A Era Boehly começa a ser escrita com a definição suas prioridades

Enfim, na última segunda-feira (23), Todd Boehly recebeu a confirmação final do governo para assumir a administração do Chelsea. Além do governo, a Premier League e a União Europeia concordaram com a venda. Portanto, falta apenas que o clube faça o anúncio oficial – o que deve acontecer em breve.

Nesse sentido, o novo proprietário dos Blues já tem planos para a próxima temporada. Sendo o maior deles, sem dúvidas, levar o clube a voos mais e a mais conquistas. Sobretudo na Premier League, cujo último título dos londrinos foi na temporada 2016/17.

Logo, o foco, desde já, é diminuir – até eventualmente fechar – o gap que existe em relação a Liverpool e Manchester City. Assim, permitindo que o Chelsea compita de forma mais constante com essas equipes durante as 38 rodadas, o que vem sendo um problema recorrente nas últimas temporadas. Portanto, Boehly tem uma ambição, que é dividida com figuras importantes do clube, e com a conclusão da venda, poderá dar início aos seus planos.

Verba alta para as contratações no verão

A próxima janela de transferências abrirá no dia 17 de junho. Muito além de interesses de Thomas Tuchel em alguns jogadores (interesses que já vêm de algum tempo), agora, o time precisa de novas contratações. Isso porque muitos nomes já confirmaram que deixarão o clube enquanto outros ainda estão em processo de negociação.

Sendo assim, com uma janela movimentada prestes a começar, na quarta-feira (25), foi anunciado que Boehly proverá £200mi a Tuchel para realizar contratações. Esse valor, inclusive, pode aumentar dependendo das saídas. Enquanto nomes como Antönio Rüdiger e Andreas Christensen sairão como agentes livres, outros como Marcos Alonso ainda tem contrato. Portanto, com a venda de jogadores, os Blues podem ter ainda mais capital para contratar.

Igualmente, a saída de jogadores abre espaço para renegociar contratos que expirarão ao fim da próxima temporada, como é o caso de N’Golo Kanté e Jorginho – inclusive, o camisa 5 atrai interesse de clubes italianos e também pode estar de saída.

Da mesma forma, com espaço no orçamento salarial, será possível extender e melhorar os contratos de jogadores que se desenvolveram nas categorias de base do clube, como é o caso de Mason Mount e Reece James. Hoje, os ingleses são dois dos que menos recebem no elenco. Porém, sua importância do campo é das maiores. Por isso, e extensão e a valorização do contrato de ambos é uma das prioridades do novo proprietário.

Necessidade de recuperar o tempo perdido

Enquanto o Chelsea estava impossibilitado de funcionar plenamente, os outros clubes seguiram a pleno vapor. Em especial buscando se aproveitar das oportunidades que apareciam no mercado. Sendo assim, alguns bons nomes já tem destinos definidos e os Blues precisam correr atrás do prejuízo de não poderem ter iniciado negociações mais cedo.

Dessa forma, Tuchel não terá muito tempo de férias. Desde já, o alemão está trabalhando com os novos proprietários para traçar os planos do time. Tanto nas contratações como em relação à pré-temporada. Como o treinador da equipe principal masculina disse há algumas semanas, o elenco não será fortalecido, mas sim reformulado.

Durante todo o processo de venda, o alemão reforçou o compromisso com o clube e ganhou ainda mais reconhecimento da torcida por essa postura (Reprodução: Mohxmmad/Twitter)

Em outras palavras, para o início de um novo capítulo na história do clube, muitas mudanças deverão acontecer. Nesse sentido, corrigir alguns dos erros do passado será central para permitir um futuro ainda mais vencedor. E, por necessidade, Tuchel e Boehly terão a oportunidade de fazê-lo logo “de cara”.

Elenco inchado e repleto de incertezas

Hoje, o elenco de 26 jogadores do time principal masculino se mostra repleto de jogadores que não servem ao sistema do treinador ou não conseguiram se adaptar ao futebol inglês. Muitos deles, de forma mais específica, foram contratados por oportunidade de mercado muito mais que por necessidade. Desse modo, são muitos jogadores para uma mesma posição. Enquanto que outras posições são bastante carentes – acima de tudo em relação às peças de reposição.

Dentre os nomes do elenco atual, além de Rüdiger e Christensen, Saúl Níguez  é mais um nome que deixará Londres, com certeza, ao fim da temporada. Por outro lado, César Azpilicueta ainda é uma incógnita, porém, parece mais próximo de sair do que de ficar.

Marcos Alonso, Kepa Arrizabalaga, Timo Werner, Hakim Ziyech, Christian Pulisic e Kenedy também são nomes que podem estar de saída. Alonso, por exemplo, parece querer deixar o clube e retornar a Espanha e Kepa parece estar interessado em mais oportunidades de jogo – o que no Chelsea, com Edouard Mendy, será difícil. Enquanto os outros são reflexo direto do inchaço do elenco – nenhum dos quatro teve uma boa sequência e disputam a posição, muitas vezes, entre si.

