Opinião: Chelsea 1×3 Atlético de Madrid – Questões de Tempo

Fernando Torres marca, mas não garante a vitória dos Blues
Fernando Torres marca, mas não garante a vitória dos Blues

Em Stamford Bridge, o Chelsea hoje recebeu a equipe do Atlético de Madrid, em confronto que valia a última vaga na final da UEFA Champions League desse ano. Falho, o time de José Mourinho foi facilmente abatido pelos bem entrosados Colchoneros, que mesmo jogando longe de casa, ganharam pelo placar de 3 a 1.

O Chelsea começou a partida vivendo um dilema. Era necessário buscar o gol da vitória para garantir a classificação. Porém, partir para o ataque e expor a defesa era um risco muito grande, pois os Blues não tinham a regalia do gol fora de casa, e uma bola dentro das redes de Schwarzer mudaria toda a cara do confronto. Em boa jogada de Willian, Azpilicueta conseguiu cruzar para Fernando Torres abrir o placar. O atacante espanhol, que por respeito a seu antigo clube não comemorou seu feito, levantou a torcida azul e trouxe esperanças para sua equipe, mas as coisas não permaneceriam assim por muito tempo. Perto do fim da primeira etapa, em uma falha grotesca da defesa do Chelsea, onde a bola passou por três defensores blues, o Atlético igualou o placar com Adrian López, em um gol bobo, mas que mudou o rumo da partida.

O empate com gols dava a classificação ao time madrileno. Não restando outra opção, os Blues partiram para o ataque, buscando dar a volta por cima do revés sofrido no primeiro tempo. Porém, os 45 minutos finais foram cruéis com os donos da casa. Recém-colocado em campo, Samuel Eto’o acabou cometendo pênalti, que foi convertido por Diego Costa. Atrás no marcador, o Chelsea ficou nervoso, pois agora dois tentos eram necessários para que a vaga na final fosse alcançada. E foi no nervosismo da equipe londrina que o Atleti marcou o terceiro. Arda Turan chutou na trave, e o próprio turco pegou o rebote e novamente balançou as redes em Stamford Bridge. Abatidos, os Blues tentaram reagir, mas perdendo por dois gols e com pouco tempo no relógio, nada puderam fazer. A equipe de Mourinho estava em um dia apagado, defensiva e ofensivamente, e por tal, não conseguiu sequer esboçar uma reação. Fim de jogo, e com tal, chega também ao fim a participação do último time inglês na Champions League.  Chelsea 1, Atlético de Madrid 3.

Existem pontos e pontos no resultado de hoje. Alguns vão culpar José Mourinho, pelo esquema tático utilizado hoje ou por não ter buscado um gol no jogo de ida. Alguns vão culpar a defesa, alguns vão culpar o ataque, e só para não perder o costume, alguns vão culpar o Torres. Eu, particularmente, estou impressionado com o Chelsea. Mais que isso, estou impressionado com José Mourinho. Não me entendam mal, de forma alguma acho que fizemos uma boa partida hoje. Jogamos mal, e o Atleti mereceu a vitória. Nossa defesa foi falha sim, nosso ataque foi ineficiente, e não sei dizer ao certo se Mourinho acertou ou não no jogo hoje e/ou no primeiro confronto no Vicente Calderón. Continuo dizendo que nosso time é instável. Um dia damos aula de postura tática. No outro, parece que a equipe está perdida, sem nenhum plano de jogo visível.

