Ídolo jersiano do Chelsea, Graeme Le Saux deu uma entrevista exclusiva para a equipe do Chelsea Brasil. Na entrevista, o zagueiro fala sobre diversos temas, como qual foi o maior título na sua passagem, quem foi o melhor jogador que ele já enfrentou, entre outras coisas. Confira a entrevista do ex-camisa 14 dos Blues ao maior site dos Blues nas Américas:
Chelsea Brasil: Quem foi o melhor jogador contra quem você jogou na sua carreira?
Graeme Le Saux: É engraçado porque eu nunca me considerei um bom jogador, mas sempre que me perguntam isso, eu penso nos jogadores contra quem joguei regularmente e isso faz com que eu pense que fui bem! Acho que você poderia fazer sua escolha entre Figo, Brian e Michael Laudrup, os dois Ronaldos, Rooney – mas o que se destaca na minha geração é o Zidane. Ele poderia envergonhar todo mundo no campo. Eu joguei com ele recentemente numa partida de caridade. Ele é tão gracioso no campo, com uma incrível consciência. É um pouco como Matrix quando ele tem a bola, tudo parece estar em câmera lenta quando ele a tem. A coisa mais prazerosa de jogar contra Zidane é quando ele vai até o outro lado do campo e incomoda outra pessoa! Ele também é um ótimo cara, bem quieto e de bom gosto.
Chelsea Brasil: Você teve uma carreira bem sucedida e com muitos títulos, especialmente na sua segunda passagem pelo Chelsea. Qual foi o título mais importante durante este período?
Graeme Le Saux: Suponho que a Cup Winners Cup. Aquela foi uma grande conquista, mas todas tem o seu valor. Pessoas questionam a League Cup, mas para um jogador é importante – quantos jogadores conquistam troféus? Não muitos. A League Cup para mim data de quando eu era jovem, mesmo não sendo tão rica em história quanto a FA Cup, mas certamente para mim vem em segundo porque é um significativo e importante troféu. Foi a primeira taça que venci com o Chelsea – jogamos contra o Middlesborough em Wembley. Os torcedores dos Blues estavam absolutamente incríveis naquele dia. O Wembley quase se tornou uma segunda casa para os torcedores do Chelsea e é por isso que temos este caso amoroso com a FA Cup. Em toda partida no Wembley, nossos fãs vencem a batalha das torcidas!
Chelsea Brasil: Na sua primeira passagem pelo Chelsea, você estava começando sua carreira. Na segunda, você já era mais experiente. Como você avalia seu tempo no clube?
Graeme Le Saux: Eu vim de Jersey como um jovem inocente. Não conhecia ninguém, nem Londres e ficava assustado quando entrava no metrô, então foi um grande desafio no que diz respeito a experiência de vida e amadurecimento. Foi difícil na época, não foi muito bom. Havia muitas coisas acontecendo e tive momentos de frustração. Não éramos muito consistentes como time e eu estava entrando e saindo da equipe, o que era complicado para um jogador jovem. Também foi um vestiário muito complicado naquela primeira passagem. Quando fui para o Blackburn, em seis meses já estava me estabelecendo como um lateral inglês. Curiosamente, a pessoa que realmente fez a diferença para mim no Chelsea foi Glenn Hoddle porque ele estava no começo daquela revolução. Foi ele quem mudou a mentalidade do vestiário e do clube. Também foi ele que trouxe Ruud [Gullit] e Vialli então isso foi uma verdadeira mudança na cultura. Quando voltei, pagaram 5 milhões de libras, me tornando o defensor mais caro do país na época. Eu era um jogador da Seleção Inglesa e o primeiro que contratamos em muito tempo. Então eu não conseguia acreditar em como as coisas mudaram naquele período. Foi uma grande oportunidade para atingir meu potencial para a torcida e sinto que consegui isso, coisa pela qual sempre sentirei gratidão à eles. Todos eles me receberam bem nesta volta, mesmo os mais teimosos. Tenho muito orgulho da minha relação com a torcida do Chelsea.
Chelsea Brasil: Como foi jogar com tantos jogadores talentosos como Gianfranco Zola?
Graeme Le Saux: Eu poderia falar do Franco o dia todo porque ele é um cara muito bom. Ele é muito ligado à família, tem grandes princípios, consegue rir de si mesmo, tem ótimas piadas – até gosta das minhas – e acho que é por isso que eu acho que gosto tanto dele porque elas são terríveis. Ele está sempre me pedindo para contar uma piada.
Chelsea Brasil: Qual foi o momento mais engraçado de sua história nos Blues?
Graeme Le Saux: Tem muitos que eu poderia citar, mas tem este momento com o Luca (Vialli) porque ele se tornou um cara bem sério quando ele era um jogador e se tornou o treinador, então era difícil definir quando você estava com ele. Tinham horas em que se ele estava ficando muito distante e muito como um treinador, nós tentávamos trazer ele de volta humildemente. Estávamos num jogo e eu recentemente tinha visto alguém fazer um truque numa festa, tínhamos ido para Manchester numa partida como visitantes. Ficamos lá por alguns dias e tivemos muito tempo para matar. Falei com a direção do hotel em que ficamos sobre uma das salas de reunião que tínhamos, cujo teto era bem baixo, e pedi uma vassoura, uma bandeja de bebidas, 6 copos e uma jarra de água. Depois estávamos conversando nesta reunião e anunciei que tinha um truque mágico para mostrar a todos. Coloquei as cadeiras num lado da sala, os outros jogadores em outro lado e eu tinha esta cadeira no meio da sala. Disse que colocaria aquela bandeja de bebidas no teto, seguraria com a ponta da vassoura e faria este truque inacreditável no qual não derrubaria nada. Falei que precisava de um assistente e pedi para o Luca se juntar a mim e como treinador ele meio que precisava fazê-lo para mostrar que ainda ainda era um de nós. Então subi na cadeira, pressionei as bebidas contra o teto, segurei com a vassoura e disse pro Luca que ele precisava segurar a vassoura enquanto eu saía da cadeira. Ele segurou, eu saí da cadeira e dei o fora! Aí ele ficou no meio da sala segurando 6 copos de água acima da cabeça dele e pedindo a ajuda dos jogadores! No final ele tentou abaixar a bandeja, mas terminou com tudo em cima dele.
Agradecimentos: Matt O’Shea.
Post produzido por: Rafael França, Felipe Maia e Fabiana Neves.