Vamos relembrar a história de uma final entre Chelsea e Real Madrid, em 1971, que resultou na primeira glória europeia dos Blues. Uma conquista que consagrou e premiou grandes ídolos do time londrino.
Título da FA Cup deu a vaga na competição europeia
Por ter conquistado a FA Cup da temporada 1970, o Chelsea foi uma das 32 equipes com vaga garantida para disputar a UEFA Cup Winner’s Cup da temporada 1970/71. A competição ainda contava com outro clube inglês o, campeão do ano anterior, Manchester City. Grandes equipes como Real Madrid, Benfica e PSV também disputariam o torneio daquela temporada.
Um breve histórico sobre a UEFA Cup Winners’ Cup
A UEFA Cup Winners’ Cup foi uma competição disputada anualmente pelos campeões das copas nacionais de toda a Europa, além do atual vencedor que tinha o direito de defender o título do ano seguinte.
Na época, a competição era considerada a segunda mais importante do velho continente, só ficando atrás da UEFA Champions League. Ou seja, a UEFA Cup Winners’ Cup era mais desejada pelos clubes do que a Taça da UEFA, hoje, a Liga Europa.
Não havia fase de grupo, a principal regra do torneio era o mata mata. Jogos de ida e volta, em caso de empate, passava a equipe com o maior número de gols marcados na casa do adversário.
A grande final era decidida em jogo único em um estádio neutro. Em caso de empate, era previsto um jogo extra no mesmo local do primeiro, apenas dois dias depois.
Dentro de campo
Os Blues começaram sua caminhada rumo ao seu primeiro título europeu contra um clube Grego, o Arias, da cidade de Thessaloniki. Os ingleses se classificaram com facilidade, 6-1 no agregado.
Nas Oitavas de finais, foi à vez do CSKA Sofia, da Bulgária, ser eliminado pela equipe londrina, 2-0 no somando os dois jogos.
Nas quartas de finais, o desafio do Chelsea era a equipe belga do Club Brugge. O confronto foi disputado, 2-0 para cada lado nos dois primeiros jogos e a disputa foi para o tempo extra. Na prorrogação, os Blues se saíram melhores e fizeram mais dois gols, terminando o confronto com a somatória de 4-2.
Nas semifinais, um clássico contra os atuais campeões: Manchester City. Mostrando maior força, o Chelsea somou duas vitórias por 1-0 e garantiu classificação na final da competição frente ao Real Madrid.
Primeiro jogo da final
19 de Maio de 1971: Chelsea e Real Madrid entravam em campo para disputarem a conquista da UEFA Cup Winners Cup. Até então a maior partida da história dos Blues, pois o time de Stamford Bridge buscava pela primeira vez um título europeu.
O estádio Karaiskakis, em Piraeus, na Grécia, era o palco da final. Naquele dia, 45 mil fãs ingleses e espanhóis o lotaram para acompanharem a partida.
O jogo
O Chelsea entrou em campo com apenas três jogadores diferentes da equipe campeã em cima do Leeds United pela FA Cup do ano anterior. Confira a escalação:
Peter Bonetti; John Boyle, John Dempsey, David Webb, Ron Harris (c); Charlie Cooke, Alan Hudson; Keith Weller, Tommy Baldwin, Peter Osgood e Peter Houseman. Banco de reservas: Mulligan e Derek Smethurst
O Chelsea tinha uma equipe bem entrosada e chegava a final muito confiante no título. Porém, o time campeão da Copa do Rey, era a equipe mais respeitada da Europa e não ficava atrás.
O primeiro tempo do jogo foi equilibrado e com poucas emoções, e o 0-0 não saiu do placar. Somente aos 11 da etapa final que a rede balançou. E foi gol do artilheiro dos Blues. Após dividida no alto na grande área a bola sobrou na canhota de Peter Osgood, e o camisa 9 não perdoou, finalizou de primeira no canto do gol de José Luiz Borja, sem chances para o goleiro da equipe do Real. 1-0 Chelsea, e o sonho do primeiro título europeu estava mais próximo.
Mas se no futebol há momento felizes inacreditáveis, há também os tristes inexplicáveis.
De forma muito doída a equipe inglesa sofreu o empate dos espanhóis. Aos 90 minutos, quando todos os Blues do estádio já comemoravam a vitória, aconteceu o momento triste inexplicável: Gol do Real Madrid no último minuto da partida, marcado pelo meio campista, Ignacio Zoco. 1-1 e fim do tempo normal.
