Para fechar a fase de grupos da UEFA Women’s Champions League, o Chelsea viaja para Alemanha e enfrenta o Wolfsburg nesta quinta-feira (16) às 17h (horário de Brasília). Sendo assim, mais uma vez, a transmissão será pelo canal da DAZN no Youtube.
Como de praxe, o sorteio colocou as duas equipes frente a frente na competição europeia. Dessa vez, na fase de grupos – uma das novidades para a UWCL desta temporada. Como resultado, ambas as equipes já se enfrentaram na primeira rodada, que aconteceu ainda em outubro. Nesse sentido, no dia 6 daquele mês Blues e Lobas se enfrentaram em Kingsmeadow em uma partida repleta de gols.
Enfim, o jogo terminou empatado em 3-3 e ficou marcado pelos erros bizarros da defesa do Chelsea que permitiram que as adversárias marcassem muitos gols. Por causa dessa proximidade entre os confrontos, o Chelsea Brasil deixará aqui o “Como joga” feito para o último jogo entre as equipes. Assim, neste “Análise Tática” aspectos chave do encontro anterior entre Chelsea e Wolfsburg serão apontados para ajudar ainda mais na leitura do jogo das adversárias. Bem como serão destacadas as expectativas e as possíveis escalações para o jogo desta semana.
Solidez ofensiva e poder de ataque
Tanto a equipe inglesa como a alemã são conhecidas pelos poderosos ataques que possuem. Bem como pelos nomes importantes que têm à disposição para compor suas defesas. E ambos os treinadores queriam demonstrar isso durante o jogo.
Emma Hayes escalou seu time no 3-4-3 com a grande surpresa de Beth England aparecendo no time titular no lugar de Fran Kirby. Ademais, com Ji So-Yun no meio a treinadora procurou garantir um melhor controle da posse. Assim como favorecer a construção de jogadas.
Por outro lado, Tommy Stroot escalou o Wolfsburg em um 4-4-2 com um meio campo de características mais defensivas. Mas também favorecendo jogadas rápidas pelas laterais e a movimentação de Jill Roord e Tabea Waßmuth no ataque. Por fim, com duas linhas de quatro bem organizadas, o esquema das alemãs buscava promover dificuldades às descidas das Blues ao ataque.
Estatísticas
Apesar do amplo domínio inicial do Chelsea, o Wolfsburg conseguiu equilibrar a partida. Principalmente, após o time alemão conseguir ampliar o placar em sua vantagem. No entanto, as Blues conseguiram criar mais chances que levaram à finalização. Assim como tiveram uma posse de bola maior.
Por outro lado, defensivamente, a equipe inglesa não teve uma boa atuação – o que fica nítido pelos eventos da partida e pelas estatísticas de desarmes e recuperações de bola, em especial.
Defesa foi o destaque, mas não como esperavam
Desde os primeiros minutos ficou nítida a postura do Chelsea – reforçando uma característica do estilo promovido por Hayes:
À princípio, a estratégia das Blues funcionou bem. O que, inclusive, favoreceu que as donas da casa controlassem a posse de bola e as ações no início da partida. No entanto, esse mesmo quadro não se manteve e aos 17 do primeiro tempo, um lance de falta de comunicação na defesa levou ao primeiro gol do Wolfsburg no jogo – momento em que o Chelsea tinha 75% da posse de bola e tinha acabado de abrir o placar:
Nova postura das Lobas depois do empate
Enquanto o Chelsea inaugurou o placar da partida aos 15 do primeiro tempo, o Wolfsburg empatou dois minutos depois. Assim, com o empate garantido ainda no início da partida, a postura da equipe alemã mudou:
Como resultado das mudanças, pouco depois as Lobas conseguiram virar a partida. Mais uma vez sendo facilitadas por um erro das Blues. Dessa vez, na saída de bola.
Na volta para o segundo tempo, o cenário se manteve e as alemãs marcaram para abrir uma vantagem de dois gols. Mais ainda, deu uma balanceada no confronto, que no primeiro tempo foi dominado pela equipe de Emma Hayes.
Em última instância, os erros defensivos custaram bastante ao Chelsea. É verdade, por outro lado, que naquele momento a linha de três ainda era algo bastante novo. Por isso, as linhas defensivas das Blues acabaram se desorganizando em diversos momentos do jogo, muito além dos erros capitais que levam aos gols das adversárias. Como por exemplo no lance abaixo:
Assim, a participação do meio campo na ligação do ataque se mostrou um aspecto central para a continuidade da partida. Que, eventualmente, foi empatada.
