A temporada 2017/2018 do Chelsea tem se caracterizado não apenas pela irregularidade nas partidas, mas também por um cenário bem obscuro fora das linhas que delimitam os gramados. Uma realidade fechada com um poderoso catenaccio e, por conseguinte, bastante complexa de ser entendida.
Depois de rejeitar os trabalhos de Diego Costa antes mesmo de a bola rolar para a atual “jornada”, agora Antonio Conte resolveu sacar, da noite para o dia, outro brasileiro (lembrando que Diego é espanhol somente “via naturalização”). David Luiz perdeu o posto de titular e a reserva de uma só vez, figurando nas tribunas, como um mero torcedor mais próximo dos jogadores, durante a vitória no clássico sobre o Manchester United, por 1 a 0, disputado no último domingo (5), em Stamford Bridge.
Questão que vai além de nacionalidade e técnica
Antes que as flechas apontem para disparar as cornetas, como outrora, não haverá aqui uma defesa a determinado atleta pelo simples fato de ser do país de quem escreve e, obviamente, da grande maioria que lê. Poderia ser um russo, português, turco, árabe… A questão não se limita a esta coincidência de nacionalidade.
A qualidade técnica dos jogadores citados também fica à gosto de cada torcedor. O que vale aqui (e preocupa) é o enigma que cerca essas histórias. Não parece muito lógico o artilheiro do time acabar dispensado ao fim de uma campanha de título. Da mesma forma, um atleta titular ser “rebaixado” direto para a “terceira divisão” do elenco (reserva do suplente, ou sequer isso) é algo que beira o surreal.
No caso de Diego Costa, a explicação deve não existir mesmo. Na situação de David, “ok”, se ele é pouco talentoso para exercer o que lhe pedem. Mas… Até “ontem” servia? Claro, é normal perder lugar. Anormal, na já explicada circunstância, é não ter lugar.
(Supostas) ‘Justificativas’ que não justificam
A imprensa europeia especula um desentendimento entre comandante e zagueiro por causa de questionamentos sobre a tática usada na vexatória ida a Roma, pela Champions, que trouxe de saldo o 3 a 0 em favor dos anfitriões. Uma partida que teve, inclusive, uma atuação ruim de David e dos demais defensores, assim como quase toda a equipe. Lembrando que “discórdia” também teria sido o motivo para a saída do atacante que vestia a camisa 19. No caso do presente, a suposição não pode ser confirmada e, ainda que isso ocorra futuramente, também não deve ser aceita. Imagina uma empresa em que os funcionários estão impedidos de dialogar com o chefe em prol do crescimento da mesma?
Quem nunca ouviu a conspiradora frase “A mesma mídia que levanta um artista o detona”? O apito final, depois dos 7 a 1 da Alemanha na Copa de 2014, indicava um futuro terrível para o então zagueiro da Seleção Brasileira. Conte fez o “papel” da mídia. Recolocou nos trilhos e, na sequência (agora), derrubou.
Glórias e erros não se anulam
Antonio é um ótimo técnico. Venceu a Premier League de forma arrasadora logo em sua temporada de estreia, elevou o patamar da Seleção Italiana (que, por sinal, já caiu nas mãos do sucessor), foi dono do Calcio com a Juventus e realizou tantos outros feitos dignos de aplausos. Também não merece demissão (neste momento). Porém, nada disso pode virar suporte para esconder problemas que surgem sem (ou com muito pouca) explicação.
Caso haja falhas disciplinares nos atletas, quem venham a público, para que, aí sim, sejam retirados, se os motivos forem justos. Dessa maneira, as especulações não seriam fomentadas, o torcedor não ficaria confuso e o elenco estaria menos pressionado diante de perdas repentinas. Se nada disso acontece, como é possível absolver-te, Conte, e condenar os teus “réus”?
As palavras neste texto condizem com a opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.