O meio desta semana é marcado pelo início da Champions League 21/22 e o Chelsea Brasil traz mais um “Como Joga”, escrito pelo Pedro Bueno. De pronto, nosso colaborador apresenta o rival da rodada, seus pontos fortes e fracos. Por fim, o texto também serve como “esquenta” para o duelo dessa 1ª rodada na Liga dos Campeões.
O trem passa por Londres e indica: é hora de subir na estação em busca do tricampeonato da UEFA Champions League. É certo que todos os torcedores sonham com este feito incrível. Contudo, conseguir vencer de forma consecutiva a Liga dos Campeões é algo bem complicado, visto que apenas o Real Madrid de 2016 a 2018 conquistou títulos europeus consecutivos na era moderna – desde 1992.
Porém, o Chelsea de Romelu Lukaku, Thomas Tuchel e companhia está ainda mais forte e estreará na competição bem motivado, após conquistar 10 dos 12 pontos disputados na Premier League. Assim sendo, a primeira rodada da Liga dos Campeões ficará marcada pelo encontro de Chelsea e Zenit St, Petersburg no Stamford Bridge nesta terça-feira (14), às 16 horas.
Por fim, a partida terá transmissão do Space e do Hbo Max. Sem mais delongas, chegamos a mais um “Como Joga” e a partir de agora você vai conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!
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Antes do investimento russo, o time possuía apenas uma participação na Champions League, mas mudou de patamar depois do grande investimento feito. Nacionalmente, a equipe conseguiu feitos expressivos e até foi campeão no âmbito europeu. Esta é a história do Chelsea, certo? Sim, porém também é a do Zenit.
Enquanto Roman Abramovich assumiu o comando do Chelsea e colocou a equipe, que havia disputado o torneio apenas em 1999/00, em várias edições da Liga dos Campeões, o Zenit recebeu um aporte financeiro gigantesco. Em síntese, a Gazprom, que é a maior empresa da Rússia e a maior vendedora de gás natural do mundo, resolveu investir no clube de São Petersburgo e está no Zenit desde 2005.
Desde então, o clube se consolidou no cenário russo como um grande campeão e está disputando a Liga dos Campeões com mais frequência. Por conseguinte, são sete títulos da Liga Russa, três taças da Copa da Rússia e seis Supercopas do país, além da Copa da UEFA, a atual Europa League, de 2007/08. Esse é o grande triunfo continental do Zenit.
Devido a este investimento, o Zenit chega nesta Champions League com o desejo de alcançar as Oitavas de Final pela quarta vez na sua história ou até mesmo sonhando com uma inédita classificação às quartas. A tentativa do time é surpreender os clubes mais fortes do Grupo H, Chelsea e Juventus, já que o Malmö tende a ser o quarto colocado.
O desempenho nas competições
A princípio o desejo do Zenit é ir bem na UEFA Champions League de 2021/22 por duas razões: para conseguir façanhas históricas, como citado anteriormente, e para apagar o terrível desempenho da última temporada. Em um grupo com Borussia Dortmund, Club Brugge e Lazio, o Zenit fez apenas um ponto e terminou em último, ficando fora de qualquer competição europeia em 2020/21. Por isso, o clube é cobrado por um desempenho melhor na temporada.
Em contrapartida às atuações vergonhosas em âmbito internacional, o time de São Petersburgo segue dominante nacionalmente. Com o tricampeonato da Liga Russa, o Zenit é a equipe a ser batida dentro do país. Na última temporada, o clube teve o melhor ataque, a melhor defesa e perdeu só três vezes na competição, terminando oito pontos à frente do Spartak Moscou.
Além disso, o Zenit começou a atual temporada em alto nível. O clube está na liderança do torneio com 17 pontos em sete jogos. Ou seja, ainda não perdeu em 21/22. Obviamente, a estreia na Champions, frente ao Chelsea, é o primeiro grande desafio do time, mas não faltará confiança para os russos.
