O Chelsea Brasil está fazendo uma série de textos especiais que antecedem o início da nova temporada da Premier League. O terceiro é sobre o meio de campo. A cada dia um texto sobre o time londrino, jogadores do elenco e considerações sobre as melhores possibilidades para deixar o elenco dos Blues, ainda mais forte.
Em um jogo de futebol é normal ouvirmos a expressão “O time perdeu o meio de campo”. Essa expressão não é dita meramente ao acaso, pois esse setor, para os grandes entendedores, sobretudo técnicos de nível mundial, é o coração do time. O meio de campo é o setor do time que exige tanto comprometimento defensivo quanto ofensivo, e quando postado de maneira eficiente dentro do campo pode mudar o panorama de qualquer partida. Um belo exemplo da importância desse setor é o time do Real Madrid, conhecido por se preocupar muito com o ataque, mas que ao conseguir uma trinca de meio-campistas com boa marcação e excelente qualidade no passe, elevou o nível do time como um todo, conquistando assim o título da Champions League.
O Chelsea dominante da temporada 14/15 não conseguiu fazer uma boa temporada 15/16 muito por ter “perdido o meio de campo”. Os Blues que antes dominavam com maestria esse setor, com Oscar, Fabregas, Hazard e Willian, não rendeu o que se esperava para a última temporada. Essa queda de rendimento foi tão grave que o time passou dificuldades até contra times de menor expressão.
Com a chegada de Antonio Conte, a situação já começa a mudar. O primeiro ponto a ser levantado é o esquema tático que o treinador pretende implantar no clube. Por mais que o italiano seja conhecido por uma diversidade de esquemas de jogo, ao que tudo indica ele optará por um 4-2-4 em um primeiro momento. A não escolha do tradicional 4-2-3-1 logo de cara e a possibilidade de existir outros esquemas táticos gera um alívio nos torcedores que não conseguiam enxergar uma saída para a má fase do time, uma vez que o mesmo ficara muito previsível.
O segundo ponto a ser levantado, é a profundidade que o treinador pretende ter em seu plantel. Possuir jogadores com diferentes características é um ponto chave para os Blues, que antes possuíam em seu banco jogadores para fazer a mesma função do jogador titular. A chegada de Kante, Batshuyai e de possíveis outros reforços reitera a intenção de Conte de possuir um plantel que lhe forneça as condições de variar seu esquema tático.
Um novo formato de meio de campo
Com as peças que tem a disposição e com as filosofias de jogo que o treinador pretende implantar já se pode ter ideia do quão espaço cada jogador terá nesta temporada. Conte preza bastante por um esquema tático sólido, por isso a dupla de volantes Matic e Fabregas poderá ser alterada.
A presença de pelo menos um meio-campista com características mais defensivas é bem provável, e por isso, Kante, uma das grandes contratações para a temporada, deve receber várias chances para demonstrar seu futebol. O ex-Leicester começa o campeonato melhor avaliado que Matic, que terminou a ultima temporada em baixa, mesmo com os 33 jogos completos na última campanha com os Blues. O sérvio tem tudo para retomar o lugar no time com Conte, pois ,mesmo não sendo um primeiro volante, é um dos jogadores do elenco com maior capacidade de marcação. Em um esquema tático que exija um meio de campo mais fechado, uma possível dupla entre Matic e Kante pode acontecer.
Outro jogador que faria a mesma função de meio-campista mais defensivo é John Obi Mikel. O nigeriano, que quase sempre é preterido nas preleções, alcançou a marca de 25 jogos completos na última temporada, e, surpreendentemente, se tornou um dos pontos chaves para a recuperação do Chelsea na Premier League sob comando de Guus Hiddink. Mikel deve novamente ser segunda opção do elenco, contudo, pelos mesmos motivos que Matic, características defensivas, pode conseguir chances como titular.
Por outro lado, um jogador que começa a temporada com altas expectativas sobre ele é Fàbregas. O espanhol, que muitos esperam que assumam a condição de líder da equipe, assim como Lampard fora, tem tudo para ser o cérebro do time para a atual temporada. No 4-2-4 de Conte, ele provavelmente se encaixaria na parte da frente, ou mesmo em um 4-2-3-1 ele não deve ser posto em função muito defensiva. O fato do espanhol ser um bom distribuidor de jogo e controlador de meio de campo o torna em um primeiro momento um jogador chave para o técnico italiano.
A grande dúvida
Um jogador que jogava mais ofensivamente, mas que segundo indícios deve ser recuado um pouco é Oscar. Outro jogador com grande expectativa, o brasileiro oscila muito em seus jogos, e suas características o credenciam mais como um passador do que como um meio-campista-ofensivo. Oscar, que chegou a ter seu nome ventilado fora do Chelsea tem moral com o treinador, e, ao contrário de Cesc Fàbregas que deverá ser adiantado, o brasileiro deverá ser recuado e atuar na linha logo a frente da zaga, seja em um 4-2-4 ou um 4-3-3. Uma curiosidade sobre o atleta é que mesmo terminando a última temporada em baixa, ele foi, juntamente com Pedro, o terceiro maior artilheiro do time, com oito gols. A presença de Oscar no time titular, mesmo recuado, reitera a importância do controle do meio de campo, algo que sem dúvida preocupa o novo treinador.
