Análise tática: Servette FCCF 0 x 7 Chelsea Women – vitória tranquila para dar confiança

Na última terça-feira (9), o Chelsea viajou para Genebra para enfrentar o Servette. O jogo válido pela 3ª rodada da UEFA Women’s Champions League terminou com a vitória das Blues pelo placar de 7-0.

Na outra partida do grupo A, Juventus e Wolfsburg empataram em 2-2. Dessa forma, as Blues assumiram a liderança do grupo com sete pontos conquistados. Mais que isso, o placar elástico da vitória contra as suíças elevou de forma considerável o saldo de gols da equipe, que agora é de oito gols.

Do início ao fim, o time londrino impôs seu ritmo de jogo e logo de cara colheram os frutos. Ainda em início de temporada e mesmo com desfalques e jogadoras retornando de lesão, as comandadas de Emma Hayes demonstraram seu poder de ataque. Assim como conseguiram evitar que a defesa fosse vazada.

Assim, após pouco mais de uma semana, Servette e Chelsea se encontrarão novamente. Desta vez, em Kingsmeadow, nesta quinta-feira (18) às 17h (horário de Brasília). Mais uma vez a transmissão será pelo Youtube da DAZN.

Por causa dessa proximidade entre os confrontos, o Chelsea Brasil deixará aqui o “Como joga” feito para o último jogo entre as equipes. Logo, neste “Análise Tática” aspectos chave do encontro do fim de outubro serão apontados para ajudar ainda mais na leitura do jogo das adversárias. Bem como serão destacadas as expectativas e as possíveis escalações para o jogo deste fim de semana.

Algumas surpresas na escalação

Emma Hayes manteve a sua formação preferida nesta temporada, o 3-4-3. No entanto, a escalação teve algumas surpresas. Pernille Harder seguiu fora, ainda em recuperação da lesão que sofreu ainda na data FIFA. Além disso, Aniek Nouwen ficou de fora por precaução. Assim o Chelsea entrou em campo com:

Reprodução: UEFA

Do outro lado, o técnico Eric Sévérac escalou o Servette em um 4-3-3 com Jade Boho comandando o ataque. Assim, o time teria a grande missão de tentar impedir as movimentações entre as jogadoras ofensivas do Chelsea. Ao mesmo tempo que possibilitaria a saída para um eventual contra-ataque.

Reprodução: UEFA

O Chelsea não teve sustos ao longo da partida. Mesmo quando o Servette conseguiu finalizar não levou perigo à meta defendida por Ann-Katrin Berger. Por outro lado, as Blues se aproveitaram de sua qualidade e experiência para garantir uma vitória por um placar elástico ainda no primeiro tempo. Assim, precisando apenas controlar o jogo em um ritmo não tão acelerado na etapa complementar.

Domínio absoluto

Desde o apito inicial, as Blues souberam impor seu ritmo de jogo e controlar a partida. Com Erin Cuthbert e Guro Reiten nas alas, o Chelsea buscou espaçar o campo e explorar saídas rápidas pelas laterais. Sobretudo, buscando se aproveitar da marcação alta do Servette. Além disso, o time suíço compactou suas linhas de marcação na faixa central do campo, o que favoreceu ainda mais as descidas pelas laterais, como mostra o frame abaixo:

Na jogada do primeiro gol das Blues essa situação ficou bastante evidente:

Explorando os contra-ataques

Apesar de conseguir construir bem ao longo da partida, as Blues também se aproveitaram de descidas ofensivas originadas de contra-ataque. Grande parte das vezes, elas foram iniciadas ainda na intermediária do campo de defesa das Blues – seja com roubadas de bola ou interceptações de passe.

Dessa forma, as meio-campistas e atacantes foram essenciais para distribuir as jogadas de forma rápida. Tanto pelo meio do campo, como no lance abaixo:

Como pelas laterais do campo. O que aconteceu em seguida, no lance da construção do terceiro gol do Chelsea:

O quatro gol das Blues pôs em evidência a característica defensiva da equipe suíça de marcar mais em cima dos lances. No entanto, ao mesmo tempo que tentam marcam em cima não pressionam muito. Assim, as jogadoras do Chelsea ainda tem um pouco de liberdade para realizar passes ou pensar opções de jogada:

Marcação-pressão como arma

Uma das grandes marcas do Chelsea de Emma Hayes são as linhas altas de marcação. Mais ainda, a pressão das atacantes para pressionar as defensoras adversárias na tentativa de roubar a bola perto do gol. Assim, mesmo com o placar ampliado, foi isso que as Blues fizeram:

Para fechar o placar da etapa inicial em 6-0, as Blues combinaram o contra-ataque com a marcação pressão. Bem como deram sorte com a falha das defensoras do Servette. Em outras palavras, Jess Carter conseguiu afastar uma tentativa de bola enfiada para o ataque do time suíço. Nesse sentido, a cabeçada que Jess deu chegou até intermediária do campo de ataque do Chelsea.

