Lendo o Jogo: Chelsea 3×2 Leeds – no xadrez entre Tuchel e Bielsa, Jorginho deu o xeque-mate

Foi sofrido, nos acréscimos, mas o Chelsea voltou a vencer e segue na briga pela ponta da Premier League. O resultado, que se encaminhava para um empate até os 46 minutos do segundo tempo, veio com Jorginho sendo decisivo na cobrança de dois pênaltis a favor dos Blues.

Mas o duelo em Stamford Bridge teve, além de emoção, uma espetacular disputa de estratégias entre Thomas Tuchel e Marcelo Bielsa. E, para entender como o lado azul levou a melhor, é hora de ler o jogo.

(Reprodução: Sky Sports)

Ausências e retornos

Em meio aos tradicionais desfalques, o Chelsea ao menos veio para o jogo com o importante retorno de Jorginho. Assim, o ítalo-brasileiro formou dupla com Ruben Loftus-Cheek, o que deu mais consistência ao meio-campo.

Na defesa, César Azpilicueta foi titular pela segunda partida consecutiva e compôs o trio de zaga ao lado de Thiago Silva e Antonio Rüdiger.

Já no ataque, Romelu Lukaku, que havia jogado 75 minutos diante do Zenit, segue sendo dosado. Então, ficou como opção no banco de reservas. Dessa forma, o ataque foi composto por Mason Mount, Kai Havertz e Timo Werner.

(Reprodução: Chelsea FC)

O Leeds United, de Marcelo Bielsa, também veio com importantes desfalques para o duelo em Stamford Bridge. Os Whites perderam Kalvin Phillips, Rodrigo e Patrick Bamford na partida anterior pela Premier League. Assim Adam Forshaw substituiu Phillips no meio-campo e Daniel James atuou pelo ataque.

(Reprodução: Leeds United FC)

A riqueza tática do duelo

Com a bola, os Whites se posicionavam em um 4-3-3, com Harrison e Raphinha pelos lados e Daniel James como falso 9. Por sua vez o Chelsea, nesse cenário, colocava Mount para vigiar Forshaw e impedir a saída apoiada dos visitantes.

(Reprodução: ShareMyTatics)

Já sem a bola, o Leeds adotava um sistema de marcação individual, que acabava alterando toda a configuração tática. Praticamente todos os comandados de Bielsa ficavam responsáveis por ‘tomar conta’ de algum jogador azul em específico. Assim, por vezes, gerando perseguições longas a partir do posicionamento inicial.

Essas perseguições eram pré estabelecidas: Raphinha, por exemplo, vigiava Rüdiger e Daniel James fechava em Azpilicueta na saída de bola. Harrison marcava James e a dupla Roberts e Forshaw era responsável por vigiar Jorginho e Cheek. Mas o grande ‘coringa’ desse sistema era Stuart Dallas, que ficava responsável por marcar Timo Werner e, assim, virava praticamente um terceiro zagueiro. Isso acabava fazendo com que, sem bola, o Leeds se postasse em uma espécie de 5-3-2.

(Reprodução: Share My Tatics)

Completando o sistema de marcação, a presença de Dallas mais recuado liberava Jamie Shackleton, que marcava Marcos Alonso. Do lado oposto, Júnior Firpo vigiava Mount e Luke Ayling e Diego Llorent fechavam Havertz por dentro. O único que não era marcado por ninguém era Thiago Silva, que tinha liberdade para conduzir a bola e acabava aparecendo por vezes no ataque.

Sistemas de marcação individual são cada vez mais raros no futebol e, quando se enfrenta um, uma boa arma é a troca constante de posição no ataque. Isso obriga perseguições longas, o que pode desorganizar o setor defensivo. E foi assim que o Chelsea fez, apostando principalmente na inversão entre James e Mount. Mount abria e gerava amplitude e James fechava por dentro, por vezes caindo até pelo lado esquerdo.

Alonso decidindo contra e a favor

O Chelsea começou exercendo uma pressão na saída que surtia efeito e impedia o Leeds de sair. Nesse sentido, logo no segundo minuto, Rüdiger chegou na linha de fundo do campo de ataque, o que evidenciava a postura agressiva dos mandantes.

O bloco alto de marcação forçava erros dos Whites, que registravam somente 36% de acerto de passe no décimo minuto. Mas aos poucos a intensidade do Chelsea ia diminuindo e, aos 15, o Leeds manteve a posse no ataque pela primeira vez. Dali em diante, começaram a equilibrar as ações.

