
A temporada do Chelsea começou cercada de expectativas. Após um ano de reconstrução, com a volta de José Mourinho, era preciso começar a colher frutos. Se, ao início de 2013-2014, eram certas algumas mudanças, sem garantia de glórias, 2014-2015 necessariamente teria que acabar acompanhada de taças.
Para isso, uma necessidade urgente precisava ser suprida: a de um goleador efetivo. Se, no último ano, Fernando Torres, Samuel Eto’o e Demba Ba viram o belga Eden Hazard terminar a campanha londrina como o artilheiro do Chelsea, nesta os gols teriam que ser feitos, mormente, por especialistas. Assim, os três “matadores” da última temporada deram lugar a outros três, todavia, mais prolíficos: Diego Costa, Didier Drogba e Loic Remy, autores de um total de 36 gols na temporada recém-terminada.
Além deles, chegaram Filipe Luís e o excelente Cesc Fàbregas, que, finda a temporada, se afirmou o maior assistente da equipe, com 23 passes para gols. Isso tudo possibilitado, em grande medida, pelas vendas milionárias de David Luiz e Romelu Lukaku, que renderam mais de 70 milhões de euros aos cofres azuis. Outra cara, não tão nova, que apareceu em Stamford Bridge foi a do goleiro Thibaut Courtois, que retornou ao clube após três anos de empréstimos ao Atlético de Madrid.
Com novas peças, a temporada dos Blues começou com uma pré-temporada na própria Europa. No Reino Unido, enfrentou Wycombe Wanderers, AFC Wimbledon e Real Sociedad; na Áustria, o modesto RZ Pellets; na Eslovênia, o NK Olimpija Ljubljana; na Holanda, o Vitesse; na Alemanha, o Werder Bremen; na Turquia, os rivais Fenerbahce e Besiktas; e na Hungria, o Ferencvaros. 10 jogos, um empate, sete vitórias e duas derrotas uma contra o rival germânico e a outra contra o Besiktas.

Vitórias empolgaram nos primeiros jogos da temporada
Assim, bem preparado, o Chelsea iniciou em 18 de agosto de 2014 sua trajetória em jogos oficiais. Pela Premier League, o primeiro rival – ou melhor, a primeira vítima – foi o modesto Burnley, que terminaria a temporada rebaixado. E 17 minutos bastaram para os Blues construírem o placar de 3×1, em Turf Moor, partida que marcou também o primeiro gol oficial de Diego Costa pelo Chelsea. Em seguida, foi a vez de o Chelsea vitimar o Leicester, por 2×0, na estreia da equipe em Stamford Bridge.
Com a terceira partida, veio a terceira vitória, em jogo emocionante contra o Everton em Goodison Park. O 6×3 foi marcado por muita intensidade de ambas as partes e grande atuação dos ataques. Em grande início com a camisa do Chelsea, Diego Costa marcou sua presença duas vezes, no acender e no apagar das luzes. Ironicamente, o último gol dos Toffees saiu dos pés de Samuel Eto’o. Na sequência, o time seguiu empolgando com um estilo de jogo massivo e de muita pressão, como refletiu a vitória por 4×2, contra o Swansea City, na quarta rodada.
Não obstante, o primeiro tropeço da temporada anunciou um mal presságio. Na estreia da UEFA Champions League, o Chelsea apenas empatou com o Schalke 04, em Stamford Bridge, 1×1. Vale dizer, ainda, que a equipe alemã vivia um período de muita conturbação. E logo após o insosso empate na competição continental, outro empate pôs fim à série de vitórias dos Blues na Premier League e à sequência de gols de Diego Costa, que passou em branco pela primeira vez na competição. Não obstante, o resultado não teve nada de anormal, uma vez que o rival era o Manchester City, no Etihad Stadium.
A recuperação veio contra o Bolton, em partida válida pela Capital One Cup. Jogando com o time misto, o Chelsea venceu por 2×1 e seguiu adiante na competição, que viria a vencer. O encontro também representou a estreia de Kurt Zouma, que foi, inclusive, o autor de um dos gols. Voltando o foco para a Premier League, na sequência, o Chelsea venceu o Aston Villa com facilidade em seus domínios, 3×0. Até então, apenas na segunda rodada, o clube londrino não havia sido o líder, algo que só se repetiria na 20ª.

