No final de março, o banco norte-americano Raine escolheu as propostas que seguiriam no processo para comprar o Chelsea. Nesse sentido, o consórcio liderado pela família Ricketts foi um dos grupos selecionados. Mesmo antes da resposta do banco, os donos do Chicago Cubs já eram alvo de insatisfações e protestos por parte da torcida. Especialmente por conta de comentários preconceituosos, não só aqueles que foram vazados há alguns anos, mas também aqueles que seguem sendo proferidos por membros da família nas redes sociais.
Apesar do posicionamento e das manifestações da torcida contrárias à compra do Chelsea pelos americanos, eles seguem fortalecendo seu consórcio. Logo, na mesma semana que o Chelsea Supporters’ Trust (CST) realizou uma pesquisa para saber a opinião dos torcedores sobre a possibilidade da família se tornar dona do Chelsea, os Ricketts combinaram forças mais um rico do mundo esportivo americano. Então, tudo isso dará muito o que falar até o dia 11 deste mês, prazo do Raine para que os interessados nos Blues enviem suas propostas finais.
Grande parte da torcida diz não aos Ricketts
O CST consultou seus membros em relação a suas opiniões sobre os norte-americanos. Em outras palavras, a organização de torcedores queria saber se seus membros têm confiança que os Ricketts poderão administrar o clube com inclusividade e sucesso. Da mesma forma, perguntaram se seus membros apoiavam a proposta do consórcio liderado pela família. Vale ressaltar, acima de tudo, que a pesquisa realizada se baseou nas informações que estão disponíveis ao público.
Assim, a torcida deu sua opinião de forma contundente. De acordo com a pesquisa, 72% daqueles que responderam não tem confiança no fato de que a família Ricketts promoveria um gestão inclusiva e de sucesso. Enquanto apenas 5% afirmaram que tem confiança. Seguindo a lógica, 77% respondeu que não apoia a proposta da família para comprar o Chelsea. Por outro lado, 3% dão apoio à proposta do consórcio.
Dessa forma, o grupo de torcedores busca chamar a atenção do Conselho do clube que, no final das contas, tomará a decisão final sobre quem será o novo proprietário dos Blues.
Protestos em Stamford Bridge
Antes da partida contra o Brentford, alguns torcedores Blues protestaram contra uma possível administração da família Ricketts. Um grupo de 50 a 100 torcedores se mobilizou em frente a Stamford Bridge e reforçou a posição contrária às posturas e comentários intolerantes feitos por membros da família.
O protesto do lado de fora do estádio é a mais direta demonstração da torcida em relação ao consórcio. Antes disso, houve a mobilização pela ‘#NoToRicketts’ no Twitter. Igualmente, houve a organização de uma petição, que já foi assinada por mais de 21 mil pessoas, para impedir que os Ricketts sejam os novos proprietários do Chelsea.
Respostas e mudanças
Diante de todas as demonstrações, a família Ricketts está buscando o diálogo com grupos de torcedores do Chelsea. Logo, os norte-americanos se reuniram com alguns grupos e receberam feedbacks em relação às expectativas e desejos da torcida para o futuro do time de Stamford Bridge.
Nesse sentido, os donos do Chicago Cubs publicaram, neste domingo (3), um plano de compromisso de oito pontos para com o clube londrino:
- Não realizar mudanças no nome, no escudo e nas cores do Chelsea sem o consentimento dos torcedores;
- Jamais participar de um Super Liga Europeia e sempre proteger a integridade e a herança do Chelsea FC;
- Utilizar todos os recursos necessários para que o clube possa seguir conquistando troféus, incluindo investimentos na equipe, em lideranças experientes no futebol e na academia;
- Defender a diversidade e inclusão e lutar contra qualquer forma de discriminação e desigualdade;
- Estabelecer um Comitê Consultivo com representação diversa para garantir que as decisões sejam informadas por: um ex-jogador(a) dos times masculino e feminino, membros do Chelsea Suporters’ Trust e do Chelsea Pitch Owners e outras lideranças influentes an comunidade;
- Explorar todas as opções para reconstruir Stamford Bridge e fazer tudo para seguir jogando no estádio;
- Seguir investindo na equipe feminina e aumentar o número de partidas do Chelsea Women em Stamford Bridge;
- Seguir com os trabalhos da Chelsea Foundation, buscando utilizar o poder do futebol e do esporte para motivar, educar e inspirar.
Sem dúvidas, esses esforços são uma forma de conquistar o apoio de torcida, buscando se afastar dos aspectos negativos do passado e focar tanto na experiência de sucesso esportivo com os Cubs como nas promessas para que, no futuro, os Blues sigam no topo. Porém, a resistência por parte da torcida não será facilmente quebrada.
Nova adição ao consórcio
Juntamente com os compromissos estabelecidos, os Ricketts anunciaram uma novidade no fim de semana.
Além da família dona dos Cubs, o consórcio inicial contava com a participação do CEO do grupo Citadel, Ken Griffin. No entanto, tornou-se público que o Rock Entertainment Group (REC) se juntou ao consórcio dos Ricketts. O REC, que é dono da franquia da NBA do Cleveland Cavaliers, é liderado por Dan Gilbert, que tem fortuna estimada em 31 bilhões de dólares. Ou seja, cerca de 23.5 milhões de libras.
Ainda não se sabe o nível de investimento por parte de Gilbert, no sentido de que não há certeza sobre quem será o maior acionista do Chelsea caso o consórcio venha a ser o novo proprietário dos londrinos. Em outras palavras, existe a possibilidade de que a família, nem mesmo, seja a acionista majoritária na proposta.
Apesar de todos os movimentos que a família vêm realizando para se aproximar da torcida do Chelsea, ainda não é suficiente por parte dos Ricketts. E muito provavelmente nunca será. Pelo menos do ponto de vista dos torcedores que buscarão reforçar, a todo o tempo e com razão, que qualquer preconceito não é bem-vindo no clube.
Portanto, os próximos dias trarão muitas movimentações. Tanto da torcida como dos consórcios, para além dos Ricketts. Sem dúvidas, todos agirão para fazer valer o seu interesse – mais uma vez ressaltando, que o Conselho do Chelsea que terá a palavra final. Por um lado, os consórcios buscarão se fortalecer para conseguirem comprar o clube. Por outro, os torcedores demandarão por donos que se posicionem em concordância com os valores do clube e que mantenham os Blues na primeira prateleira do futebol mundial.