Nesta quinta-feira (14), chega o prazo final de envio de ofertas por parte dos quatro consórcios que ainda seguem no processo de compra do Chelsea. Por conta de toda a burocracia que envolve as transações, esse prazo já foi estendido algumas vezes. Em especial por conta da postura cautelosa do banco Raine para com o governo britânico.
Devido a toda a situação que levou Roman Abramovich a colocar o clube a venda, a aprovação de Downing Street se tornou um fator quase que essencial para que o processo se concretize. Sendo assim, no início desta semana, a resposta do governo chegou. De acordo com o Evening Standart, na segunda-feira (11), o governo britânico estaria disposto a aprovar qualquer uma das propostas dos quatro finalistas.
Mais ainda, a expectativa é que, depois de receber as propostas na quinta-feira, o Raine já apresente o selecionado aos ministros na semana seguinte. Ou seja, na semana do dia 18 de abril. Com isso, a licença necessária para concluir a venda do clube seria emitida e o processo poderia ser concluído.
Portanto, cada vez mais perto do fim do processo, os consórcios remanescentes seguem fazendo movimentações. Ainda no início do mês, a família Ricketts foi alvo de protestos e logo depois respondeu à torcida. Agora, os consórcios liderados por Todd Boehly e Stephen Pagliuca também buscam dar garantias aos torcedores que, sem dúvidas, muito provavelmente, irão influenciar na decisão final – tanto do banco como do governo.
Gestão dos Dodgers pode animar os torcedores Blue
Depois que Frank McCourt foi obrigado a colocar a franquia de Los Angeles da MLB a venda, Todd Boehly e seus parceiros se juntaram a Magic Johnson, lendário jogador do LA Lakers e torcedor dos Dodgers, para comprar a franquia. Sendo assim, a grande missão do consórcio era restaurar os bons tempos do basebol na cidade.
Quase uma década depois, hoje, os Dodgers são a segunda franquia mais valiosa da MLB. Além disso, finalmente conseguiram levar o título da World Series em 2020. Juntamente com três títulos da National League sob a administração do Guggenheim Baseball Management.
Daqueles que fazem parte do consórcio dono da franquia de Los Angeles, apenas Boehly, inicialmente, estava interessado nos Blues. No entanto, agora, Mark Walter, outro membro do Guggenheim, se junta no interesse. Além dos dois americanos, o consórcio conta com a participação do magnata britânico Jonathan Goldstein.
Apesar de não fazer parte do grupo de Boehly e Walter que busca investir em Londres, Stan Kraster deu indícios de que seus coproprietários dos Dodgers tem grandes planos para o Chelsea.
Torcedores como foco
Como todo o processo de venda vem mostrando, é essencial que os torcedores do clube concordem com os consórcios. Não apenas em termos do que cada um dos interessados no Chelsea pode oferecer ao clube, mas o que os interessados farão para protegê-lo e garantir seu futuro. Nesse sentido, Kraster explicou a abordagem de seus parceiros:
“Eles vieram com um plano, que tem três pontos que todo time ou negócio pode usar. Isto é: ser respeitoso com os torcedores, ser respeitoso com o clube e ser respeitoso com a comunidade“.
Da mesma forma, o parceiro de Boehly e Walter em Los Angeles reforçou que conquistar cada vez mais é um objetivo central para o clube londrino. Sem dúvidas, a cultura vitoriosa implementada nos Dodgers deve ser levada para o Chelsea, caso a proposta do consórcio seja aceita.
E Stamford Bridge, como fica?
O consórcio liderado por Boehly, mais ainda, já externou que tem planos para o histórico estádio do Chelsea. A grande prioridade, nesse sentido, é reformar o estádio, mas sem que haja a necessidade de demoli-lo por completo para isso. De forma que seria necessário que os Blues jogassem em outro estádio.
Dessa forma, o plano é que as obras aconteçam por setores, para que ainda seja possível realizar jogos em Stamford Bridge. Mais ou menos da maneira como o Liverpool fez em Anfield há algum tempo. Além disso, uma obra em setores seria uma outra garantia da manutenção das raízes do clube sua comunidade nos entornos de Fulham Road.
Oferta pouco falada pode virar surpresa
Dentre as quatro oferta finalistas, a do consórcio de Stephen Pagliuca, empresário e um dos proprietários do Boston Celtics – franquia da NBA. Na quarta-feira (13), o americano, que já estava associado com Larry Tanenbaum, revelou mais nomes que estão com ele em seu time, sendo muitos deles figuras ligadas a negócios, mídias e tecnologia.
