Em uma Copa das Confederações mais disputadas e empolgantes de todos os tempos, Brasil e Espanha se enfrentam neste domingo, às 19h, no estádio Maracanã, pela finalíssima do segundo torneio mais importante da Fifa. A partida, que é esperada por muitos há anos, não acontece desde 1999. Ao contrário do pós-mundial da França, o duelo pré-Brasil 2014 coloca os espanhóis como favoritos. Mas os pentacampeões mundiais têm a seu favor a contagiante torcida local, que pode se tornar o 12° jogador do time canarinho. A expectativa dos brasileiros é que o filme de 1950 não se repita. Guardadas as devidas proporções dos diferentes torneios, um novo revés dentro de casa pode abalar a equipe que buscará a inédita conquista na condição anfitriã. Os canais Globo, Band e Sportv (HD) transmitem a partida.
Visitantes ameaçadores, os campeões europeus bateram Uruguai e Nigéria, sem muitas dificuldades, embora o placar não traduza tanta superioridade. Entre celestes e africanos, o duelo contra o Taiti serviu apenas para ampliar a média de gols da competição, dar ritmo aos suplentes e folga aos titulares da “Fúria”. Na semifinal contra a Itália, a reedição da decisão da última Uefa Euro não foi bem um “vale a pena ver de novo”. O zero a zero arrastado no tempo normal levou a definição da vaga para os pênaltis. Bonucci tratou de facilitar as coisas para o time de Vicente del Bosque.
No dia anterior, os uruguaios viram a magia de 1950 cair diante da empolgada equipe brasileira, que vem tomando forma a cada desafio das confederações. Não, não houve “Mineirazo”. Antes, Japão, México e Itália pararam na força de um hino nacional cantado a capela por 50 mil espectadores vestidos de verde e amarelo. Por falar em mexicanos, estes também tiveram de se desapegar dos números que causavam terror para a seleção canarinho das últimas décadas. É contando com a quebra desses recentes traumas, que o futebol brasileiro espera derrotar os novos “donos da bola” em território local e rumar, com confiança e autoridade, à Copa de 2014 para, quem sabe, faturar o perseguido hexacampeonato.
Quinteto Blue em ação
Se tem um clube que estará bem representado nesse confronto, este é o Chelsea. Numérica e qualitativamente. Os Blues poderão ter até cinco jogadores na disputa do troféu. David Luiz e Oscar contrastam eficiência e decepção no elenco de Luiz Felipe Scolari. O zagueiro da camisa 4 tem colecionado boas atuações no certame. Já o meia contratado junto ao Internacional deixa um ponto de interrogação e um toque insatisfação na cabeça dos aficionados daqui. Do outro lado, Torres e Mata passam por uma intensa briga pela titularidade espanhola. Artilheiro com cinco gols, “el niño” ainda não tem a vaga consolidada. E o baixinho ‘de Valencia’ enfrenta uma cruel concorrência no meio de campo da “la Roja”. Terceiro elemento Blue da Fúria, César Azpilicueta ainda não conseguiu barrar o questionável Arbeloa, mesmo sem um adversário de tirar o sono.
Prováveis escalações
BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar; Hulk, Neymar e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari
ESPANHA: Casillas; Arbeloa, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; David Silva, Pedro e Fernando Torres. Técnico: Vicente del Bosque.
Passado x Presente
Favoritos desde o início, Brasil e Espanha passaram pelos concorrentes e chegaram à decisão da novata competição da Fifa, que figura no calendário da entidade, de forma oficial, desde 1997. Se voltássemos até lá, poucos imaginariam uma decisão como essa na edição de 2013. Sim, é bem verdade que países sem tanta tradição, como Dinamarca (ainda nos moldes da Copa Rei Fahd) e México já levantaram o troféu. Mas talvez esta seja uma das raras vezes em que os finalistas do torneio sejam também uns dos principais candidatos a retornarem ao palco do embate um ano depois, para disputar a taça que um dia foi chamada de Jules Rimet.
Ainda sem o penta, o Brasil detinha quatro títulos de campeão mundial e cinco taças continentais; enquanto a antiga “Fúria” – embora sempre contasse com uma talentosa geração – jamais conquistara um caneco de tamanha expressão. O campeonato europeu de 1964, vencido sobre a extinta União Soviética, jogando em seus próprios domínios, ficou por um longo período como a única lembrança do torcedor espanhol de sucesso revestido em taça. Madrid viu, no dia 21 de junho, algo que só se repetiria 49 anos depois na Áustria, mais precisamente na cidade de Viena. A Alemanha, que por muito tempo revezou com brasileiros e italianos o status de melhor equipe do planeta, em se tratando de seleções nacionais, assistiu ao surgimento de uma nova potência mundial. Os “amarelões” de sempre, aliaram talento e competitividade para alcançar a tão sonhada eficiência. O decreto oficial veio com o triunfo da nova “la Roja” para cima dos tricampeões mundiais, em 2012. Faltava então mostrar ao mundo da bola que o amarelo não mais fazia parte dos novos detentores da Europa, que se tornaram, em curto prazo, também os donos do planeta.
Se o futebol espanhol progredia a todo o vapor, o brasileiro recebia toneladas de críticas sobre um suposto “abandono” ao jogo artístico e encantador que se abrigou por épocas por aqui. Mesmo assim, o país faturou o quinto título mundial, em terras asiáticas, e duas Copas das Confederações, posteriormente. No entanto, as precoces eliminações em 2006 e 2010 encorparam as rejeições às apresentações canarinhas nos tempos modernos. Se Luiz Felipe Scolari não consegui agradar a todos até o momento, o comandante do penta trouxe de volta a competitividade ao país do futebol. Feio ou bonito, o toque de bola daqui retomou o rumo certo da estrada cujo destino final é o Rio de Janeiro. Mas não agora. A verdadeira maratona tem previsão de mais um ano de duração, até o cruzamento de sua linha de chegada.