A grande questão que preocupa os torcedores do Zenit é a defesa: o time foi vazado em seis das sete partidas da temporada. Nesse sentido, mesmo vencendo, a equipe se mostra vulnerável defensivamente e encontrará Romelu Lukaku e companhia…
Histórico do confronto
Tradicionalmente, em todas as edições do “Como Joga”, o retrospecto do Chelsea contra o adversário. No entanto, é impossível detalhar o histórico entre os Blues e o Zenit, visto que os times nunca se enfrentaram.
Porém, é claro que, mesmo com o confronto inédito, o time inglês possui história frente aos russos nas competições europeias. E os números são bem vantajosos para o Chelsea: em oito partidas contra equipes da Rússia – CSKA, Krasnodar, Rubin Kazan e Spartak Moscou -, os Blues venceram seis vezes, houve um empate – frente ao Krasnodar em 2020 – e uma derrota – contra o Rubin Kazan em 2013.
Entretanto ao final daquela partida, mesmo com o revés, o time inglês comemorou porque se classificou, visto que havia vencido a primeira partida. Ou seja, foi uma derrota com sabor de vitória.
Uma curiosidade é que as últimas duas vezes que o Chelsea enfrentou clubes russos, em 2012/13 e em 2020/21, o time saiu do torneio como campeão continental. Na penúltima vez, o Rubin Kazan foi o adversário e o time blue ergueu a taça da Europa League. Já na última temporada, o adversário foi o Krasnodar, na fase de grupos, e os Blues foram campeões.
Vídeo da ótima vitória do Chelsea em 28 de outubro de 2020 contra o Krasnodar.
Jogo anterior
Obviamente, como os rivais desta semana nunca se enfrentaram, não existe um jogo anterior entre Chelsea e Zenit. Por isso, se faz necessário relembrar como foi a estreia do Chelsea nas duas campanhas que venceu a Champions League: em 2011/12 e em 2020/21.
Na campanha do primeiro título, o Chelsea estreou em 13 de setembro de 2011, há exatamente 10 anos e um dia antes da estreia desta temporada. Naquela ocasião, o adversário foi o Bayer Leverkusen. Em suma, os Blues venceram em casa, por 2 a 0 graças aos gols de David Luiz e Juan Mata.
Já na temporada passada, os Blues também estrearam como mandante. Contudo, sem vitória. O Chelsea duelou com o Sevilla e o jogo ficou empatado por 0 a 0. O curioso é que, na casa do time espanhol, os ingleses venceram por 4 a 0.
Portanto, nas duas estreias que levaram ao título, o time conseguiu resultados diferentes, porém duas semelhanças chamam a atenção: não sofreu gols em nenhuma das partidas e o placar do primeiro tempo, em ambas as estreias, terminou zerado. Acontecerá novamente?
Como joga?
Com poucos jogos em no mais alto nível europeu, existem possibilidades variadas do Zenit entrar em campo, visto que a postura pode seguir a mesma – ofensiva e com a tentativa de dominar a partida – da Liga Russa. No entanto, por causa do desnível, a tendência é uma mudança de postura – mais defensiva, onde o clube irá esperar o adversário.
E é neste ponto que o Zenit deve querer evoluir. Na última participação na Champions League, o time teve menos posse e finalização em quatro de seis partidas, ou seja, não conseguiu se impor e acabou fazendo só um ponto. Por outro lado, nacionalmente, como é possível ver no início desse ano – cinco de sete jogos finalizando e com mais posse de bola que o rival -, o Zenit joga para cima.
Ao mudar esta ideia de jogo logo na Champions League, o treinador Sergei Semak assumiu um risco muito grande na última temporada e enfrentou as consequências. No entanto, o comandante tem qualidade para mudar o time do Zenit para 2021/22.
Semak foi pentacampeão da liga nacional como jogador e já conquistou três vezes a mesma competição como treinador do Zenit, em três temporadas: ele “chama títulos”. É certo que o vitorioso comandante está motivando os seus atletas para vencer o atual campeão da Champions na estreia. O Chelsea deve ficar atento.
