Lendo o Jogo: Leicester 0×3 Chelsea – a vitória maiúscula de um coletivo impecável

O Chelsea voltou da pausa da data FIFA em grande estilo. Com um imponente 3 a 0 diante do Leicester em pleno King Power Stadium, os Blues garantiram não só a manutenção da liderança da Premier League, como também a confiança no potencial de seu elenco.

Ao contrário de outras vitórias, a atuação dessa vez teve inúmeros destaques, o que ressalta a força coletiva de um time que não cansa de mostrar seu poder de fogo.

Enfim, para entender como se desenvolveu a vitória em Leicester, é hora de ler o jogo.

(Reprodução: Sky Sports)

Esquemas espelhados

Embora o Leicester tivesse atuado com linha de quatro em sua última partida, Brendan Rogers optou por retornar ao sistema com três zagueiros que vinha sendo utilizado anteriormente pelos Foxes.

Assim, Daniel Amartey se juntou a Jonny Evans e Çaglar Söyüncü na defesa. O grande desfalque ficou por conta de Youri Tielemans, que foi substituído por Wilfred Ndidi, como companhia a Boubakari Soumaré. Na frente, Ademola Lookman e Harvey Barnes se juntaram a Jamie Vardy no comando de ataque.

(Reprodução: BBC)

O Chelsea, por sua vez, contou com o retorno de Timo Werner após um mês de ausência por lesão. No entanto, o alemão ficou como opção no banco de reservas e o ataque foi formado por Mason Mount, Callum-Hudson Odoi e Kai Havertz.

Por fim, Thiago Silva, que era dúvida para a partida, foi confirmado como titular ao lado de Trevoh Chalobah e Antonio Rüdiger na defesa.

(Reprodução: BBC)

Primeiro tempo dominante

O Chelsea já começou tomando as rédeas da partida e, logo aos três minutos, Ben Chilwell recebeu grande lançamento de Jorginho, saiu cara a cara com o goleiro, mas chutou no travessão.

Quando o relógio marcava 10 minutos, um dado chamava atenção: o Chelsea tinha 79% de posse de bola. Com ela, os comandados de Thomas Tuchel encontravam espaços entre as descompactadas linhas do Leicester ao passo que, sem ela, subiam a marcação e retomavam rapidamente a posse.

Logo na sequência, aos 13, o Chelsea já abriu o placar. Chilwell bateu escanteio fechado na primeira trave, Rüdiger se antecipou e tocou de cabeça para o fundo do gol.

(Reprodução: Premier League)

A amplitude dada pelos alas dos visitantes alargava a defesa do Leicester e gerava espaços por dentro. Então, a dupla de meio-campistas dos Blues dominava as ações. Jorginho recebia com liberdade para pensar o jogo e Kanté se movimentava verticalmente, explorando os espaços.

Assim, aos 16, arco e flecha entraram em ação: Jorginho lançou Kanté, que recebeu frente a frente com Kasper Schmeichel. O camisa 7 tentou tirar do goleiro, mas o dinamarquês levou a melhor.

Já aos 28, Kanté teve nova oportunidade e, dessa vez, não desperdiçou. O meio-campista dos Blues recebeu entre as linhas adversárias, conduziu até próximo da grande área e encheu o pé esquerdo, no canto de Schmeichel. 2-0 Chelsea no King Power Stadium.

(Reprodução: PA Images)

Por conta dos esquemas espelhados, os duelos mano a mano eram frequentes. Dessa forma, o Leicester buscava isolar Vardy para que o camisa 9 dos Foxes recebesse em velocidade contra Thiago Silva. No entanto, o brasileiro se mostrava impecável, vencendo todos os duelos individuais e garantindo que o Chelsea fosse pouco incomodado. Para se ter ideia, o primeiro tempo terminou sem que os donos da casa dessem uma finalização.

Mudanças na estrutura e novas alternativas

O Leicester voltou para a segunda etapa com duas mudanças: saíram Lookman e Barnes, entraram Kelechi Iheanacho e James Maddison. Com as trocas, os donos da casa passaram do 3-4-3 para o 3-4-1-2,  com Iheanacho atuando ao lado de Vardy no ataque e Maddison por trás, fazendo a ligação.

