para a ala-direita e o meio passou a ter Jorginho, Kanté e Kovacic.
Aos 33, Havertz também saiu para a entrada de Hudson-Odoi e o Chelsea passou a apostar na velocidade. Na prática, o jogo passou a ter menos espaços e o 2 a 2 permaneceu até o fim.
Destaques individuais
Embora tenha tido ação contestável no gol de Salah, Mendy foi decisivo com grandes defesas. Nesse sentido, o goleiro senegalês foi fundamental para que o placar se mantivesse inalterado no segundo tempo. Vale lembrar que o arqueiro será desfalque a partir de agora nos Blues, por conta de seu compromisso com Senegal na Copa Africana de Nações.
Mas o grande destaque, não só do Chelsea como do jogo, foi Mateo Kovacic. O meio-campista croata tomou conta da partida e foi impecável do início ao fim, além de marcar um golaço. Kovacic jogou um futebol de primeiro nível, numa atuação de almanaque para qualquer meio-campista.
Em suma, o Chelsea demonstrou muito brio ao buscar um resultado que já parecia perdido, contra um adversário fortíssimo. O resultado em si, pensando na briga pelo título, não foi bom, mas em meio a toda crise com Lukaku, o saldo é positivo. A sensação no dois a zero era a mais negativa possível, mas a atitude demonstrada em campo deixou claro, para quem teve alguma dúvida, de que o elenco segue fechado com o treinador.
Na tabela, entretanto, o resultado afasta ainda mais as duas equipes da disputa pelo título. Agora, são 10 pontos de vantagem do Manchester City em relação ao Chelsea e uma chance que parece cada vez mais distante.