Na perspectiva de, arrisco dizer, quase todos os torcedores dos Blues, uma partida em Stamford Bridge frente ao Burnley, que briga contra o rebaixamento, não deveria causar, na teoria, maiores problemas ao líder do Campeonato Inglês. Mas como no futebol, ainda mais numa liga como a Premier League, a teoria não entra em campo, o confronto válido pela 26ª rodada entre Chelsea e Burnley pode mudar o rumo do campeonato daqui pra frente.
Desempenho dos Blues dentro de campo
Antes de comentar sobre a arbitragem, que claramente mudou o rumo da partida mesmo antes da expulsão de Matic, faço mais uma vez um alerta sobre o desempenho dos Blues dentro de campo. Não acho que a equipe tenha jogado mal, longe disso, mas penso que o time poderia ser mais agressivo ofensivamente, o que não aconteceu após o gol de Ivanovic.
Mesmo na frente, o Chelsea passa a adotar uma postura mais cautelosa em vez de buscar logo ampliar o placar. É uma estratégica arriscada. Pela qualidade dos homens de frente, os comandados de Mourinho têm condições de seguir atacando com o objetivo de ampliar vantagem sobre o adversário. Veja, por exemplo, o primeiro tempo entre Manchester City e Newcastle. 3 a 0 com 25 minutos do primeiro tempo. Se conseguíssemos marcar, ao menos, mais um gol no primeiro tempo, a etapa final poderia ser mais tranquila e o time, enfim, poderia adotar uma postura mais cautelosa, e não realizá-la logo após abrir o placar.
Desempenho da arbitragem
É uma pena para o futebol quando uma partida é decidida não pelos 22 homens dentro de campo, mas sim por decisões equivocadas da arbitragem. Infelizmente, foi o que aconteceu na tarde deste sábado. Se o árbitro fosse mais rigoroso e punisse Barnes na entrada violenta sobre Ivanovic no primeiro tempo, ele não perderia o controle da partida como aconteceu aos 25 da etapa final, quando o mesmo jogador do Burnley, por pouco, não quebrou a perna de Matic, que, revoltado, partiu para cima de Barnes e, sim, foi expulso justamente. Mas antes, Barnes, que fazia hora extra dentro de campo, já deveria estar nos vestiários há muito tempo.
A partir daí, era questão de tempo para que o adversário conseguisse o gol de empate, que aconteceu com participação direta de Barnes, que finalizou forte e Courtois fez bela defesa ao colocar para escanteio. Na cobrança, saiu o gol dos visitantes.
Faltou critério a Martin Atkinson. Dois pênaltis absurdos ignorados no primeiro tempo também fizeram falta. Além disso, o cartão vermelho direto aplicado a Matic pode lhe render três jogos de suspensão. Se o Chelsea não conseguiu segurar o Burnley por 20 minutos sem o sérvio, o que pode acontecer sem tê-lo pelos próximos três jogos?
É preciso torcer para que o clube entre com recurso e Matic possa ter a pena reduzida, porque perdê-lo por três jogos, um jogador que vem sendo essencial ao meio-campo dos blues, será muito prejudicial. Sabe por quê? É só conferir as partidas que Matic poderá ficar ausente.
Desempenho dos torcedores em relação ao ato de racismo em Paris
Simplesmente incrível. A colega Maria Yamakawa já havia feito uma boa declaração a respeito em sua coluna publicada na última quinta-feira. Apesar disso, muitos veículos da imprensa tentaram jogar a culpa para o clube por conta daqueles “torcedores”. Além de um vídeo publicado pelo clube, com Mourinho e mais jogadores proclamando o discurso de Nelson Mandela, os torcedores, ou melhor, os verdadeiros torcedores demonstraram total apoio a Soulemayne, a vítima.
Torcedores trouxeram faixas com os dizeres “No racism at Bridge. That’s the way we liked!”, em alusão ao canto dos sujeitos em Paris. Outra faixa dizia: “Black or white, we’re all Blue”. Foi a melhor maneira de dar um basta a um episódio que não pode ter espaço em qualquer ocasião, sobretudo no esporte.