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Fique de olho
Como ultima opção para a dupla de meio do 4-2-4, temos o jovem Chalobah, que pelas atuações na pré-temporada mostrou que tem qualidade o suficiente para não deixar o time na mão, caso precise entrar. Além disso, o jogador pode agregar muito em jogos menores, onde teria mais oportunidade para demonstrar seu futebol.
Outro que foi adiantado foi Ruben Loftus-Cheeck, que a principio seria reserva do espanhol, mas que tem tudo para ser presença constante na escalação inicial. O jovem meio-campista inglês parece não ter perdido espaço com o novo técnico, contudo o mesmo aparenta preferir usar Loftus-Cheek mais como um segundo atacante.
A parte ofensiva
Os outros jogadores de meio de campo atuam pela faixa ofensiva lateral do campo, e provavelmente ocuparão uma vaga no ataque no possível 4-2-4. Um exemplo disso é o craque do time, Éden Hazard, peça insubstituível do clube no atual momento. O belga é a referência de técnica do elenco e tem tudo para voltar à boa forma de antes. Conte disse que Hazard pode ser um segundo atacante, mas dificilmente o belga não cairá pelas pontas no decorrer dos jogos. Sua jogada típica é partir pra cima do adversário na parte lateral do campo e abrir espaço na zaga rival. Esse tipo de jogada não deve ser descartada pelo treinador, e por isso, Hazard precisará encontrar o melhor jeito de mostrar sua habilidade no novo esquema.
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Outro que está com muita moral no elenco é Willian. O brasileiro foi eleito o melhor jogador do time na última temporada, além de ter sido o vice-artilheiro. Mesmo jogando aberto pela direita, Willian possui um grande comprometimento tático para com o time, e isso é uma característica que agrada muito a Conte. Assim como Hazard, o meio-campista brasileiro é peça chave no time, e deverá ser titular em qualquer escalação usada durante a temporada.
Como alternativa a Hazard e Willian, referências do time para as jogadas ofensivas, temos como primeiro substituto Pedro. O jogador espanhol, que chegou badalado para a última temporada, pouco acrescentou ao time e deve ser preterido nas preleções iniciais. Mesmo sendo o terceiro artilheiro do time, Pedro ainda não convenceu o suficiente o treinador e a torcida para garantir uma vaga nem de segundo atacante. Circula ainda um rumor que o jogador pode ser vendido e assim abrir vaga para outro nome ser contratado pelos Blues.
De volta de empréstimo, temos Victor Moses e Juan Cuadrado. O primeiro volta depois de incontáveis empréstimos e deve ser uma segunda opção para Hazard. O nigeriano demonstrou bom futebol na pré-temporada e pode ser que suas chances sejam maiores que as esperadas. O segundo volta depois de um empréstimo a Juventus, onde foi titular em boa parte dos jogos. O colombiano aparece como alternativa à Willian, ou até mesmo à lateral direita, dependendo da variação tática do time. Contratado a peso de ouro, o futebol de Cuadrado agrada o novo treinador, e por isso, deve ser entre os reservas aquele que mais obterá chances.
Correndo por fora
Entre as últimas opções para compor a linha ofensiva de quatro, aparecem os nomes de Kenedy e Bertrand Traoré. Kenedy demonstrou ser um jogador polivalente, e por mais que tenha tido poucas chances na pré-temporada, pode ser uma peça fundamental para que Conte consiga fazer suas variâncias de esquemas táticos. A princípio, o brasileiro seria opção no banco para qualquer posição que possa jogar.
Já Traoré conseguiu demonstrar seu futebol na temporada passada atuando mais adiantado, onde provavelmente possuirá mais chances. Todavia, o jovem jogador pode atuar ainda pela parte lateral do meio de campo ofensivo. O jogador de Burkina Faso possuirá poucas chances para demonstrar seu futebol, porém, assim como Chalobah, é uma peça que não deixará o nível cair caso entre em campo.
A volta por cima
Com isso, dada todas as peças e possibilidades, o Chelsea possui todos os mecanismos necessários para retomar o controle do meio de campo durante as partidas. A parte defensiva deve receber um enfoque especial de Antonio Conte no início da Premier League, uma vez que o técnico preza muito por uma defesa sólida, e o campeonato inglês é um bom parâmetro de comparação. Na parte ofensiva, deverá se estabelecer em um possível novo esquema, e se tornar apta para as alternâncias de táticas no decorrer dos jogos. Entretanto, o ponto crucial para a temporada 16/17 será a retomada do futebol de jogadores chave do elenco, que permaneceram em baixa e sem concorrência boa parte da última campanha
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