Enquanto duas defensoras do Servette se atrapalharam tentando afastar a bola, Fran Kirby seguiu acompanhando a jogada e ficou com a sobra da bola. Por outro lado, se as defensoras Grenás não tivessem se atrapalhado, a camisa 14 do Chelsea conseguiria dar sequência na marcação da jogada.

Qualidade e entrosamento como diferenciais

Durante a os jogos iniciais desta temporada, o trio de frente – Kirby, Kerr e Harder – tem mostrado ainda mais entrosamento após jogarem uma temporada juntas. Além disso, as três atacantes estão na lista das melhores do mundo, principalmente por suas qualidades de jogo. Tanto em termos de finalização como de controle de posse e de construção de jogadas. Por esse motivo, o trio consegue se movimentar bem entre si, confundindo a marcação adversária.

No último encontro contra o Servette, no entanto, Harder estava fora. Só que Fleming entrou em seu lugar e conseguiu fazer a função da dinamarquesa de forma impressionante. A camisa 17 das Blues se movimentou bastante, contribuiu diretamente para a ofensividade do time e ainda demonstrou qualidade ao marcar o belo gol que marcou.

Da mesma forma, as meio campistas foram essenciais nos mesmos aspectos – movimentação, controle de posse e ofensividade. Por isso, não apenas a qualidade individual das jogadoras e a profundidade do elenco das Blues foram diferenciais. Como também o entrosamento do time, que encaixou bem durante o jogo. Por exemplo, nos frames abaixo que levaram ao quinto gol do Chelsea:

O último gol do Chelsea também é um indicativo do quanto o elenco pode contar tanto com a individualidade como com o coletivo. Melanie Leupolz intercepta um passe das Grenás e logo conecta com sua parceira de meio de campo, que continua a jogada:

O que esperar da partida em Kingsmeadow

Agora jogando em casa, é bem provável que Emma Hayes escale o time de forma ofensiva. À princípio, pois é o estilo de jogo que a treinadora das Blues aprecia. Em segundo lugar, pois abrir saldo de gols nesta fase de grupos é essencial. Enfim, o resultado final – dependendo do que acontecer no confronto entre Wolfsburg e Juventus – pode sacramentar a classificação do Chelsea para as quartas de final.

Além disso, com três dias de descanso e sem a necessidade de viajar longas distâncias, as jogadoras terão tempo para se recuperarem e descansarem visando o jogo contra o Servette. O time suíço, por sua vez, entrará em campo buscando os três pontos. Caso contrário, sair de Londres com a derrota sacramentaria a eliminação das Grenás da UWCL. No momento, o Servette ocupa a 4ª e última colocação do grupo A com nenhum ponto conquistado em três partidas. Além disso, o time ainda não conseguiu marcar gols. Enquanto, por outro lado, sofreu 15 gols.

A expectativa é que ambas as equipes possam contar com seus times completos para o confronto. Porém, é possível que Emma Hayes misture um pouco o time por conta do confronto contra o Birmingham City pela FA Women’s Super League no domingo (21). Éric Sévérac, por sua vez, deve ir com força máxima para enfrentar o Chelsea e talvez garantir sobrevida na competição europeia.

Chaves para o Chelsea

Em suma, ofensividade e consistência defensiva. Primeiramente, na defesa, garantir mais um clean sheet é essencial para o time. Não somente pela questão de ampliar o saldo de gols, mas também para a sequência da temporada. Após um início em que a última linha com três zagueira foi criticado e questionado, parece que as jogadoras estão entendendo melhor o funcionamento do sistema. Com isso, o time vai se desenvolvendo em conjunto e elevando seu aproveitamento nas outras competições – mais notadamente a FA WSL.

Diante da possibilidade de o Servette se abrir para tentar marcar gols, ainda mais espaços poderão aparecer na defesa da equipe suíça. Portanto, as Blues têm que ser clínicas nas finalizações e aproveitá-las da melhor forma possível. Por exemplo, no jogo de ida, foram seis gols no primeiro tempo enquanto apenas um foi marcado no segundo tempo. Mesmo com o domínio da partida permanecendo na mão do Chelsea. Logo, jogando em casa, o time precisa aproveitar ainda mais as chances que aparecerem.

Por fim, no meio campo, a equipe deve seguir o mesmo comportamento do jogo anterior. Batalhar pela posse de bola e controlar essa posse, uma vez que ela for do Chelsea. Além disso, é indispensável que as alas meio-campistas sejam utilizadas, em especial nos escapes em velocidade. Mas também, no apoio à jogadas.

Prováveis escalações

Servette (4-2-3-1): Pereira; FleuryHurni, Spälti e Soulard; Tufo e Lagonia; Padilla, Nakkach e Tamplin; Boho.

Chelsea (3-4-3): MusovicBrightNouwen (Carter) e ErikssonCuthbertLeupolzIngle e ReitenKirbyKerr e Harder (Fleming).

Category: Conteúdos Especiais

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Article by: Nathalia Tavares