O final de semana é marcado pela volta do Inglês depois da data FIFA e o Chelsea Brasil traz mais um “Como Joga”, escrito por Pedro Bueno. Em síntese, nosso colaborador apresenta o rival da rodada, seus pontos fortes e fracos. Por fim, o texto serve como “esquenta” para o duelo desta oitava rodada da Premier League.
A pausa para confrontos das seleções sempre desanima os entusiastas do futebol de clubes. Foram duas semanas sem que os clubes ingleses entrassem em campo, mas, 14 dias depois, o Chelsea volta aos gramados. A grande questão é que a data FIFA para os Blues foi bem mais tranquila do que para alguns rivais, visto que o time encerrou a sétima rodada da Premier League na liderança isolada e conseguiu “relaxar” na primeira colocação. Na última aparição, a equipe de Thomas Tuchel venceu o Southampton e viu o empate entre City e Liverpool, tropeço que colocou o Chelsea na liderança.
Portanto, o líder volta a campo neste sábado, 16 de outubro, às 13h30, com o objetivo de se afirmar na ponta da Premier League. O adversário desta oitava rodada é o Brentford, rival inglês que acabou de subir para a elite inglesa. A partida entre os clubes será realizada no Brentford Community Stadium e terá transmissão da ESPN Brasil e do Star+.
Sem mais delongas, chegamos a mais um “Como Joga” e a partir de agora você vai conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!
West London Derby
Todas as vezes que os clubes de Londres se encontram, trata-se de jogos importantes do futebol inglês, visto que são clubes tradicionais da capital. No entanto, o duelo deste sábado é ainda mais importante por causa da localização em meio a Londres. Além de Fulham e Queens Park Rangers, equipes que disputam a Championship deste ano, Brentford e Chelsea também estão localizados no oeste de Londres.
Logo, como são os únicos representantes desta região na Premier League de 2021/22, este é o clássico mais próximo que os dois clubes terão: precisamente 8,7 quilômetros separam os dois estádios. Claramente, os bairros entre o Stamford Bridge e o Brentford Community Stadium, palco desta partida, irão parar, pois os times da região irão se enfrentar para o mundo assistir.
E o jogo é ainda mais importante para o Brentford, visto que a equipe não vence o rival há mais de 80 anos e retornou à elite do futebol inglês depois de mais de meio século. Os Bees são bem modestos e desejam sobreviver ao alto nível da Premier League. Como exemplo, o clube londrino possui um quinto lugar em 1935/36 como melhor posição da sua história na primeira divisão e esta é apenas a sétima vez que a equipe disputa a elite do futebol inglês, a primeira desde 1946/47, ou seja, o Brentford é um novato e entra como franco-atirador em um confronto frente aos campeões da Europa.
O retorno à elite
Como dito anteriormente, o Brentford não é acostumado a atuar neste nível porque o time passou diversos anos nas divisões de acesso e foi campeão da quarta divisão 12 anos atrás, ou seja, estava em um nível bem abaixo do Chelsea, por exemplo. Até por causa disso, a chegada do clube à Premier League foi tão especial.
Depois de bater na trave nos playoffs da Championship em 2015 e 2020, os Bees se concentraram para não tropeçar no momento mais importante e conseguiram o grande objetivo da última temporada: o acesso à Premier League. Com 87 pontos em 46 jogos, o Brentford terminou a segunda divisão de 2020/21 na terceira posição, atrás de Norwich e Watford. Mesmo sendo a equipe que menos perdeu na competição, ao lado do Norwich, com só sete derrotas, o clube londrino foi para os playoffs.
Na semifinal dos playoffs para subir de divisão, o Brentford assustou a sua torcida, visto que perdeu o primeiro jogo por 1 a 0 para o Bournemouth. Porém, na volta, o time da capital se recuperou, venceu por 3 a 1 e chegou a mais uma final de playoffs. Pelo segundo ano seguido, os Bees estavam na decisão, mas, desta vez, o clube não deixou a vaga escapar. Na decisão, a equipe de Thomas Frank venceu o Swansea City por 2 a 0 e conseguiu a tão sonhada vaga na Premier League.
A EFL Cup
No entanto, as façanhas da temporada parada não ficam apenas no acesso. O Brentford surpreendeu o futebol inglês na EFL Cup, já que conseguiu eliminar Southampton, West Bromwich, Fulham e Newcastle, equipes que estavam na elite do futebol inglês na temporada passada. O clube chegou às semifinais e enfrentou o poderoso Tottenham. A linda campanha terminou nesta fase, entre os quatro melhores, já que os Spurs venceu o “conterrâneo” por 2 a 0 na semi.
