Três gols sofridos em um jogo. A constatação assusta para um time que tem incontestavelmente o melhor sistema defensivo do mundo, mas foi o que aconteceu com o Chelsea no Estádio Olímpico de Londres. Com a derrota diante do West Ham, os Blues caíram para a terceira posição da Premier League.
A partida do Chelsea teve bons e maus momentos, mas as falhas individuais custaram o resultado. Enfim, para entender como se desenhou a derrota em Londres, é hora de ler o jogo.
Esquemas espelhados
Para a partida, o West Ham não pôde contar com o zagueiro Angelo Ogbonna e o lateral-esquerdo Aaron Cresswell.
A grande diferença, no entanto, foi estrutural. Isso porque os Hammers vieram em um 3-4-2-1 semelhante ao do Chelsea, abrindo mão de seu tradicional 4-2-3-1. Assim, Craig Dawson e Issa Diop formaram trio de zaga ao lado de Kurt Zouma. Já na substituição de Cresswell, a alternativa do técnico David Moyes foi deslocar Ben Johnson para a ala-esquerda e colocar Vladimír Coufal pela direita.
Já o Chelsea pôde contar com retornos importantes em seu onze inicial. Reece James e Jorginho, que foram ausências contra o Watford, retornaram para o dérbi londrino.
Mateo Kovacic, N’Golo Kanté e Ben Chilwell seguiram fora e ganharam a companhia de Trevoh Chalobah, que se lesionou contra o Watford. No lugar dele, Andreas Christensen assumiu a vaga na defesa. Por fim, o ataque foi formado por Mason Mount, Hakim Ziyech e Kai Havertz.
Falhas e golaço
De cara, o cenário já havia ficado claro: o West Ham entregaria a bola para o Chelsea. Assim, os primeiros minutos tiveram alto índice de posse a favor dos Blues, mas pouca produção ofensiva. Declan Rice e Tomáš Souček protegiam o setor central e dificultavam o trabalho de Jorginho e Ruben Loftus-Cheek.
Aos poucos o West Ham ia subindo a marcação e isso resultou em dois erros de Thiago Silva na saída de bola em um intervalo de dois minutos. O segundo dele, aos oito minutos de jogo, terminou em cabeçada de Souček.
Quando o relógio se aproximava dos 20 minutos, o Chelsea atingiu 80% de posse de bola, mas seguia sendo pouco efetivo. Então, aos 28, mais uma vez a bola parada decidiu ofensivamente para os Blues: Mount cruzou e Thiago Silva completou de cabeça para o gol, abrindo o placar para os Blues.
Contudo, em mais um erro dos visitantes na saída de bola, os Hammers chegaram ao gol de empate. Aos 38, Jorginho recuou na fogueira para Mendy, que também errou ao não se livrar rapidamente da bola e acabou cometendo pênalti em Jarrod Bowen. Manuel Lanzini converteu a cobrança e igualou o marcador.
Inicialmente, o ataque azul tinha pontas com os pés trocados, isto é, Ziyech, canhoto, atuando pela direita e Mount, destro, pela esquerda. Mas em determinados momentos a dupla invertia, com o objetivo de obter mais profundidade. E foi assim que, seis minutos mais tarde, o Chelsea já retomou a frente do placar com um gol espetacular de Mount. Ziyech, pela esquerda, deu lindo lançamento para o camisa 19 que, pela direita, pegou de primeira e chapou no canto de Łukasz Fabiański.
Os Hammers ainda tiveram a baixa de Ben Johnson, que sentiu e precisou ser substituído por Arthur Masuaku.
Perdendo as rédeas do jogo
O Chelsea voltou para o segundo tempo com Romelu Lukaku no lugar de Kai Havertz, que havia se machucado no fim da primeira etapa. Com isso, os Blues passaram a ter novas opções de combinações ofensivas a partir do pivô de Lukaku.
O West Ham, por sua vez, levava perigo principalmente pela lado direito, com a dobradinha entre Coufal e Bowen, se aproveitando da vulnerabilidade no setor de Marcos Alonso. Então, foi em um desses momentos que Coufal ganhou de Alonso já na área e tocou para Bowen, que encheu o pé e empatou o jogo.
Do mesmo modo, o Chelsea seguiu tendo domínio da posse e rondando a área do West Ham, que se defendia bem e cedia poucos espaços. Aos 19 da etapa complementar, Ziyech deu lugar a Callum Hudson-Odoi e, pouco depois, Alonso saiu para a entrada de Pulisic. Dessa forma, Odoi passou a fazer a ala-esquerda em um Chelsea ainda mais ofensivo.
Mas não foi só Thomas Tuchel que demonstrou querer a vitória. David Moyes também ousou ao colocar o meio-atacante Pablo Fornals no lugar do zagueiro Kurt Zouma, que saiu machucado. Assim, o West Ham deixava de ter três zagueiros e passava a atuar em seu 4-2-3-1 tradicional.
As trocas tornaram o jogo mais aberto e, com o improviso de Odoi pela ala-esquerda, a vulnerabilidade do Chelsea no setor aumentou. Assim, aos 29, Antonio ganhou na força e cruzou na segunda trave para Bowen, que chegou atrasado e não conseguiu completar para o gol.
Mas foi aos 42 minutos que saiu o castigo para o Chelsea. Masuaku dominou no lado esquerdo, aparentemente tentou cruzar, mas a bola pegou efeito contrário, enganou Mendy e entrou. Com pouco tempo no relógio, o Chelsea não conseguiu reagir e o placar terminou mesmo em 3 a 2.
Destaques individuais
Reece James fez mais um excelente jogo, mantendo o alto nível de desempenho e influência tanto na defesa quanto no ataque. Mas Ziyech também merece menção por estar demonstrando um crescimento nas últimas partidas. Nesse sentido, o marroquino foi o autor do gol da vitória contra o Watford e agora deu a linda assistência para o gol de Mount.
Mas, pelo segundo jogo consecutivo, o grande destaque foi Mason Mount. O camisa 19, que já havia anotado um gol e uma assistência no meio de semana, repetiu a dose e, assim, soma participação direta em todos os últimos quatro gols da equipe.
Em suma, mais uma atuação abaixo da média do Chelsea que, dessa vez, ao contrário da última partida, não escapou do tropeço. É fato que o West Ham é um adversário duro e inclusive a quarta colocação dos Hammers na competição indica isso. Mas é preciso olhar para si mesmo e reconhecer as próprias falhas, que no caso vêm sendo frequentes. Os comandados de Tuchel, que haviam levado apenas quatro gols nas últimas doze rodadas, agora somam cinco nas últimas três partidas. A oscilação custou a perda da liderança e é preciso voltar rapidamente aos trilhos para não se distanciar dos concorrentes ao título da Premier League.