Movimentações ofensivas inteligentes
Diante do 4-4-2 do Wolfsburg, o Chelsea buscou explorar os espaços entre as linhas de marcação das adversárias. Mais ainda, exploraram a movimentação das jogadoras de ataque. Por isso, algumas jogadoras do time inglês se aproveitaram dessa situação para dar mais dinamismo às jogadas ofensivas:
Explorar o espaço entre linhas foi uma alternativa para tentar desorganizar a defesa das Lobas. Porém, essa missão não foi fácil. Sendo assim, um outro aspecto foi utilizado por Emma Hayes e suas jogadoras: se aproveitar da marcação alta.
Por mais que a equipe de Tommy Stroot não tenha marcado em linhas altas por toda a partida, em alguns momentos isso aconteceu. Enfim, foi se aproveitando de um desses momentos que as Blues abriram o placar com Sam Kerr:
O Chelsea abriu o placar, no entanto, não aproveitou bem muitas chances que teve. Com a defesa bastante desorganizada, a vantagem de 1-0 foi transformada em um 3-1 para as Lobas, ainda nos primeiros minutos da etapa complementar.
Ataque aparece na hora H
Logo depois do terceiro gol da equipe alemã, o ataque das Blues agiu muito no reflexo e no desespero. Nesse sentido, por vezes, as próprias companheiras de time estavam se atrapalhando e matando jogadas ofensivas promissoras. Mesmo assim, em uma dessas trapalhadas o Chelsea conseguiu um escanteio que terminou em gol.
O segundo gol das Blues foi marcado por Bethany England, após bate e rebate na área de defesa do Wolfsburg. À princípio, a equipe alemã não conseguiu afastar a cabeçada de Melanie Leupolz. Assim, a bola sobrou na área e a camisa 9 deixou o placar em 3-2.
Já no final da partida, o empate apareceu no placar. Mais uma vez em uma jogada na pequena área que foi resultado tanto da falha defensiva das adversárias como mérito do Chelsea. Harder tentou tabelar com Leupolz, mas o passe foi interceptado pela zaga do Wolfsburg. Porém, na tentativa de corte da defensora, a bola acabou escapando. Assim, a camisa 8 das Blues deu um toquinho para servir Harder que não perdoou seu ex-clube e empatou a partida.
Mesmo com uma atuação bem abaixo do esperado o time de Emma Hayes conquistou um ponto para abrir a campanha da UWCL. Agora, as Blues precisam conquistar pelo menos um ponto para garantir a liderança do grupo e a classificação em primeiro lugar. Em caso de derrota, o Chelsea pode se complicar dependendo do resultado de sua partida. Assim, podendo tanto terminar em 2° do grupo como perder a vaga para as oitavas.
Destaque da partida
Sem dúvidas, o grande diferencial para o Chelsea na partida foi a atuação da sua camisa 8. Melanie Leupolz foi a peça-chave para o esquema tático de Emma Hayes. Sobretudo a partir do momento que a equipe conseguiu se encontrar na partida.
Durante a partida, sua característica de jogadora “box-to-box” ficou em bastante evidência. Em outras palavras, a alemã deixou nítida sua característica de meio campista que atua tanto defensivamente como ofensivamente – se movimentando de uma área a outra. Dessa forma, sendo essencial para a construção das jogadas ao ataque, bem como na recuperação e controle da posse de bola.
A partir do momento que o Chelsea entrou no jogo e se colocou na posição para reduzir a desvantagem no placar, Leupolz foi a peça central do time. Principalmente por conta de sua movimentação. A camisa 8 das Blues comandou o meio de campo, distribuindo a bola e aparecendo como opção para receber passes.
Mais ainda, na necessidade de atacar para conseguir reverter o resultado, a alemã foi essencial para pressionar o Wolfsburg no campo de defesa. Tanto para roubar a bola como para permitir a continuidade das jogadas. E foi exatamente em um lance em que Leupolz não desistiu da jogada que Harder empatou o jogo. Nesse sentido, apesar da camisa 23 fazer o gol que garantiu o valioso ponto do empate, a atuação da camisa 8 chamou a atenção por permitir que isso fosse possível.
Situação do grupo
Chelsea e Wolfsburg estão no grupo A juntamente com Juventus e Servette, que farão o outro confronto do grupo na 6ª rodada. Então, após cinco partidas o grupo tem o seguinte panorama:
Dessa forma, evitando a derrota, as Blues se classificam em primeiro do grupo. Caso perca e a Juventus também seja derrotada, o Chelsea se classifica em segundo. Porém, em caso de derrota das Blues e vitória das Bianconeras, a classificação fica por conta dos saldos de gol. Assim, existindo a possibilidade de o time vice-campeão da UWCL na temporada passada em avançar ao mata-mata.