A surpresa da temporada
Recentemente, todas as edições da Premier League contam com uma equipe que subiu com pouco investimento, mas surpreendeu de forma imediata. Aparentemente, o Brentford está ocupando o lugar que foi do Sheffield United em 2019/20 e do Leeds United em 2020/21.
Nesta pausa para a data FIFA, os Bees passaram todo este intervalo na sétima posição, à frente de clubes que investem muito mais como Arsenal, Leicester, Tottenham e Wolverhampton. Com 12 pontos em sete jogos, o Brentford perdeu apenas um jogo e conseguiu três importantes vitórias, além dos três empates. A grande questão é que o Brentford é o time que mais fez pontos longe de casa nesta Premier league: são oito pontos em quatro jogos como visitante ou seja, o único revés do clube no Inglês foi dentro de casa.
Os jogos iniciais desta Premier League
- 13/08: Brentford 2 x 0 Arsenal;
- 21/08: Crystal Palace 0 x 0 Brentford;
- 28/08: Aston Villa 1 x 1 Brentford;
- 11/09: Brentford 0 x 1 Brighton;
- 18/09: Wolverhampton 0 x 2 Brentford;
- 25/09: Brentford 3 x 3 Liverpool;
- 03/10: West Ham 1 x 2 Brentford;
Como é visto acima, as sete partidas iniciais do Brentford na Premier League foram animadoras. A equipe venceu Arsenal, West Ham e Wolverhampton, equipes que possuem a “obrigação” de ficar à frente do clube londrino na tabela. Além disso, o time empatou com Aston Villa, Palace e protagonizou um grandíssimo jogo frente ao Liverpool, quando os comandados de Jürgen Klopp apresentaram muita dificuldade, ou seja, o jogo não tende a ser fácil para o Chelsea. Em meio aos seus 10 gols marcados e seis sofridos, os Bees perderam apenas para o Brighton, equipe que também está surpreendendo neste início.
Por fim, logo após destacar que o Brentford ainda não perdeu para nenhum clube do Big Six, é necessário ressaltar que o clube eliminou os dois primeiros adversários na EFL Cup e almeja uma campanha semelhante à anterior.
Histórico do confronto
Por causa da inferioridade histórica do Brentford, os clássicos entre os clubes aconteceram pouquíssimas vezes: são apenas 14 duelos na história. Nestes confrontos, o Chelsea venceu oito jogos, houve dois empates e os Bees triunfaram em quatro oportunidades.
Entre 1935 e 1947, o Brentford era uma equipe da elite e encontrou o Chelsea em dez oportunidades, já que foram duas vezes por temporada. Porém, em meio aos 12 anos de elite dos Bees, houve a Segunda Guerra Mundial e o futebol foi paralisado. Logo, os clubes se enfrentaram entre 1935 e 1939 e o Brentford venceu o rival em quatro das oito primeiras partidas. Por isso, em 25 de fevereiro de 1939, pré-WWII, os Bees venceram o rival pela última vez, ou seja, existe um jejum de 82 anos.
Depois da guerra, os clubes se enfrentaram duas vezes pelo Campeonato Inglês em 1946/47 e o Brentford foi rebaixado, retornando após 74 anos, isto é, na atual temporada. Os outros quatro confrontos (um em 1950, dois em 2013 e um em 2017) aconteceram pela FA Cup e o Chelsea sempre se classificou.
Jogo anterior
O último clássico entre os clubes aconteceu em 28 de janeiro de 2017, em jogo válido pela 4ª fase da FA Cup daquele ano, edição em que o Chelsea foi vice-campeão. Para chegar à final contra o Arsenal, o clube enfrentou o Brentford e atropelou o rival.
Naquela época, os Blues eram treinados por Antonio Conte e foram campeão ingleses com tranquilidade nesta temporada. A equipe entrou em campo naquele confronto com um time misto que contou com Asmir Begovic; Kurt Zouma, John Terry e César Azpilicueta; Pedro, Cesc Fàbregas, Chalobah e Aké; Willian, Batshuayi e Loftus-Cheek – na segunda etapa, Diego Costa e Kenedy, jogadores que estão no Brasil atualmente, entraram.
O Chelsea abriu o placar aos 14 com um belo gol de falta de Willian. Sete minutos depois, Pedro ampliou após bom passe de Michy Batshuayi. Na segunda etapa, Branislav Ivanovic entrou em campo e, rapidamente, marcou: aos 69, Pedro acelerou pela direita e apenas rolou para o sérvio balanças as redes dos Bees pela terceira vez. No fim, Ivanovic sofreu pênalti e Batshuayi “fechou o caixão” do adversário: 4 a 0 para os Blues.
