No último domingo (21) o Chelsea visitou o Aston Villa pela 30ª rodada da Premier League. Os Blues saíram com a vitória por 2-1, de virada. Com o resultado, os vencedores diminuíram a distância para o terceiro colocado Leicester para três pontos. Além disso, abriram vantagem de cinco pontos para o quinto colocado, Manchester United. Os gols no Villa Park foram marcados por Hause, para os donos da casa, e Pulisic e Giroud para os azuis de Londres.
O jogo também marcou a volta da Premier League para os Blues depois de mais de 100 dias. Além disso, Ruben Loftus-Cheek fez a sua reestreia depois de 13 meses parado por lesão. Entretanto, não só de marcas foi feito o duelo. Alguns ensinamentos podem ser tirados do confronto e aplicados daqui para frente pelo time.
Pensando nisso, o Chelsea Brasil elencou cinco coisas que aprendemos com a vitória sobre o Aston Villa. Confira:
1 – Os problemas defensivos continuam firmes e fortes
Não é novidade para ninguém que a defesa do Chelsea, nesta temporada, está sofrendo. Particularmente, são gols de rebote, bola levantada na área, confusão entre zagueiros e o famoso “bate-rebate”. Porém, a falta de sorte não pode ser a culpada pelos problemas defensivos. Já o posicionamento do sistema defensivo como um todo, sim.
Individualmente os zagueiros são jovens e promissores. Além disso, a figura de Rudiger e Azpilicueta representam a experiência dentro de campo. Kepa, o goleiro mais caro da história do futebol, mesmo criticado, salvou o clube em diversas ocasiões. Inclusive, no lance do gol contra o Villa, opera um milagre na primeira bola. Aparentemente o tempo no banco após as críticas fez bem para o jovem goleiro, que só tem a crescer.
A única posição defensiva que deixamos a desejar individualmente é a lateral esquerda. Com Alonso e Emerson longe do seu melhor momento, o Chelsea vem buscando algumas alternativas para “estancar” o sangramento. Entretanto, os problemas defensivos só serão solucionados quando os jogadores conseguirem estabelecer uma conexão entre si. Trabalhando e se movimentando em conjunto, as qualidades individuais das peças prevalecerão.
2 – Jorginho é fundamental
Nesse jogo saboreamos novamente também o amargor que a ausência de Jorginho traz. Apesar de Kanté, seu substituto, ter jogado bem, o próprio jogo do Chelsea ficou prejudicado. A importância do ítalo-brasileiro na saída de bola dos Blues não tem paralelo. Com o francês, o time ganha em marcação, mas perde em fluidez e criação de jogadas. Assim, para um lado que preza pela posse de bola e propõe o jogo, como os londrinos fazem atualmente, é necessário mais do que aspectos defensivos.
Outro ponto notado na ausência de Jorginho foi a falta de repertório ofensivo. Com ele em campo, a bola consegue encontrar espaços na defesa adversária mais frequentemente. Sem ele, contudo, os Blues ficam fadados a bolas alçadas na área e o famoso “chuveirinho”. Tão ineficiente quanto desesperador, essa (falta de) tática não deveria nem existir no repertório de treinadores do primeiro escalão. Quis o destino que duas bolas cruzadas por Azpilicueta, dentre as 11 tentadas, achassem companheiros para empatar e virar a partida.
Ser um time que tem uma filosofia ofensiva, de posse de bola e que propõe o jogo tem as suas vantagens. Todavia, não se pode utilizar um meio-campista defensivo e esperar os mesmos resultados da presença de um volante armardor. Quando um lado se candidata a tomar as rédeas da partida, elas devem ser seguradas com firmeza, decisão e habilidade para que o jogo não fique “desgovernado”.
3 – As novas contratações serão importantes
O Chelsea atualmente sofre com dois gargalos que atrapalham a fluidez no seu jogo. Um deles é falta de consistência defensiva, capitaneada pelo problema da lateral esquerda. A maioria das jogadas de perigo contra a defesa azul surgem pelo flanco esquerdo. Em seguida terminam no mal posicionamento da dupla de zaga ou ainda em bola aérea não cortada pelo baixo Azpilicueta. Assim, a contratação de pelo menos uma peça, preferencialmente para a lateral, é fundamental.
Outro gargalo é a conexão entre o meio e o ataque criando situações de gol. Ou seja, estamos em falta na função de playmaker. Entretanto, os Blues já se mexeram na janela e sacramentaram a contratação de Zyiech e Werner. As duas peças entram com status de titulares para resolver o problema. Enquanto o primeiro é especialista em criar oportunidades, o segundo caracteriza-se pela eficiência das suas velozes incursões.
Além disso, a manutenção de alguns atletas é importante para o prosseguimento da evolução do elenco. É o caso de Giroud, que mostrou com um gol na última partida que ainda pode ser útil. Jogadores-chave como Kovacic, Jorginho, Azpilicueta, Kepa e Willian também deveriam ser mantidos. Porém, o caso do brasileiro é mais complicado, devido ao fim de contrato próximo e os desejos do jogador não se alinharem com a proposta de renovação do clube.
4 – Lampard precisa trabalhar com o banco
Uma das qualidades que Frank Lampard tem demonstrado é a capacidade de leitura de jogo. Além disso, o técnico não hesita em fazer mudanças no decorrer da partida se identifica algo errado. Foi o caso da entrada de Pulisic e Barkley no último duelo contra o Villa. Pulisic entrou no lugar de Ruben Loftus-Cheek, que sofreu com a falta de ritmo decorrente dos 13 meses parado. O estado-unidense não decepcionou e garantiu o gol de empate pouco após sua entrada.
Outro que vai ter papel importante como reserva na próxima temporada é Hudson-Odoi. O jovem, assim como Pulisic, será o responsável pela injeção de novo fôlego nas partidas. Além disso, os garotos serão fundamentais no rodízio para chegar com força e competitividade nas quatro competições, mediante classificação para a Champions League.
Outra possibilidade quando se fala em opções versáteis no banco de reservas é a variação tática. Ou seja, dependendo do adversário, o Chelsea poderá se moldar da melhor forma possível. O técnico inglês poderá se valer de formações táticas, posicionamentos e funções diferentes dos seus atletas para garantir maior eficiência nas partidas e fôlego ao longo da temporada.
5 – Ainda é pouco tempo de trabalho
Apesar de tudo o que já demonstrou nesta temporada, Lampard ainda é um treinador jovem que cometerá erros. Assim como ele, boa parte do elenco também é de jovens que, apesar de promissores, ainda precisam se desenvolver. Portanto, é necessário paciência com a oscilação. Ou seja, ainda teremos jogos sem inspiração como o contra o Villa. Contudo, em uma próxima oportunidade, poderemos sair derrotados. Isso não faz dele um mau técnico e nem transforma os jogadores em “pernas-de-pau”.
Uma nova filosofia de grupo e até mesmo uma mudança de identidade de um clube, não é construída do dia para a noite. É um processo demorado, difícil e, por vezes, até impossível. Mas não é o caso do Chelsea. Todavia, para que isso ocorra o mais rápido possível, é necessário que todos os setores da instituição estejam focados no mesmo objetivo.
O desenvolvimento da base, a integração dos jovens ao elenco, a política de contratações, o marketing esportivo, o ambiente de vestiário e o jogo em si devem estar em uníssono. Assim, os Blues conseguirão alcançar o patamar os gigantes de todos os tempos da história do futebol.