Os brasileiros
O Zenit conta com uma legião de promissores brasileiros, mas quase teve que enfrentar o Chelsea sem dois atletas. Por causa da proibição da FIFA, a qual tinha sido pedido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os jogadores da Seleção Brasileira que não tivessem se apresentado estariam banidos por algumas dias e ficariam de fora deste confronto.
No entanto, depois de um acordo, a CBF retirou o pedido e os jogadores poderão entrar em campo, assim como Thiago Silva entrou no fim de semana e pode jogar contra o Zenit.
No caso do time russo, Claudinho e Malcom seriam proibidos por causa disso. Mas, felizmente, para os campeões olímpicos, eles poderão enfrentar o Chelsea. Os dois jogadores ganharam a medalha de ouro em Tóquio. Contudo apenas Malcom está ambientado ao Zenit, visto que está no clube desde 2019.
Ademais, o meio-campista Claudinho chegou do Brasil nesta janela de transferências e irá estrear na maior competição de clubes do mundo.
Os outros dois brasileiros que fazem parte deste conjunto que está à disposição do Zenit são Douglas Santos e Wendel. Douglas, o lateral-esquerdo, teve uma boa passagem pelo Atlético Mineiro entre 2014 e 2016 e está na Rússia desde 2019. Já o volante Wendel, que deixou o Fluminense e foi para o Sporting em 2018, está no clube de São Petersburgo desde de 2020. Todos são bons jogadores e com potencial.
Os jogadores
Com o tradicional 4-4-2 de Sergey Semak, o Zenit começa a sua formação com o goleiro Stanislav Kritsyuk, arqueiro russo de 30 anos que estava no futebol português até o fim de agosto. Nas laterais, Aleksei Sutormin é um ala que participa menos das jogadas ofensivas, dando liberdade ao ala-esquerda brasileiro. Douglas Santos apoia muito e se aproxima do meio-campista central e do meia-esquerda, formando um triângulo perigoso.

Na zaga, o defensor canhoto Yaroslav Rakitskiy, atua, obviamente, pela esquerda, enquanto o experiente Dejan Lovren fica responsável pelo lado direito e pela liderança do time, visto que o campeão europeu pelo Liverpool é o capitão do time – ambos os zagueiros do Zenit possuem 32 anos e não são tão rápidos. Ou seja, Tuchel deve estar pensando em como explorar isso.
No centro do meio-campo, as escolhas de Semak tendem a ser Daler Kuzyaev, meia russa de 28 anos que se movimenta bastante, e Aleksandr Erokhin, jogador que chega mais na área e está tentando se encaixar com as novidades do Zenit. Com a chegada de Claudinho, ex-RB Bragantino, onde foi artilheiro do Brasileirão e com a permanência do camisa 10, Malcom, o técnico do Zenit conta com dois pontas definidos e ainda com a dupla de ataque bem qualificada.
Assim, Erokhin é uma peça que está tentando se adaptar para “sobreviver”. O volante brasileiro é uma ótima opção para começar. Já o ataque é formado pelo iraniano Sardar Azmoun e o artilheiro russo Artem Dzyuba, uma dupla que “fede a gols”.
A escalação
A questão é que o esquema com os dois pontas e os dois atacantes fica bem ofensivo, podendo assim dar muitas brechas ao forte time do Chelsea. Por isso, Sergei Semak pode optar por tirar Dzyuba, adiantar Claudinho, abrir Erokhin e centralizar Wendel, ao lado de Kurzyaev, já que o volante colombiano Barrios está lesionado.
Em conclusão, Sergei Semak deve segurar o jogo e esconder a escalação até o último minuto. A tendência é que o time entre em campo com Kritsyuk; Sutormin, Lovren, Rakitskiy, Santos; Malcom, Erokhin, Kuzyaev, Claudinho; Dzyuba, Azmoun, sendo Wendel o possível substituto para várias peças ofensivas como Dzyuba, Azmoun ou Erokhin.