Opinião: Matic e o poder da (falta de) confiança

Matic precisa voltar a jogar bem (Foto: AAP)
Matic precisa voltar a jogar bem (Foto: AAP)

A história de Nemanja Matic no Chelsea é um conto conhecido. Contratado pelos Blues ainda jovenzinho, vindo de sua Sérvia, passou um período emprestado ao Vitesse e na sequência foi negociado em definitivo com o Benfica, envolvido no negócio que levou David Luiz do Estádio da Luz ao Stamford Bridge. Após performances brilhantes com a camisa dos Encarnados, o volante foi recontratado e desempenhou papel excepcional entre a segunda metade da temporada 2013-2014 e o final da campanha vitoriosa de 2014-2015. Todavia, na atual temporada, é só mais um expoente do péssimo momento dos azuis de Londres.

Afeito ao trabalho sujo do meio-campo, e quase sempre desempenhando-o na surdina, firmou parceria importante com Cesc Fàbregas no setor central, atuando com tanta consistência que permitiu que o espanhol tivesse liberdade para criar e poucas responsabilidades defensivas, beneficiando toda a equipe e sobretudo Diego Costa, quando o goleador hispano-brasileiro esteve livre de lesões.

Nesta temporada, não obstante, seu desempenho vem sendo quase patético, com erros de passes simples, falhas de marcação e cobertura e inclusive besteiras infantis, como na partida contra o Watford, quando colocou a mão na bola dentro da área e oportunizou uma penalidade máxima ao adversário. A fase do sérvio é tão ruim que o jogador perdeu espaço para o fraco e há anos contestado John Obi Mikel, que, por incrível que pareça, vem atuando de forma mais consistente que Matic.

Evidentemente, uma questão se impõe: onde foi parar o verdadeiro Matic? Sim, o verdadeiro, porque ninguém atua por várias temporadas em altíssimo nível – incluindo sua estada no Benfica – e simplesmente desaprende a jogar. Provavelmente ele ainda existe, mas vem sendo minado pela má fase do clube, não vem resistindo à pressão e ao tentar dar a volta nos problemas, só tem conseguido errar ainda mais.

O Matic de 2015-2016 avança mais ao ataque e finaliza mais, obviamente sem acrescentar muito, pois esta não é sua melhor característica (como comparação, na temporada 2014-2015, o jogador deu 29 chutes a gol e, na atual, com 21 jogos disputados, já disparou 25 vezes à meta adversária). O Matic de 2015-2016 demonstra claras limitações para sair jogando e dá mais chutões, buscando evitar complicações. O Matic de 2015-2016 perdeu a confiança em si mesmo e reconstruí-la não é um trabalho tão simples.

O banco de reservas certamente é o lugar mais indicado para o sérvio no momento e será preciso muito sabedoria por parte de Guus Hiddink para enxergar o momento de reinseri-lo no time. Com confiança, Matic é um dos melhores de sua função e já demonstrou-o em várias ocasiões – por isso merece receber novas oportunidades no futuro.

Diferentemente de outros jogadores cujo desempenho visivelmente melhorou após a saída de José Mourinho, Matic segue mal, deixando claro que, em seu caso, o comando do português não era problema. É difícil não apontar a falta de confiança como a grande razão para sua queda. Sua enorme sequência de jogos nas últimas temporadas também pode ser alegada, mas não aparenta ser a motivação fulcral.

Para o bem do Chelsea, Matic precisa voltar a jogar em alto nível, pois Mikel é claramente solução emergencial. Para o bem de Matic, o Chelsea precisa de fato evoluir um pouco, dando-lhe mais tranquilidade para trabalhar e se reerguer. Guus Hiddink vive um dilema.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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