Aos 20 minutos, Raphinha bateu falta direto para o gol e obrigou Mendy a trabalhar. Seis minutos mais tarde, Alonso se precipitou, derrubou Daniel James na área e o árbitro assinalou pênalti para o Leeds, cobrado e convertido por Raphinha.

(Reprodução: Leeds United FC)

Os encaixes defensivos dos Whites encaixotavam Havertz por dentro e isolavam Werner e Mount pelos lados. Assim, sem a interação entre o trio de ataque, o Chelsea ia sofrendo para criar, tendo James por dentro como uma das principais armas para desequilibrar a marcação visitante.

Logo, o jogo seguiu sem grandes chances até os 41 minutos, quando mais uma pressão alta do Chelsea surtiu efeito. Dessa vez, Alonso participou ofensivamente roubando a bola de Dallas, tabelando com Werner e cruzando para Mount. O camisa 19 dos Blues bateu de primeira, surpreendeu Ivan Meslier e empatou o jogo.

(Reprodução: Chelsea FC)

Havertz ainda teve chance para virar o jogo ainda no primeiro tempo, mas acabou parando no goleiro adversário.

Mudanças importantes no Leeds

As equipes voltaram com as mesmas configurações. Entretanto, aos 10 do segundo tempo, Rüdiger resolveu se aventurar no ataque e foi derrubado por Raphinha na área. Pênalti para o Chelsea, convertido por Jorginho.

(Reprodução: Chelsea FC)

Logo após o gol, Bielsa tirou Shackleton e colocou Mateusz Klich no jogo. A alteração redefiniu o 4-3-3 dos Whites, com Dallas passando a fazer a lateral-direita e Klich entrando no meio-campo. Agora, Raphinha atuava pela esquerda, James pela direita e Roberts pelo centro.

Com Raphinha pela esquerda e uma constante movimentação, o Leeds passou a levar perigo e melhorou no jogo. Aos 18 minutos, o brasileiro saiu cara a cara com Mendy, mas o goleiro senegalês levou a melhor.

Pouco depois, Tuchel resolveu revitalizar o lado direito da defesa, tirando Azpilicueta e colocando Andreas Christensen. Hudson-Odoi também entrou na vaga de Werner e o Chelsea conseguiu reequilibrar um pouco mais a partida.

Mas foi já na reta final que veio mais uma brecha pelo setor direito defensivo dos Blues. A marcação se desencaixou, Roberts tabelou com Klich e saiu livre pelo lado, cruzando para Joe Gelhardt na pequena área. O atacante do Leeds, que havia acabado de entrar no lugar de Raphinha, completou para o gol em seu primeiro toque na bola. Ponto para Bielsa, que, com a alteração, passou Roberts para a esquerda e Gelhardt entrou como 9.

Posteriormente, Tuchel colocou Lukaku em campo no lugar de Alonso. Então, Hudson-Odoi foi para a ala-esquerda e Havertz caiu pelos lados no ataque junto com Mount.

Enfim, aos 46 minutos, Rüdiger apareceu mais uma vez na área para salvar o Chelsea do tropeço. Numa repetição do roteiro, o zagueiro alemão foi derrubado na área e Jorginho converteu o pênalti com maestria. Três a dois no placar e três pontos na conta.

(Reprodução: The Analist)

Destaques individuais

Pelo terceiro jogo consecutivo, Mason Mount balançou as redes e, assim se isola ainda mais na artilharia da equipe nessa Premier League, com seis gols. O camisa 19 teve participação direta nos últimos cinco tentos do Chelsea nesse campeonato inglês, somando três gols e duas assistências. Mais uma grande atuação daquele que foi o melhor da equipe na última temporada e se consolida como referência ainda maior para a atual.

Mas em um jogo tão enroscado, é impossível não citar aquele que marcou dois gols em momentos tão delicados da partida. Jorginho foi o grande destaque do Chelsea pela conversão das duas penalidades, mas também pela atuação importante com e sem a bola ao longo da partida.

(Reprodução: Chelsea FC)

Em suma, o Chelsea conquistou três importantíssimos pontos em uma verdadeira batalha tática travada em Stamford Bridge. Cabe a ressalva para a defesa, que mais uma vez foi vazada e soma oito gols sofridos nos últimos três jogos. Números alarmantes, ainda mais para um time que vinha se destacando justamente pela consistência defensiva.

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Article by: Marcelo Vilela