Voltando sua atenção para a Champions, os Blues foram à Lisboa, enfrentaram o Sporting e com gol de Nemanja Matic saíram vitoriosos, ganhando moral. Voltando à esfera doméstica, o Chelsea teve pela frente seus primeiros clássicos locais, contra o Arsenal, em seus domínios, e contra o Crystal Palace, em Selhurst Park: duas vitórias. Logo após, em ótima forma, o time atropelou o Maribor na UCL: 6×0. Nesse período, iniciado contra os Eagles, o Chelsea começou a sofrer com os problemas físicos de Diego Costa, que não esteve presente no empate, por 1×1, com o Manchester United, em Old Trafford e nem na vitória, 2×1, contra o modesto Shrewsbury Town, em jogo válido pela Capital One Cup.
A temporada azul seguiu com sucesso na Premier League e nos três jogos seguintes ocorreram três vitórias, contra Queens Park Rangers, Liverpool e West Bromwich. A despeito disso, entremeando tais partidas, o Chelsea empatou com o Maribor, na Champions e se viu obrigado a vencer o próximo jogo, contra o Schalke 04, na Alemanha, o que fez, com propriedade. Sem tomar conhecimento do rival, impôs um sonoro 5×0. Na ressaca da goleada, empatou sem gols com o Sunderland, no Stadium of Light.

O 3×0 contra o rival Tottenham, na sequência, não deixou dúvidas de que o empate contra os Black Cats havia sido mera obra do acaso. A despeito disso, logo após, o Chelsea sofreu sua primeira e inesperada derrota: 2×1 para o Newcastle, que brigaria até a última rodada contra o descenso. Pela Champions bateu o Sporting CP, em Londres, e garantiu o avanço às oitavas de finais da competição.
Ligeira queda de rendimento marcou a metade da temporada
Antes do final do ano de 2014, o Chelsea ainda venceu Hull City, Stoke City e West Ham, e deixou o Derby County pelo caminho na Capital One Cup. Todavia, no dia 28 de dezembro, às vésperas do ano novo, começou a sofrer seu período mais instável na temporada. O empate com o Southampton, seguido de uma derrota por 5×3 para o Tottenham, deixaram o time em estado de alerta e a resposta veio rápida, com um impiedoso triunfo, por 3×0, frente ao Watford, na estreia dos Blues na FA Cup. A ele, seguiram-se boas vitórias contra Newcastle e Swansea – esta, uma goleada, 5×0.
Apesar disso, na semifinal da Capital One Cup, um empate com o Liverpool causou a necessidade de um replay e manteve os ânimos atentos em Cobham. Logo após, a eliminação da FA Cup, contra o modesto Bradford City, jogou um balde de água fria sobre os jogadores. Das quatro competições conquistáveis no início da temporada, restavam três e o clube não poderia vacilar contra o Liverpool.
Em partida tensa e muito disputada, a estrela de Branislav Ivanovic apareceu e levou o Chelsea à final da Capital One Cup. Na prorrogação, o lateral subiu mais alto do que a defesa dos Reds e sentenciou um suado, porém suficiente, 1×0. Logo após, contra seu perseguidor principal na disputa da Premier League, o Manchester City, novo empate por 1×1. Apesar disso, dois novos magros triunfos, 2×1 contra o Aston Villa, e 1×0 frente o Everton, revigoraram o Chelsea, que teria uma pedreira pela frente: o Paris Saint-Germain, nas oitavas de finais da UCL.

