Depois de semanas de especulação e negociação, Chelsea e Manchester City chegaram a um acordo por Raheem Sterling. Sem dúvidas, entre os torcedores não é uma unanimidade. No entanto, em especial a partir da abertura da janela, Sterling apareceu como o principal alvo de Thomas Tuchel e Todd Boehly para o ataque Blue.
A volta a Londres
Nascido na Jamaica, Sterling se mudou para Londres aos cinco anos e deu seus primeiros passos no futebol nas categorias de base do Queens Park Rangers. Em 2010, o atacante seguiu para o Liverpool, se tornando um grande nome da equipe – sobretudo por conta do potencial que demonstrava.
Ele teve um vínculo de cinco anos com os Reds, inclusive, atuando pelo time de desenvolvimento do clube. No total, foram 22 jogos pela equipe da base, com oito gols e 10 assistências. Pelo time principal, por sua vez, foram 129 partidas, tendo marcado 23 gols e distribuindo 25 assistências.
Sendo assim, em 2015, após não conseguir acertar um novo acordo com o time de Merseyside, Sterling rumou para o Manchester City, que pagou £49 milhões pelo atacante. O valor que configurou o recorde de transferência por um jogador inglês naquela época.
Pelos Citizens foram 337 partidas com 131 gols marcados e 94 assistências. Além disso, são 12 títulos, sendo quatro de Premier League. Portanto, a chegada em Stamford Bridge marca o retorno de Sterling a cidade onde cresceu após 12 anos representando clubes de fora da capital.
Pelo clube e pela Seleção
Apesar de ser jamaicano, Raheem se naturalizou e fez sua carreira internacional pela Seleção Inglesa. Sua estreia pelos Lions foi em 2019 pela seleção sub-16 quando ainda tinha 14 anos. Logo ele escalou pelas categorias de base recebendo convocações para as seleções sub-17, sub-18, sub-19 e sub-21 até fazer sua estreia na principal.
Roy Hodgson foi quem fez a primeira convocação de Sterling para o time nacional principal. Com isso, a estreia do atacante foi no dia 14 de novembro de 2011 a poucos dias de completar 18 anos. Desde então, são 77 jogos, 19 gols marcados e 25 assistências.
Estilo de jogo
Sterling chega como um nome experiente para fortalecer ainda mais o ataque do Chelsea – que, ao que tudo indica, terá outras saídas além de Romelu Lukaku. Suas grandes características, sem dúvidas, são a velocidade e a aceleração, que permitem com que ele consiga passar por defensores com relativa facilidade. Além de dar vantagem nos embates um-contra-um.
Muito mais do que atuar apenas pelas faixas laterais do campo, Raheem consegue favorecer entradas pelo meio, o que, em primeiro lugar, permite um maior link com o atacante central. Mas afunilar o jogo pelo meio também facilita a quebrar ou desorganização das linhas de defesa adversárias. Assim, favorecendo a movimentação e as trocas entre os homens de frente.
Da mesma forma, é notável seu posicionamento e suas leituras de jogada. Sterling consegue levar muito perigo à defesa adversária sobretudo com sua movimentação aproveitando os espaços. Com isso, ele fica livre para criar ou finalizar boas situações de gol. Mais ainda, o jogador é um bom cavador de faltas e pênaltis, o que incomoda bastante os rivais, mas realmente funciona e é mais uma forma de criação de situações de gol.
Enfim, existe uma ideia de que Sterling não é um bom finalizador. Porém, as estatísticas mostram o contrário. De acordo com o understat, levando em conta as partidas da Premier League 2021/22, os números de gols (xG) e assistência (xA) esperados foram 15.78 e 5.02 respectivamente. Enquanto que no campeonato Sterling marcou 13 gols e deu cinco assistências. Em suma, conseguindo números muito próximos do esperado – e isso é uma grande constante em sua carreira. Ou seja, os valores próximos indicam que o atacante tende a aproveitar bem as chances claras de gol que aparecem.
Encaixe no esquema
Aqui nem cabe a discussão se o jogador cabe ou não no estilo que Thomas Tuchel propõe porque é um alvo querido pelo próprio técnico. Mais ainda, é alvo de uma nova política de contratações por necessidade e para o time – e não apenas por ser uma oportunidade para o clube. Portanto, se é um desejo do treinador, é porque o jogador cabe no atual formato da equipe.
