O Exorcismo de 2009, 2008, 1996 e 1990

Inglaterra agradece o Chelsea por curar um pouco das feridas da Copa de 1990

Uma partida de muitas redenções, de muitos exorcismos, aquele título para deixar todos dormirem em paz, esqueceram os velhos pesadelos, por anos. Assim foi a grande final vencida pelos Blues em Munique. Não só ela, mas a campanha em geral do time foi uma verdadeira caça aos velhos fantasmas do passado recente do time e do futebol inglês.

O primeiro exorcismo que o Chelsea fez, na verdade, nem foi aqui, nas justamente nas campanhas dolorosas de 2008 e 2009. O time fora eliminado duas vezes pelo Liverpool, em edições da Champions, e conseguiu reagir, com a força de Lampard e Drogba, e eliminar duas vezes de volta os Reds.

Assim, o torcedor do Chelsea parou de ter medo do time que era então, sua grande pedra no sapato, e até virou o jogo com a conquista da FA Cup de 2012. Mas outros dois fantasmas nasceram.

O fantasma de 2009 foi uma grande partida jogada pelos Blues em Stamford Bridge nas semis contra o Barcelona, que terminaria em 1×0. Garfado pela arbitragem, o time viu 6 pênaltis ignorados a seu favor e em um chute de sorte de Iniesta entrar no último segundo de jogo e nos tirar da final.

O exorcismo veio em dois atos. Primeiro, a vitória por 1×0 em Stamford Bridge. Onde o Barcelona chegou a ficar nervoso, tamanha a falta de opção de jogadas que tinha. Todas anuladas pelo Chelsea. Dessa vez, eles quem sentiram-se injustiçados. Não pela arbitragem, pois ao contrário do time catalão, o Chelsea não precisa disso. Mas pelas bolas que bateram na trave e as inúmeras chances desperdiçadas.

O segundo ato foi especial. O Chelsea ficou 10 homens em campo, com dois laterais improvisados na zaga e levou 2 gols do “melhor time do mundo”, em Camp Nou. Viria chocolate por aí? Não. O Chelsea foi gigante e ressurgiu das cinzas com uma pintura de Ramires. Matou de vez o Barcelona e tudo que sofremos entre 2009 e 2012 com um fantástico gol de Fernando Torres – que era nosso carrasco nos tempos de Liverpool – quase no fim.

O fantasma de 2008 foi a disputa de pênaltis em Moscou. Chuvosa e extremamente similar a de 2012. O Chelsea esteve a uma cobrança de ser campeão, com John Terry. Ele escorregou e colocou para fora. Foram 4 anos de dor e remorso por aquele momento, principalmente para o nosso capitão, que acumulou o sentimento de culpa não só por esse lance, mas por ficar fora da final de 2012. Drogba e Cech mudariam a vida dele. E as nossas.

O exorcismo veio em uma virada nos pênaltis na conquista do título em Munique. O Chelsea saiu perdendo, e parecia que tudo daria errado de novo. Virou. Cech foi um gigante. Todos os jogadores acertaram. Drogba foi para a última cobrança e mais uma vez o time estava a apenas um passo de ser campeão europeu. O marfinense jogou para longe os fantasmas passados e converteu sua cobrança, sagrando o time campeão europeu, e tornando o Chelsea um time suficiente só pela sua grandeza, sem mágoas, sem precisar olhar para o que deu errado.

Foi como se todas as derrotas tivessem valido a pena, para em um conto fantástico do futebol, elas se encaixarem e serem superadas de forma caprichosa, quase como se tivesse sido escrita em um romance, com esse título de 2012.

De quebra, a Inglaterra havia perdido a Eurocopa de 1996 e a Copa do Mundo de 1990 para a Alemanha, nos pênaltis. Os germânicos ganharam todas suas decisões nos pênaltis, de lá para cá. A Inglaterra também perdeu a Copa do Mundo de 2006 e a Eurocopa de 2004, nos pênaltis.

Um inglês finalmente bateu um alemão nos pênaltis. A nação inteira comemorou, inclusive personalidades ligadas a times rivais, como Rooney e Neville. Comemoraram como enfim, o time que a Inglaterra deu o troco.

Frank Lampard, por sua vez, exorcizou o fantasma de Neuer e da bola que entrou na Copa do Mundo de 2010. Converteu seu pênalti. O outro jogador inglês a bater também marcou: Ashley Cole, jogando para o espaço todas as críticas pelo o que fez fora dos gramados e se consolidando de vez como um dos grandes, se não o grande, lateral esquerdo da sua geração.

Um título para exorcizar todos os fantasmas, para curar todas as feridas, para deixar tudo em paz e no seu devido lugar, que é o topo do futebol europeu.

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Article by: Chelsea Brasil

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