Análise Tática: Chelsea 1×0 Zenit – protocolar, sem brilho, mas com Lukaku

O Chelsea bateu o Zenit, em Stamford Bridge, na estreia da nova temporada da Champions League. Se a expectativa era de uma imposição digna de um atual campeão da competição, a atuação ficou abaixo do esperado.

A vitória simples, pelo placar mínimo, veio graças a Romelu Lukaku, que aproveitou uma das raras oportunidades que teve na partida. Mas quais fatores levaram à atuação apagada do Chelsea? A fim de entender isso, é hora da analisar a parte tática do jogo.

Lukaku decidiu para o Chelsea (Reprodução: Pen Media Inc)

Surpresa na escalação russa

Obviamente, era de se esperar que os visitantes viessem retraídos, mas o que surpreendeu foi a formação com três zagueiros. Sobretudo porque, nos oito jogos disputados pelo atual bicampeão russo nesta temporada, todos foram com linha de quatro na defesa.

Dessa forma, quando a escalação foi anunciada com Wilmar Barrios entre os titulares, imaginava-se um 4-1-4-1, com o colombiano sendo o volante entre as duas linhas de quatro.

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Na prática, entretanto, o que se viu foi Barrios fazendo o papel de zagueiro pela direita, compondo uma linha de cinco defensores em um 5-4-1. A ideia era espelhar o sistema do Chelsea na fase defensiva e conter as associações pelos lados.

O brasileiro Wendel formou dupla com Daler Kuzyaev na sustentação do meio-campo, com seus compatriotas Claudinho e Malcom pelos lados. O ex-meia do Red Bull Bragantino tinha liberdade para flutuar por todo o campo e era o responsável pela construção das jogadas, tentando abastecer o bom atacante Sardar Azmoun, jogador mais avançado da equipe.

Zenit atuou com um 5-4-1 bem definido (Reprodução: ShareMyTatics)

Pouca criatividade para furar o bloqueio

O Chelsea veio com seu 3-4-2-1 padrão, porém com Hakim Ziyech ocupando a vaga que é habitualmente de Kai Havertz.

De antemão, a sensação era de que o jogo seria resolvido com facilidade. Isso porque os primeiros minutos foram de absoluto domínio dos Blues, com muita imposição no campo de ataque e impedindo que o Zenit retivesse a bola.

Ao contrário da postura do Aston Villa no último sábado, por exemplo, os visitantes dessa vez marcavam com linhas baixas, sem incomodar a saída de bola do Chelsea, exercendo o primeiro combate somente depois do meio-campo.

Contudo, à medida em que o tempo passava, a estratégia de Sergej Semak, comandante da equipe russa, ia se mostrando eficiente. O Chelsea foi perdendo volume e forçava ligações com Lukaku, que tinha três zagueiros em seu encalço.

Zenit fechou bem os espaços por dentro (Reprodução: Getty Images)

Dessa forma, o Zenit conseguia retomar mais vezes a bola e, assim, buscava acionar Claudinho, que saía do lado esquerdo para se associar com Malcom, do lado oposto e tentar obter superioridade numérica no ataque.

Os russos, no entanto, esbarravam na solidez defensiva do Chelsea e, dessa forma, o primeiro tempo seguiu sem nenhuma chance de perigo para ambos os lados. O Chelsea tinha mais a bola – 64% a 36% –, mas de forma estéril, concentrada no meio-campo e sem conseguir agredir no último terço adversário.

Mapa de posicionamento mostra como o Chelsea (em preto) tinha dificuldade de conectar o meio com o ataque e afunilava as jogadas (Reprodução: Sky Sports)

Segundo tempo parecido, mas Lukaku fez diferente

Na volta do intervalo, a expectativa era pela entrada de Havertz, mas Tuchel voltou com o mesmo time. Analogamente, a configuração do segundo tempo permaneceu inalterada por boa parte do período.

Foi aos 63 minutos que o jogo passou a ter alguma perspectiva de mudança. Em suma, Tuchel enfim resolveu lançar mão de Havertz no lugar de Ziyech, o que trouxe um pouco mais de controle no campo de ataque.

Ainda era pouco para de fato ameaçar o Zenit, que seguia com sua linha de cinco posicionada, mas o camisa 29 do Chelsea gerava mais jogo, o que fez com que os russos se retraíssem ainda mais, na intenção de fechar as linhas de passe por dentro.

Se a entrada da área estava ainda mais congestionada, isso significava que os zagueiros azuis teriam, também, mais liberdade. E foi em um desses momentos que César Azpilicueta recebeu na intermediária ofensiva e fez um cruzamento primoroso na cabeça de Lukaku. O atacante subiu entre dois defensores russos e testou firme para o fundo do gol. Típico gol de camisa 9, tudo o que o Chelsea buscava ao investir no belga.

Cabeçada firme de Lukaku deu vitória ao Chelsea (Reprodução Sky Sports)

Tentativa tardia de reação russa

Logo após o gol, Semak fez mudanças em seu time. A principal delas foi a entrada de Artem Dzyuba, centroavante que costuma ser titular da equipe, no lugar de Malcom. A troca desfez a linha de quatro no meio e o Zenit ficou com dois atacantes de referência; Claudinho passou a ser terceiro homem de meio-campo em um 5-3-2.

O Zenit ainda criou uma boa chance em trama entre seus dois atacantes, no entanto não foi suficiente para furar o bloqueio do Chelsea, que passou a controlar o jogo com a posse e ainda teve a oportunidade de matar o duelo no contra-ataque, mas não aproveitou.

Números finais mostram domínio da posse, mas pouca efetividade – apenas dois chutes no alvo (Reprodução: BBC Sport)

Em síntese, os atuais campeões europeus iniciaram sua trajetória na Champions League 21/22 com vitória, mas sabem que é preciso melhorar o nível de seu jogo nos próximos compromissos para tentar o tricampeonato do continente.

Category: Conteúdos Especiais

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Article by: Marcelo Vilela