A tradição recente de pedra no sapato do Chelsea foi confirmada pelo West Ham no jogo que fechou a 32ª rodada da Premier League. Apesar das tentativas de Willian, que marcou duas vezes, e Christian Pulisic, os Hammers venceram por 3-2. Aproveitando três falhas do sistema defensivo dos Blues, os anfitriões seguem vivos na luta contra o rebaixamento. Já os azuis de Londres perderam a chance de tomar a terceira colocação do Leicester. Além disso, já enxergam pelo retrovisor Manchester United e Tottenham a somente dois pontos.
Primeiro tempo de posse, mas sem grandes chances
Como de costume, o Chelsea dominou as ações ofensivas na primeira etapa. Entretanto, os Blues não conseguiram converter a posse de bola em chances. Com o retorno de Mateo Kovacic ao time, a ineficácia ofensiva de N’golo Kanté foi atenuada. Assim, até a intermediária o time visitante conseguia desenvolver o jogo com facilidade, parando na zaga.
Apesar do domínio, foram os anfitriões que chegaram primeiro aos 34 minutos com gol corretamente anulado de Soucek por impedimento. O lance já demonstrava a repetição das mesmas falhas defensivas de toda a temporada. A bola aérea foi um dos pesadelos de um Chelsea que já tomou 44 gols na época, mais do que 12 times da Premier League.
Porém, após ótima jogada de Pulisic pela esquerda, Issa Diop acabou derrubando o norte-americano dentro da área. Então, aos 42 minutos, Willian deslocou bem o goleiro e colocou o Chelsea à frente do placar. O brasileiro marcou pela segunda partida consecutiva por meio da penalidade máxima.
O Chelsea continuava oferecendo bolas aéreas ao adversário apesar da posse de bola. Assim, nos acréscimos do primeiro tempo, Antonio Rudiger concedeu escanteio em falha no corte da jogada. Jarrod Bowen, que deu trabalho o jogo inteiro, cobrou novamente na cabeça de Tomas Soucek que subiu muito mais alto que Cesar Azpilicueta e aproveitou a indecisão de Kepa para sair do gol – atrapalhado por Kanté – para igualar o marcador.
Segundo tempo e o apagão
O Chelsea voltou para o segundo tempo determinado a recomeçar a trilha ofensiva que havia levado ao seu primeiro gol. Os Blues só não contavam com outra falha coletiva do sistema defensivo. Logo aos seis minutos, Antonio recebe trombada na entrada da área mas consegue abrir o jogo pela direita para Bowen. O meia ganhou facilmente de Alonso e novamente cruzou, desta vez rasteiro, para Antonio. O inglês apareceu sozinho atrás dos dois zagueiros no meio da área e completou para as redes.
Após a virada os Blues se desestruturaram completamente em campo. Além disso, as mudanças feitas por Lampard surtiram pouco ou nenhum efeito na partida. Entraram Mount, Loftus-Cheek e Giroud no lugar de Kovacic, Barkley e Abraham, mas os problemas na criação pioraram. Na única boa jogada da segunda etapa, Pulisic fez fila e foi derrubado perto da grande área por Rice, que recebeu amarelo. Assim, em bela cobrança de falta, Willian marcou seu 62º gol com a camisa dos Blues.
Somente 17 minutos depois, aos 89’ de jogo, Kanté sobe para tentar ganhar de cabeça na entrada da área adversária e o contra-ataque dos Hammers se inicia. Com boa proteção, Antonio recebe pela esquerda, se livra de Christensen e tabela para, em seguida, descolar bom lançamento para Yarmolenko. O ucraniano teve o corredor direito do ataque livre e só teve o trabalho de cortar para o meio para se livrar de Rudiger e chutar no canto direito de Kepa.
O que foi aprendido
Os mesmos problemas existentes antes da parada devido ao Covid-19 ainda continuam presentes. As falhas coletivas do sistema defensivo em bolas cruzadas para a área – altas ou rasteiras – e a falta de um lateral esquerdo em boa fase são convites para todos os adversários explorarem. Além disso, a falta de criatividade ofensiva no último terço impossibilita a variedade na hora de chegar à meta adversária, facilitando o combate.
Outro ponto a ser destacado é a completa inutilidade de Kanté em um sistema que se propõe a jogar com a bola. Neste jogo, o francês atuou como dupla, primeiro com Kovacic e depois com Loftus-Cheek. Assim, no primeiro tempo o croata conseguiu disfarçar a inaptidão ofensiva do camisa 7. Mas, no segundo tempo, a sua incapacidade de conectar os setores do time ficou evidente quando o ainda sem ritmo camisa 12 entrou.
Willian e Pulisic novamente foram os destaques positivos do time. Portanto, foi por meio da dupla de pontas que os Blues criaram as suas melhores e únicas chances da partida. Além disso, foi após duas jogadas do norte-americano que o brasileiro deixou seus gols, um de pênalti e um de falta. O jovem camisa 22 confirmou a boa fase e se candidata a voos mais altos com a camisa azul. O brasileiro, por sua vez, dá cada vez mais motivos para ter seu contrato renovado.
Onde está Jorginho?
O ítalo-brasileiro foi mais uma vez ausência no gramado. Jorginho ainda não reestreou pelo Chelsea após o reinício das competições. Assim, o torcedor Blue se pergunta se o vice-capitão pode estar sendo negociado pelo clube. Outra possibilidade é a de “proteção” do próprio jogador, por motivos exclusivamente conhecidos pelo manager Lampard.
Portanto, resta a pergunta: será que Jorginho não seria uma melhor opção para o ineficiente ataque dos Blues? Ainda outro cenário, porém pouco provável, é o de que Jorginho não está 100% fisicamente nos treinos ou teve alguma rixa interna com o treinador. O fato é que, com o ítalo-brasileiro o Chelsea já tinha problemas. Sem ele, os problemas são ainda maiores.