Na prorrogação não houve grandes emoções e o empate de 1-1 persistiu, forçando assim, um jogo extra, o chamado Replay.
Vídeo com os gols de empate por 1-1.
Obs: Comemoração com direito a cambalhota de Osgood, e os fotógrafos invadindo o campo.
Replay
21 de Maio, apenas 48 horas após o empate por 1-1, Chelsea e Real Madrid voltaram a se enfrentar no Karaiskakis Stadium. O grande público do primeiro jogo não se repetiu no Replay, apenas 19.917 compareceram para assistirem a grande final.
Apesar de pouco tempo para os jogadores se recuperarem fisicamente, houve poucas alterações nos times titulares das duas equipes. Chelsea fez apenas uma mudança; Tommy Baldwin substituiu o lesionado John Hollins, deixando assim a equipe mais ofensiva. Já o Real Madrid fez duas alterações; o atacante argentino Miguel Pérez foi substituído por Manuel Bueno, enquanto Sebastián Fleitas substituiu Francisco Gento.
A necessidade do Replay não trazia boas lembranças para os Blues, pois o empate concedido no fim do primeiro confronto foi frustrante para os londrinos. Porém, havia a boa lembrança do Replay contra o Leeds na FA Cup uma temporada antes.
O Chelsea estava mais ofensivo que no primeiro jogo, e a ousadia dos ingleses deram resultado quando um defensor ‘virou atacante’. Na área adversária, mas precisamente na segunda trave, esperando a cobrança de escanteio, John Dempsey, viu sua estrela brilhar. Charlie Cooke bateu no canto justamente buscando Dempsey, que subiu sozinho e tentou um cabeceio para o gol, a bola saiu fraca e ficou para o goleiro dividir no alto, sem muito o que fazer ele tentou afastar o perigo socando a bola. Porém ela foi direto para o pé direito de Dempsey, que, de primeira, soltou uma bomba e marcou um lindo gol na final.
Estava aberto o placar no jogo Replay, 1-0 merecido para o Chelsea, já que era a melhor equipe em campo. E continuou melhor.
Faltando 7 minutos para o fim do primeiro tempo, o camisa 9 dos Blues apareceu. Osgood recebeu de Baldwin na entrada da área e cercado por quatro jogadores do Real dominou a bola e finalizou com perfeição no canto esquerdo do goleiro Luis Borja. Mais um golaço do time londrino.
O Chelsea estava próximo de conquistar o seu primeiro título europeu de sua história. E o Real Madrid, jogando pela oitava vez uma final europeia, se encontrava em situação complicada dentro da partida.
Na segunda etapa, como já era esperado, o Real Madrid saiu mais para o jogo no segundo tempo, e logo levou perigo com chutes de Bonetti, com o zagueiro e capitão Pirri e ainda com José Antonio Grande, que havia entrado para o segundo tempo, aos 60 minutos. O camisa 9 do time espanhol, Ramon Grosso, também assustou em um chute de fora da área.
Com as seguidas decidas ao ataque do Madrid, sobravam espaços em sua zaga. E Osgood quase marcou o terceiro.
O Real Madrid só conseguiu chegar ao seu primeiro gol na partida, deixando assim o jogo em aberto mais uma vez, faltando 15 minutos para o fim. O uruguaio Fleitas, o único não espanhol do time, foi quem marcou. Foi um belo gol do atacante, que fez jogada individual e finalizou, de fora da área, no canto direito, sem chances para Bonetti.
Imediatamente após o gol dos espanhóis, o técnico dos Blues, Dave Sexton, pensando em colocar um jogador mais descansado substituiu Osgood pelo atacante, sul-africano, Derek Smethurst.
E mais uma vez a história do primeiro jogo se repetia: O Chelsea nos minutos finais tentava segurar o Real Madrid para não levar o empate e, assim, se consagrar Campeão da Europa.
E para alegria de todos os Blues, aquela noite ficou positivamente marcada na história do clube. Diferentemente do dia 19, dois dias antes, quando aconteceu o primeiro jogo da final que terminou empatado, o Chelsea conseguiu vencer o Real Madrid por 2-1, e se sagrou então, pela primeira vez, Campeão Europeu.
Gols do Replay:
Elenco campeão