Porém, estou falando agora do Chelsea de forma geral. Não apenas de hoje, mas de todo esse ano futebolístico. Considerem que essa é a primeira temporada de José Mourinho em sua volta ao comando da equipe londrina. Considerem também que essa é a primeira temporada de Schwarzer, Schürrle, Willian e Eto’o atuando pelos Blues. Considerem que é apenas o segundo ano de Hazard, Oscar e Azpilicueta jogando em Londres. Por fim, considerem que o elenco que foi campeão da Champions League, há dois anos, já não existe mais. Drogba, Kalou, Raúl Meireles, Bosingwa, Mata, todos já não vestem mais o manto azul. Não que todos esses jogadores fossem craques ou peças fundamentais do time do Chelsea naquela época (embora alguns inegavelmente tenham sido), mas eles tinham uma coisa que a equipe hoje não tem: consistência. Eram, a rigor, um time. Não apenas 11 atletas em campo, mas sim uma equipe, entrosada, que jogavam juntos há um bom período de tempo. O Chelsea hoje está ‘verde’, os jogadores e o técnico são recém-chegados ao clube inglês. O elenco que foi campeão da Europa foi totalmente desmembrado, e as peças remanescentes daquela conquista, quase todas se encontram hoje acima dos 30 anos. Torres, Cole, Lampard, Terry, Ivanovic, Cech, todos sendo pouco a pouco atingidos pela idade. Os Blues hoje são um time totalmente diferente. Um time novo.

Dito isso, vemos hoje o Chelsea com jogadores jovens e promissores, porém sem o tempo necessário para se tornarem uma verdadeira equipe. Vemos atletas experientes, mas que já não se encontram mais no auge de suas carreiras, alguns até vivendo o fim das mesmas. E com essa equipe, vimos José Mourinho chegando as semifinais da Champions League em seu primeiro ano de comando, com um time sem entrosamento algum. Vimos o treinador português praticamente perder a Premier League em jogos ditos como ‘fáceis’, mas é por uma única vitória que o Chelsea não é líder isolado da competição. Então, grosso modo, com todas as adversidades, estamos hoje no patamar dos 4 melhores times da Europa, e por um jogo não somos declarados campeões ingleses desse ano. Passamos por algumas performances ruins e outras excepcionais, oscilando de jogo para jogo, na tal instabilidade que sempre falo. Mesmo assim, atingimos marcas notáveis. Pelo menos ao meu ver, os Blues hoje estão muito, muito acima das expectativas que eu tinha no início dessa temporada.

Não dá para se ganhar tudo. Estou novamente insatisfeito com o desempenho da equipe hoje. Cahill falhou, Azpilicueta falhou, Ivanovic falhou, Schwarzer não foi bem, Ashley Cole foi inoperante, Ramires parecia perdido no meio de campo, e o ataque em geral foi ineficaz. Salvo alguns poucos jogadores, o time todo jogou mal. Porém, deve ser dito que enfrentamos um Atlético que vem de um planejamento de quase 4 anos. Um time que foi nomeado como a revelação da Europa dessa temporada, um time totalmente entrosado e com um forte espirito de equipe. E o enfrentamos com um elenco recém formado e totalmente desfalcado. Sem Cech, que é a maior segurança na defesa blue, sem Mikel, que mesmo tendo suas limitações, sempre executou uma função tática importante, sem a liderança e a experiência de Lampard. Com tudo isso, estou simplesmente impressionado com o quão longe chegaram José Mourinho e seus comandados. O técnico português operou verdadeiros milagres com o que teve nas mãos durante esse ano. A contratação de novos reforços se faz mais do que necessária para a próxima janela, com toda a certeza. O Chelsea precisa de nomes de peso, pois Hazard não pode ser a única estrela no elenco. E, mais que isso, precisamos de tempo. Tempo para amadurecer como equipe, como um time.

Hoje, nos despedimos da Champions League. Vendo somente o jogo dessa tarde, saímos de forma vergonhosa, perdendo em casa, jogando mal, derrotados diante da nossa torcida. Mas, sob uma perspectiva mais ampla, saímos não só da Champions, mas da temporada em si, com orgulho. O time muito provavelmente não levantará uma taça esse ano. Novamente, ficaremos no quase. Mas, diferente do ano passado, o Chelsea agora traz boas expectativas. O futuro passa a parecer promissor, e os Blues só têm a crescer daqui pra frente. Não foi dessa vez, mas o resultado final da temporada não é ruim. Agora, temos que levantar a cabeça e olhar para frente, pois coisas boas parecem estar por vir. Os ventos estão soprando a nosso favor, e dado nosso desempenho geral, no final das contas, as conquistas parecem ser apenas questão de tempo.
#GoBlues 

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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