O final de semana é marcado pelo confronto entre os extremos da Premier League e o Chelsea Brasil traz mais um “Como Joga”, escrito por Pedro Bueno. Em síntese, nosso colaborador apresenta o rival da rodada, seus pontos fortes e fracos. Por fim, o texto serve como “esquenta” para o duelo desta nona rodada do Campeonato Inglês.
A data FIFA sempre esfria as competições. Os jogos de seleções interrompem a sequência e alguns times perdem o ritmo. Mas o Chelsea não. O time retornou da pausa com fome de jogo e venceu as duas partidas seguintes. Frente ao Brentford, no último fim de semana, Ben Chilwell marcou e Edouard Mendy salvou, enquanto na última quarta-feira, contra o Malmö, pela Champions League, o time inglês atropelou e venceu por 4 a 0. Placares que motivam ainda mais os atuais campeões da Europa e os donos da primeira colocação da atual Premier League.
E nesta rodada do Inglês, os Blues enfrentam o seu oposto na tabela: o dono da lanterna. Na manhã de sábado, 23 de outubro, às 8:30 da manhã, Chelsea e Norwich City duelam no Stamford Bridge. O jogo válido pela nona rodada da Premier League contará com transmissão da ESPN Brasil e do Star+.
Sem mais delongas, chegamos a mais um “Como Joga” e a partir de agora você vai conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!
É o Brasil na Inglaterra?
A camisa amarela, o símbolo que conta com a cor verde e o mascote que é um canarinho. O Norwich City promove bonitas homenagens à Seleção Brasileira, ou melhor, o Brasil promove homenagens ao Norwich, já que o time nasceu antes da seleção começar a usar estas cores. No entanto, o futebol praticado pelo time do leste da Inglaterra quando disputa uma competição de alto nível é bem diferente do nível do nosso país, visto que as últimas participações na Premier League foram decepcionantes. Além disso, o clube não conta com nenhum jogador brasileiro.
Obviamente, não trata-se do Brasil na Inglaterra, já que apenas as cores e os mascotes coincidem. O time inglês que foi fundado em 1902 se localiza, claramente, na cidade de Norwich, no extremo leste da Inglaterra e tem o modesto Ipswich Town como o seu maior rival.
Sob comando do mesmo treinador desde 2017, o Norwich City colheu bons frutos na última temporada, mas o grande objetivo dos últimos anos é sobreviver na Premier League. No entanto, os jogadores, treinados pelo alemão Daniel Farke, não iniciaram bem esta temporada e o prognóstico é bem preocupante.
A meta do Norwich é apenas permanecer na elite, visto que o time não tem tanta expressão no futebol inglês. A equipe venceu cinco vezes a EFL Championship – a segunda divisão inglesa -, incluindo dois títulos nas últimas duas participações, e também conquistou duas taças da EFL Cup em 1961/62 e 1984/85, sendo estas as única glórias do clube.
O ioiô
Talvez o Norwich City seja o exemplo perfeito para explicar a “metáfora do ioiô” no futebol. Assim como o objeto que as crianças adoram, o clube sobe e desce na mesma velocidade. Em 2018/19, a equipe foi campeã da Championship e subiu com moral. Em 19/20 foi rebaixado como lanterna e com 13 pontos a menos que o 19º colocado.
Já na temporada passada, para seguir no “movimento de ioiô”, o Norwich City fez uma temporada perfeita na divisão de acesso. O time conquistou 97 pontos em 46 jogos, tendo 29 vitórias, dez empates e apenas sete derrotas e conseguindo uma liderança tranquila na Championship.
Como campeão, o Norwich recebeu novamente um montante significativo de premiação dos organizadores e pensou que iria entrar mais forte na Premier League, mas não é isso que está acontecendo em 2021/22. Na lanterna da competição inglesa, o clube dá ainda mais força à metáfora do ioiô, visto que o time verde e amarelo tende a descer na mesma velocidade que subiu pelo segundo ciclo consecutivo.
Para detalhar alguns pontos da temporada passada do Norwich que vão além da boa campanha na Championship, é necessário ressaltar os desempenhos decepcionantes nas copas. Na EFL Cup de 20/21, o Norwich caiu na primeira fase para o Luton Town e, na FA Cup, a equipe até venceu o Coventry City, mas foi eliminada para o Barnsley.
