Com opções escassas para uma posição vital, Mourinho ousou ao “escalar Cahill como volante” na pré-decisão contra o Tottenham. Algumas possibilidades foram especuladas, mas o deslocamento de Zouma para a volância era uma das mais remotas. Foi provavelmente a menos cogitada, e existem motivos.
Zouma chegou no último domingo a assustadores dez jogos com a camisa do Chelsea. Dez. Foi seguro durante a maioria do tempo, sendo uma junção entre os perfis “clássico” e “moderno”. Ao mesmo tempo em que apresenta técnica apurada, o francês não gosta de brincar em serviço. Lembra um pouco John Terry. Mas enfim, voltando.
A escalação dele fora de posição era pouco imaginada, e isso passa longe de questões técnicas, é óbvio. Em sua carreira, Zouma nunca havia sido deslocado da zaga. Nos primeiros minutos de jogo, inclusive, parecia um pouco perdido, com posicionamento confuso, mas o tempo fez com que ele se acertasse em campo, anulasse o principal jogador do Tottenham (Eriksen) e tivesse uma atuação exemplar. Isso mesmo: MINUTOS foram necessários para que um jogador sem bagagem alguma se adaptasse a uma função “estranha”.
Posso estar me equivocando, mas é imaginável que nunca um jogador tão jovem ganhou a confiança de José Mourinho dessa maneira. Quando citei, um pouco acima, os “assustadores 10 jogos”, falo da adaptação, confiança e do futebol em alto nível. Zouma já aparenta ter uns três anos de Chelsea, no mínimo. Ser escolhido para jogar como “1” em um 4-1-4-1, que teve como característica na maior parte do tempo a marcação pressão exige uma confiança sobrenatural. E Mourinho acreditou. Não se arrependeu.
Com uma velocidade desproporcional ao seu físico e um poder de desarme espetacular, Zouma, de apenas 20 anos, é um fenômeno. Muito provavelmente irá liderar a próxima geração de zagueiros no futebol mundial, ao lado de seu compatriota Varane (aliás, a ótima geração francesa™ vem com tudo para os próximos torneios de seleções). Ter Terry ao lado, para dividir experiências passadas (dentro de campo, por favor) e dar uns pitacos de líder será excepcional para sua evolução. Em fase complicada, Cahill abriu uma brecha para nunca mais voltar a ser um titular indiscutível. Zouma chegou, e é pra nos dar muitas temporadas de alegria e solidez.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.