Por outro lado, apenas as vitória interessa ao Wolfsburg. Contudo, as Lobas dependem da Juventus. Caso vença e a Juve não faça o mesmo, o time alemão se classifica. Até mesmo em caso de empate, se a equipe italiana não vencendo seu confronto, o Wolfsburg se classifica.
No entanto, se alemãs e italianas vencerem na rodada, a classificação será decidida pelo saldo de gols. Nesse sentido, as Lobas também correriam risco de ficar fora da competição europeia.
O que esperar do confronto?
O Wolfsburg jogará em casa pela vitória. Nesse sentido, o time deve se soltar mais do que na partida anterior e não jogar no contra-ataque. Com Tommy Stroot escalando seu time em um esquema de 4-2-3-1, ele consegue promover um equilíbrio defensivo e ofensivo. Em outras palavras, a linha formada por Lena Oberdorf e Lena Lattwein contribui tanto para ocupar os espaços que surjam na defesa, como para apoiar na ligação com o ataque.
Da mesma forma que o Chelsea, as Lobas tem sofrido com a defesa. Por conta de lesões, Stroot não tem nomes importantes à disposição. Com isso, Joelle Wedemeyer tem jogado fora de posição para compor a linha de zaga do time. Por isso, o time alemão tem apresentado certa fragilidade defensiva, estando muito exposto em situações de contra-ataque. O que pode ser explorado pelas adversárias neste meio de semana.
As meias atacantes do Wolfsburg, por sua vez, são muito ativas e ágeis. Assim, se movimentando bastante no campo de ataque e se envolvendo diretamente na construção das jogadas. As trocas e a velocidade de Jill Roord, Svenja Huth e Turid Knaak devem ser a base para a construção ofensiva da equipe. Sobretudo caso tenham espaço para se movimentarem trabalharem a posse. Por fim, Tabea Waßmuth – artilheira do time na UWCL – será a responsável por concluir as jogadas.
Contudo, o ataque das Lobas sofre com a construção de jogadas, ainda mais diante de defesas organizadas. O time tem dificuldades em achar alternativas para furar bloqueios. Logo, jogadas de bola parada e escanteios são o diferencial das alemãs e podem surpreender as adversárias.
Enfim, a marcação pressão buscando provocar erros das adversárias em seu campo de defesa deve ser mantida Sobretudo porque deu muito certo na partida anterior contra as Blues.
Chaves para o Chelsea
Sem dúvidas, se não tivesse cometido a quantidade de erros que cometeram na partida da 1ª rodada contra as mesmas adversárias, as Blues poderiam ter dois pontos a mais e a classificação garantida nesse momento. Assim, o Chelsea precisa chegar para a partida entendendo a situação em que está e com foco total – ainda mais jogando fora de casa.
O time de Emma Hayes precisa fazer o que fez no início do jogo em Kingsmeadow: imprimir seu ritmo de jogo. Só que dessa vez deve ir além. Não só fazendo-o por 15 minutos. Ou seja, as Blues precisam fazer com que o Wolfsburg jogue no seu ritmo. Em primeiro lugar para controlar a posse de bola e a partida em seu favor. Mas também para evitar que erros como os cometidos na partida de ida aconteçam novamente.
Além disso, é importante que as alas apareçam no apoio à marcação. Principalmente levando em conta a marcação alta que o Chelsea faz e a característica das zagueiras de descer para apoiar o ataque. Dessa forma, a presença de Reiten e Cuthbert será importante para reduzir os espaços de descida pelas laterais por parte do Wolfsburg.
Enfim, o trio de ataque Kerr, Kirby e Harder tem que fazer valer de seu entrosamento e das movimentações entre si. Com isso, buscando explorar a profundidade do campo e a amplitude – em especial com o apoio das alas na construção das jogadas. Da mesma forma, a velocidade nas ações deve ser valorizada para explorar as fragilidades da defesa adversária. Acima de tudo, as três atacantes devem ser clínicas e aproveitar as chances criadas, pois, contra um time como Wolfsburg, qualquer chance perdida pode vir a fazer falta.
Prováveis escalações
Wolfsburg (4-2-3-1): Schult; Rauch, Janssen, Wedemeyer e Hendrich; Oberdorf e Lattwein; Huth, Roord e Knaak; Waßmuth.
Chelsea (3-4-3): Musovic; Eriksson, Carter e Bright; Reiten, Leupolz, Ji (Ingle) e Cuthbert; Harder, Kerr e Kirby.