Assim, o Chelsea passou a ter mais dificuldade na construção por dentro porque, sem a bola, Maddison voltava e formava uma dupla com Soumaré, que ficava responsável por perseguir a dupla Jorginho-Kanté. Sobrava Ndidi, que ficava mais atrás para cobrir os espaços no meio-campo e proteger a defesa.

(Reprodução: Nouman)

Entretanto, com o meio congestionado, os espaços passaram a aparecer pelos lados. A influência de Reece James pela direita fazia  Kanté, Havertz, Mount e até Odoi caírem pelo setor, o que também movia a marcação adversária. Assim, um corredor se abria para Chilwell do lado oposto e o ala-esquerdo dos Blues ia aparecendo constantemente.

Mapa de passes mostra Thiago Silva participativo com bola, influência de James nas ações e Chilwell ocupando todo o lado esquerdo (Reprodução: 11tenet11)

Logo aos 7 minutos da etapa complementar, Chilwell recebeu no bico da grande área, bateu de primeira e obrigou Schmeichel a fazer grande defesa.

Mapa de finalizações mostra Chelsea concluindo suas jogadas predominantemente pela esquerda (Reprodução: EPL Analysis)

Por outro lado, o Leicester passou a chegar mais ao ataque e enfim deu seu primeiro chute, com Maddison, aos 12. Pouco depois, Mendy entrou em ação para espalmar chute de Amartey.

Mais variações e muita produção ofensiva

Quando o relógio se aproximava da metade do segundo tempo, Tuchel decidiu fazer duas trocas no ataque: saíram Mount e Havertz e entraram Hakim Ziyech e Christian Pulisic. Com as trocas, Pulisic passava a jogar por dentro no ataque, com Ziyech de um lado e Odoi do outro.

Quem também se beneficiou da troca no sistema de marcação dos Foxes foram os defensores visitantes. Com maior liberdade para construir, o trio de zaga do Chelsea assumiu importante papel na construção do jogo.

E foi assim que, aos 26, Chalobah acionou Ziyech pela direita, que fez bela jogada e serviu Pulisic na área. Ao norte-americano, só restou dominar e tocar por baixo de Schmeichel para fechar o placar.

(Reprodução: Getty Images)

O Chelsea passou a chegar com facilidade ao ataque e a vitória só não se transformou em goleada porque, em outras três oportunidades, os Blues balançaram a rede mas o impedimento foi assinalado. Assim, a partida ficou mesmo em três a zero.

(Reprodução: BBC)

Destaques individuais

A missão mais difícil do jogo é eleger o melhor em campo. Em uma vitória absolutamente coletiva, quase todos tiveram destaque no funcionamento da equipe.

Kanté, com gol e grande atuação, é um dos que mais merece ser mencionado na partida diante de seu ex-time. Mas a famosa ‘lei do ex’ poderia ter entrado em ação também com Chilwell, que teve papel extremamente importante na construção da vitória, foi o autor da assistência para o gol de Rüdiger e teve outras oportunidades para ampliar o placar.

(Reprodução: Getty Images)

James também teve mais uma grande atuação, participando do gol de Kanté e produzindo muito para a equipe, como de costume. Jorginho, que tomou conta do meio-campo e distribuiu grandes passes, Thiago Silva, que venceu todos os duelos e foi fundamental na construção e Hudson-Odoi, com boa participação e movimentação pelo ataque, também merecem destaque. Até Mendy, com defesas importantes quando foi exigido, pode ser citado.

Em suma, uma vitória absolutamente coletiva, que evidencia a consistência dessa equipe em todos os setores e por parte de todos os jogadores. Vale lembrar que o Chelsea ainda não conta com Mateo Kovacic e Romelu Lukaku, duas das figuras de maior importância na atual temporada. Por isso, se as atuações no presente já trazem confiança, o futuro parece ser ainda mais animador.

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Article by: Marcelo Vilela