Êxitos nacionais compensaram a decepção continental
Em Paris, o 1×1, com gols de Ivanovic e Edinson Cavani, deixou o Chelsea em boa posição para decidir as oitavas em Stamford Bridge, podendo empatar sem gols. No interregno entre as decisões da Champions, um empate contra o Burnley deixou os ânimos alterados em Stamford Bridge – e não só pelo resultado. Uma entrada criminosa do Ashley Barnes enervou Matic, que, revoltado, foi tirar satisfações e, consequentemente, expulso. Barnes, por outro lado, somente foi amarelado. Apesar disso, em 1º de março o Chelsea teve motivos para comemorar! Vencendo por 2×0 um lutador Tottenham, os Blues levantaram sua primeira e merecida taça: a Capital One Cup voltou à sala de troféus do clube.

Antes da decisão contra o rival parisiense, na Champions, o Chelsea ainda teve o West Ham pela frente e venceu mais uma: 1×0. Veio então, no dia 11 de março, a grande decepção da temporada dos Blues e a ironia da “Lei do ex”: até o minuto 86, o Chelsea vencia e avançava às quartas de finais, mas um gol de David Luiz complicou a disputa e levou a partida para a prorrogação, onde o gol de Eden Hazard não foi suficiente, diante de um empate tardio de Thiago Silva. O 2×2 eliminou o Chelsea.

Apesar da tristeza com a derrota, foi necessário seguir, uma vez que restava ao clube assegurar o título da Premier League, a única competição com a qual teve que lidar de meados de março ao final de maio. Ressaqueado com a eliminação, o Chelsea repetiu o placar do primeiro turno contra o Southampton: 1×1. Daí em diante, emplacou uma sequência vital de quatro vitórias magras, porém valiosas: 3×2 no Hull City, 2×1 no Stoke City, 1×0 contra o Queens Park Rangers e o mais importante deles: 1×0 contra o poderoso Manchester United. Vale a lembrança de que a partida contra o QPR iniciou uma sequência de seis partidas sem Diego Costa, que voltara a sentir um problema na coxa esquerda.
Finalizada a 33ª rodada, a tabela da Premier League mostrava uma supremacia de 12 pontos do Chelsea, que pôde se dar ao luxo de fazer um jogo mais duro contra o Arsenal, preocupando-se apenas em não perder, o que, com o empate por 0x0, rendeu os frutos esperados. O esperado título ficava cada vez mais perto e a próxima vítima foi o Leicester.
Em partida adiada, válida pela 27ª rodada, fora de casa, o Chelsea bateu os Foxes por 3×1, mas teve de esperar mais uma rodada para soltar o grito de campeão. O rival do jogo do jogo do título foi o Crystal Palace e a magra vitória, por 1×0, gol marcado por Eden Hazard, foi suficiente para provocar o êxtase da nação blue nas ruas da capital inglesa.

Até o final da temporada, já sem a pressão por resultados, os Blues empataram com o Liverpool, sofreram uma imprevista, mas perdoável, derrota frente o West Bromwich Albion, e, no jogo derradeiro, bateram o Sunderland por 3×1.
Ótima temporada deixa um “gostinho de quero mais” para 2015-2016
Com dois títulos na bagagem, o Chelsea viveu ótima temporada em 2014-2015. Diego Costa foi o grande goleador, Fàbregas o grande assistente e Hazard o melhor jogador. Não obstante, a maior parte dos jogadores teve ótima temporada. Na defesa, Ivanovic, Gary Cahill, John Terry e César Azpilicueta brilharam. Kurt Zouma mostrou-se um a grata surpresa para a zaga, Matic se afirmou com um grande volante, o melhor da Inglaterra, e Willian mostrou ainda mais futebol do que na temporada anterior. José Mourinho mostrou mais uma vez porque é o Special One. Prometeu e cumpriu. Em duas temporadas, reformulou o Chelsea e o colocou, novamente, na rota dos títulos.
As duas conquistas desta temporada e a perspectiva de mais evolução na próxima temporada animam e os torcedores já podem começar a sonhar com mais taças em 2015-2016.
