Reservas à reserva de Fàbregas

Na última sexta-feira (16), o Chelsea sofreu sua primeira derrota na Premier League, 2×1 para o Liverpool. Contudo, não há motivos para desespero, ainda que sejam necessários ajustes para a sequência imediata de jogos que virá, o que inclui jogos contra Arsenal, Leicester e Manchester United. O treinador Antonio Conte não nega que precisa fazê-los, tendo inclusive ressaltado isso em entrevista coletiva. Uma das medidas que poderia ser considerada é a inclusão de Cesc Fàbregas no onze inicial azul. As estatísticas do jogo contra os Reds indicam que ao menos a última partida era jogo para o espanhol.

Quando encaramos os dados do encontro em comento, é difícil entender como o Chelsea perdeu. Os Blues tiveram mais posse de bola, maior percentual de acerto de passes, criaram mais chances, recuperaram mais bolas, conseguiram melhor percentual de aproveitamento nos desarmes e fizeram mais interceptações. Sabemos, no entanto, que sem análise os números não dizem nada em um esporte como o futebol. No entanto, esses nos dão motivos para pensar.

Uma estatística em especial me chamou a atenção. O clube londrino acertou 87% dos passes que tentou. Ótimo. Curioso, procurei o mapa que mostra todos os passes tentados pelo time e qual não foi a surpresa ao ver um número substancial de bolas longas malsucedidas. Passei a olhar os passes tentados pelo trio que compôs o miolo do meio-campo e dentre N’Golo Kanté, Oscar e Nemanja Matic, foi o sérvio quem mais tentou esse tipo de lance. Está isso correto?

Mapa dos passes distribuídos pelo Chelsea na partida contra o Liverpool (Foto: Reprodução/Squawka)
Mapa dos passes distribuídos pelo Chelsea na partida contra o Liverpool (Foto: Reprodução/Squawka)

Willian e Eden Hazard também não foram particularmente bem nesse fundamento. Diante disso, é realmente complicado entender a opção de Antonio Conte pela manutenção de Cesc Fàbregas no banco.

Ok, nos míseros seis minutos em que atuou, acertou apenas 78% de seus passes, bem menos que os 93% de Kanté, 89% de Oscar ou 86% de Matic. No entanto, é fácil perceber a razão disso. O seu mapa de passes particular indica um nível elevado de risco nos toques tentados (longos em sua maioria) e muito êxito se considerarmos real a necessidade de se apelar para uma proposta mais arrojada.

Fluidez de jogo e melhor circulação da bola passam pela inclusão de jogadores peritos no fundamento passe. Ressalte-se que ao falar em circulação da bola não restrinjo a análise a acerto nos toques, uma vez que é possível – e acontece – que se tenha equipes que praticamente não erram passes, mas praticam um jogo burocrático e inofensivo, simplesmente passando a bola horizontalmente. Falo justamente em sentido diverso a esse, em verticalidade.

Mapa dos passes distribuídos por Fàbregas nos seis minutos que disputou na partida contra o Liverpool (Foto: Reprodução/Squawka)
Mapa dos passes distribuídos por Fàbregas nos seis minutos que disputou na partida contra o Liverpool (Foto: Reprodução/Squawka)

Como encaixar um jogador como Fàbregas em um time que se pretende extremamente competitivo e dependente do funcionamento de seu coletivo é uma questão para Conte e o comandante azul não pode se furtar a fazer tal análise. Pode até ser que o técnico mantenha seu entendimento; o espanhol não é exatamente um jogador de doação física, paixão e entrega, o que precisa ser considerado e pode ser a razão pela qual ainda não é visto por seu comandante como titular.

No fim das contas, é impossível fugir do fato de que o italiano é o treinador, conhece seu comandado e o vê diariamente. É fácil falar que ele deve fazer isso ou aquilo do conforto do sofá de casa, mas isso não nos impede de pensar o jogo e interpretá-lo. Dito isso, posso concluir que vejo com reservas a reserva de Fàbregas, um jogador cuja visão de jogo não é comum e pode ajudar muito no desenvolvimento do jogo azul.

As palavras neste texto condizem coma  opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

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