Porém, a grande adição, em especial do ponto de vista de aproximar o consórcio dos torcedores, é o Consórcio True Blues, liderado por John Terry e Claire Rafferty. Ambos os líderes são ex-jogadores do Chelsea e trazem para o True Blues a participação de torcedores. Nesse sentido, de certa forma, caso a proposta de Pagliuca venha a ser selecionada, uma parte do clube pode ser de torcedores.
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Propostas e objetivos
Da mesma forma que outras figuras de outros consórcios estão fazendo, Pagliuca, na terça-feira (12) declarou suas propostas para o Chelsea, caso ele e seu consórcio sejam os novos proprietários. Dentre eles, os de mais destaque são: a restruturação de Stamford Bridge (uma das condições que todos devem atender) e a renúncia à participação da Super Liga Europeia.
O co-proprietário dos Celtics também reforçou que, apesar de sua proposta não ter sido muito publicitada, ela é crível e buscará o melhor para o clube desde o primeiro momento:
“É necessário esclarecer e assegurar aos torcedores sobre nosso grupo e sobre os compromissos da nossa oferta, para dar ênfase no quão a sério levamos nossa potencial responsabilidade para com o Chelsea“.
“No fim da semana nós enviaremos uma proposta de compra substancial e crível. Uma que esperamos que estará à altura dos requerimentos e regulações da Premier League, do governo britânico e da UEFA. E nós juramos honrar nosso comprometimento com credibilidade e boa administração do Chelsea Football Club desde o primeiro dia“.
Possível contra-tempo
Além da franquia da NBA, Pagliuca também é acionista majoritário da Atalanta – clube italiano que joga a Serie A. Nas últimas temporadas, a Atalanta vem fazendo boas campanhas no campeonato italiano, que garantem vaga para as competições europeias. Em especial para a Liga dos Campeões.
Contudo, as regras da UEFA podem fazer com que haja problemas caso o norte-americano, venha a ser o novo dono dos Blues. Isso porque, pelas diretrizes da entidade, se dois clubes que têm um mesmo acionista majoritário forem sorteados para se enfrentar nas suas competições, uma das partes deveria concordar em desistir.
Assim, caso tudo dê certo para Pagliuca, se um dia Chelsea e Atalanta forem sorteados para se enfrentarem em alguma competição europeia, uma das partes teria de desistir. As chances disso acontecer são muito pequenas, mas, nunca se sabe.
De qualquer modo, o dono dos Celtics esteve presente no St. Mary’s Stadium para ver a vitória dos Blues por 6-0 sobre o Southampton. Vale destacar, por fim, que Boehly esteve na partida entre Chelsea e Real Madrid em Stamford Bridge no último dia 6 de abril.
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Agora, resta esperar
Como dito acima, a seleção da melhor proposta acontece já na próxima semana. O que não significa, por outro lado, que o escolhido será anunciado logo de cara.
Todo o processo está acontecendo de forma cadenciada para que, o quanto antes, o Chelsea possa voltar a operacionalizar plenamente. Vale lembrar que o banco Raine já disse que não vai acelerar o processo para que tudo esteja de acordo com as exigências de todas as partes. Principalmente do governo e da Premier League. A única certeza é que, caso o processo não se encerre até o dia 31 de maio, fim da temporada e prazo final, os Blues podem sofrer graves consequências. O que não é do interesse de nenhuma parte.
Quanto a favoritos, não é possível falar. O consórcio de Martin Broughton, por exemplo, não está se movimentando muito publicamente, mas nunca se sabe o que acontece por trás dos panos. Por sua vez, os Ricketts parecem ter ótimos pontos no que tange a parte financeira dos negócios. No entanto, a torcida não quer ver a família como proprietária do clube por conta de crenças e comportamentos discriminatórios que não tem espaço no clube.
Boehly e Pagliuca, por fim, parecem unir mais as dimensões financeiras e de proximidade com a torcida. Mas, ainda assim, não é possível ter certeza quanto a totalidade de suas propostas. E, mais uma vez, vale ressaltar que a decisão final cabe ao Conselho do Chelsea. Ou seja, o Conselho se reunirá com o banco para escolher a melhor proposta. O que se espera, então, é que as opiniões dos torcedores tenham alguma influência.