O início desanimador
Como dito anteriormente, o Norwich tende a seguir no terrível movimento de ioiô, já que o clube apenas sobe e desce, sem se consolidar na elite do futebol inglês. Obviamente, ainda é bem cedo, mas o início indica mais uma temporada desastrosa do atual campeão da segunda divisão.
Nas seis primeiras partidas, o clube perdeu todos os confrontos e sequer somou pontos. Porém, com uma pequena evolução, o Norwich empatou os dois últimos jogos e está com “incríveis” dois pontos na classificação do Inglês. Na lanterna e com aproveitamento de 8,3% dos pontos, os Canarinhos entram nesta rodada sabendo que empatar com o Chelsea é um grande resultado.
Além de ser o 20º colocado e um dos três times da Premier League que não venceu nesta edição, o Norwich marcou apenas dois gols no Inglês – ambos foram marcados por Teemu Pukki em derrotas do clube -, tendo assim o pior ataque do Inglês. Além disso, o time tem uma média de sofrer dois gols por jogo na competição, visto que são 16 tentos sofridos em oito partidas. Veja abaixo as partidas do Norwich neste início de Premier League.
- 14/08: Norwich 0 x 3 Liverpool;
- 21/08: Manchester City 5 x 0 Norwich;
- 28/08: Norwich 1 x 2 Leicester;
- 11/09: Arsenal 1 x 0 Norwich;
- 18/09: Norwich 1 x 3 Watford;
- 25/09: Everton 2 x 0 Norwich;
- 02/10: Burnley 0 x 0 Norwich;
- 16/10: Norwich 0 x 0 Brighton;
Além do início ruim na Premier League, o Norwich já foi eliminado da EFL Cup, mas o clube não teve uma culpa tão grande, mas sim um azar gigante no sorteio. Depois de eliminar o Bournemouth na segunda fase da competição, o clube foi sorteado para enfrentar o Liverpool e perdeu por 3 a 0, dando adeus à copa.
Histórico do confronto
Mesmo tendo as suas respectivas fundações datadas na primeira década do século XX, Chelsea e Norwich só se encontraram pela primeira vez em 1936. Em 11 de janeiro daquele ano, as equipes se enfrentaram pela FA Cup e empataram por 1 a 1. Quatro dias depois, já no replay da Copa da Inglaterra, o Chelsea bateu o adversário por 3 a 1 e se classificou.
As equipes ainda ficaram muito tempo sem se enfrentar e os confrontos se normalizaram a partir da década de 70, mas os clubes disputaram apenas 56 partidas. Nestes duelos, o Chelsea saiu vencedor 23 vezes, houve 19 empates e o Norwich bateu o rival da capital em 14 oportunidades. Já na Premier League, os clubes se enfrentaram 18 vezes e o Chelsea venceu 11 vezes, ou seja, tem um amplo domínio atualmente.
E este domínio pode ser evidenciado pelo jejum do Norwich no confronto: o time do leste da Inglaterra não vence a equipe da capital desde 1994. Logo, o Chelsea ostenta uma série de 17 jogos sem perder para o rival, sendo 12 vitórias e cinco empates nesta sequência invicta do clube.
O jogo anterior
Em meio a esta ótima sequência sem perder para o adversário, o Chelsea goleou o Norwich em algumas oportunidades e teve facilidade em outras partidas, porém o último jogo contrapôs esta ideia no placar, já que foi uma vitória magra, mas não na atuação, visto que o time azul de Londres sobrou.
Ainda sob o comando de Frank Lampard, os Blues venceram os Canarinhos por apenas 1 a 0 em 14 de julho de 2020, no Stamford Bridge, contudo tiveram 67% de posse de bola, chutaram 22 vezes contra apenas duas do Norwich e não deixaram o adversário tentar jogar. Nesta partida, o Chelsea entrou em campo com Kepa; Azpilicueta, Rüdiger, Zouma e Marcos Alonso; Jorginho, Loftus-Cheek e Kovacic; Willian, Giroud e Pulisic.
Com o domínio durante toda a etapa inicial, o Chelsea chegou aos 35 do primeiro tempo: Christian Pulisic recebeu no meio, girou, bateu forte e obrigou Tim Krul a fazer uma grande defesa. Dez minutos depois, Marcos Alonso recebeu de Jorginho na esquerda e abriu para Pulisic. O estadunidense levou para a perna direita e fez um cruzamento perfeito para Olivier Giroud. O centroavante não perdoou e marcou o gol dos Blues. 1 a 0 no placar e o Chelsea, certamente, deseja dominar o adversário novamente neste sábado.
