A derrota para o Manchester United no meio da semana passada, em partida válida pela Carabao Cup, não abalou o bom momento da equipe na temporada. O time novamente teve uma atuação convincente e bateu o Watford por 2 a 1. A equipe acumula cinco vitórias consecutivas na Premier League e abriu cinco pontos de distância para o quinto colocado, Arsenal. Nem o torcedor mais iludido sonharia com um cenário tão positivo nesse começo de temporada.
O aproveitamento colocou Lampard entre os candidatos a melhor técnico de outubro. E esse é o tema do Terceiro Tempo desta semana: Os ajustes do treinador durante o mês passado e o otimismo para os meses seguintes.
Primeiro Tempo: Há males que vem para o bem
Quando se pensa em um volante completo, é difícil não mencionar N´Golo Kanté entre os primeiros. O francês personifica as melhores qualidades que um jogador da posição dele deve ter: vigor físico, velocidade, consciência defensiva, concentração e precisão no roubo de bolas.
Entretanto, o camisa 7 vêm sofrendo com lesões no tornozelo nessa temporada, perdendo espaço no time titular. De todos os jogos até agora, ele só participou de quatro partidas. O duelo que chamou mais atenção foi a derrota contra o Liverpool, pelo Campeonato Inglês. Naquele dia, Kanté novamente atuou como um volante com funções mais ofensivas pelo lado direito. A partida brilhante dele foi recompensada com um lindo gol de fora da área.
Por mais que o carismático jogador seja excelente em suas funções, o time londrino parece funcionar melhor sem ele. A dupla Jorginho-Kovacic encaixa de maneira eficiente no estilo imposto por Frank Lampard e vem dominando o meio-campo nas últimas atuações.
A prova disso veio no duelo deste final de semana. Contra o Watford, os dois volantes tiveram números expressivos. O croata conseguiu 140 passes e foi perfeito nos dribles e roubos de bola que tentou. Não obstante, foi o jogador com mais passes completos nesta rodada da Premier League. Tais estatísticas o levaram a ser eleito o homem-do-jogo.
O ítalo-brasileiro teve 93% de aproveitamento nos passes e uma assistência. Tudo isso indica uma ampla dominância e entrosamento que ambos possuem jogando juntos.
Além disso, os jogadores se completam. Jorginho organiza o jogo por trás e busca verticalizar as jogadas, impondo um ritmo mais alto e direto na partida. Ele também é mais agressivo nos desarmes. E foi assim que nasceu o gol de Tammy Abraham.
O lance parece simples, mas não só ilustra a evolução do trabalho e dos treinamentos da equipe como também evidencia a confiança dos atletas no camisa 5. Na mesma jogada, Jorginho orienta o time a rodar mais a bola, tendo assim mais espaço e tempo para pensar o lançamento primoroso que resultou no gol de Tammy Abraham.
Aliás, após a partida, o atacante afirmou que essa jogada vem sendo ensaiada semanalmente: “Temos trabalhado essa movimentação nos treinamentos. Jorginho me disse que iria tentar hoje, então eu só tive que ajustar minha corrida, não ficar impedido e conseguir um bom chute”.
Por outro lado, Kovacic desacelera mais a partida, distribuindo passes curtos e laterais. No momento defensivo, é menos intenso, porém corre e cobre mais o campo que seu companheiro. Não só isso, ele oferece uma dinâmica diferente dos demais, com dribles curtos e precisos, aumentando o repertório na saída de bola do time.
Ao que tudo indica, Lampard agora tem um grande quebra-cabeça em suas mãos. Manter a dupla que carregou o meio-campo do time durante o mês ou sacrificar um desses jogadores para voltar com Kanté no time, sendo utilizado da mesma maneira que foi com Sarri, mais participativo no ataque?
Segundo Tempo: Gestão do elenco
Se a saída de Hazard simbolizou o adeus do único jogador acima da média no time, a chegada de Pulisic foi o marco da nova geração que vem tomando conta em Stamford Bridge. É obvio que essa mudança de cultura não ocorreria sem a punição imposta pela FIFA ao Chelsea, mas Frank Lampard é responsável direto por isso.
O caso do garoto americano foi a história de outubro. Desde o início do mês, vinha recebendo poucas oportunidades, muitas vezes nem era relacionado. Após a vitória contra o Lille, na Champions League, Lamps deu a entender que o atleta não parecia focado e motivado.
As duas partes se acertaram e nas semanas seguintes Pulisic foi ganhando seu espaço. Nas três partidas subsequentes (Southampton, Newcastle e Ajax) entrou e participou bem dos jogos. A redenção veio contra o Burnley: um hat-trick perfeito para lavar a alma e se consolidar no time.
Este não é o único exemplo da brilhante gestão que o treinador vem fazendo. O nosso professor recuperou Marcos Alonso, acirrando a briga na lateral esquerda, deu confiança a Zouma, que melhorou consideravelmente no posicionamento defensivo e segue acreditando em Mount e Abraham para decidir na frente. Ambos atletas refinaram a tomada de decisão e mostram-se confortáveis em campo
Todo essa confiança não seria possível sem Willian. O experiente winger vem liderando os jovens e dá o exemplo de profissionalismo dentro e fora de campo. Com a camisa 10 nas costas, ele se tornou o líder ideal nessa nova equipe.
Prorrogação: É possível manter o ritmo em novembro?
Quando o torcedor se depara com o calendário, os grandes confrontos são aqueles que mais chamam a atenção. Essas são as partidas capazes mudar o rumo na temporada, positivamente ou negativamente.
Nesse mês, os Blues irão passar por dois testes de fogo, que podem determinar o futuro da equipe na temporada. O primeiro deles é amanhã (5) contra o Ajax. No duelo de ida da Champions League, o Chelsea foi muito competitivo contra os mandantes e, com as substituições de Lampard, a equipe londrina saiu da Holanda com três importantes pontos após vitória suada por 1 a 0.
Caso vença ou empate contra os holandeses, a confiança deve aumentar e a vaga para o mata-mata fique mais próxima. Porém, a derrota pode causar desconforto nos bastidores, e o time teria que buscar pontos fora de casa.
O segundo jogo fundamental é no dia 23, contra o Manchester City. O ponto positivo é que este duelo contra os Citizens é depois da Data Fifa, portanto, a maioria de nossos jogadores estarão disponíveis. Se a equipe almeja brigar pela Premier League, a vitória seria fundamental para se aproximar do time de Guardiola e mostrar ao resto da liga nossa ambição.
Contudo, nosso retrospecto contra os atuais campeões não é favorável. Dos últimos cinco jogos, são quatro vitórias para eles e um empate. Sem esquecer do 6 a 0 histórico sofrido no primeiro turno do ano passado. O revés pode distanciar ainda mais as duas equipes, deixando o Chelsea novamente brigando por uma vaga na próxima Champions League.