Como joga?
O Brentford sabe exatamente da sua inferioridade técnica, mas, mesmo assim, luta, incomoda e arranca pontos de clubes bem mais poderosos. Trazendo o início dos Bees na Premier League para um ditado popular, é possível afirmar que o clube “não tem medo de cara feia”.
Isso foi visto nas boas partidas frente ao Arsenal, Liverpool, West Ham, onde o time continuou com a mesma pegada e finalizou bastante. Por exemplo, contra estes três adversários mais renomados, o Brentford finalizou 33 vezes e 13 foram no gol, ou seja, independentemente do adversário, as ideias de Thomas Frank estarão dentro de campo.
O técnico dinamarquês de 47 anos não possui tanta experiência, mas é um dos protagonistas principais desta ascensão das abelhas do oeste de Londres. Thomas Frank chegou em 2018 e se destaca por utilizar métodos de análise do jogo baseado em gols esperados e não exatamente no resultado, isto é, o técnico e a diretoria do Brentford analisam bastante o desempenho. Logo, vencer o Chelsea é uma tarefa bem complicada, mas o clube não irá abdicar de atacar e criar boas oportunidades, ou melhor, os Bees irão jogar futebol mesmo com a inferioridade.
Um ponto curioso deste time é a intensidade inicial. O Brentford saiu na frente no placar em cinco de sete partidas, empatou um jogo por 0 a 0 – ou seja, ninguém marcou o primeiro gol – e só saiu atrás no marcador quando perdeu para o Brighton com um gol já no fim do jogo. Outra questão curiosa é que o Brentford é o time da PL que menos ficou atrás do placar nesta edição: foram apenas 25 minutos em inferioridade no placar. A tarefa será dura!
Os jogadores
Começando pelo goleiro, o espanhol David Raya foi titular nas sete primeiras partidas e o arqueiro de 26 anos não foi vazado em três oportunidades. No trio de defensores, apenas dois atuaram em todos os jogos desta Premier League: o capitão Pontus Jansson, sueco de 30 anos, é o zagueiro central, enquanto o jamaicano de 28 anos, Ethan Pinnock, é um bom zagueiro canhoto que atua, obviamente, pela esquerda – Pinnock até marcou um gol contra o Liverpool. Pela direita, o jovem noruguês de 23 anos, Kristoffer Ajer, estava lesionado na vitória sobre o West Ham, mas tende a retornar à zaga.
Dando sequência ao 3-5-2 de Thomas Frank, o Brentford conta com dois alas bem agudos de 24 anos: o espanhol Sergi Canós joga pela direita e marcou um gol frente ao Arsenal, enquanto o inglês Rico Henry atua pela esquerda.
No meio, Shandon Baptiste foi titular na última partida, mas sentiu um problema no ombro e deve ficar fora. Felizmente para a torcida dos Bees, Thomas Frank deve contar com a volta do alemão Vitaly Janelt, bom meia de 23 anos. Enquanto Janelt atua mais pela esquerda, o nigeriano Frank Onyeka, que possui a mesma idade, joga pela direita e tem uma importante função defensiva. Pelo centro, mas se movimentando bastante, Christian Norgaard é jogador da seleção dinamarquesa – esteve na EURO -, tem 27 anos, organiza o time do Brentford e é um dos destaques da equipe.
Os artilheiros
Para finalizar o 3-5-2, o ataque de Thomas Frank conta com bons nomes no time titular e como opção no banco. O francês de 22 anos, Bryan Mbeumo, tem a companhia de Ivan Toney, inglês de 25 anos. Ambos foram titulares nas sete partidas e estão bem entrosados, visto que nenhum deles possui posição fixa no ataque. No entanto, eles possuem um grande concorrente: Yoane Wissa marcou quatro gols nas últimas três partidas do clube, incluindo os jogos contra o West Ham e Liverpool, onde o atleta saiu do banco, teve poucos minutos em campo e marcou. O atacante congolês de 25 anos será uma ótima opção na etapa final.
A escalação
Como vocês podem ter notado, desta vez, os jogadores foram descritos com idade e nacionalidade, visto que é interessante pontuar que a média de idade da escalação do Brentford é de 25 anos, ou seja, trata-se de um time que pode evoluir. Além disso, são oito nacionalidades diferentes entre os onze jogadores que devem iniciar a partida.
Enfim, a escalação inicial do Brentford de Thomas Frank tende a contar com Raya; Ajer, Jansson e Pinnock; Canós, Onyeka, Norgaard, Janelt e Henry; Mbeumo e Toney.