Ainda segundo o understat, na Premier League da temporada passada, o Chelsea tinha um xG de 69.3 enquanto que ao final da campanha da liga os Blues conseguiram 76 gols. Dessa forma, excedendo as expectativas, mas ainda muito atrás de City e Liverpool que tinham xG de 93.40 e 93.02 respectivamente. Sendo assim, a criação de mais chances de gol é algo central para 2022/23 e Sterling pode ter impacto nesse aspecto.
Como? Pelas corridas em velocidade pelo lado do campo que poucos defensores conseguem acompanhar. Por isso, ele consegue chegar perto do gol com frequência. Assim, tanto aproveitar o espaço como driblar o adversário – dois grandes aspectos do jogo de Raheem – se mostram centrais.
No entanto, isso não significa que é somente dessa forma.
A mobilidade do ataque é a chave
O fracasso quase completo de Lukaku na temporada passada se deu muito porque o belga não se movimentava muito, mas esperava a bola chegar até ele. Sterling, por sua vez, tem como característica essa movimentação e até mesmo a versatilidade que o estilo de Tuchel demanda. Nesse sentido, as trocas entre os homens de frente, seja nas posições ou nos passes, é um aspecto que ganha com a chegada do jogador.
Além disso, um tipo de jogada que pode crescer com a presença do inglês são as bolas na área. Por conta de sua boa movimentação, ele tende a aproveitar, em especial, o espaço atrás do último defensor em situações de cruzamento para a área. Assim, ele aparece como elemento surpresa, conseguindo marcar muitos gols por vezes tendo apenas que empurrar a bola para o gol. Ou então consegue cruzar para outro companheiro que aparece por dentro.
Versatilidade
Mesmo atuando pelo Manchester City, majoritariamente, pela ala esquerda, nas últimas edições de Premier League ele também foi utilizado em posições diferentes por Pep Guardiola.
Como a imagem acima ressalta, suas posições principais foram pelas alas, atuando um pouco mais de tempo pela ala esquerda em relação à direita. Mas, ainda assim, com certo equilíbrio entre as duas posições. Além disso, ele atuou no meio campo tanto na faixa central como pelos lados. Bem como, é claro, assumiu posições no ataque pelo meio, atuando tanto mais avançado ou como um falso 9 ou como meia ofensivo central sob o comando de Pep Guardiola.
Sterling deve chegar para assumir a posição de ala esquerda, principalmente por conta da irregularidade que Christian Pulisic, Callum Hudson-Odoi e Hakim Ziyech, outras opções à disposição de Tuchel para a posição, apresentaram na última temporada, seja por lesão ou por performance. Logo, a nova contratação terá uma posição primária, mas, sua versatilidade traz ainda mais pontos positivos para o elenco. Ainda mais com cinco substituições no campeonato inglês na temporada, ajustes podem ser feitos ao longo das partidas e alguns jogadores podem atuar em posições diferentes em uma mesma partida. Além, lógico, da questão da movimentação que Tuchel propõe. Portanto, a regularidade e a versatilidade de Sterling combinadas com certeza devem animar a torcida e o clube em relação ao que o jogador pode apresentar como Blue.
A transferência
Mesmo com um ano restante no contrato, Sterling optou para o retorno a Londres por um grande motivo: ter mais tempo de jogo. E, nos acertos dos termos pessoais, com certeza foi um tema discutido com Tuchel – e é o que vai acontecer, não somente pelo acordo, mas pelo papel que a nova contratação terá.
O acordo pela transferência, então, girou em torno de £47.5 milhões mais os bônus de desempenho, de forma que o valor final chegar a £50 milhões. Além disso, a duração do contrato será de cinco anos, com a opção de extensão por mais um ano, e a expectativa é de que o inglês seja o jogador mais bem pago no elenco, recebendo um salário em torno de £300 mil.
A grande vantagem da chegada do atacante é o fato de ele já estar adaptado a liga. Das últimas contratações ofensivas do Chelsea, muitas vieram de outras ligas e não conseguiram ajustar-se à Premier League. Tanto é que o time está buscando outras opções e está negociando as opções que não obtiveram o rendimento esperado.
Mais ainda, é um jogador com bagagem internacional e com aparições recorrentes na Champions League. Portanto, muito além da adaptação ao futebol inglês, é um jogador acostumado com o calendário e com a intensidade demandada ao longo da temporada.
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Agora, falta o anúncio oficial por parte do Chelsea. Por fim, a expectativa é que Sterling junte-se ao elenco de Tuchel para participar dos amistosos de pré-temporada nos Estados Unidos – para isso, os Blues estão trabalhando na logística para finalizar os exames médicos o quanto antes.