O que seria uma derrota humilhante se transformou em uma das partidas mais épicas da história recente do Chelsea. Perdendo por 4 a 1 para o Ajax até os 15 minutos do segundo tempo, os londrinos deram a volta por cima e conquistaram um valioso ponto na luta por uma vaga no mata-mata da competição europeia.
Mesmo com uma grande desvantagem no placar, os comandados de Frank Lampard mostraram muita garra e entrega em campo, indicando aos torcedores que, mesmo com um time jovem e inexperiente, a mentalidade aguerrida ainda impera em Stamford Bridge.
Como explicar o primeiro tempo?
Para entender melhor como ocorreu essa recuperação, deve-se dividir o jogo em duas partes: Antes e depois das expulsões.
No primeira oportunidade do jogo, Tammy Abraham, em lance infeliz, marcou contra a própria meta, dando a liderança ao Ajax.
Entretanto, ao contrário do que vem acontecendo, o time não sentiu a pancada do primeiro gol e deu o troco logo em seguida. Pulisic ganhou uma penalidade após passar por dois defensores e Jorginho converteu com maestria.
Mesmo com o empate e certo controle, os Blues novamente sofreram com bolas cruzadas na área, problema recorrente na temporada. Ziyech encontrou Promes no segundo pau completamente livre para ampliar. O lance remete ao gol anulado em Amsterdam. Novamente Azpillicueta estava mal posicionado, e dessa vez, dava condição.
A equipe visitante explorava tal fragilidade e não demorou para aumentar a vantagem. O camisa 22 do Ajax estava em noite inspirada e dava muito trabalho para Marcos Alonso. O espanhol não conseguia acompanha-lo e teve uma de suas piores atuações na equipe.
Nosso camisa 3 cometeu uma falta boba perto da bandeira do escanteio. Na cobrança, o marroquino conseguiu dar um arco impressionante na bola, que cruzou toda a área, batendo na trave e posteriormente na cara do goleiro Kepa.
Os mandantes buscavam alguma reação com Pulisic, Willian e Kovacic, os mais acionados na primeira etapa, mas o golpe parecia ter afetado a equipe.
A remontada insana após o intervalo
“Eu acho que vamos conseguir o empate. 3 a 3, 4 a 4 ou até 4 a 3. Cabe a nós fazer o resultado”. Disse Lampard aos atletas no vestiário.
As palavras motivacionais do comandante surtiram efeito, e a equipe parecia mais concentrada e determinada.
Não só o discurso como as ações do técnico ajudaram. Marcos Alonso deu lugar a Reece James. O garoto entrou na direita e Azpi foi para o lado esquerdo. Com isso, o Chelsea ganhava mais força ofensiva pelo lado direito, onde se concentrou o ataque. Vale destacar que a mesma substituição já havia sido testado no jogo contra o Burnley.
O jogo ficava mais aberto, com o Chelsea indo ao ataque com muito ímpeto. Os holandeses resistiram a essa pressão inicial e, depois das chances desperdiçadas por Zouma e Abraham, eles aproveitam a desorganização defensiva e ampliaram com Van de Beek.
Naquele momento, o duelo parecia decidido. Parte dos torcedores já se encaminhavam aos portões.
Mesmo assim, o time não se entregou e seguiu acreditando, como orientou Lamps. E na base da insistência os Blues conseguiram diminuir com Azpi. Foi nesse momento que a partida tomou um rumo inesperado.
Aos 15 minutos da etapa final, Blind, amarelado, deu um carrinho imprudente em Abraham. O juiz deu vantagem. Na sequência, Hudson-Odoi (entrou no lugar de Mount) finalizou de fora da área. A bola resvalou na mão de Veltman e o árbitro assinalou penalidade máxima.
O juiz seguiu à risca a regra e distribuiu dois amarelos, resultando na expulsão de ambos. Invertendo o lado da cobrança, Jorginho fez novamente.
Como consequência disso, o time aproveitou a vantagem numérica e se lançou em busca de mais. Não demorou três minutos e o empate veio nos pés de Reece James, que deu uma nova dinâmica na partida. O jovem acertou quatro cruzamentos e acertou 95% dos passes tentados.
Como resultado desses 45 minutos produtivos em campo, ele se tornou o jogador mais novo do clube a marcar em Champions League.
Com mais quinze minutos de jogo, tudo indicava que os londrinos fariam mais, e de fato a virada aconteceu. Novamente, o capitão do time marcou. Contudo, o VAR anulou o tento do espanhol e a peleja terminou 4 a 4.
Grupo H disputadíssimo
“Não ganhamos, porém deveríamos ter feito. Numa situação dessa, com dois jogadores a mais, não podemos cometer esses erros. Nós poderíamos ter jogado com mais calma, passar mais e procurar espaços, e não ir desesperadamente por gols. Eu acho que aprendemos muito com esse jogo. O mais importante foi que não desistimos.”
A fala de Jorginho reflete o pensamento dos torcedores. Mesmo com a entrega, o time deveria ter aproveitado a vantagem numérica e vencido o jogo.
Em circunstância normais, o empate maluco contra o Ajax seria festejado por todos, mas não é o caso. O Valência bateu o Lille, assim, chegou aos mesmos sete pontos dos ingleses e holandeses. Os pontos deixados em casa na primeira rodada estão custando muito caro para nós.
Dessa forma, o duelo contra o Valência, em território espanhol, será decisivo para ambas equipes. O revés complicaria demais o Chelsea, já que a equipe valenciana enfrentaria os holandeses, e esses times poderiam segurar o resultado em prol da classificação deles.
Porém, nessa temporada, os Blues conquistaram os resultados mais importantes fora de seus domínios. Além disso, Lampard deverá ter a disposição todos os atletas do elenco.
Se depender da entrega, o Chelsea estará no mata-mata da Champions League.