Como joga?
Sendo o pior time da Premier League, o Norwich só tem um caminho: evoluir. A evolução é esperada e exigida, visto que já foram oito partidas e o time somou dois pontos. Além disso, a equipe está atuando muito mal e não deu perspectivas de melhoras, mesmo com os empates recentes. A missão de Daniel Farke é retomar, pelo menos, as boas atuações, a fim de tentar colocar o clube nos trilhos.
O treinador alemão chegou em Norwich em 2017 e faz ótimo trabalho – inclusive, vencendo a Championship duas vezes. No entanto, as duas participações na Premier League chamam a atenção. Lanterna em 19/20 e tendo um terrível início em 21/22, a equipe de Farke está extremamente pressionada e o técnico está com a “corda no pescoço”. Mais alguns tropeços podem decretar a demissão do alemão.
Assim, uma das principais questões que pressiona o treinador é a mudança de característica quando o clube disputa a elite. Na divisão de acesso, o Norwich é uma equipe que atua de maneira envolvente, com muitos toques. Mas a inferioridade do elenco na PL implica em uma mudança que, aparentemente, não foi adaptada. O time sofre sem a bola e não consegue se impor pela falta de qualidade. Ou seja, fica perdido em todas as partidas.
O time tem até bons números nas finalizações, mas não consegue ter o domínio da bola e sofre contra, praticamente, todos os adversários. Neste início de Campeonato Inglês, o Norwich finalizou 86 vezes em oito partidas, com uma média de 10,75 arremates por jogo. O número de chutes é razoável, ainda mais para um lanterna, e evidencia que o time busca o ataque, mas a pontaria está ruim: foram só 20 chutes na meta, média de 2,5 por jogo, e apenas dois gols marcados: Pukki marcou de pênalti contra o Leicester e com a bola rolando contra o Watford.
Os jogadores
Time que está empatando se mexe? Aparentemente, Daniel Farke não concorda com isso e deve dar sequência à formação que arrancou pontos contra o Brighton e o Burnley nas últimas duas partidas, usando o mesmo 5-3-2 e as mesmas peças.
Começando pela defesa, o Norwich conta com o experiente Tim Krul, goleiro conhecido por entrar na prorrogação das quartas de final da Copa do Mundo de 2014 só para defender alguns pênaltis contra a Costa Rica e salvar a Holanda.
Na trinca de zaga, Ozan Kabak, jogador que esteve no Liverpool na última temporada, atua pela direita, enquanto Ben Gibson é o zagueiro pela esquerda. No centro, o escocês Grant Hanley toma conta da posição e é o capitão do clube.
Nas alas, o clube inglês possui Max Aarons, talentoso e promissor lateral-direito inglês, e o grego Dimitrios Giannoulis, que joga pela esquerda. Ambos apoiam bastante e tem a função de dar amplitude, mas Aarons participa mais e mostra mais talento.
Já no meio-campo, Kenny McLean tem uma importante função pela esquerda e organiza o jogo ao lado de Mathias Normann, atleta que joga mais centralizado. O escocês McLean e o dinamarquês Normann possuem a companhia de Pierres Lees-Melou, francês que tem muita mobilidade, ataca e promove boas dobradinhas com Aarons.
Lees-Melou é mais incisivo e se aproxima da dupla de ataque: Teemu Pukki e Josh Sargent. Pukki é o centroavante, a referência e o artilheiro do time. Foi o finlandês que marcou os dois gols do clube na competição. Já o estadunidense Josh Sargent, atleta de 21 anos, é um promissor atacante que se movimenta atrás de Pukki.
A escalação
Como Todd Cantwell, destaque do Norwich, ainda segue sem condições de jogo e não viajará para Londres, o time de Daniel Farke deve entrar em campo com Krul; Aarons, Hanley, Kabak, Gibson e Giannoulis; Lees-Melou, McLean e Normann; Pukki e Sargent. Já Billy Gilmour, cria do Chelsea que está emprestado ao rival, não pode ser relacionado por questões contratuais, mas vale destacar que Gilmour não entra em campo pelo Norwich há mais de um mês e fica apenas no banco.