Por fim, os novos proprietários terão que lidar com as situações contratuais de Kanté, Jorginho e de Romelu Lukaku. A questão do belga é por conta do tempo de jogo e sobre a expectativa de que o camisa 9 se torne uma peça central do elenco – vale lembrar que o contrato de Lukaku é válido até 2026.

Tuchel como a peça central

Apesar de muitos jogadores, com razão, desejarem tempo de jogo, quem deve decidir isso é o treinador. E cabe aos novos proprietários apoiar ao alemão nisso – o que parece estar acontecendo de forma cada vez mais declarada.

Em outras palavras, Tuchel e Boehly parecem estar de acordo com a cultura do Chelsea que, dentre muitos outros valores, é pautada em conquistas. Nesse sentido, pode ser que alguns nomes ditos, em suas chegadas, como grandes contratações possam deixar o clube. Até mesmo tendo alguns dos possíveis jogadores de saída jogado apenas duas ou três temporadas no clube.

No entanto, uma grande questão que se faz presente nos Blues e que é um dos fatores que separa-os dos Citizens e dos Reds é exatamente a formação do elenco. Os londrinos tem, hoje, um plantel formado por seis treinadores. O que se explica pelas inúmeras mudanças de comando enquanto Roman Abramovich esteve a frente dos Blues. Enquanto isso, City e Liverpool têm times formados, majoritariamente, por contratações feitas sob o comando de seus atuais treinadores – que estão em seus respectivos clubes há pelo menos cinco temporada.

Nesse sentido, Tuchel precisa buscar as peças que o satisfazem. Assim como deve buscar consolidar sua cultura no clube. Ele já tem o apoio daqueles que chegam para administrar o Chelsea. Mas também é necessário que o alemão consiga motivar o elenco a seguir desafiando e buscando a excelência em todos os níveis – algo que muitos ex-treinadores da equipe londrina não conseguiram fazer.

Em suma, o elenco atual tem jogadores que se mantém no clube há muito mais tempo que treinadores que já passaram. Para consolidar-se no topo a inconsistência no comando deve ser superada e o comandante atual segue dando indícios de que ele pode ser o nome para o presente e o futuro dos Blues.

Mais confiança diante das adversidades

Estar no comando de qualquer uma das equipes do Chelsea nos últimos meses não foi fácil. Com questionamentos constantes sobre a situação do clube e, mais ainda, sobre questões políticas que pouco (ou nada) tinham relacionadas às performances dos times.

Portanto, a forma como, em especial, o treinador da equipe masculina principal lidou com tudo isso chamou a atenção de Boehly, bem como de Daniel Finkelstein e Barbara Charone – dois outros membros do consórcio do americano e que são torcedores de longa data dos Blues. Essas três figuras, sobretudo, se impressionaram com a forma como Tuchel se comportou em meio a tudo isso, o que fez com que a confiança no alemão aumentasse.

Desse modo, o consórcio fará o possível para que o alemão – assim como Emma Hayes, no feminino, e Mark Robinson, no time de desenvolvimento – possa focar apenas no futebol. Não tendo que lidar constantemente com questões extracampo que fogem de seu controle.

O que já vimos e sabemos é animador

O americano e novo proprietário do Chelsea não é um estreante na indústria esportiva. O modelo e a administração dele no Los Angeles Dodgers traz muitos indícios sobre sua cultura, suas ambições e sobre o modo que ele trabalha para atingir seus objetivos.

Não é de se esperar muito diferente em relação aos Blues. Lógico, que haverá ressalvas visto que são realidades diferentes – em termos de competição e de esporte. Porém, a base das ideias de Boehly é um ótimo demonstrativo de sua fome por conquistas. O que, sem dúvidas, cruzará o Atlântico. Ou seja, da mesma forma que buscou recolocar os Dodgers entre os grandes nomes da MLB, ele procurará retornar o Chelsea ao topo do futebol inglês. Bem como permitir que o clube siga disputando no topo da Europa.

Sendo assim, da mesma forma que o americano confia em Tuchel, cabe a torcida depositar essa mesma confiança. E não apenas no alemão, mas também em relação a Boehly – e a Hayes e Robinson.

Todas as equipes do clube merecem seu destaque, seu reconhecimento e seu respeito. Por isso, é vital que o americano siga investindo na base e no futebol feminino da mesma forma. Assim como garanta o mesmo apoio e os mesmos investimentos – nas proporções devidas – para permitir o mesmo progresso nas categorias. Afinal, o Chelsea é um clube só e, como mostrou diversas vezes na história, almeja e pode chegar ao topo em todas as instâncias.

Category: Chelsea Football Club

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Article by: Nathalia Tavares