
A temporada 2013/2014 foi, de certa forma, dolorosa para o Chelsea. O time esteve perto de conquistar os principais títulos que disputou, mas falhou na reta final. Na Liga dos Campeões (após passar com dificuldades pelo PSG, é verdade), parou na sensação europeia Atlético de Madrid. Fez um bom resultado na Espanha, segurando o empate e levando a decisão para Londres. Foi quando tudo deu errado. Mourinho escalou mal, colocando Azpilicueta na ponta direita, o time jogou mal e o Atleti passou o trator em Stamford Bridge. No Campeonato Inglês, foi o legítimo Robin Hood e ficou em terceiro. Venceu Manchester City e Liverpool (campeão e vice) nas duas partidas e aplicou 6 a 0 no Arsenal, porém, cedeu pontos para equipes menores. Derrotas para Aston Villa, Crystal Palace e Sunderland selaram o destino azul de uma temporada sem títulos.
Para a temporada que aproxima, o Chelsea se mostra ainda mais forte. Os Blues parecem dispostos a acertar o alvo e deixar o “quase” no passado. Abaixo, cinco motivos que colocam o Chelsea à frente dos seus principais concorrentes ao título da Premier League (Arsenal, Liverpool, Manchester City e Manchester United).
“Fator Copa”
Enquanto o mundo se encantava com uma das melhores Copas de todos os tempos, cinco dos prováveis titulares de Mourinho para a temporada 2014/2015 curtiam suas férias. O tcheco Petr Cech e os sérvios Branislav Ivanovic e Nemanja Matic não disputaram o torneio por motivo óbvio: suas seleções não se classificaram. O inglês John Terry e o brasileiro Filipe Luís foram preteridos pelos técnicos nacionais e não fizeram parte das péssimas campanhas de Inglaterra e Brasil. Ou seja, em ano de Copa do Mundo, cinco titulares da equipe estão em condições “normais”, como se nem tivesse ocorrido o mundial. Foram poupados de um torneio com alto nível de desgaste físico e terão a pré-temporada completa como preparação. Enquanto alguns jogadores ainda nem se apresentaram ao clube, o quinteto já está participando de amistosos.
Pré-temporada
O Chelsea resolveu levar a pré-temporada a sério. Ao invés de sair em excursões para os Estados Unidos, como todos os grandes da Inglaterra, o time faz sua preparação na Europa. Trocou badalação e viagens por trabalho e seriedade. O próprio Louis Van Gaal, treinador do United, reclamou da turnê do seu time pela terra do Tio Sam, alegando que os voos e as viagens prejudicam na preparação. Lógico que nesse caso existe a perda financeira. Diretamente, ao não levar um cachê para disputar os torneios de verão, e indiretamente, ao não expor sua marca e aumentar seu mercado em outro continente, mas não deve fazer muita falta aos cofres do bilionário Roman Abramovich.
Outro detalhe importante: a última partida de preparação será no Stamford Bridge. Após oito anos, os Blues farão um jogo de pré-temporada em casa. Uma boa exibição contra o Real Sociedad já empolga a torcida para o Inglês, que começa seis dias depois.
José Mourinho
Odiado por muitos, mas idolatrado em Londres, José Mourinho é um ponto forte no Chelsea. Desde que chegou ao Porto, em 2002, o treinador nunca deixou de ser campeão nacional. E mais, fez isso em, no máximo, dois anos. Também foi assim no Chelsea, em sua primeira passagem, Internazionale e Real Madrid. Essa marca não serve apenas para os supersticiosos, mas mostra a qualidade do trabalho e a ambição do português. Mourinho também têm uma relação especial com o clube. Foi com ele à frente da equipe que o Chelsea estabeleceu dois recordes da Premier League: melhor defesa (15 gols sofridos) e mais pontos (95) em uma temporada, ambos na edição de 2004/2005. Sua primeira derrota no Stamford Bridge em uma partida de Premier League aconteceu apenas na temporada passada (2 a 1 para o Sunderland), sua quinta pelos Blues. Por mais que tenha falhado contra o Atlético e perdido pontos importantes contra equipes bem inferiores no inglês, Mourinho tem capacidade, confiança e determinação para conquistar mais títulos pelo Chelsea.
Contratações
Para alçar voos mais altos, Abramovich abriu o cofre e contratou bem neste mercado de transferências. Se o ataque era o ponto fraco do time, não é mais, pelo menos na teoria. Samuel Eto’o, Fernando Torres e Demba Ba marcaram, juntos, 19 gols no último Campeonato Inglês. Para solucionar este problema, o clube trouxe Diego Costa, um dos melhores atacantes da temporada recente e que balançou as redes 27 vezes no Espanhol. Também acertou o retorno do ídolo Didier Drogba, que pode contribuir muito com sua experiência.
Para o meio campo, chegou Cesc Fàbregas, jogador versátil e já acostumado ao futebol inglês. Filipe Luís será o novo lateral esquerdo. Azpilicueta foi bem improvisado por ali, mas a chegada do brasileiro proporciona mais opções para o treinador e fortalece ainda mais a defesa azul. Além dos contratados, Thibaut Courtois volta de empréstimo e agrega ainda mais qualidade ao grupo. O belga fez grande temporada e foi selecionado para a “seleção ideal” da UEFA atuando pelo Atlético de Madrid.
Elenco
Sem nenhuma perda de grande porte, o elenco do Chelsea ficou ainda mais forte. Em todas as posições existe um reserva que pode entrar e manter a equipe no mesmo nível. Cech e Courtois seriam titulares em quase todos os times do mundo. Azpilicueta fez ótima temporada e pode suprir bem a ausência de Filipe Luís ou Ivanovic. Este também pode atuar como zagueiro, se juntando ao promissor Kurt Zouma como opção para a zaga titular formada por Terry e Cahill. À frente da defesa, Matic, Fàbregas, Ramires e Mikel disputarão duas vagas, com o jovem van Ginkel aparecendo como opção. Se Hazard e Willian não fizeram uma boa Copa, André Schurrle foi o melhor jogador do clube na competição e volta para brigar entre os titulares. Para jogar no meio, o time ainda tem Oscar e Salah, que chegou durante a última janela de inverno e teve alguns bons momentos. No comando de ataque, saem Eto’o e Ba e chegam Diego Costa e Drogba, um ganho enorme.
Por esses cinco motivos, o Chelsea larga na frente de seus adversários na disputa pela Premier League. Claro que isso não quer dizer que o time será o campeão. O título é o resultado de diversos fatores e, se jogo não se ganha na véspera, campeonato muito menos. O clube trabalha para não parar no “quase” mais uma vez. Dá os primeiros passos para uma temporada de sucesso, com menos tropeços e mais conquistas.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.