Na última semana várias notícias diferentes surgiram em relação a jogadores das categorias de base dos Blues. Como sabemos, é fim de temporada, e com isso muitos contratos vão chegando a um fim, tanto no profissional quanto na base. Contudo, a situação dos atletas jovens do clube, que ainda não integram o grupo principal de atletas, não é tão discutida, por motivos óbvios.
A questão é que, como já discutimos à exaustão aqui no site, a base do Chelsea não é muito bem aproveitada em nível profissional, mesmo sendo considerada uma das melhores da Europa (não a toa venceu as duas últimas edições da UEFA Youth League), e até mesmo é considerada por especialistas como uma possível base para a Seleção Inglesa no futuro. Poucos jogadores dessa geração recheada de talentos são utilizados no time de cima e mesmo quando são, acabam tendo poucos minutos ou apenas recebem oportunidades em jogos menores.
E mesmo em uma temporada mediocre dos Blues esses jogadores não foram bem utilizados. Com o momento que vivemos, principalmente após a saída de José Mourinho, em que a temporada já era dada como perdida, talvez fosse momento de lançar mão destes talentos e utilizar esta meia temporada para dar rodagem e experiência a jogadores que podem ser uteis no futuro. Mas nem isso foi feito. Poucas chances foram dadas e apenas Ruben Loftus-Cheek e Bertrand Traoré ganharam alguns minutos, e mesmo assim poucos.
A perspectiva de ser aproveitado no elenco principal, mesmo tendo talento, se mostra cada vez menos provável para as joias da base do clube. Tanto é verdade que rumores tem apontado para a saída de vários prodígios de Cobham, por não verem no clube uma perspectiva de evolução. Esse assunto foi discutido recentemente aqui no site, com o interesse do Barcelona em Kenedy e Andreas Christensen e também pelo desejo do Arsenal por Charly Musonda, que, pressionando o clube, conseguiu um empréstimo para o Real Bétis, da Espanha, onde tem sido titular com boas atuações. Outro que também recebeu sondagens foi o defensor Ola Aina, que interessa a clubes como Arsenal, Liverpool e Borussia Dortmund, sendo que em ambos os clubes ele tem a promessa de jogar profissionalmente.
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A situação preocupada, pois cada vez mais cresce uma crença de que esta geração talentosa e promissora, que foi captada e talhada com extremo cuidado pelo clube, em um projeto de uma década, está a beira de ser desperdiçada.
Recentemente o jovem Charlie Colkett, de 19 anos, renovou seu contrato com o clube, assinando acordo profissional com duração de três temporadas. O jovem é um dos destaques no meio de campo azul e por várias vezes é capitão do principal time da base azul, além de integrar o Sub-21 da Seleção Inglesa. Contudo, na mesma semana, surgiram outras duas informações que deixam um ar de preocupação no torcedor azul.
A primeira é de que o jovem Kyle Scott, de 18 anos, visto também como uma grande promessa para o meio de campo azul, teria enviado, através de seu pai e agente, pedido de transferência para a diretoria do Chelsea. O fato teria ocorrido por dificuldades nas negociações sobre sua renovação de contrato, principalmente porque o jogador e seu pai não vêem muitas perspectivas para o jogador integrar o elenco principal do clube num futuro próximo, fato que eles acreditam que podem buscar em outro clube, dado ao talento do jogador, que defende as categorias de base da Seleção dos Estados Unidos.
Outra situação complicada é de Dominic Solanke, principal aposta dos Blues para o ataque. O jogador, de 18 anos, é um dos mais talentosos avançados da Inglaterra e mesmo com a idade defende o Sub-21 da Inglaterra e é titular no Vitesse nesta temporada, tendo marcado sete gols em 24 aparições pelo clube holandês. O Chelsea vem tentando renovar o contrato do atleta, mas tem encontrado impasses, o que já fez com que clubes como o Arsenal já sondassem o jogador para contar com seu futebol em breve.
É claro que a situação com ambos pode ser resolvida, mas a verdade é que caso o Chelsea perca estes talentos, um trabalho de mais de uma década realizado por uma enorme equipe montada por Roman Abramovich começará a ruir. O projeto foi brilhantemente elaborado para fornecer, em dez anos, jogadores de qualidade para o elenco azul, e é parte da política de autossustentabilidade projetada pelo proprietário russo.
A formação foi feita com maestria e estes jovens demonstram talento com as várias conquistas da base azul na Europa e na Inglaterra e com o bom futebol nas equipes para as quais são emprestados, veja os casos de Solanke, Patrick Bamford, Andreas Christensen e Nathan Aké, por exemplo. A questão é que o último, e fundamental, passo, que é integrar estes jogadores ao elenco principal do clube, não tem sido bem feita. O último a tentar isso, ironicamente, foi Rafa Benítez, que deu chances aos jogadores que a época despontavam na base, como Nathan Aké e Lucas Piazon.
Com José Mourinho e Guus Hiddink ficou a impressão de que a direção do clube forçava esta política no treinador mas que ambos não queriam muito que isto ocorressem. A esperança, a última, é que este assunto tenha sido debatido e colocado no planejamento para Antonio Conte no clube, pois, caso contrário, os próximos anos podem ser de enorme decepção para os torcedores azuis que, como nós, torcem para ver os talentosos nomes da base do Chelsea brilhando em campo, ao invés de ver o clube gastando, como sempre, milhões e milhões em jogadores médios, que acabam ocupando vagas que facilmente, e até de maneira melhor, poderiam ser preenchidas por nossas joias.